Nota tecnica: Vias de aplicação de Closantel como anti-helmíntico gastrintestinal em ovinos

Documentos relacionados
AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA ANTI-HELMÍNTICA EM REBANHO OVINO DO ALTO URUGUAI CATARINENSE

EFICÁCIA DE TRÊS DIFERENTES ANTI-HELMÍNTICOS EM REBANHO OVINO NA REGIÃO NOROESTE DO PARANÁ, BRASIL

RESISTÊNCIA A ANTI-HELMÍNTICOS EM NEMATÓIDES GASTRINTESTINAIS DE OVINOS E CAPRINOS, NO MUNICÍPIO DE PENTECOSTE, ESTADO DO CEARÁ

I FÓRUM SOBRE CONTROLE DA VERMINOSE EM PEQUENOS RUMINANTES NO NORDESTE BRASILEIRO

GLOBAL SCIENCE AND TECHNOLOGY (ISSN ) DIFERENTES PRINCÍPIOS ATIVOS NO CONTROLE DE HELMINTOS GASTRINTESTINAIS EM OVINOS

Palavras-chave: anti- helmínticos, nematódeos, ovinocultura, vermífugos

42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de Curitiba - PR

ATIVIDADE ANTI-HELMÍNTICA DO TRICLORFON E CLOSANTEL EM CORDEIROS NATURALMENTE INFECTADOS POR HAEMONCHUS SP

EFICÁCIA DE TRÊS DIFERENTES ANTI-HELMÍNTICOS EM REBANHO OVINO NA REGIÃO NOROESTE DO PARANÁ, BRASIL

Resistência de helmintos gastrintestinais de bovinos a anti-helmínticos no Planalto Catarinense

AÇÃO ANTI-HELMÍNTICA IN VITRO

EFICÁCIA DE IVERMECTINA E ALBENDAZOL CONTRA NEMATÓDEOS GASTRINTESTINAIS EM REBANHO OVINO NATURALMENTE INFECTADO NO MUNICÍPIO DE PALMAS-TO, BRASIL.

RESISTÊNCIA DO Haemonchus contortus E OUTROS PARASITAS GASTRINTESTINAIS AO LEVAMISOL, CLOSANTEL E MOXIDECTINA EM UM REBANHO NO NOROESTE DO PARANÁ

Comunicado108 Técnico

Folhas de Bananeira no Controle de Nematódeos Gastrintestinais de Ovinos

REVISTA CIENTÍFICA ELETÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA ISSN: Ano V Número 09 Julho de 2007 Periódicos Semestral VERMINOSE OVINA

LIMA, M. M. de et al.

REVISTA CIENTÍFICA DE MEDICINA VETERINÁRIA - ISSN Ano XIV - Número 29 Julho de 2017 Periódico Semestral

AÇÕES EM PARASITOLOGIA VETERINÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL DO ALTO URUGUAI CATARINENSE

Eficácia da Associação Closantel Albendazol e Ivermectina 3,5 no Controle da Helmintose de Ovinos da Região Norte do Estado do Paraná

Comunicado108 Técnico

Resistência de nematoides aos anti-helmínticos nitroxinil 34% e ivermectina 1% em rebanho ovino no município de São João do Ivaí, Paraná

RESISTÊNCIA ANTI-HELMÍNTICA EM REBANHOS OVINOS DA REGIÃO DA ASSOCIAÇÃO DOS MUNICÍPIOS DO ALTO IRANI (AMAI), OESTE DE SANTA CATARINA*

Diagnóstico do controle e perfil de sensibilidade de nematódeos de ovinos ao albendazol e ao levamisol no norte de Minas Gerais 1

AVALIAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO DE ABAMECTINA E IVERMECTINA NO CONTROLE DAS HELMINTOSES GASTROINTESTINAIS EM OVINOS

RESISTÊNCIA ANTI-HELMÍNTICA EM CAPRINOS NO

EFICÁCIA DO ALBENDAZOLE, CLORIDRATO DE LEVAMISOL, MOXIDECTINA E NITROXINIL NO CONTROLE PARASITÁRIO DE CORDEIRAS

Nematódeos resistentes a anti-helmíntico em rebanhos de ovinos e caprinos do estado do Ceará, Brasil

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia.

