UTILIZAÇÃO DO RESÍDUO DO BENEFICIAMENTO DE ROCHAS ORNAMENTAIS (MÁRMORES E GRANITOS) NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Documentos relacionados
UTILIZAÇÃO DO RESÍDUO DE CORTE DE MÁRMORE E GRANITO EM ARGAMASSAS DE REVESTIMENTO E CONFECÇÃO DE LAJOTAS PARA PISO

ANÁLISE DE ARGAMASSAS COM RESÍDUO DE CORTE DE ROCHAS ORNAMENTAIS

EFEITOS DA ADIÇÃO DE CONCRETO ASFÁLTICO FRESADO NO COMPORTAMENTO MECÂNICO DE SOLOS

Agregados de escória de aciaria na fabricação de blocos estruturais para pavimentação

RESÍDUO CERÂMICO INCORPORADO AO SOLO-CAL

CERÂMICA INCORPORADA COM RESÍDUO DE ROCHAS ORNAMENTAIS PROVENIENTE DA SERRAGEM DE BLOCOS UTILIZANDO TEAR MULTIFIO: CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL

Docente do Curso de Engenharia Civil da UNIJUÍ -

APLICAÇÃO DE RESÍDUO DE CINZAS DE CARVÃO MINERAL APLICADOS NA PRODUÇÃO DE CONCRETOS E ARGAMASSAS

Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Processos Químicos 2

UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE CCA NO TRAÇO DE CONCRETO PARA FABRICAÇÃO DE BLOCOS PRÉ-MOLDADOS

ESTABILIZAÇÃO DE SOLOS COM UTILIZAÇÃO DE AGREGADOS DE ROCHAS CALCÁRIAS PARA USO EM CAMADAS DE PAVIMENTOS

ESTUDO DA VIABILIDADE DE UTILIZAÇÃO DO RESÍDUO DE MÁRMORE EM PÓ EM SUBSTITUIÇÃO PARCIAL AO AGREGADO MIÚDO PARA PRODUÇÃO DE ARGAMASSA

ANÁLISE PARA UTILIZAÇÃO DE AREIA RESIDUAL DE FUNDIÇÃO NA INCORPORAÇÃO EM BASES ESTABILIZADAS GRANULOMETRICAMENTE PARA PAVIMENTOS FLEXÍVEIS 1

MODELO DE RELATÓRIO PARCIAL. Programa Artigo 171 Bolsa de Pesquisa

BLOCOS SOLO-CAL INCOPORADOS COM RESÍDUOS DE ROCHAS ORNAMENTAIS

Palavras chave: concreto de alto desempenho, durabilidade, resíduo, resistência

Use of construction waste as raw material for civil construction industry Example of Salvador city/brazil

AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO FÍSICO E MECÂNICO DE BLOCOS DE CONCRETO ECOLÓGICOS FABRICADOS COM INCORPORAÇÃO PARCIAL DE UM RESÍDUO SÓLIDO INDUSTRIAL

INCORPORAÇÃO DE RESÍDUO DE MÁRMORE EM ARGAMASSA: AVALIAÇÃO DA ABSORÇÃO POR IMERSÃO EM ÁGUA

ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO DO SOLO DE RCD DA REGIÃO NOROESTE DO RS 1 TESTS OF CHARACTERIZATION OF RCD SOIL IN THE NORTHWEST REGION OF RS

APLICAÇÃO DE MISTURAS DE FOSFOGESSO E SOLOS TROPICAIS FINOS NA PAVIMENTAÇÃO. PALAVRAS CHAVE: Resíduo sólido. Pavimentação. Fosfogesso.

