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Transcrição:

Radiografia Este método de END é baseado em variações da absorção de radiação eletromagnética penetrante (raios X e gama) devidas a alterações de densidade, composição e espessura da peça sob inspeção (figura 1). Figura 1: Inspeção radiográfica. A radiografia é realizada com raios X, os quais são gerados, pelo impacto contra um alvo metálico, de elétrons acelerados no vácuo por uma fonte de alta tensão. A gamatografia, por sua vez, utiliza radiação gama (raiosγ) resultante da reação nuclear em uma fonte de material radioativo. Como esta última, não necessita de energia elétrica para sua operação, ela é particularmente usada em inspeções de campo. Em qualquer caso, devido aos efeitos extremamente perigosos da radiação penetrante para Página 1

os seres vivos, são necessários cuidados especiais de segurança para a realização deste ensaio. A absorção diferenciada da radiação poderá ser detectada através de um filme, ou através de um tubo de imagem ou mesmo, medida por detectores eletrônicos de radiação. Essa variação na quantidade de radiação absorvida, detectada através de um meio, irá nos indicar, entre outras coisas, a existência de uma falha interna ou defeito no material. A radiografia industrial é então usada para detectar variação de uma região de um determinado material que apresenta uma diferença em espessura ou densidade, comparada com uma região vizinha. Em outras palavras, a radiografia é um método capaz de detectar com boa sensibilidade defeitos volumétricos. Defeitos como vazios e inclusões, que apresentam uma espessura variável em todas as direções, serão facilmente detectados desde que, não sejam muito pequenos em relação à espessura da peça. Por outro lado, a capacidade do processo de detectar defeitos com pequenas espessuras em planos perpendiculares ao feixe, como trincas, é muito limitada e, dependerá bastante da técnica de ensaio realizado. Os defeitos planares (trincas) normalmente só são detectados quando estão com orientação paralela a direção de propagação da radiação. Página 2

A figura 2 apresenta um esquema da formação de indicações numa inspeção radiográfica, sendo possível perceber o que foi mencionado no parágrafo anterior sobre a orientação de um defeito plano. Figura 2: Formação de indicações numa inspeção radiográfica. A capacidade de penetração em sólidos depende também do comprimento de onda da radiação, pois quanto menor for o comprimento de onda, maior será a capacidade de penetração da radiação. Na figura 3, estão sendo apresentados exemplos de radiografias com descontinuidades. Conforme pode ser visto, a radiação, após atravessar o material, irá impressionar um filme, formando uma imagem do material. Este filme é chamado radiografia. Note-se que ao atravessar as soldas, parte da radiação é absorvida. A quantidade de radiação absorvida Página 3

depende da espessura do material. Onde existe um vazio ou descontinuidade há menos material para absorver a radiação. Assim, a quantidade de radiação que atravessa o material não é a mesma em todas as regiões. Nota As áreas escuras observadas num filme radiográfico, indicam que uma maior quantidade de radiação passou por aquela região correspondente na peça ensaiada. Figura 3: Exemplos de radiografias de soldas com descontinuidades: (a) falta de penetração; (b) falta de fusão; e (c) porosidade agrupada. Página 4

Fontes de Radiação Raios-X São produzidos eletricamente sendo formados pela interação de elétrons de alta velocidade com a matéria. Quando elétrons de suficiente energia interagem com elétrons de um átomo, são gerados raios-x. Cada elemento, quando atingido por elétrons em alta velocidade, emite o seu raios-x característico. Quando elétrons de suficiente energia interagem com o núcleo de átomos, são gerados raios-x contínuos, que são assim chamados porque o seu espectro de energia é contínuo. As condições necessárias para a geração de raios-x são: - Fonte de elétrons; - Alvo para ser atingido pelos elétrons (foco) - Acelerador de elétrons na direção desejada. Os geradores de radiação X são aparelhos com dispositivos elétricos e eletrônicos fabricados pelo homem, portanto, não se constituem de uma fonte natural de radiação. Os mesmos podem ser portáteis ou estacionários, com unidade de comando variando em termos de características de ajustes e potência. Página 5