MONITORAMENTO DA ENDOPARASITOSE DAS RAÇAS TEXEL E SUFFOLK NAS DIFERENTES ESTAÇÕES DO ANO 1

II SIMPAGRO da UNIPAMPA

CONTROLE DE ENDOPARASITAS EM OVINOS RECEBENDO FOLHAS DE NIM (Azadirachta indica) NO SUPLEMENTO MINERAL

CONTROLE DE ENDOPARASITAS EM OVINOS RECEBENDO FRUTOS DE NIM (Azadirachta indica) NO SUPLEMENTO MINERAL

RESISTÊNCIA ANTI-HELMÍNTICA EM PEQUENOS RUMINANTES DO SEMIÁRIDO DA PARAÍBA, BRASIL

ANÁLISE DE OPG (CONTAGEM DE OVOS POR GRAMAS DE FEZES) EM OVINOS SOB A DIÉTA FITOTERÁPICA DA FOLHA DE BANANEIRA NA REGIÃO LITORÂNEA DE SANTA CATARINA

POTENCIAL ANTI-HELMÍNTICO DA RAIZ DE Solanum paniculatum LINNAEUS (1762) EM OVELHAS DO SEMI-ÁRIDO PARAIBANO

CONTROLE DE NEMATÓDEOS GASTRINTESTINAIS E RESISTÊNCIA ANTI-HELMÍNTICA EM OVINOS NA REGIÃO SUL DO BRASIL

ANTI-HELMÍNTICOS NA ENTRADA DO CONFINAMENTO DE BOVINOS

Controle de verminose nos rebanhos caprino e ovino no semiárido brasileiro: avaliação dos impactos econômicos, sociais e ambientais

Resistência de nematoides aos anti-helmínticos nitroxinil 34% e ivermectina 1% em. rebanho ovino no município de São João do Ivaí, Paraná

CONTROLE DE ENDOPARASITOSES GASTRINTESTINAIS DE CAPRINOS CRIADOS EM SISTEMA DE PRODUÇÃO ORGÂNICA1

Sensibilidade dos nematóides gastrintestinais de caprinos a

Sensibilidade dos nematódeos gastrintestinais de caprinos ao ivermectin na região da Grande Porto Alegre - RS

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia.

PESQUISA REALIZADA PELA UNEB PODE AUXILIAR NO CONTROLE DA VERMINOSE EM CAPRINOS E OVINOS

Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

Archives of Veterinary Science ISSN X

Eficácia anti-helmíntica comparativa da associação albendazole, levamisole e ivermectina à moxidectina em ovinos

Utilização de Folhas da Bananeira no Controle de Nematódeos Gastrintestinais de Ovinos na Região Semiárida

Métodos estatísticos na avaliação da eficácia de medicamentos anti-helmínticos em ovinos naturalmente infectados

MÉTODO FAMACHA E CONTAGEM DE HEMATÓCRITO EM CAPRINOS SEM PADRÃO RACIAL DEFINIDO Apresentação: Pôster

Modelo para monitoramento da resistência parasitária e tratamento anti-helmíntico seletivo em rebanhos experimentais de ovinos e caprinos

Resistência de Cooperia spp. e Haemonchus spp. às avermectinas em bovinos de corte

OCORRÊNCIA DE INFECÇÃO POR DICTYOCAULUS VIVIPARUS EM BEZERROS NO MUNICÍPIO DE BOTUCATU, SP.

