AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DE DIFERENTES COMPOSIÇÕES DE LÂMINAS EM COMPENSADOS ESTRUTURAIS DE Pinus elliottii e Eucalyptus saligna

Documentos relacionados
Ciência Florestal ISSN: Universidade Federal de Santa Maria Brasil

Ciência Florestal, Santa Maria, v. 11, n. 2, p ISSN

PRODUÇÃO DE COMPENSADOS DE Pinus taeda L. E Pinus oocarpa Schiede COM DIFERENTES FORMULAÇÕES DE ADESIVO URÉIA FORMALDEÍDO 1

PRODUÇÃO DE PAINÉIS COMPENSADOS DE PINUS TROPICAIS COLADOS COM RESINA FENOL-FORMALDEÍDO

PRODUÇÃO DE COMPENSADOS DE Pinus taeda E Pinus oocarpa COM RESINA FENOL-FORMALDEÍDO

Avaliação da gramatura de cola na propriedade de flexão estática em painéis compensados de Copaifera duckei Dwayer e Eperua oleifera Ducke

PRODUÇÃO DE PAINÉIS COMPENSADOS ESTRUTURAIS COM DIFERENTES CIOMPOSIÇÕES DE LÂMINAS DE Eucalyptus saligna E Pinus caribaea¹

PRODUÇÃO DE PAINÉIS DE MADEIRA AGLOMERADA DE Grevillea robusta

Ciência Florestal ISSN: Universidade Federal de Santa Maria Brasil

PRODUÇÃO DE PAINEL COMPENSADO ESTRUTURAL DE Eucalyptus grandis E Eucalyptus dunnii

Nesta pesquisa, foram produzidas em laboratório, chapas de madeira aglomerada de Eucalyptus

PRODUÇÃO DE CHAPAS DE PARTÍCULAS ORIENTADAS OSB DE

Ciência Florestal, Santa Maria, v.10, n.1, p ISSN UTILIZAÇÃO DE EXTENSORES ALTERNATIVOS NA PRODUÇÃO DE COMPENSADOS MULTILAMINADOS

PRODUÇÃO DE CHAPAS DE MADEIRA AGLOMERADA DE CINCO ESPÉCIES DE PINUS TROPICAIS RESUMO ABSTRACT

PRODUÇÃO DE VIGAS ESTRUTURAIS EM PERFIL I COM PAINÉIS DE MADEIRA RECONSTITUÍDA DE Pinus taeda L. E Eucalyptus dunnii Maiden

INFLUÊNCIA DA MASSA ESPECÍFICA SOBRE AS PROPRIEDADES MECÂNICAS DE PAINÉIS AGLOMERADOS

CERNE ISSN: Universidade Federal de Lavras Brasil

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE USO DE ESPÉCIES DE PÍNUS TROPICAIS E EUCALIPTO NA PRODUÇÃO DE PAINÉIS COMPENSADOS UREICOS

Recebido para publicação em 16/04/2008 e aceito em 14/08/2009.

PRODUÇÃO DE CHAPAS DE PARTÍCULAS STRAND COM INCLUSÃO LAMINAR COM-PLY RESUMO

COMPENSADOS DE Toona ciliata M. Roem. var. australis

Propriedades físicas de painéis de partículas de média densidade de Sequoia sempervirens

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA FLORESTAL

EFEITO DA MASSA ESPEC

CERNE ISSN: Universidade Federal de Lavras Brasil

Produção de painéis de madeira aglomerada de alta densificação com diferentes tipos de resinas

EUCALYPTU S WOOD RESIDUES DERIVING FROM SAWMILLS FOR PARTICLEBOARD MANUFACTURING

RESUMO. Potential use of waste generated by the pruning Acacia mangium grown in southern state Piauí for the production of wood panels crowded

INFLUÊNCIA DA DENSIDADE E DO TIPO DE RESINA NAS PROPRIEDADES TECNOLÓGICAS DE PAINÉIS OSB DE Pinus taeda L.