Os Raios X, destinados ao uso industrial e médico, são gerados numa ampola de vidro, denominada tubo de Coolidge, que possui duas partes distintas: o anodo e o catodo, conforme apresentado na figura 4. O anodo e o catodo são submetidos a uma tensão elétrica da ordem de milhares de volts, sendo o pólo positivo ligado ao anodo e o negativo no catodo. O anodo é constituído de uma pequena parte fabricada em tungstênio, também denominado de alvo, e o catodo de um pequeno filamento, tal qual uma lâmpada incandescente, por onde passa uma corrente elétrica da ordem de miliamperes. Quando o tubo é ligado, a corrente elétrica do filamento se aquece e passa a emitir espontaneamente elétrons que são atraídos e acelerados em direção ao alvo. Nesta interação, dos elétrons com os átomos de tungstênio, ocorre a desaceleração repentina dos elétrons, transformando a energia cinética adquirida em Raios X. Figura 4: Esquema de um tubo de raios - X industrial. Página 6

Requisitos Básicos para Produção de Raios-X Os Raios-X são produzidos quando alguma forma de matéria é atingida por elétrons em alta velocidade. Para isso são necessários três requisitos básicos: - Fornecimento de elétrons; - Movimento dos elétrons (acelerador); - Bombardeamento de elétrons em um alvo. Componentes e Propriedades de um Tubo de Raios-X A ampola de raios-x (Figura 4) tem em seu interior, o anodo (terminal positivo) e o filamento do catodo (terminal negativo), sob vácuo. Os tamanhos das ampolas ou tubos são em função da tensão máxima de operação do aparelho. A ampola possui uma alta resistência ao calor. O vácuo, por sua vez, reduz o problema das colisões dos elétrons com as moléculas de ar, absorvendo-as e fazendo uma isolação entre o anodo e o catodo. Do ponto de vista da radiografia, uma atenção especial deve ser dada ao alvo, contido no anodo. Sua superfície é atingida pelo fluxo eletrônico, proveniente do filamento, e denomina-se foco térmico. É importante que esta superfície seja suficientemente grande para evitar um superaquecimento local, que poderia deteriorar o anodo, e permitir uma rápida transmissão do calor (figura 5). Página 7

Figura 5: Corte transversal do anodo direcional, na ampola de raios-x. Ainda do ponto de vista construtivo, o material do alvo (anodo), conforme mencionado antes, é de tungstênio, e isso se deve, principalmente, ao seu elevado número atômico. O catodo consiste de um filamento, também de liga de tungstênio, emitindo elétrons quando aquecido a uma temperatura muito elevada. Dá-se o nome de ponto focal a área exata do alvo (anodo) bombardeada pelos elétrons. A qualidade da radiografia está relacionada ao tamanho do ponto focal, que quanto menor, produzirá melhores detalhes de imagem. Para obterem-se imagens com nitidez máxima, as dimensões do foco óptico (figura 5) devem ser as menores possíveis. As especificações de aparelhos geralmente mencionam as dimensões do foco óptico. Página 8

Unidade Geradora e Painel de Comando Os equipamentos de Raios X industriais se dividem geralmente em dois componentes: o painel de controle e o cabeçote, ou unidade geradora. O painel de controle consiste de uma caixa onde estão alojados todos os controles, indicadores, chaves e medidores, além de todo o equipamento do circuito gerador de alta voltagem. É através do painel de controle que se fazem os ajustes de voltagem e amperagem, além do comando de acionamento do aparelho. No cabeçote, está alojada a ampola e os dispositivos de refrigeração. A conexão entre, o painel de controle e o cabeçote, se faz através de cabos especiais de alta tensão. Na figura 6 estão sendo mostrados exemplos de aparelhos de raios-x. Figura 6: Aparelhos de raios-x industrial de até 300 kv. Página 9

As principais características de um equipamento de Raios X são: Tensão e corrente máxima; Tamanho do ponto focal, dimensões do foco óptico e tipo de feixe de radiação; Peso e tamanho. Esses dados determinam a capacidade de operação do equipamento, pois estão diretamente ligados ao que o equipamento pode ou não fazer. Isso se deve ao fato dessas grandezas determinarem as características da radiação gerada no equipamento. A voltagem se refere à diferença de potencial entre o anodo e o catodo e é expressa em quilovolts (kv). A amperagem se refere à corrente do tubo e é expressa em miliamperes (ma). Outro dado importante se refere à forma geométrica do anodo no tubo. Quando em forma plana, e angulada, propicia um feixe de radiação direcional, e quando em forma de cone, propicia um feixe de radiação panorâmico, isto é, irradiação a 360 graus, com abertura determinada (figura 7). Página 10