Fortalecimento da Ovinocultura de Corte no Município de Dormentes, Alto Sertão de Pernambuco

Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária ISSN: X Colégio Brasileiro de Parasitologia Veterinária.

USO DA HOMEOPATIA NO CONTROLE DO Haemonchus spp EM OVINOS

PERFIL DE PARASITAS GASTROINTESTINAIS ENCONTRADOS EM EQUINOS DE ESPORTE DE DUAS CABANHAS DE CAVALOS CRIOULOS

STATUS PARASITOLÓGICO DE OVINOS NOS MUNICÍPIOS DE VOTUPORANGA E DE VALENTIM GENTIL, SP

KEILA CAROLINA DE ORNELLAS DUTKA GARCIA CARACTERIZAÇÃO DA RESISTÊNCIA À IVERMECTINA DE UM ISOLADO DE HAEMONCHUS CONTORTUS EM OVINOS

PARASITAS GASTRINTESTINAIS DE OVINOS CRIADOS NA REGIÃO DE RONDONÓPOLIS-MT GASTROINTESTINAL PARASITES OF SHEEP RAISED IN THE REGION OF RONDONÓPOLIS-MT

FACULDADE DE JAGUARIÚNA

Avaliação de Plantas Medicinais no Controle de Nematódeos Gastrintestinais de Caprinos Criados em Sistema de Base Agroecológica 1

PALAVRAS-CHAVE: Cariri, parasitas, larvas, ovos, verminose

CORRELAÇÃO ENTRE VALOR DE HEMATÓCRITO E CARTÃO FAMACHA EM OVINOS SOMALI E SRD CRIADOS NO MUNICÍPIO DE SANTA INÊS-BAHIA

PARASITOS GASTROINTESTINAIS ENCONTRADOS EM OVINOS NO MUNICÍPIO DE ARAGUATINS-TO

A contaminação verminótica por ovos tipo Strongyloidae em ovinos e caprinos do cariri cearense (jovens e adultos) 1

AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTI-HELMÍNTICA DO EXTRATO AQUOSO DE CHENOPODIUM AMBROSIOIDES (MASTRUZ) SOBRE NEMATÓDEOS GASTRINTESTINAIS DE OVINOS

Sistema de Criação de Ovinos nos Ambientes Ecológicos do Sul do Rio Grande do Sul

Estimate of the levels of contamination for strongyloidae and of the number of oocysts of eimeria in sheep and goats of the cariri cearense

Ano VI Número 11 Julho de 2008 Periódicos Semestral. Hemoncose ovina. CLIMENI, Bruno Santi Orsi Climeni. MONTEIRO, Marcos Vilkas

Apresentação de seminário

Controle do Parasitismo em Cabras Leiteiras Criadas a Pasto

Situação do Controle da Verminose de Pequenos Ruminantes no Estado da Paraíba, Brasil

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia.

A contaminação verminótica por ovos tipo Strongyloidae em ovinos e caprinos do cariri cearense (jovens e adultos) 1

Controle de verminoses gastrintestinais em caprinos utilizando preparados homeopáticos

Estimativa dos níveis de contaminação por Strongyloidae em ovinos e caprinos do cariri cearense 1

AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA ENTRE TRATAMENTOS ALOPÁTICO, HOMEOPÁTICO E SUAS ASSOCIAÇÕES CONTRA A VERMINOSE EM OVINOS. AVALIAÇÃO DE OPG

EFICÁCIA DE DIFERENTES FÁRMACOS NO CONTROLE PARASITÁRIO EM OVINOS

TESTE PARA QUANTIFICAR A RESISTtNCIA DE NEMATODEOS CONTRA PRODUTOS ANTI-HELHfNTICOS

Avaliação do kit TF-Test para o diagnóstico das infecções por parasitas gastrintestinais em ovinos

Comparação de dois métodos de controle de nematódeos gastrintestinais em borregas e ovelhas de corte