CERNE ISSN: Universidade Federal de Lavras Brasil

UTILIZAÇÃO DE LÂMINAS DE Eucalyptus grandis e Eucalyptus maculata COMO ALTERNATIVAS PARA PRODUÇÃO DE PISO LAMINADO COM MONTAGEM DIRETA

INFLUÊNCIA DA IDADE E DA POSIÇÃO RADIAL NA FLEXÃO ESTÁTICA DA MADEIRA DE Eucalyptus grandis Hill ex. Maiden 1

Viabilidade de uso da madeira de Cupressus torulosa para produção de painéis compensados

Utilização de feixes de fibras de Pinus spp e partículas de polietileno de baixa densidade (PEBD) para produção de painéis aglomerado

ANÁLISE DO DESEMPENHO NA FLEXÃO ESTÁTICA DE PAINÉIS DE PARTÍCULAS ORIENTADAS (OSB ORIENTED STRAND BOARD)

ANÁLISE DAS PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS DE PAINÉIS DE PARTICULAS ORIENTADAS PRODUZIDOS COM MADEIRA DE PINUS EM DIFERENTES PROPORÇÕES DE CAMADAS

CERNE ISSN: Universidade Federal de Lavras Brasil

CERNE ISSN: Universidade Federal de Lavras Brasil

Recebido para publicação em 4/04/2007 e aceito em 10/12/2007.

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE PAINÉIS COMPENSADOS PRODUZIDOS COM LÂMINAS DE MADEIRA DE Schizolobium amazonicum

Avaliação da qualidade na produção industrial de compensados por meio de testes de flexão e de cisalhamento

EFEITO DO TRATAMENTO TÉRMICO NA ESTABILIDADE DIMENSIONAL DE PAINÉIS AGLOMERADOS DE Eucalyptus grandis

AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS DE PAINÉIS DE FIBRAS DE MÉDIA DENSIDADE (MDF) PRODUZIDOS PELAS INDÚSTRIAS BRASILEIRAS

Fatores que influenciam no rendimento em laminação de Pinus spp.

PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS DE COMPENSADOS COM LÂMINAS DE PINUS TAEDA L. TRATADAS COM CCA

EFFECT OF LAMINATE INCLUSION AND THE TYPE OF ADHESIVE IN THE PROPERTIES OF OSB PANELS OF THE WOOD FROM Pinus oocarpa

PROPRIEDADES FÍSICO-MECÂNICAS DE PAINEL DE COMPENSADO PRODUZIDO COM ADESIVO ALTERNATIVO

UTILIZAÇÃO DE ADESIVO PVA EM COMPENSADOS DE Pinus sp. E Eucalyptus sp. * UNESP - Univ Estadual Paulista, Campus de Itapeva, SP, Brasil 2

PROCEDIMENTO PRÁTICO PARA CÁLCULO DE PRODUÇÃO DE LÂMINAS DE MADEIRA POR DESENROLAMENTO INTRODUÇÃO

Características de Vigas Laminadas Coladas Confeccionadas com Madeira de Teca (Tectona grandis)

AVALIAÇÃO DE ALTERNATIVAS TECNOLÓGICAS PARA PRODUÇÃO DE CHAPAS DE PARTÍCULAS ORIENTADAS OSB

Avaliação do potencial de uso de seis espécies do gênero Eucalyptus na produção de painéis de lâminas paralelas - LVL

CIRCULAR TÉCNICA N o 124. Dezembro/1980

PRODUÇÃO DE COMPENSADOS A PARTIR DA MADEIRA DE CLONES DO HÍBRIDO Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla RESUMO ABSTRACT

Análise do desempenho físico-mecânico de compensados produzidos com adesivos a base de PVA

- Princípios de construção - Tipos de painéis compensados e classificação - Métodos de aplicação do adesivo - Pré-prensagem e prensagem - Temperatura

Determinação de propriedades elásticas e de resistência em compensados de Pinus elliottii