ANÁLISE DO COMPORTAMENTO QUANTO À RESISTÊNCIA MECÂNICA DE PAVERS FABRICADOS COM CINZA DE BAGAÇO DE CANA DE AÇÚCAR COMO AGREGADO MIÚDO

ESTUDO DAS PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS DO CONCRETO PRODUZIDO COM AGREGADO RECICLADO

Resumo Expandido INTRODUÇÃO:

Laboratório de Mecânica dos Solos. Primeiro Semestre de 2017

ESTUDO DA APLICABILIDADE DA ARGAMASSA PRODUZIDA A PARTIR DA RECICLAGEM DE RESÍDUO SÓLIDO DE SIDERURGIA EM OBRAS DE ENGENHARIA

DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA À TRAÇÃO POR COMPRESSÃO DIAMETRAL (RT) DE PAVIMENTOS ASFÁLTICOS CONTENDO RESÍDUO OLEOSO DE PETRÓLEO

ARGAMASSA PARA REVESTIMENTO DE ALVENARIA COM AREIA ARTIFICIAL

CLASSIFICAÇÃO GEOTÉCNICA: CARACTERIZAÇÃO DO SOLO DO BAIRRO VILA ISABEL NO MUNICÍPIO DE ITAJUBÁ MG

XXVIII CONGRESSO REGIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA EM ENGENHARIA CRICTE

ESTUDO DO EFEITO POZOLÂNICO DA CINZA VOLANTE NA PRODUÇÃO DE ARGAMASSAS MISTAS: CAL HIDRATADA, REJEITO DE CONSTRUÇÃO CIVIL E CIMENTO PORTLAND

Marque a opção do tipo de trabalho que está inscrevendo: (X) Resumo ( ) Relato de Caso

Susana Sequeira Simão

IV Congresso Baiano de Engenharia Sanitária e Ambiental

INFLUÊNCIA DA IDADE DE CURA NO COMPORTAMENTO MECÂNICO DE BLOCOS SOLO-CAL

ESTUDO DE VIABILIDADE DO USO DE RESÍDUO PET EM OBRA RODOVIÁRIA

ANÁLISE DE SOLO COMPACTADO COM RESÍDUO DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO 1 ANALYSIS COMPACTED SOIL WITH CONSTRUCTION AND DEMOLITION WASTE

Pesquisador responsável. Prof. Dr. Marcelo Machado de Luca de Oliveira Ribeiro. Equipe Executora. Prefeitura do Campus da USP de Pirassununga - PUSP-P

15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental

MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO CIVIL. Agregados

UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE JATEAMENTO NA PRODUÇÃO DE PAVERS

AVALIAÇÃO DO USO DE AGREGADOS PROVENIENTES DO RESÍDUO DE CORTE DE ROCHAS ORNAMENTAIS NA FABRICAÇÃO DE CONCRETO ESTRUTURAL

1 INTRODUÇÃO. Amaro G. Joaquim 1, Priscila S. Salgado 2, Ivonei Teixeira 3 & Cassio E. L. de Paiva 4

ROCHA ARTIFICIAL PRODUZIDA COM PÓ DE ROCHA E AGLOMERANTE POLIMÉRICO AGUIAR, M. C., SILVA. A. G. P., GADIOLI, M. C. B

ESTUDO AMBIENTAL E TÉCNICO DA APLICAÇÃO DO AGREGADO RECICLADO NA ESTRUTURA DE PAVIMENTOS FLEXÍVEIS

ESTUDO DA VIABILIDADE PARA A PRODUÇÃO DE CONCRETOS COM ADIÇÃO DE RESÍDUOS DE VIDRO EM SUBSTITUIÇÃO AO AGREGADO MIÚDO NA CIDADE DE PALMAS-TO

ESTABILIZAÇÃO GRANULOMÉTRICA DE REJEITOS DE MINÉRIO DE FERRO PARA UTILIZAÇÃO EM PAVIMENTAÇÃO

RELATÓRIO DE ENSAIO Nº SOL / /10 ENSAIOS EM AGREGADOS

APROVEITAMENTO DA AREIA DE FUNDIÇÃO NA PRODUÇÃO DE TIJOLOS

REAPROVEITAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE RCD PARA REFORÇO DE SOLO COM ADIÇÃO DE FIBRAS

Aluno do Curso de Graduação em Engenharia Civil da UNIJUÍ, bolsista PET, 3

REUTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE CURTUME NA FABRICAÇÃO DE BLOCOS DE CONCRETO PARA PAVIMENTAÇÃO: AVALIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DO RESÍDUO

REUTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS D EROCHAS ORNAMENTAIS

ESTUDO DA MISTURA IDEAL DE SOLO ARGILOSO LATERÍTICO DO NOROESTE DO RIO GRANDE DO SUL E AREIA PARA USO EM PAVIMENTOS ECONÔMICOS 1

EFEITOS DA VARIAÇÃO DA ENERGIA DE COMPACTAÇÃO NAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E MECÂNICAS DE UM AGREGADO RECICLADO DE RCD PARA USO EM PAVIMENTAÇÃO

LABORATÓRIO DE ENGENHARIA CIVIL (LEC) Prestação de Serviços

ANÁLISE GRANULOMÉTRICA DA CAMADA DE COBERTURA DE CÉLULAS ENCERRADAS DO ATERRO SANITÁRIO DE CAUCAIA-CEARÁ

CANTEIROS DE OBRA MAIS SUSTENTÁVEIS

UTILIZAÇÃO DE RESÍDUO DE SERRAGEM DE ROCHAS ORNAMENTAIS COMO AGREGADO MIÚDO, EM CONCRETO

Análise da aplicação de rejeitos de ardósia em solo natural para pavimentação

PRODUÇÃO DE PISOS INTERTRAVADOS COM UTILIZAÇÃO DE RESÍDUO DE SERRAGEM DE ROCHAS ORNAMENTAIS

CARACTERIZAÇÃO GOTÉCNICA DE SOLOS PARA SUBSÍDIO AO PROJETO DE BARRAGEM DE TERRA

X Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-graduação - SEPesq Centro Universitário Ritter dos Reis

CARACTERIZAÇÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL PROFESSORA: KAREN WROBEL STRAUB

CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DAS CINZAS DO CARVÃO PARA CLASSIFICAÇÃO QUANTO SUA PERICULOSIDADE

CONTROLE TECNOLÓGICO DO CONCRETO

COMPACTAÇÃO 05/04/ COMPACTAÇÃO PRINCÍPIOS GERAIS TC-033 LABORATÓRIO DE MECÂNICA DOS SOLOS AULA 3. Prof. Caroline Tomazoni

Artigo submetido ao Curso de Engenharia Civil da UNESC - como requisito parcial para obtenção do Título de Engenheiro Civil

MISTURA DE SOLO LATERÍTICO DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL E AGREGADO MIÚDO PARA USO EM PAVIMENTOS ECONÔMICOS 1

AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DE ARGAMASSAS DE ASSENTAMENTO E REVESTIMENTO PRODUZIDAS COM RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO GERADOS EM CANTEIRO DE OBRAS

ESTUDO DA UTILIZAÇÃO DE RESÍDUO DE CORTE DE MÁRMORES E GRANITOS PARA PRODUÇÃO DE LAJOTAS

Notas de aula prática de Mecânica dos Solos I (parte 10)

Título do Trabalho ESTUDO DO APROVEITAMENTO DO CASCALHO DE PERFURAÇÃO DE POÇOS COMO MATERIAL DE CONSTRUÇÃO.

PORTARIA Nº 20/UNOESC-R/2014. Fixa valores para serviços prestados pela Unoesc, Campus de Joaçaba.