Archives of Veterinary Science ISSN X

REVISTA CIENTÍFICA DE MEDICINA VETERINÁRIA - ISSN: Ano XIVNúmero 27 Julho de 2016 Periódico Semestral

ANÁLISE DE PARASITISMO POR HAEMONCHUS CONTORTUS EM OVINOS NA CIDADE DE ERECHIM- RS

Controle estratégico de nematódeos de bovinos de corte no Brasil, avançamos nos últimos 25 anos? Prof. Fernando de Almeida Borges UFMS

IDENTIFICAÇÃO MORFOMÉTRICA DE LARVAS INFECTANTES DE CIATOSTOMÍNEOS (NEMATODA: CYATHOSTOMINAE) DE EQUINOS PSI

Método Famacha : Um recurso para o controle da verminose em ovinos

Controle de Verminose em Pequenos Ruminantes Adaptado para a Região da Zona da Mata/MG e Região Serrana do Rio de Janeiro

(Growth performance in naturally infected lambs under selective treatment with FAMACHA method and preventive treatment)

Semina: Ciências Agrárias ISSN: X Universidade Estadual de Londrina Brasil

ECOLOGIA DE LARVAS INFECTANTES DE NEMATOIDES GASTRINTESTINAIS DE OVINOS EM LAJES, RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia.

ALTERNATIVA SUSTENTÁVEL NO CONTROLE DE VERMINOSE EM PEQUENOS RUMINANTES

Eficácia técnica e econômica de diferentes anti-helmínticos na recria de fêmeas da raça holandesa

Aspectos clínicos, parasitológicos e produtivos de ovinos mantidos em pastagem de capim-aruana irrigado e adubado com diferentes doses de nitrogênio

PARASITOS GASTRINTESTINAIS EM CAPRINOS E OVINOS DA MICRORREGIÃO DO ALTO MEARIM E GRAJAÚ, NO ESTADO DO MARANHÃO, BRASIL

Transcrição:

Archivos Latinoamericanos de Producción Animal (Arch. Latinoam. Prod. Anim.) www.alpa.org.ve/ojs.index/php Nota tecnica: Vias de aplicação de Closantel como anti-helmíntico gastrintestinal em ovinos M. J. R. Lacerda, V. V. B. Rocco 1, K. C. Guimarães 2, P. P. S. Souza1 e L. H. Fernandes 3 Universidade Federal de Goiás UFG, Goiânia-GO, Brasil. CEP 74001-970. Recibido Mayo 4 2008. Aceptado Noviembre 1, 2008. Routes of Applying Closantel as a gastrointestinal anthelmintic in sheep ABSTRACT. The efficiency of applying Closantel to sheep by oral and injectable routes was evaluated. Eighty-one female sheep, ranging in age from seven to nine months and weighing about 40 kg, divided into three groups of 27 each, were used. The number of eggs per gram of faeces was determined at two collections. Oral application gave a numerically higher efficiency (96%) than injectable (73%), the difference was not statistical (P > 0.05). Therefore, the method of application of choice should be the one most practical and of lowest cost. Key words: Endoparasites, Fecal egg counts, Vermifugation RESUMO. O objetivo desse trabalho foi avaliar a eficiência de aplicação por via oral e injetável do princípio ativo Closantel em 81 borregas com idade entre sete e nove meses e peso vivo médio de 40 kg, subdivididas em três lotes com 27 cada. Foram realizadas duas coletas de fezes, avaliando-se o número de ovos por grama de fezes (OPG). Os resultados indicaram que a via oral possibilitou um maior controle (96% de eficácia) que a via injetável (73%), não sendo detectada, entretanto, diferença significativa entre as vias de aplicação destas drogas. Portanto, deve-se optar pela forma mais prática de aplicação e de menor custo. Palavras-chave: OPG, Endoparasitas, Vermifugação Introdução Um dos principais problemas sanitários encontrados na ovinocultura, e que limita consideravelmente o aproveitamento econômico destes animais, são as endoparasitas gastrintestinais. Os ovinos são parasitados por helmintos em todas as faixas etárias e sua ação provoca redução na produção e na qualidade da carne e lã, retardamento no desenvolvimento corporal, prejuízos à digestão e absorção de nutrientes, além do aumento do índice de mortalidade do rebanho (Holmes, 1987). Entretanto, a resistência antihelmíntica constitui-se num dos principais fatores limitantes à produção animal, uma vez que inviabiliza o controle efetivo das verminoses dos pequenos ruminantes, refletindo negativamente nos índices produtivos. A ausência de resposta ao tratamento antihelmíntico não significa, necessariamente, um caso de resistência, pois alguns sintomas clínicos, como diarréia, anemia e perda de condição corporal não são específicos e podem ser atribuídos a outros fatores, como: agentes infecciosos, nutrição deficiente, deficiência mineral e intoxicações por plantas. Alguns fatores podem contribuir para que o tratamento anti-helmíntico apresente falhas, dentre elas a rápida reinfestação das pastagens Autor para la correspondencia, e-mail:. 1 Universidade de Rio Verde, Rio Verde-GO, Brasil. CEP 75901-970. 2 Centro Federal de Educação Tecnológica de Rio Verde, Rio Verde-GO, Brasil. CEP 75901-970. 3 Estância B.S., BR 060, Km 417, Rio Verde-GO.Brasil 55