SELECTION OF CLONES OF Eucalyptus urophylla FOR PLYWOOD PRODUCTION

CERNE ISSN: Universidade Federal de Lavras Brasil

Caracterização de clones e híbridos de eucaliptos com base na norma ABNT NBR 7190: 1997

Valéria Maria de Figueiredo Pazetto 1, Cláudio Henrique Soares Del Menezzi 1, Joaquim Carlos Gonçalez 1

INFLUÊNCIA DE DIVERSOS TEMPOS E TEMPERATURAS DE PRENSAGEM EM COMPENSADOS FENÓLICOS DE

PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS DE PAINÉIS COMPENSADOS DE GUAPURUVU (Schizolobium parahyba (Vell.) Blake)

Qualidade de painéis LVL produzidos com madeira de clones de Eucalyptus urophylla

A utilização de fibra de vidro como reforço em Madeira Compensada

Produção de Painéis Compensados Fenólicos com Lâminas de Madeira de Sequoia sempervirens

CONTROLES DE QUALIDADE EM INDÚSTRIAS DE COMPENSADOS: PROCESSO PRODUTIVO E PRODUTO

DETERMINAÇÃO DE PROPRIEDADES MECÂNICAS DO OSB DETERMINATION OF MECHANICAL PROPERTIES OF OSB

3 Elementos Estruturais Derivados da Madeira

CARACTERIZAÇÃO, CLASSIFICAÇÃO E COMPARAÇÃO DA MADEIRA DE Pinus patula, P. elliottii E P. taeda ATRAVÉS DE SUAS PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS.

Avaliação não destrutiva de painéis de partículas de média densidade pelo método Stress Wave Timer

PRODUÇÃO DE PAINÉIS COMPENSADOS COM LÂMINAS DE MADEIRA DE Sequoia sempervirens E RESINA UREIA- FORMALDEÍDO

Utilização de Cinco Espécies de Eucalyptus para a Produção de Painéis OSB

Scientia n. 72, p , dezembro Chapas de madeira aglomerada utilizando partículas oriundas de madeira maciça e de maravalhas

PAINÉIS COMPENSADOS MISTOS DE GUAPURUVU (SCHIZOLOBIUM PARAHYBA (Vell.) S. F. Blake) E PINUS TAEDA

DESENVOLVIMENTO DE PAINÉIS MDF UTILIZANDO A FIBRA DO COCO BABAÇU E EUCALIPTO

Ciência Florestal ISSN: Universidade Federal de Santa Maria Brasil

CERNE ISSN: Universidade Federal de Lavras Brasil

QUALIDADE DE PAINÉIS AGLOMERADOS HOMOGÊNEOS PRODUZIDOS COM A MADEIRA DE CLONES DE Eucalyptus urophylla

Painéis Compensados Fabricados com Lâminas de Três Espécies de Eucaliptos

Produção de compensados com 11 espécies do gênero Eucalyptus, avaliação das suas propriedades físico-mecânicas e indicações para utilização

Efeito do Tipo de Chapa de Partículas nas Propriedades Físicas e Mecânicas

CARACTERIZAÇÃO DE PAINEL PARTICULADO DE MADEIRA COM ADIÇÃO DE MATERIAL LIGNOCELULÓSICO ALTERNATIVO NA CAMADA INTERMEDIÁRIA 1

Madeiras de pinus e eucalipto foram coladas variando a quantidade de adesivo, pressão de

PROPRIEDADES DE RESISTÊNCIA E RIGIDEZ À FLEXÃO ESTÁTICA DE PAINÉIS OSB E COMPENSADOS 1

AVALIAÇÃO DA RIGIDEZ À FLEXÃO DE TORAS DE MADEIRA POR MEIO DE VIBRAÇÃO TRANSVERSAL BENDING STIFFNESS EVALUATION OF WOOD LOGS BY TRANSVERSE VIBRATION

Chapas de partículas aglomeradas produzidas a partir de resíduos gerados após a extração do óleo da madeira de candeia (Eremanthus erythropappus)