Utilização do Resíduo do Beneficiamento de Rochas Ornamentais (RBRO) em substituição à argila em argamassas

Influência do Procedimento de Mistura da Cal Hidratada ao Solo no Comportamento do Solo Estabilizado para Fins de Pavimentação Rodoviária

ENSAIOS DE LABORATÓRIO

AULA 3 AGREGADOS Propriedades Físicas

Eixo Temático ET Educação Ambiental

Estudo de valorização de lamas do processamento da pedra

ESTUDO SOBRE A VIABILIDADE DE APROVEITAMENTO DE RESÍDUO DE CONSTRUÇÃO CIVIL RESÍDUO CERÂMICO

Concretos produzidos com resíduos provenientes do beneficiamento de rochas ornamentais como substituto parcial de cimento

Atividades EXERCÍCIOS. Materiais Naturais e Artificiais

UTILIZAÇÃO DO AGREGADO SIDERÚRGICO NA PAVIMENTAÇÃO ASFÁLTICA DE EMPREENDIMENTOS RESIDENCIAIS

AREIA DE FUNDIÇÃO E ISOLADORES DE PORCELANA COMO AGREGADOS ALTERNATIVOS EM ARGAMASSAS

Resíduo de Construção Civil

USO DO CALCÁRIO COMO AGREGADO MIÚDO E FÍLER EM MISTURAS ASFÁLTICAS

ESTUDO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS CERÂMICOS PARA APLICAÇÃO NA CONFECÇÃO DE ARGAMASSA E CONCRETO

ANÁLISE DA VIABILIDADE DE REUTILIZAÇÃO DO MATERIAL DE DEMOLIÇÃO DA CONSTRUÇÃO CIVIL VOLTADA À PRODUÇÃO DE ARGAMASSA PARA REVESTIMENTO

Prof. Marcos Valin Jr. Prof. Marcos Valin Jr. O que é AGREGADO? Agregados. Prof. Marcos Valin Jr. 1

FRANCIELE B. M. IYOMASA 1

ESTUDO DA INCORPORAÇÃO DE RESÍDUO OLEOSO DE PETRÓLEO COMO FÍLER EM MISTURAS ASFÁLTICAS

RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL. PROFESSORA: KAREN WROBEL STRAUB SCHNEIDER

O que são agregados? Agregados 2

15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental AVALIAÇÃO DE MISTURAS DE SOLO E RESÍDUO DE PERFURAÇÃO ON SHORE PARA USO EM PAVIMENTAÇÃO

Os resíduos da construção civil na cidade do Recife

ESTUDO SOBRE SOLIDIFICAÇÃO/ESTABILIZAÇÃO DE LODO DE LAVANDERIAS INDUSTRIAIS PARA FABRICAÇÃO DE BLOCOS CERÂMICOS ACÚSTICOS (RESSOADORES DE HELMHOLTZ)

CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DA CINZA DO BAGAÇO DA CANA DE AÇÚCAR DE UMA USINA SUCROALCOOLEIRA DE MINEIROS-GO

Introdução. Palavras-Chave: Reaproveitamento. Resíduos. Potencial. Natureza. 1 Graduando Eng. Civil:

Transcrição:

UTILIZAÇÃO DO RESÍDUO DO BENEFICIAMENTO DE ROCHAS ORNAMENTAIS (MÁRMORES E GRANITOS) NA CONSTRUÇÃO CIVIL Moura, Washington A.(1); Gonçalves, Jardel P. (2); (1) Eng. Civil, Doutor em Engenharia Civil, professor da Universidade Estadual de Feira de Santana, wam@uefs.br (2) Eng. Civil, Mestre em Engenharia Civil, jardel@uefs.br RESUMO A utilização de resíduos e subprodutos industriais na Construção Civil apresenta-se como uma excelente alternativa para diminuição do impacto ambiental causado, e maior contribuição para o desenvolvimento sustentável, considerando que a Construção Civil é o setor da atividade tecnológica que consome grande volume de recursos naturais e parece ser um dos mais indicado para absorver os resíduos sólidos. No processo de beneficiamento de rochas ornamentais ( granitos e mármores ) é gerado uma grande quantidade de fragmentos que é descartado nos pátios das empresas. No Brasil a quantidade estimada de geração deste resíduo é de 240.000 toneladas por ano. Neste trabalho estão apresentados os resultados do estudo da utilização do resíduo de corte de mármore e granito ( RCMG ) na mistura com solo para aterros. Foram avaliadas características física, química e de risco ambiental do resíduo e, o desempenho de misturas com diversos teores do resíduo para execução de aterros. A avaliação do desempenho dos aterros foi realizado através de ensaios de determinação do Índice de Suporte Califórnia. Os resultados mostram que o resíduo, em misturas com solo areno-siltoso, apresenta desempenho satisfatório para utilização em aterros e não apresenta riscos ambientais. Palavras-chave: Reciclagem; Resíduo de corte de mármore e granito; Construção civil 1 INTRODUÇÃO A Construção Civil é o setor da atividade tecnológica que consome grande volume de recursos naturais e parece ser o mais indicado para absorver os resíduos sólidos. A produção de rochas ornamentais, na maioria das empresas brasileiras, é feita a partir da serragem, em chapas, de grandes blocos de pedra, em equipamentos chamados teares. Na serragem cerca de 25% a 30% do bloco é transformado em pó, onde são colocados nos pátios das empresas. No Brasil a quantidade estimada da geração conjunta do resíduo de corte de mármore e granito é de 240000 toneladas/ano, distribuídos entre Espírito Santo, Bahia, Ceará, Paraíba, entre outros. Considerando a grande quantidade de resíduo gerada e tentando contribuir para um maior desenvolvimento sustentável e um maior aproveitamento de resíduos na construção civil, alguns pesquisadores vêm estudando a utilização do resíduo resultante do beneficiamento de rochas ornamentais na produção de argamassas (CALMON et al., 1997), tijolos cerâmicos (NEVES et al., 1999), peças cerâmicas (LIMA FILHO et al. 1999) e concretos (GONÇALVES, 2000). Neste trabalho serão apresentados os resultados do estudo da utilização do RCGM como substituição ao solo para aterros compactados. 2 CARACTERIZAÇÃO DO RCMG Toda a amostra utilizada no estudo foi retirada do pátio da empresa geradora na região de Feira de Santana. Na figura 1 está ilustrado um aspecto da deposição do resíduo de corte de mármore e granito, no pátio da referida empresa. A amostra foi transportada para os Laboratórios de Tecnologia da UEFS, onde a secagem foi realizada ao ar livre. Após a secagem foram coletadas amostras para realização dos ensaios de caracterização.

Figura 1 Aspecto da deposição de RCMG no pátio da empresa geradora A caracterização química do RCMG foi realizada no Laboratório de Geociências da UFRGS, cujos os resultados estão apresentados na tabela 1. Tabela 1 Composição química do RCMG utilizado no estudo COMPOSTO TEOR ( % ) SiO 2 41,70 Fe 2 O 3 4,30 Al 2 O 3 8,50 CaO 21,00 MgO 2,20 K 2 O 2,30 TiO 2 0,29 SO 3 0,05 Na 2 O 2,70 Perda ao fogo 16,80 Para avaliação do risco ambiental do RCMG foram realizados os ensaios de lixiviação e solubilização de acordo com a NBR 10005/87 e NBR 10006/87, respectivamente. Os resultados são apresentados na tabela 2. Com base nos resultados apresentados no ensaio de lixiviação e solubilização, observa-se que nenhum dos seus compostos apresentou concentração superior em relação às especificações estabelecidas pela NBR 10004/87 - Classificação dos Resíduos, classificando o resíduo como Classe I - Inerte. Ou seja, o RCGM, não é tóxico nem perigoso. Também foram determinadas a massa específica ( NBR 6474/1985 ) e massa unitária ( NBR 7251/1982 ) do resíduo. Os resultados destes ensaios estão apresentados na tabela 3. A verificação da granulometria do RCMG foi realizada no Laboratório de Geotecnia da UEFS por peneiramento e sedimentação, conforme a NBR7181/84. A figura 2 ilustra a curva granulométrica do resíduo destorroado.