56 Lacerda et al. contaminadas, presença de larvas inibidas ou em desenvolvimento que não são atingidas pelo antihelmíntico, equipamento defeituoso, sub-dosagem ou escolha errada do medicamento para o parasito a ser controlado (Vieira, 2003). Falhas nesse tipo de controle é o primeiro sinal do aparecimento de resistência antihelmíntica (Melo et al., 2003). A escolha da via de aplicação do anti-helmíntico é fator decisivo para garantir a eficácia do mesmo. Assim, o objetivo desse trabalho foi avaliar a eficiência de aplicação por via oral e injetável do princípio ativo closantel, em borregas. Material e Métodos O experimento foi realizado na Estância B.S., no município de Rio Verde-GO. Foram utilizadas 81 borregas das raças Texel, Ille de France e sem raça definida (SRD), com idade entre sete e nove meses. Esses animais foram pesados para determinar a dosagem adequada dos anti-helmínticos. O peso vivo médio foi de 40 kg. Esses animais foram subdivididos em três lotes com 27 animais cada. O primeiro recebeu closantel via oral (0.2 mg kg-1 de peso vivo), o segundo lote foi vermifugado via injetável (0.05 mg kg-1 de peso vivo), e o terceiro lote constituído por animais não vermifugados (controle). Ambas as vias de aplicação possuíam o mesmo princípio ativo (closantel). Os animais foram vermifugados após jejum alimentar de 12h e água a vontade. A propriedade não realizou nenhum controle antiparasitário nestes animais nas 13 sem anteriores ao início do experimento. Foi utilizado um delineamento inteiramente casualizado com três tratamentos de antihelmínticos e 27 repetições. Durante o experimento, todos os animais foram mantidos em piquetes formados com Cynodon (cv. Tifton), não sendo empregado o manejo rotacionado. Os grupos foram formados aleatoriamente e identificados numericamente com tinta sob a lã. Foram realizadas duas coletas de fezes, avaliando-se o número de ovos por grama de fezes (OPG), de acordo com Gordon e Whitlock (1939), modificada por Ueno e Gutierrez (1983). A primeira coleta foi feita no tempo zero. Em seguida, os animais foram vermifugados e a segunda avaliação feita após sete dias. A eficácia do closantel sobre as populações de helmintos adultos presentes nos animais foi avaliada através da fórmula de Ueno e Gonçalves (1998): % de eficácia = (nº de helmintos no grupo controle nº de helmintos de animais medicados) x 100/n o de helmintos no grupo controle Os dados foram transformados (log OPG + 1), submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste Tukey (5%), utilizando o programa estatístico SISVAR (Ferreira, 1999). Resultados e Discussão Os resultados indicaram que closantel foi eficaz no controle dos parasitos, sendo que por via oral possibilitou um maior controle (96% de eficácia) que por via injetável (73%), não sendo detectada, entretanto, diferença entre estas vias de aplicação (Figura 1). O uso das vias oral ou injetável ocorre visando à redução de custos das criações (Berger, 2003). De acordo com Madureira (1998), a via de aplicação de vermífugos mais indicada é a injetável já que o animal possui uma área fácil de ser atingida sem que ocorra o refluxo do medicamento, além de favorecer a segurança do aplicador. Entretanto, estudos desenvolvidos com eqüinos e bovinos em várias regiões do Brasil, notadamente em Minas Gerais, no interior do Rio de Janeiro e do Espírito Santo evidenciam forte tendência no uso de vermífugos por via oral (Berger, 2003). Esse autor também relata que não há garantia de absorção intestinal adequada destes vermífugos, não havendo, conseqüentemente, garantia de eficácia das drogas. Além disso, o veículo destes compostos pode ser altamente irritante à mucosa gástrica, podendo induzir ao aparecimento de gastrites e lesões erosivoulcerativas, como as úlceras gástricas. De modo geral, recomenda-se que o tratamento via oral seja efetuado somente em animais submetidos a pasto e com mais de três meses de idade. Hennessy et al. (1993) relatam que Closantel foi mais eficientemente absorvido por ovinos do que caprinos, utilizando a dose de 7.5 mg kg-1, na forma oral. Por outro lado, esses autores relatam que a dose de mais rápida absorção foi de 3.8 mg