CORRELAÇÃO ENTRE MASSA ESPECÍFICA E RETRATIBILIDADE DA MADEIRA DE TRÊS CONÍFERAS DA REGIÃO SUL DO BRASIL. 1. INTRODUÇÃO

Estudo sobre a viabilidade do uso da madeira de Cryptomeria japonica para produção de painéis compensado

Influência do arranjo das camadas do colchão nas propriedades tecnológicas de painéis de partículas orientadas (OSB) de Eucalyptus benthamii

Avaliação da madeira de Pinus elliottii var. elliottii x Pinus caribaea var. hondurensis para produção de compensados

POTENCIAL DE MADEIRA ALTERNATIVA PARA PRODUÇÃO DE CHAPAS DE PARTÍCULAS

Determinação do Módulo de Elasticidade de Painéis Aglomerados por Stress Wave Timer

Influência da Qualidade das Lâminas no Desempenho Mecânico à Flexão de Painéis Compensados de Hevea brasiliensis

Propriedades mecânicas de painéis produzidos com lascas de madeira em três diferentes comprimentos

II Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia da Madeira Belo Horizonte - 20 a 22 set 2015

PAINÉIS COMPENSADOS PRODUZIDOS A PARTIR DA RECICLAGEM RESÍDUOS DA INDÚSTRIA MADEIREIRA PLYWOOD MADE BY WOOD INDUSTRIAL WASTE RECYCLING

Transcrição:

AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DE DIFERENTES COMPOSIÇÕES DE LÂMINAS EM COMPENSADOS ESTRUTURAIS DE Pinus elliottii e Eucalyptus saligna Setsuo Iwakiri 1, Ingrid Raquel Nielsen 2 e Reinaldo A. R. Alberti 2 RESUMO: Nesta pesquisa foram avaliadas as influências de diferentes composições de lâminas de Pinus elliottii e Eucalyptus saligna sobre o módulo de elasticidade (MOE) e módulo de ruptura (MOR) em flexão estática de compensados estruturais. O MOE e MOR das chapas de eucalipto com três lâminas centrais dispostas no sentido paralelo entre si e em relação à capa, foram superiores em relação às chapas produzidas com lâminas de pinus, com mistura de lâminas de pinus e eucalipto e também em relação à composição de lâminas cruzadas. A resistência e rigidez das chapas no sentido paralelo às fibras ficaram em torno de 6% maiores que no sentido perpendicular às fibras. A maior resistência da madeira de eucalipto em relação à madeira de pinus influenciou positivamente na composição dos compensados. PALAVRAS-CHAVE: Compensado estrutural, orientação de lâminas, resistência do painel. EVALUATION OF THE INFLUENCE OF VENEER COMPOSITION IN STRUCTURAL PLYWOOD OF Pinus elliottii and Eucalpytus saligna ABSTRACT: This research evaluated the influences of veneer composition of Pinus elliottii and Eucalyptus saligna on the modulus of elasticity and modulus of rupture of the strucutural plywood. The MOE and MOR of the board produced with E. saligna including three veneers of the central layers in parallel direction, were higher than those of boards produced with P. elliottii, with mixture of Pinus and Eucalyptus veneer, and also higher than those board of conventional composition. The MOE and MOR of the boards in the grain paralel direction were around 6% higher than those of the boards with veneer at cross grain direction. The high strenght of eucalipt wood s in comparison to pine increased the board strenght. KEY WORDS: Structural plywood, veneer orientation, board strenght. 1. INTRODUÇÃO Tendo em vista as dificuldades cada vez maiores na obtenção de matéria-prima para produção de lâminas e compensados extraída de espécies tradicionais provenientes de florestas nativas, surgiu a necessidade de utilização de espécies alternativas para suprir a demanda por madeiras de boa qualidade para indústrias de compensados no Brasil. Espécies como Eucalyptus spp e Pinus spp apresentam grande potencial para suprir esta demanda em função das boas características da sua madeira, por serem espécies de rápido crescimento e também devido à disponibilidade de grandes áreas plantadas no Brasil. Pesquisas 1 Departamento de Engenharia e Tecnologia Florestal/UFPR, Av. Lothário Meissner, 34, Jardim Botânico, Curitiba-PR, CEP. 8.21-17, setsuo@cwb.matrix.com.br. 2 Aluno do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Florestal-UFPR. Av. Lothário Meissner, 3.4, Jardim Botânico, Curitiba- PR,CEP. 8.21-17, setsuo@cwb.matrix.com.br.