Tabela 2 Resultados do ensaio de lixiviação (NBR 10005/87) e solubilização (NBR 10006/ 87) do RCGM Metais Solubilizados Metais Lixiviados Elemento(ppm) RCMG NBR 10004 (mg/l) Elemento(ppm) RCG NBR 10004 (mg/l) (mg/l) Limites máximos (mg/l) Limites máximos Ba N.D. 1 Ba N.D. 100 Cd N.D. 0,005 Cd 0,015 0,5 Pb N.D. 0,05 Pb 0,155 5 Cr N.D. 0,05 Cr 0,042 5 Nitrato N.D. 10 Ag N.D. 5 Cu N.D. 1 As N.D. 5 Al 0,106 0,2 Hg N.D. 0,1 Fe N.D. 0,3 F 0,31 150 Mn 0,008 0,1 Se N.D. 1 Zn 0,003 5 - - - As N.D. 0,05 - - - Hg N.D. 0,001 - - - Fenol N.D. 0,001 - - - Na 35,35 200 - - - SO4 26 400 - - - Cl 134,5 250 - - - F 0,28 1,5 - - - Cianeto N.D. 0,1 - - - Tabela 3 Características físicas do RCMG Característica Valor Encontrado Massa específica (kg/dm3) 2,84 Massa unitária (kg/dm3) 1,08 Figura 2 Distribuição granulométrica do RCMG por peneiramento e sedimentação

A partir dos resultados do ensaio de granulometria pode-se verificar que o resíduo de corte de mármore e granito possui cerca de 77% de fração menor que 0,075mm, o que o caracteriza como um resíduo muito fino. 3 PRODUÇÃO DAS MISTURAS PARA ATERROS COMPACTADOS Observou-se que o RCMG não poderia ser utilizado sozinho como aterro, devido à sua granulometria muito fina. Portanto estudou-se a sua utilização na mistura com um solo areno-siltoso, comumente utilizado na região de Feira de Santana e outras regiões. A determinação do teor ótimo de RCMG foi definido com base no melhor comportamento das misturas quanto ao Índice de Suporte Califórnia (CBR ). Foram realizadas misturas com substituição de 15%, 25% e 35% do solo areno-siltoso por RCMG (em massa ). Após a homogeneização da mistura foram então realizados ensaios de compactação ( Proctor Normal ) em cada uma delas para determinar a umidade ótima. Foram realizados, também, ensaios no solo areno-siltoso, sem RCMG. Na tabela 4 está apresentada a umidade ótima de cada mistura, obtida através dos ensaios de compactação. Tabela 4 Umidade ótima de cada uma das misturas MISTURA UMIDADE ( % ) 0% de RCMG 7,70 15% de RCMG 7,50 25% de RCMG 8,35 35% de RCMG 10,30 Conhecida a umidade ótima de cada uma das misturas, foram moldados os corpos-de-prova para determinação do CBR. Nas figuras 3, 4, 5 e 6 estão apresentadas as curvas de carga x penetração das misturas com 0% de RCMG, 15% de RCMG, 25% de RCMG e 35% de RCMG, respectivamente. 350 CURVA CARGA X PENETRAÇÃO 300 250 CARGA (kg) 200 150 100 50 0 0,00 1,50 3,00 4,50 6,00 7,50 9,00 PENETRAÇAO (mm) Figura 3 Curva de carga x penetração do solo areno-siltoso sem RCMG

CURVA CARGA X PENETRAÇÃO 900 800 700 600 CARGA (kg) 500 400 300 200 100 0 0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 PENETRAÇAO (mm) Figura 4 Curva de carga x penetração do solo areno-siltoso com 15% de RCMG 1200 CURVA CARGA X PENETRAÇÃO 1000 CARGA (kg) 800 600 400 200 0 0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 PENETRAÇÃO (mm) Figura 5 Curva de carga x penetração do solo areno-siltoso com 25% de RCMG