Percentual de OPG Vias de aplicação de Closantel como anti-helmíntico ovinos 57 120 a 100 80 60 40 20 Controle Via injetável Via oral Vermífugos Figura 1. Percentual de ovos por grama de fezes (OPG) de borregas, após 7 dias da aplicação de closantel por via oral e injetável. kg-1, na forma injetável, permitindo efeito similar à via oral, nas doses 3.8 e 7.5 mg kg-1. Maingi et al. (2002) demonstram alta eficiência no controle de nematódeos gastrintestinais de ovinos aplicando closantel (10 mg kg-1 de peso vivo) combinado com levamisol (7.5 mg kg-1 de peso vivo). Neste trabalho, a dose empregada foi 0.2 mg kg-1, via oral e 0.05 mg kg-1, injetável, obtendo-se satisfatória eficácia, principalmente na forma oral. De acordo com Waruiru et al. (1998), a ivermectina injetável e oral na dose de 0.2 mg kg-1 de peso vivo, apresentou 100% de eficácia no controle de Haemonchus contortus, Trichostrongylus sp. e Oesophagostomum sp. em caprinos. Mwamachi et al. (1995) avaliaram a eficácia de closantel, aplicado via injetável, e de suas combinações em ovelhas de um ano de idade e constataram redução de OPG de 48% da população de helmintos. Vercruysse et al. (2001) consideram que até 90% de redução de helmintos é considerado um controle eficaz. A ovino-caprinocultura sofre consideráveis perdas econômicas devido ao parasitismo por nematódeos gastrintestinais. O controle desse parasitismo é feito, basicamente, com a utilização de anti-helmínticos ministrados via oral ou injetável. Entretanto, comumente tem sido relatados casos de resistência anti-helmíntica em ovinos em diversas partes do mundo. No Brasil, o primeiro relato de resistência anti-helmíntica em ovinos foi no Rio Grande do Sul (Santos e Gonçalves, 1967). Estudos posteriores também indicaram resistência anti-helmíntica em ovinos e em outros ruminantes de outras regiões brasileiras (Melo et al., 1998; Beviláqua e Melo, 1999; Molento, 2002; Ramos et al., 2002; Medeiros et al., 2005). Maingi et al. (2002) relatam que a resistência antihelmíntica é difícil de ser superada, já que a mesma pode estar presente durante um tempo considerável antes de ser descoberta. Thomáz- Soccol e Pohl-de-Souza (1997) constataram resistência ao princípio ativo closantel ao nível de 87.5% em cinco regiões do Paraná. Similarmente, Rosalinski-Moraes et al. (2007) constatou resistência à ivermectina em todos os rebanhos ovinos testados, onde o menor percentual de redução dos helmintos ocorreu quando a droga foi administrada via oral. Contrariamente, Mattos (2003) relata que a ivermectina reduziu em 93.2% o número de ovos de Trichostrongyloidea, em caprinos, quando aplicado via oral. Cunha-Filho e Yamamura (1999) avaliando a eficácia de controle de parasitos em ovinos por albendazol, moxidectina e ivermectina aplicados em diferentes vias de aplicação, detectaram melhores resultados na via de aplicação injetável, com eficácia de 100% de controle dos parasitos. Futuros estudos são interessantes visando testar a eficácia de drogas anti-helmínticas com distintos princípios ativos. Além disso, é relevante comparar a eficácia de controle de drogas antihelmínticas convencionais com produtos alternativos, tais como forragens ricas em tanino (Heckendorn et al. 2007), visando amenizar custos.