2 IWAKIRI, S.; NIELSEN, I.R.; ALBERTI, R.A.R. sobre o comportamento da madeira destas espécies para laminação e produção de painéis compensados têm sido amplamente realizadas no Brasil e as lâminas de pinus já vêm sendo utilizadas pelas indústrias, desde o início da década de 9. As lâminas faqueadas de algumas espécies de Eucalyptus apresentam grande potencial para utilização como capa de compensados decorativos, tendo em vista os aspectos estéticos em relação à cor e Figura. Os painéis compensados de madeira podem ser produzidos como de uso geral, industrial, decorativo e estrutural/naval, em função do tipo de adesivo e lâminas utilizadas na sua composição. O compensado estrutural/naval caracteriza-se pela utilização de lâminas finas em grande número de camadas com colagem à base de resina fenol-formaldeído, o que confere aos painéis alta resistência mecânica e resistência à umidade (Baldwin, 1975; Sellers, 1985; Tsoumis, 1991). O princípio de construção de um painel compensado, baseado na laminação cruzada e restrição da linha de cola, procura balancear os diferentes comportamentos físico-mecânicos das lâminas de camadas adjacentes, dispostas nos sentidos longitudinal e perpendicular ao plano da chapa (Suchsland, 1972; Bodig e Jayne, 1982; Keinert Jr., 1984). De acordo com Suchsland (1972), o balanceamento estrutural de um compensado com número ímpar de camadas pode ser alcançado, mesmo utilizando lâminas de espécies e espessuras diferentes, desde que o plano de simetria seja mantido, para o equilíbrio de parâmetros elásticos entre as lâminas que constituem o painel. Este trabalho tem como objetivos: - produção em laboratório de chapas de compensados estruturais com lâminas de Pinus elliottii e Eucalyptys saligna e mistura de ambas as espécies; - determinação das propriedades de módulo de elasticidade e módulo de ruptura em flexão estática nos sentidos paralelo e perpendicular às fibras; - avaliação da influência de diferentes composições de lâminas no compensado quanto ao equilíbrio estrutural do painel. 2. MATERIAIS E MÉTODOS Foram utilizadas, nesta pesquisa, lâminas de Pinus elliottii e Eucalyptus saligna, com espessura média de 1,65mm e 1,8mm, respectivamente e com teor de umidade médio de 4%. A composição do adesivo para a colagem de lâminas, em partes por peso (p/p), foi a seguinte: resina fenol-formaldeído (1 p/p), albex-7 (1 p/p), farinha de trigo (5 p/p) e água (1 p/p). Foram aplicadas 38g/m 2 de adesivo por face dupla de lâmina. As variáveis estabelecidas para o ciclo de prensagem foram as seguintes: temperatura (14 C), pressão (12kgf/cm 2 ), tempo de prensagem (9 a 11,5 min. - em função da espessura da chapa). O delineamento experimental está apresentado na Tabela 1 e ilustrado na Figura 1. Foram produzidas quatro chapas por tratamento, perfazendo um total de 24 chapas, com as dimensões de 5 x 5 cm e espessura variável em função das diferentes composições de lâminas de pinus e eucalipto. Tabela 1. Delineamento experimental Table 1. Experimental chart Tratamento Composição das chapas T1 Pl Pt Pl Pt P1 Pt Pl T2 Pl Pt Pl Pl Pl Pt Pl T3 El Et El Et El Et El T4 El Et El El El Et El T5 Pl Et Pl Pl Pl Et Pl T6 El Pt El El El Pt El Pl - lâminas de pinus (longitudinal) Pt - lâminas de pinus (transversal) El - lâminas de eucalipto (longitudinal) Et - lâminas de eucalipto (transversal)