Figura 7: Equipamento de raios-x panorâmico. Exposição do Filme Como num filme fotográfico que é sensibilizado pela luz, o filme radiográfico será sensibilizado não somente pela luz, mas também pela radiação. Este processo consiste em proteger o filme contra raios de luz e permitir que incida sobre ele apenas a radiação durante a exposição. A exposição consiste em expor os filmes que possuem uma camada denominada emulsão, contendo sais de prata. As áreas escuras observadas num filme radiográfico, indicam que uma maior quantidade de radiação passou por aquela região correspondente na peça ensaiada. Página 11

Quando Utilizar o Ensaio Radiográfico - Quando a descontinuidade causar uma diferença detectável na sua espessura, na densidade ou na composição do material. - Quando o material for consideravelmente homogêneo, onde uma indicação de descontinuidade pode ser reconhecida. - Quando a configuração da peça a ser radiografada permitir o acesso aos dois lados. Um lado para posicionar o filme e outro a fonte. - Quando a descontinuidade a ser detectada estiver devidamente orientada em relação ao feixe de radiação. Raios-γ (Gama) Com o desenvolvimento dos reatores nucleares, foi possível a produção artificial de isótopos radioativos através de reações nucleares de ativação. O fenômeno de ativação ocorre quando elementos naturais são colocados junto ao núcleo de um reator e, portanto, irradiados por nêutrons térmicos, que atingem o núcleo do átomo, penetrando nele. Isto acarreta uma quebra de equilíbrio energético no núcleo devido ao excesso de nêutrons, e ao mesmo tempo, muda sua massa atômica, caracterizando assim o isótopo. Num isótopo, existe uma tendência espontânea de liberação de energia a fim de que haja o restabelecimento do equilíbrio energético do núcleo para uma configuração mais estável, ou seja, de menor energia (anterior a da ativação). A liberação de energia dá-se na forma de Raios Gama. Página 12

Um átomo que é submetido ao processo de ativação encontra-se com núcleo excitado passando a emitir radiação. Contudo, com o decorrer do tempo, o número de átomos capazes de emitir radiação diminui gradualmente. A esse fenômeno dá-se o nome de Decaimento Radioativo. As transformações nucleares são sempre acompanhadas de uma emissão intensa de ondas eletromagnéticas chamadas raios-γ, as quais possuem baixo comprimento de onda e apresentam as mesmas propriedades dos raios-x. Entre os isótopos radioativos, o Cobalto 60, o Irídio 192 e o Selênio 75, são os mais utilizados na radiografia industrial. Muitos átomos exibem uma propriedade chamada radioatividade, que é um fenômeno de desintegração espontânea, também denominado decaimento. Esta característica é causada pela instabilidade da complexa estrutura de um átomo sob a ação de forças elétricas, magnéticas e gravitacionais. O elemento rádio possui este desbalanceamento natural emitindo energia na forma de raios-γ para alcançar uma condição mais estável. Juntamente com os raios-γ, são emitidas as partículas α (alfa) e β (beta). Estas últimas são facilmente absorvidas, porém, os raios-γ,são mais penetrantes, pois sua energia é muito alta. Por causa do perigo de radiação sempre presente, as fontes radioativas devem ser manejadas com muito cuidado, sendo necessários aparelhos Página 13

que permitam guardá-las, transportá-las e, utilizá-las em condições de segurança total. Características Físicas dos Irradiadores Gama São aparelhos constituídos de uma blindagem ou carcaça protetora de chumbo, tungstênio ou urânio 238. Esta carcaça apresenta um furo axial, no interior do qual existe um estojo metálico, chamado porta-isótopo, fixado a um comando mecânico flexível munido de um pequeno volante ou manivela para manobras a distância (figura 8). Figura 8: Irradiador portátil. Página 14

O que mais diferencia um tipo de irradiador de outro são os dispositivos usados para exposição da fonte radioativa. Esses dispositivos podem ser mecânicos, com acionamento manual ou elétrico, ou ainda pneumático. A única característica que apresentam em comum é o fato de permitirem ao operador trabalhar sempre a uma distância segura da fonte, sem se expor ao feixe direto de radiação. A figura 9 mostra um exemplo de aparelho para gamagrafia industrial. Figura 9: Aparelho de gamagrafia industrial As fontes radioativas para uso industrial, são encapsuladas em material austenítico, de maneira tal, que não haja dispersão ou fuga do material radioativo para o exterior. A manipulação da fonte é feita através de um dispositivo denominado de Porta fonte, conforme representado na figura 10. O dispositivo permite a contenção, transporte e fixação da cápsula que contém a fonte radioativa selada, sendo esta solidamente presa através de uma ponta a um cabo de aço flexível, e na outra ponta a um engate. Página 15

