Literatura e Turismo: Turistas, viajantes e lugares literários
N. DL: 410643/16 Título: Literatura e Turismo: Turistas, viajantes e lugares literários Autor: Sílvia Quinteiro, Rita Baleiro e Isabel Dâmaso Santos Tipo: Monografia Editor: Universidade do Algarve Local de Publicação: Faro Data de publicação (mês/ano): 06/2016 N.º de edição: 1.ª edição ISBN: 978-989-8472-87-8 Tiragem: 500 exemplares
ÍNDICE Editorial, Sílvia Quinteiro, Rita Baleiro, Isabel Dâmaso Santos................ O turista Miguel Torga: Um retrato do Algarve nos anos 50, Rita Baleiro e Sílvia Quinteiro................................................. Um Algarve em retalhos: Representações do Sul na obra de Lídia Jorge, Ana Margarida Fonseca............................................... Porto oitocentista: Lugar literário de dialética urbano-paisagística, Ana Cláudia Silva............................................................. Os espaços literários portugueses das narrativas infantojuvenis de Ana Saldanha, Ana Rita Soares.......................................... Ler Lisboa através da antologia: O exemplo de Lissabon. Eine Literarische Einladung (2010), Philipp Kampschroer..................... Lisboa, Livro de Bordo, de José Cardoso Pires: A construção de um guia cultural, Marcelo Oliveira....................... Lisboa: O que o Turista Deve Ver, de Fernando Pessoa: O contexto e as imagens, Danielle Lopes, Rita Baleiro e Sílvia Quinteiro..... Portugal em Goa na obra de José Eduardo Agualusa, Sara Sousa........ A prática turística e o entendimento institucional da literatura: O caso de Eugénio de Castro no horizonte das suas relações internacionais, Miguel Filipe Mochila....................................... 7 13 27 41 57 73 85 103 119 133 Literatura de viagem: Experiência e comunicação de novas ideias, Paulo de Assunção............................................................ 151
{ 7 } Editorial Turistas, viajantes e lugares literários Em 2014, o Projeto Lit&Tour publicou o seu primeiro volume de ensaios sobre o tema literatura e turismo, resultante da seleção dos melhores artigos apresentados, dois anos antes, na conferência internacional com o mesmo nome. Em 2016, no contexto da Conferência Internacional Portugal Literário, seguimos o processo inverso: procedemos a uma prévia dupla revisão anónima dos artigos submetidos e desse rigoroso processo de seleção resultaram dois volumes de ensaios: o Literatura e Turismo: Turistas, Viajantes e Lugares Literários e o Literatura e Turismo: Viagens, Relatos e Itinerários. Neste volume, reunimos os textos que se centram quer nas figuras do turista e do viajante, quer nos lugares e espaços literários. No primeiro, O turista Miguel Torga: Um retrato do Algarve nos anos 50, Rita Baleiro e Sílvia Quinteiro analisam o capítulo Algarve de Portugal (1950), de Miguel Torga, propondo uma reflexão sobre alguns dos conceitos fundamentais para a investigação em literatura e turismo, como sejam os de literatura de turismo, lugar literário, viajante, turista, leitor-turista e turista-leitor. Tendo também como referente geográfico o Algarve, o segundo artigo deste volume, da autoria de Ana Margarida Fonseca, Um Algarve em retalhos: Representações do Sul na obra de Lídia Jorge, sublinha as transformações sociais, culturais e económicas ocorridas nesta província, em virtude da expansão do turismo de massas. Ana Margarida Fonseca analisa três contos de Lídia Jorge: O Belo Adormecido, Assobio na Noite e Miss Beijo (2004). No artigo, a autora salienta a forma como nestes textos se denunciam a descaracterização dos espaços, o apagamento das diferenças culturais e a ocorrência de fenómenos de exploração humana decorrentes do emergir da indústria do turismo. Júlio Dinis é o autor escolhido por Ana Cláudia Silva para analisar a representação da cidade do Porto na literatura. Neste caso o Porto oitocentista que, mapeado a partir do romance Uma Família Inglesa, permite identificar um amplo número de lugares literários. Atuando também como promotor da criação de