58 Lacerda et al. Conclusão A forma de aplicação de closantel não influenciou devendo-se optar, portanto, pela via de aplicação no controle de parasitas gastrintestinais em ovinos, mais prática e de menor custo. Literatura Citada Berger, H. Vale a pena injetar ivermectina para bovinos emeqüinos? 2003. Disponível em: http://www.portaldoagronegocio.com.br. Acesso em: 07 novembro 2007. Beviláqua, C. M. L. e A. C. F. L. Melo. 1999. Eficácia de anti-helmínticos a base de oxfendazol e ivermectin em ovinos no Estado do Ceará. In: II Seminário Brasileiro de Parasitologia Veterinária, Salvador. Anais. Cunha-Filho, L. F. C. e M. H. Yamamura. 1999. Resistência a anti-helmínticos em ovinos da região de Tamarana, Paraná, Brasil. Cienc. Biol. Saúde. 1:31. Ferreira, D. F. 1999. Programa Sisvar Versão 4.6 (Build 61). Disponível em: http://www.dex. ufla.br. Acesso em: 12 novembro 2006. Gordon, H. M. and H.V. Whitlock. 1939. A new technique for counting nematode eggs in sheep feces. J. Common. Sci. Ind. Res. Org. 12:50. Heckendorn, F., D. A. Häring, V. Maurer, M. Senn, and H. Hertzberg. 2007. Individual administration of three tanniferous forages plants to lambs artificially infected with Haemonchus contortus and Cooperia curticei. Vet. Parasitol. 146:123. Hennessy, D. R., N. C. Sangster, J. W. Steel, and G. H. Collins. 1993. Comparative pharmacokinetic disposition of closantelin sheep and goats. J. Vet. Pharmacol. Theriogenology. 16:254. Holmes, P. H. 1987. Pathophysiology of parasitic infections. Parasitol. 94:29. Madureira, L. D. 1998. Vacine corretamente e garanta a saúdedo seu rebanho. Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS, Brasil. n. 30. Maingi, N., W. K. Munyua, and M. N. Gichigi. 2002. Strategic use of moxidectin or closantel in combination with levamisole in the control of nematodes of sheep in the highlands of central Kenya. Acta Trop. 84:93. Mattos, M. J. T., C. M. B. Oliveira, A. S. Gouvea, e C. B. Andrade. 2003. Sensibilidade dos nematódeos gastrintestinais de caprinos ao ivermectin na região da Grande Porto Alegre RS. Acta Sci. Vet. 31:155. Mwamachia, D. M., J. O. Audhob, W. Thorpe, and R. L. Baker. 1995. Evidence for multiple anthelmintic resistance in sheep and goats reared under the same management in coastal Kenya. Vet. Parasitol. 60:303. Medeiros, H. Z., M. M. Götze, M. B. Ferreira Neto, L. C. Garcia, L. A. Amaral, V. F. Moreira, e V. L. R. Caprara. 2005. Resistência antihelmíntica à moxidectina e ivermectina em ovinos no município de Herval RS. XIV Congresso de Iniciação Científica e VII Encontro de Pós-Graduação da UFPEL Brsil. Anais. Melo, A. C. F. L., C. M. L. Beviláqua, e A. S. B. Villarroel. 1998. Resistência a anti-helmínticos em nematóides gastrintestinais de ovinos e caprinos, no município de Pentecoste, Estado do Ceará. Ci. Anim. 8:7. Melo, A. C. F. L., I. F. Reis,, C. M. L. Beviláqua, L. S. Vieira, F. A. M. Echevarria, e L. M. Melo, 2003. Nematódeos resistentes a antihelmínticos em rebanhos de ovinos e caprinos do estado do Ceará, Brasil. Ci. Rural. 33:169. Molento, M. B. 2002. Encuesta sobre resistencia a los anti-helmínticos llevada a cabo en octubre de 2002 por la red de helmintología de FAO para América Latina y el Caribe. Disponível em: http://cnia.inta.gov.ar. Acesso em: 8 novembro 2006. Ramos, C. I., V. Bellato, V. S. de Ávila, G. C. Coutinho, e A. P. de Souza. 2002. Resistência de parasitos gastrintestinais de ovinos a alguns anti-helmínticos no Estado de Santa Catarina, Brasil. Cienc. Rural. 32:473. Rosalinski-Moraes, F., L. H. Moretto, W. S. Bresolin, I. Gabrielli, L. Kafer, I. K. Zanchet, F. Sonaglio, F. e V. Thomáz-Soccol. 2007. Resistência anti-helmíntica em rebanhos ovinos da região da Associação dos Municípios do Alto Irani (AMAI), oeste de Santa Catarina. Cienc. Anim. Bras. 8:559. Santos, V. T. e P. C. Gonçalves. 1967. Verificação de estirpe de Haemonchus resistente ao thiabendazole no Rio Grande do Sul (Brasil). Rev. Fac. Agron. Vet. 9:201.