Avaliação da influência de diferentes composições de lâminas... 21 Tratamento 1 Pinus Tratamento 2 Pinus Tratamento 3 Eucalyptus Tratamento 4 Eucalyptus Tratamento 5 Pinus e Eucalyptus Tratamento 6 Eucalyptus e Pinus Figura 1. Disposição das lâminas na composição dos painéis compensados de sete camadas Figure 1. Veneer direction in the composition of seven-layer plywood Após a prensagem, as chapas foram acondicionadas na câmara de climatização até atingir a umidade de equilíbrio na faixa de 12%. Para chapas de cada tratamento, foram retirados seis corpos de prova no sentido paralelo às fibras e seis no sentido perpendicular às fibras, com as dimensões de 7,5 x 3cm. Os ensaios de flexão estática para a determinação de módulo de elasticidade (MOE) e módulo de ruptura (MOR) foram realizados de acordo com a recomendação D 85-63 da ASTM (1971). A análise estatística dos resultados foi realizada pela análise de variância, e empregouse o Teste de Tukey para a comparação de médias dos tratamentos, a 5% de probabilidade. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os valores médios e respectivos desvios padrões para o módulo de elasticidade e módulo de ruptura em flexão estática, nos sentidos paralelo (par) e perpendicular (perp) às fibras, encontram-se na Tabela 2.

22 IWAKIRI, S.; NIELSEN, I.R.; ALBERTI, R.A.R. Tabela 2. Valores médios de módulo de elasticidade (MOE) e módulo de ruptura (MOR) em flexão estática, nos sentidos paralelo (par) e perpendicular (perp) às fibras Table 2. Average values of modulus of elasticity (MOE) and modulus of rupture (MOR) in static bending, through parallel and cross grain direction Propriedades N de Tratamentos Analisadas C.P. 1 2 3 4 5 6 MOE par 6 99.358,3 19.24,86 72.293,3 5.99,.96 122.16,7 4.55,79 139.866,7 16.896,47 91.311,7 16.828,6 127.933,3 9.5,45 MOR par 6 69,33 118,11 727,15 61,86 994,9 153,79 1.167,95 164,73 692,8 15,25 893,73 81,51 MOE perp 6 38.461,7 5.751,42 34.59, 5.93,15 64.163,3 12.419,35 63.88,3 3.724,24 78.983,3 5.575,14 35.241,7 15.747,34 MOR perp 6 46,53 96,62 389,55 83,95 689,33 165,73 553,27 51,34 742,62 61,57 378,2 119,44 Negrito - valor médio das propriedades Itálico - desvio padrão 3.1. Módulo de elasticidade (MOE) e módulo de ruptura - paralelo às fibras Os valores médios de MOE paralelo às fibras variaram de 72.293,3 a 139.866,7 kg/cm 2, e o MOR de 69,3 a 1.167,9 kg/cm 2 (Tabela 2). Na Figura 2 estão apresentados graficamente os valores médios de MOE e MOR para os seis tratamentos analisados. O MOE das chapas compostas com lâminas de pinus, com a orientação das três lâminas centrais no sentido paralelo à grã (T2), foi menor em relação às chapas compostas com lâminas cruzadas (T1). Os valores do MOR dos tratamentos (T1 e T2) foram estatisticamente iguais. Nas mesmas condições anteriores, o MOE e o MOR das chapas produzidas com lâminas de eucalipto (T3 e T4) não foram afetados significativamente com a orientação de três lâminas centrais no sentido paralelo à grã. Com relação à mistura de lâminas de pinus e eucalipto, conforme as composições mostradas na Figura 1, os compensados constituídos de lâminas de eucalipto na capa (T6) apresentaram maiores MOE do que aqueles formados por lâminas de pinus na capa (T5). Quanto ao MOR, os valores foram estatisticamente iguais, embora tenha sido evidenciada uma tendência de aumento nas chapas com lâminas de eucalipto na capa. MOE (kg/cm2) 16 14 12 1 8 6 4 2 1 2 3 4 5 6 TRATAMENTOS MOE MOR 14 12 1 Figura 2. Gráfico ilustrativo do módulo de elasticidade e módulo de ruptura paralelo às fibras Figure 2. Graphic showing the modulus of elasticity and modulus of rupture -parallel to grain direction A análise global dos valores médios dos seis tratamentos evidenciou que tanto o MOE como o MOR das chapas de eucalipto com as três lâminas centrais paralelas (T4) foram maiores que os valores obtidos para as chapas de pinus e com mistura de lâminas de pinus e eucalipto, nas diferentes composições estudadas. Observa-se também que o MOE e MOR das chapas no sentido paralelo a grã são em torno de 6% maiores em relação ao sentido perpendicular, demonstrando a influência da maior resistência da madeira no sentido paralelo à grã em relação ao sentido perpendicular, na composição do painel. 8 6 4 2 MOR (kg/cm2)