lugares literários no Porto (e de forma secundária, no Minho e no Algarve), segue-se Os espaços literários portugueses das narrativas infantojuvenis de Ana Saldanha. Neste artigo, Ana Rita Soares analisa os espaços literários portugueses representados em nove narrativas de Ana Saldanha, afirmando o potencial da literatura infantojuvenil para a criação de lugares literários. Igualmente fonte de um conjunto de lugares literários, mas desta feita centrado na capital, encontramos o artigo Ler Lisboa através da antologia: O exemplo de Lissabon. Eine Literarische Einladung (2010), de Philipp Kampschroer. A partir da análise de uma antologia alemã dedicada à capital portuguesa, com textos predominantemente lusófonos, o autor compara esta antologia com outras antologias literárias urbanas de Lisboa, referindo os critérios de seleção e organização dos textos. Na verdade, para além de um guia literário da cidade, esta obra é um convite literário, dirigido aos turistas
{ 8 } Literatura e Turismo: Turistas, viajantes e lugares literários de língua alemã para conhecer Lisboa. Ainda sobre Lisboa, os seus lugares literários e os guias turísticos desta cidade, contamos com Lisboa, Livro de Bordo, de José Cardoso Pires, no artigo de Marcelo Oliveira, e Lisboa: O que o Turista Deve Ver, de Fernando Pessoa, no texto de Danielle Lopes, Rita Baleiro e Sílvia Quinteiro. Marcelo Oliveira destaca o caráter específico da obra de Cardoso Pires e a sua relevância para a análise da relação entre literatura e turismo, aplicando, por um lado, os princípios de seleção propostos por Harald Hendrix e, por outro, a abordagem cultural e o abundante recurso a referências literárias utilizadas por Cardoso Pires para retratar Lisboa. Já no caso de Lisboa: O que o Turista Deve Ver, é o próprio autor do guia que transforma este texto num guia literário e não as referências a outros escritores ou lugares relacionados com a literatura. O texto de Pessoa é aqui lido enquanto projeto do autor com o objetivo de dignificar a imagem de Portugal aos olhos dos turistas e de recuperar a sua importância internacional. Sara Rodrigues de Sousa, em Portugal em Goa na obra de José Eduardo Agualusa, assume um ponto de vista totalmente distinto relativamente aos artigos anteriores, caracterizando a imagem de Portugal na obra Um Estranho em Goa, do escritor angolano José Eduardo Agualusa. A autora propõe, assim, uma reflexão sobre a imagem do Portugal pós-colonial e avalia o potencial interesse que reveste o estudo desta obra no âmbito da interseção entre literatura e turismo. A prática turística e o entendimento institucional da literatura: O caso de Eugénio de Castro no horizonte das suas relações internacionais, de Miguel Filipe Mochila, ilustra o modo como a prática turística é problematizada pelo seu entendimento institucional da literatura, demonstrando como os conceitos de turismo e de turismo literário se flexibilizam e condicionam as vivências do turista. O autor apresenta Eugénio de Castro como figura de culto mobilizadora de práticas de turismo literário e de literatura de turismo, por parte de autores ibéricos seus contemporâneos. O artigo que fecha este volume, da autoria de Paulo de Assunção, Literatura de viagem: Experiência e comunicação de novas ideias, propõe-nos uma visão mais ampla da relação entre literatura e turismo, referindo como a literatura de viagens está na origem dos atuais guias turísticos e, naturalmente, dos guias turístico-literários e da criação de lugares literários. A abrangência da formulação teórica de Paulo Assunção, centrada no autor, no ato de viajar, no observar e analisar das gentes e dos lugares, na criação de guias e manuais de viagem que permitem tanto registar as experiências e aventuras vividas, como preparar a viagem, resume, a nosso ver, a ideia de apropriação e comunicação do lugar enquanto lugar literário que está subjacente aos restantes artigos de Literatura e Turismo: Turistas, viajantes e lugares literários. Sílvia Quinteiro Rita Baleiro Isabel Dâmaso Santos