Figura 10: Exemplo de dispositivo Porta-fonte. Comparação entre Raios-X e Raios-γ A diferença mais importante entre os raios-x e γ é o fato de se poder regular a tensão anódica e, em consequência, o poder de penetração dos raios-x, ao passo que não é possível de maneira alguma fazer variar o comprimento de onda dos raios-γ. Com os raios-γ, a única solução é mudar a fonte radioativa. Prefere-se o Irídio para as menores espessuras (de 10 a 60 mm para aços) e o Cobalto para as espessuras maiores (de 60 a 160 mm para aços). Do ponto de vista de qualidade, os raios-x são melhores que os raios-γ. Porém, existem, a favor dos raios-γ, diversas circunstâncias nas quais eles apresentam um interesse prático. Os raios-γ são emitidos espontaneamente, não necessitando de aparelhagem ou alimentação elétrica. Em locais onde não existe energia elétrica os raios-γ devem ser usados. Página 16

Para espessuras muito altas (acima de 90 mm) o poder de penetração dos raios-x não é suficiente. As instalações para uso de raios-γ são bem mais baratas que as dos raios-x. Certos casos particulares apresentam problemas de acesso, tornando o uso de raios-γ mais indicado. Para estes casos, as fontes radioativas são mais maleáveis, permitindo assim, posicionamentos corretos. Absorção da Radiação Todos os materiais absorvem radiação, alguns mais do que outros. Os materiais mais densos e os de maior número atômico absorvem maior quantidade de radiação do que, os materiais menos densos e os de menor número atômico. A espessura também contribui para a absorção, pois quanto maior a espessura maior quantidade de radiação absorvida. As figuras 11 e 12 ilustram estas regras. Página 17

Figura 11: Absorção de radiação em função do número atômico do material. Figura 12: Absorção de radiação em função da espessura do material. Página 18

Filme Os filmes radiográficos são compostos de uma emulsão e uma base. A emulsão consiste em uma camada muito fina (espessura de 0,025 mm) de gelatina, que contém, disperso em seu interior, um grande número de minúsculos cristais de brometo de prata. A emulsão é colocada sobre um suporte, denominado base, que é feito geralmente de um derivado de celulose, transparente e de cor levemente azulada. Uma característica dos filmes radiográficos é que, ao contrário dos filmes fotográficos, eles possuem a emulsão em ambos os lados da base. Os cristais de brometo de prata, presentes na emulsão, possuem a propriedade de, quando atingidos pela radiação ou luz, tornarem-se susceptíveis de reagir com produto químico denominado revelador. O revelador atua sobre esses cristais provocando uma reação de redução que resulta em prata metálica negra. Os locais do filme, atingidos por uma quantidade maior de radiação apresentarão, após a ação do revelador, um número maior de grãos negros que regiões atingidas por radiação de menor intensidade. Dessa forma, quando vistos sob a ação de uma fonte de luz, os filmes apresentarão áreas mais escuras e mais claras, que irão compor a imagem do objeto radiografado. Página 19

Em resumo, a exposição à radiação cria uma imagem latente no filme, e a revelação torna a imagem visível. A figura 13 mostra a estrutura de um filme radiográfico. Figura 13: Estrutura de um filme radiográfico. Quando o inspetor interpreta uma radiografia, ele está vendo os detalhes da imagem da peça em termos da quantidade de luz que passa através do filme revelado. Áreas de alta densidade (expostas a grandes quantidades de radiação) aparecem cinza escuro; áreas de baixa densidade (áreas expostas a menos radiação) aparecem cinza claro. A densidade é o grau de enegrecimento do filme. A densidade é medida por meio de densitômetros de fita ou densitômetros eletrônicos. A medição da densidade é feita no negatoscópio, que é o aparelho usado para a interpretação de radiografias. O negatoscópio é uma caixa Página 20

contendo lâmpadas, com luminosidade variável e, um suporte de plástico ou vidro leitoso onde o filme é colocado, conforme apresentado na figura 14. Figura 14: Negatoscópio. Indicadores de Qualidade de Imagem (IQI) Para que possamos julgar a qualidade da imagem de certa radiografia (sensibilidade) são empregadas pequenas peças chamadas Indicadores de Qualidade de Imagem (IQI), e que são colocadas sobre o objeto radiografado. Os IQIs são também chamados como penetrametros. O IQI é uma pequena peça construída com um material radiograficamente similar ao material da peça ensaiada, com uma forma geometricamente simples e que contem algumas variações de forma bem definidas tais como furos ou entalhes. Página 21