700 CURVA CARGA X PENETRAÇÃO 600 500 CARGA (kg) 400 300 200 100 0 0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 PENETRAÇÃO (mm) Figura 6 Curva de carga x penetração do solo areno-siltoso com 35% de RCMG Na tabela 4 estão apresentados os resultados dos Índices de Suporte Califórnia ( CBR ) das misturas. Tabela 4 Resultados dos ensaios de determinação do CBR MISTURA CBR ( % ) EXPANSÃO ( % ) 0% de RCMG 13 0 15% de RCMG 26 0 25% de RCMG 36 0 35% de RCMG 19 0,2 Com base nos resultados de CBR pode-se observar que todas as misturas com RCMG apresentaram maior suporte do que o solo areno-siltoso. A mistura de solo com 25% de RCMG foi a que apresentou o melhor desempenho, cujo CBR foi 36%. Portanto, só um pouco abaixo do limite mínimo para base de pavimentos, especificado pelo Departamento Nacional de Estradas e Rodagens ( DNER ), que é de 40%. Entretanto, bastante superior ao limite mínimo especificado para sub-base que é de 20%. Do ponto de vista da expansão, todas as misturas estão dentro do limite especificado pelo DNER para base de pavimentação. 4 CONCLUSÕES O estudo da utilização do resíduo de corte de mármore e granito ( RCMG ) na Construção Civil visa contribuir para diminuição do impacto ambiental devido à deposição inadequada deste resíduo e ao crescente consumo de matéria-prima. Com base nos resultados obtidos neste estudo, pode-se dizer que a utilização do RCMG como substituição de parte do solo para produção de aterro, é viável tecnicamente. O solo utilizado apresenta um baixo suporte ( 13% ). A mistura deste solo, que apresentou baixo suporte, com a utilização de 25% de RCMG, foi a que apresentou o melhor desempenho para produção de aterros, inclusive subbase para pavimentos.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 7251 - Determinação da massa unitária. Rio de Janeiro, 1982. ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9776 - Agregados: determinação da massa específica de agregados miúdos por meio de frasco de chapman. Rio de Janeiro, 1987. ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10004 - Resíduos Sólidos - Classificação. Rio de Janeiro. 1987. ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10005 - Lixiviação de resíduos - Procedimento. Rio de Janeiro. 1987. ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10006 - Solubilização de resíduos - Procedimento. Rio de Janeiro. 1987. BILODEAU, A., MALHOTRA V. A., High-Volume Fly Ash System: Concrete Solution for Sustaintable Development. In: ACI Materials Journal. V.97. Nº 1, Jan/Feb, 2000, USA, p. 41-48. CALMON, J.L.; TRISTÃO, F. A.; LORDÊLLO, F.S.S.; SILVA, S.A. Aproveitamento do resíduo de corte de granito para a produção de argamassas de assentamento. In: II Simpósio Brasileiro de Tecnologia das argamassas, Anais. Salvador, BA: ANTAC, 1997, p. 64-75. GONÇALVES, J. P., Utilização do resíduo de corte de granito (RCG) para a produção de concretos. (dissertação de mestrado). Porto Alegre/RS. NORIE/UFRGS. 134p. 2000. JOHN,V.M., A construção e o Meio Ambiente. http://www.recycle.pcc.usp.br/artigos1.htm, consultado em set/1999. JOHN, V. M., Reciclagem de Resíduos Sólidos na Construção Civil: Contribuição à Metodologia de Pesquisa e Desenvolvimento (tese de livre docência). São Paulo: EPUSP. 102p. 2000. LIMA FILHO, V. X., BEZERRA, A. C., SANTOS, F. C., NOGUEIRA, R. E. F. Q., FERNANDES, A. H. M., Determinação de parâmetros para a racionalização do processamento de rochas graníticas por abrasão. In: XV Congresso Brasileiro de Engenharia Mecânica. Anais. nov/1999, São Paulo, (a). NEVES, Gelmires, PATRICIO, S. M. R., FERREIRA, H. C., SILVA, M. C., Utilização de resíduos da serragem de granitos para a confecção de tijolos cerâmicos. In: 43º Congresso Brasileiro de Cerâmica. Anais. Florianópolis/SC. Jun/1999.