Vias de aplicação de Closantel como anti-helmíntico ovinos 59 Thomáz-Soccol, V. T. e F. Pohl-de-Souza. 1997. Contribuição para o estudo da resistência dos helmintos gastrointestinais de ovinos (Ovis aries) aos anti-helmínticos, no Estado do Paraná. Rev. Bras. Parasitol. Vet. 6:217. Ueno, H. e V. C. Gutierrez. 1983. Manual para o diagnóstico das helmintoses de ruminantes. Japan International Cooperation Agency, Tokyo. Ueno, H. e P. C. Gonçalves. 1998. Manual para Diagnóstico das Helmintoses de Ruminantes. (4ta Ed.) Japan International Cooperation Agency, Tokyo. Vercruysse, J., P. Holdsworth, T. Letonja, D. Barth, G. Conder, K. Hamamoto, and K. Okano. 2001. International harmonisation of anthelmintic efficacy guidelines. Vet. Parasitol. 96:171. Vieira, L. da S. 2003. Alternativas de controle da verminose gastrintestinal dos pequenos ruminantes. EMBRAPA, Sobral: Circular 29. Waruirua, R. M., J. K. Kogib, E. H. Weda, and J. W. Ngotho. 1998. Multiple anthelmintic resistance on a goat farm in Kenya. Vet. Parasitol. 75:191.