Os IQI s americanos mais comuns consistem em uma fina placa de metal contendo três furos com diâmetros calibrados. Os IQIs adotados pelas Normas ASME, Sec. V e ASTM E-142, possuem três furos cujos diâmetros são 4T, 2T, e 1T, onde T corresponde à espessura do IQI. Nesses IQIs, a espessura é igual a 2 % da espessura da peça a ser radiografada. Para avaliar a técnica radiográfica empregada, faz-se a leitura do menor furo, que é visto na radiografia. As classes de inspeção mais rigorosas são aquelas que requerem a visualização do menor furo do IQI. Dessa forma, é possível se determinar o nível de inspeção, ou seja, o nível mínimo de qualidade especificado para o ensaio. O nível de inspeção é indicado por dois números em que o primeiro representa a espessura porcentual do IQI e o segundo, o diâmetro do furo que deverá ser visível na radiografia. Esses IQI's devem ser colocados sobre a peça ensaiada, com a face voltada para a fonte e de modo que o plano do mesmo seja normal ao feixe de radiação. Quando a inspeção for feita em soldas, o IQI será colocado no metal de base, paralelo à solda e a uma distância de 3 mm no mínimo. É importante lembrar, nesses casos, que a seleção do IQI inclui o reforço, de ambos os lados da chapa. Portanto, para igualar a espessura sob o IQI à espessura da solda, deverão ser colocados calços sob o IQI feitos de material radiograficamente similar ao material inspecionado. Página 22

O IQI não é usado para julgar o tamanho das descontinuidades ou estabelecer limites de aceitação das mesmas. O IQI padrão adotado pelo código ASME ( American Society of Mechanical Engineers ) é um prisma retangular de metal com três furos de determinados diâmetros, e a sensibilidade radiográfica é definida em função do menor furo visível na radiografia, conforme apresentado na figura 15. Figura 15: Exemplo de penetrômetro ASME. O IQI padrão adotado pela norma DIN ( Deutsche Industrie Normen ) é composto de uma série de sete arames de metal e de diâmetros padronizados. A sensibilidade radiográfica é definida em função do menor arame visível na radiografia (ver figura 16). Página 23

Figura 16: Exemplo de penetrômetro DIN. Os Penetrômetros devem sempre ser de material idêntico, ou radiograficamente similar, ao material da peça ensaiada. Recentemente foram introduzidos no código ASME Seção V os IQIs de arame da norma ASTM. Telas Intensificadoras (écrans) As telas de chumbo, também chamados de telas intensificadoras, têm como finalidade, diminuir o tempo de exposição em ensaios radiográficos industriais, usam-se finas folhas de metal (geralmente chumbo) como intensificadoras da radiação primária emitida pela fonte. O fator de intensificação, além de ser função da natureza e da espessura da tela, depende do contato efetivo entre elas e o filme. Página 24

As funções das telas intensificadoras de chumbo, em radiografia industrial, devem ser as seguintes: - Gerar elétrons por efeito fotoelétrico ou Compton, produzindo fluxo adicional de radiação e diminuindo o tempo de exposição; e - Absorver ou filtrar a radiação secundária espalhada que pode atingir o filme radiográfico, borrando a imagem e empobrecendo a definição. Processamento do Filme Existem dois tipos de processamento: o automático e o manual, sendo este último, o mais utilizado na indústria do petróleo. O processamento do filme consiste basicamente em: - Revelação; - Banho de parada; - Lavagem intermediária; - Fixação; - Lavagem final; - Banho umectante; - Secagem. Proteção As radiações ionizantes dos tipos X ou γ têm uma ação nociva sobre o organismo humano. Os efeitos dependem da quantidade de raios que o corpo recebe. Os sintomas que se observa, na ordem de doses crescentes, são dores de cabeça, falta de apetite, diminuição dos glóbulos vermelhos Página 25

