ADMINISTRAÇÃO DE UM ANTAGONISTA DA PROGESTERONA (RU 486) A OVINOS SUPEROVULADOS COM PMSG

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Transcrição:

ADMINISTRAÇÃO DE UM ANTAGONISTA DA PROGESTERONA (RU 486) A OVINOS SUPEROVULADOS COM PMSG Cavaco Gonçalves, S.(1), Marques, C.M., Vasques, M.I., Horta, A.E.M. Departamento de Reprodução Animal, Estação Zootécnica Nacional, Vale de Santarém, 2000 Santarém, Portugal RESUMO Para a realização deste ensaio foram utilizadas 11 ovelhas adultas. Dois animais (grupo I) receberam apenas um tratamento para sincronização do estro (inserção de uma esponja progestagénica intravaginal durante 9 dias, administração de PGF2 alfa no dia anterior à extracção das esponjas). Seis animais foram superovulados (grupo II) e três animais receberam além do tratamento de superovulação, um tratamento com o antagonista da progesterona RU 486 (grupo III). A superovulação consistiu na administração de PMSG (1500 UI) no dia 8 a todos os animais sincronizados. O RU 486 foi administrado por via i.m., na dose de 1mg/KG peso vivo, no dia 9. Foram realizadas colheitas de sangue a intervalos de 2 horas por um período de 30 horas com início 24 horas após a extracção das esponjas. A progesterona plasmática foi doseada pelo método RIA. O despiste dos estros foi realizado durante 3 dias, a intervalos de 2 horas. Durante a fase folicular foram realizadas endoscopias. Nos animais do grupo I não foram identificados quaisquer sinais de estro nem qualquer ovulação, conforme verificado pelas endoscopias realizadas. Todas as fêmeas superovuladas, com excepção de uma pertencente ao grupo III na qual não se identificou qualquer comportamento éstrico, apresentaram sinais de estro num período das 24 às 34 horas após a extracção das esponjas, com excepção de um animal do grupo II, no qual o estro foi apenas detectado às 44 horas. Foram identificados níveis plasmáticos de progesterona elevados (>0,5ng/ml) durante a fase folicular em dois animais, um pertencente ao grupo II e outro ao grupo III. Esta progesterona é, na nossa opinião, de origem folicular como consequência do regime superovulatório, uma vez que 24 horas após a administração da PGF2 alfa se verificou uma redução dos níveis de progesterona. A ovelha com concentração excessiva de progesterona pertencente ao grupo II (ao qual não se administrou RU 486) apenas apresentou sinais de estro 44 horas após a extracção das esponjas, após a redução da concentração de progesterona para valores basais. Por outro lado, na ovelha do grupo III em que a progesterona também apresentou valores elevados na fase folicular, o estro foi observado às 24 horas. Estes resultados sugerem que a inibição do comportamento éstrico como resultado da manutenção de valores elevados de progesterona durante a fase folicular pode ser ultrapassada pela administração de um antagonista da progesterona. (1) Bolseira nº BD/1711/91-IE da JNICT RU 486 gentilmente cedido pela Roussel-Uclaf, Romainville, France 343

INTRODUÇÃO Proc. VI JORNADAS INTERNACIONALES DE REPRODUCCIÓN ANIMAL E INSEMINACIÓN As tecnicas de superovulação têm sido amplamente utilizadas, quer com fins comerciais quer para investigação. O seu objectivo final a obtenção de um largo número de oocitos/embriões, com um grau de qualidade compatível com o seu posterior desenvolvimento. No entanto, este objectivo está longe de ser alcançado, não só devido a falhas nas próprias técnicas de superovulação aplicadas, como também por lacunas nos conhecimentos da biologia reprodutiva, nomeadamente os mecanismos de desenvolvimento folicular. São numerosos os autores que referem a existência de desvios nos padrões hormonais plasmáticos e foliculares, após a aplicação de hormonas superovulatórias. De acordo com Callesen et al. (1987), se bem que estas anomalias sejam em parte inerentes ao animal sujeito ao regime superovulatório, s o também resultado da impureza das gonadotrofinas existentes no mercado. Estas contêm uma porção variável de LH, a qual embora deva existir numa proporção fixa para cada raça (Chupin et al., 1987), quando em excesso poder induzir luteinização ou mesmo ovulações prematuras nos grandes folículos ântricos presentes no momento da estimulação, com as consequentes alterações nos mecanismos périovulatórios (Callesen et al., 1987, 1988; Dieleman e Bevers, 1987). Apesar de já terem sido detectadas alterações nos padrões quer da progesterona, quer do estradiol ou da LH, as duas hormonas cujo padrão se encontra mais frequentemente alterado são, de acordo com Callesen et al. (1988), a progesterona e a LH, existindo um elevado nível de correlação entre a normalidade dos dois perfis. A alteração mais frequentemente detectada no perfil da progesterona de animais superovulados o atraso na redução ou mesmo a manutenção dos níveis elevados, após a administração da hormona luteolítica, a qual pode ter origem ou num corpo lúteo recém formado, ou mesmo em estruturas foliculares luteinizadas. Esta linha de trabalho pretendeu determinar o efeito do antagonista da progesterona, RU 486, em ovelhas superovuladas, bloqueando os efeitos inibidores da progesterona no período péri-ovulatório, no normal processo de desenvolvimento folicular e crescimento do oocito, subsequente ovulação e fertilização. MATERIAIS E MÉTODOS Neste primeiro ensaio foram utilizados 11 animais, dos quais 6 (grupo II) foram submetidos a um tratamento superovulatório de acordo com o seguinte esquema: Dia 0 - Inserção de uma esponja progestagénica intravaginal fluorgestona) (Acetato de Dia 7 - Administração i.m. de prostaglandina F2 alfa (7,5 mg); - Administração i.m. de 1500 U.I. de PMSG Dia 8 - Remoção das esponjas intravaginais. Dois animais (grupo I) receberam apenas o tratamento de sincronização de estro (progestagénio durante 9 dias, PGF2 alfa no dia anterior à remoção da esponja). A três animais (grupo III) foi administrado al m do tratamento superovulatório j referido, uma dose i.m. de RU 486 (1 mg/kg p.v.) no dia da remoção dos progestagénios. 344