no sangue, esterilidade e destruição de tecidos. Um excesso de radiação pode provocar a morte de uma pessoa. Para se evitar qualquer problema, deve ser rigorosamente seguido o Plano de Radio proteção da empresa executante do serviço e previamente aprovado pela Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN, o qual prevê, as áreas a serem isoladas e, os controles a serem efetuados. Desta maneira, os trabalhos podem ser desenvolvidos preservando-se a saúde dos que trabalham nos serviços de radiografia e nas imediações dos locais do ensaio. Sequência do Ensaio Etapa Descrição 1 Verificar o material, diâmetro (no caso de tubos) e espessura a ser radiografada; 2 Selecionar a técnica radiográfica; 3 Selecionar a quantidade e dimensões dos filmes; 4 Montar chassis (envelope, telas e filme); 5 Verificar atividade da fonte, no caso de radiografia com raios-γ, ou selecionar corrente e tensão, no caso de aparelho de raios-x; 6 Verificar a distância fonte-filme no procedimento qualificado e a densidade requerida; 7 Calcular tempo de exposição; 8 Selecionar IQI; 9 Balizar a área, para proteção; 10 Montar conforme o arranjo previsto e bater a radiografia; 11 Processamento do filme; 12 Laudo; e 13 Relatar os resultados. Página 26

Descontinuidades Internas em Juntas Soldadas Conforme mencionado anteriormente, são diversas as descontinuidades que poderão permanecer internas a solda ou não, durante a soldagem por fusão, estando cada uma associada a determinada(s) causa (s). As descontinuidades internas, na sua maioria, são detectáveis pelo ensaio radiográfico (Raios-X ou Raios-γ). Para ilustrar, na figura 17, são apresentadas algumas das mais frequentes. Figura 17: Exemplos de radiografias de juntas soldadas com indicações de descontinuidades. Página 27

Vantagens Registro permanente dos resultados. Detecta facilmente defeitos volumétricos, tais como: porosidades, inclusões, falta de penetração, excesso de penetração. Limitações e desvantagens Descontinuidades bidimensionais, tais como: trincas, duplaslaminações e faltas de fusão, são detectadas somente se o plano delas estiver alinhado ao feixe de radiação. É necessário o acesso a ambas as superfícies de uma peça para radiografá-la. Dependendo da geometria da peça, não é possível obter radiografias com qualidade aceitável, que permitam uma interpretação confiável. A radiografia afeta a saúde dos operadores, inspetores e do público e deve, por isso, ser criteriosamente utilizada. É necessária a interrupção de trabalhos próximos para a exposição da fonte. O custo do equipamento e material de consumo são relativamente altos. É um ensaio relativamente demorado. No caso de raios-x, o aparelho não é totalmente portátil, dificultando a execução de radiografias em lugares de difícil acesso. A interpretação requer experiência e conhecimento dos processos de soldagem, para identificação correta das descontinuidades. Página 28

Você estudou neste texto que o método da radiografia consiste basicamente no uso de radiação eletromagnética penetrante para se verificar a presença de descontinuidades internas. No caso da radiografia industrial sua utilização visa descobrir falhas presentes em áreas do material que apresentem diferenças de espessura ou densidade. Teste agora o seu nível de compreensão do texto respondendo às questões de revisão. Caso seja necessário releia o texto e/ou recorra aos tutores para resolver suas dúvidas. Questões de Revisão 1 Os ensaios não-destrutivos que utilizam a radiação eletromagnética para inspeção envolvem os processos de radiografia e gamatografia, realizados com Raios-X e Raios-Gama. Sobre esses ensaios responda: a) O que são e como são produzidos os raios-x e raios-gama? b) Que diferenças existem entre ambos os raios? c) Como se caracterizam os aparelhos que geram cada um desses raios? d) Quais são as vantagens e limitações relativas ao ensaio? Página 29

2- Os raios-x utilizados para fins industriais e hospitalares são gerados no tubo de Coolidge. Apresente o processo que ocorre dentro desse tubo para a transformação de raios-x, aproveitando para descrever os componentes existentes e suas respectivas propriedades. 3 Os equipamentos de raios-x industrial se dividem em dois componentes capazes de determinar o que o equipamento pode ou não fazer. Explicite quais são esses dois componentes juntamente com suas definições. 4 Sabe-se que quando o inspetor interpreta uma radiografia, ele está vendo os detalhes da imagem em termos de quantidade e luz que passa através do filme revelado. Explique o que os filmes radiográficos correspondem e como se analisam os resultados após a radiação. 5 Quando se deseja julgar a qualidade da imagem em uma radiografia utilizam-se os Indicadores de Qualidade de Imagem (IQI) também reconhecidos como Penetrametros. Indique no que consiste esses indicadores e como são utilizados para avaliar a técnica radiográfica. 6 Estabeleça a relação entre as Telas Intensificadoras (écrans) e os ensaios radiográficos industriais, ressaltando as funcionalidades das Telas Intensificadoras. 7 Descreva a sequência de etapas no qual envolve o ensaio radiográfico. Página 30