Foram realizadas colheitas de sangue a intervalos de duas horas, por um período de trinta horas com início 24 horas após a remoção das esponjas. Com a mesma periodicidade, mas durante três dias, foi efectuado o despiste de estros. Duas vezes por dia, durante três dias, com início 12 horas após a detecção do estro ou 48 horas depois da extracção das esponjas, foram executadas endoscopias. A progesterona e o estradiol plasmáticos foram doseados pelo método RIA. RESULTADOS Os 2 animais do grupo I não apresentaram quaisquer sinais de estro nem ovulações, conforme foi confirmado pelas endoscopias realizadas. No que diz respeito aos animais dos grupos II e III em apenas um, pertencente ao grupo III, o estro não foi detectado. Nas fêmeas em que o estro foi detectado, este foi observado entre as 24 e as 34 horas após a remoção das esponjas, com excepção de um animal do grupo II, no qual o estro apenas foi detectado às 44 horas. Em dois animais (grupos II e III) foram detectados níveis elevados de progesterona na fase folicular (>0,5ng/ml), após a sua redução consequente à administração da prostaglandina. Esta é a primeira vez que níveis elevados de progesterona durante a fase folicular após tratamento superovulatório de ovelhas são referenciados. A ovelha com desvio no perfil de progesterona e pertencente ao grupo II (sem RU 486), apresentou um atraso na manifestação do comportamento éstrico, o qual foi apenas detectado às 44 horas, após o início da redução da progesterona para valores típicos desta fase (figura 1).Por sua vez, no outro animal com cinética hormonal semelhante mas ao qual foi administrado o RU 486 (grupo III), o estro foi detectado 24 horas após a remoção das esponjas, tal como nos restantes animais, apesar da existência de concentrações elevadas de progesterona durante toda a fase folicular (das 24 às 42 horas; figura 2). No que diz respeito ao estradiol, uma enorme variação de concentrações foi detectada entre animais, apesar de uma constante tendência de aumento ter sido detectada ao longo da fase folicular, na maior parte dos animais. DISCUSSÃO Vários autores têm indicado que a superovulação de vacas, quer com PMSG quer com FSH, pode originar uma síntese folicular precoce de progesterona (detectada ou não a nível periférico), responsável por distúrbios no desenvolvimento folicular, no pico préovulatório de LH e subsequente ovulação e fertilização (Callesen et al., 1988; McBride et al., 1986). Os resultados obtidos neste ensaio mostram, pela primeira vez, que elevados níveis periféricos de progesterona podem ser detectados durante a fase folicular em ovelhas superovuladas. Esta progesterona detectada na fase folicular será, provavelmente, de origem folicular, uma vez que nas 24 horas posteriores à administração da prostaglandina a concentração da progesterona se reduziu para valores típicos desta fase, elevando- -se posteriormente apenas nos dois animais referidos. 345

No animal pertencente ao grupo II o comportamento éstrico foi inibido e atrasado pela elevada concentração de progesterona, provavelmente de origem folicular (figura 1). A exteriorização do estro dentro do período normal, no animal do grupo III (figura 2), em que um excesso de progesterona foi igualmente detectado, parece ser o resultado da acção do antagonista da progesterona. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Callesen, H., Greve, P., Hyttel, P. (1987) - Premature ovulations in superovulated cattle. Theriogenology, 28: 155-166. 346

Callesen, H., Greve, P., Hyttel, P. (1988) - Preovulatory evaluation of the superovulatory response in donor cattle. Theriogenology, 30:477-488. Chupin, D., Cogni, Y., Combarnous, Y., Procureur, R., Saumande, J. (1987) - Effect of purified LH and FSH on ovulation of the cow and the ewe. Follicular Growth and Ovulation Rate in Farm Animals - Roche, J.F., O'Callaghan, D. (Ed.), Martinus Nijhoff Publishers. Dieleman, S.J. e Bevers, M.M. (1987) - Effects of monoclonal antibody against PMSG administered shortly after the preovulatory LH surge on time and number of ovulations in PMSG PG treated cows. Journal of Reproduction and Fertility, 81:533-542. McBride, B.L., Bessoudo, E., Bowen, M.J., Kraemer, D. (1986) - Antiprogesterone reversal of progesterone-induced rapid transport of ova in superovulated cattle. Theriogenology, 25:170. 347