Avaliação da influência de diferentes composições de lâminas... 23 3.2. Módulo de elasticidade (MOE) e módulo de ruptura (MOR) - sentido perpendicular Os valores médios obtidos para o MOE no sentido perpendicular às fibras variaram de 34.59, a 78.983,3 kgf/cm 2, e o MOR de 378,2 a 689,3 kgf/cm 2 (Tabela 2). Na Figura 3 estão apresentados, graficamente, os valores médios de MOE e MOR para os 6 tratamentos. MOE (kgf/cm2) 1 8 6 4 2 1 2 3 4 5 6 TRATAMENTOS MOE MOR 8 7 6 5 4 3 2 1 Figura 3. Gráfico ilustrativo do módulo de elasticidade e módulo de ruptura perpendicular às fibras Figure 3. Graphic showing the modulus of elasticity and modulus of rupture cross grain direction Os valores médios de MOE e MOR das chapas de pinus (T1 e T2) foram estatisticamente iguais, o que indica que não houve a influência da disposição das três lâminas centrais no mesmo sentido da grã em relação à laminação cruzada. A mesma relação foi observada entre as chapas compostas de lâminas de eucalipto (T3 e T4). Para as chapas compostas com mistura de lâminas de pinus e eucalipto, o tratamento constituído de lâminas de pinus na capa e nas três camadas centrais (T5) apresentou valores de MOE e MOR superiores ao tratamento 6, com lâminas de eucalipto na capa e nas três camadas centrais. O resultado evidencia uma maior resistência da madeira de eucalipto e da sua disposição no sentido longitudinal. Na análise global dos seis tratamentos, as chapas compostas com lâminas de pinus na capa e nas três camadas centrais (T5) apresentaram valores superiores de MOE e MOR, em relação aos demais tratamentos. 4. CONCLUSÕES Com base nos resultados obtidos as seguintes conclusões podem ser apresentadas: - A orientação das três lâminas centrais no sentido paralelo à grã não influenciou nos valores de MOR (par), tanto para chapas de pinus como para de eucalipto em relação à laminação cruzada. Para o MOE (par), a orientação das três lâminas centrais no sentido paralelo à grã contribuiu para o aumento desta propriedade nas chapas de pinus, enquanto que, para as chapas de eucalipto, os resultados foram estatisticamente iguais. - Nas chapas produzidas com mistura de lâminas de pinus e eucalipto, a utilização de lâminas de eucalipto na capa melhorou o MOE (par) e o MOR (par), demonstrando a influência da maior resistência da madeira de eucalipto em relação à de pinus. - Para o MOE e MOR perpendicular à grã, as chapas de eucalipto apresentaram valores médios superiores às chapas de pinus. Não se constatou diferenças entre laminação cruzada e três lâminas centrais dispostas no mesmo sentido, para as duas espécies estudadas. - Com a mistura de espécies, as chapas produzidas com lâminas de pinus na superfície apresentaram melhores resultados de MOE e MOR perpendicular às fibras, que as chapas com lâminas de eucalipto na superfície. Esta diferença pode ser atribuída à maior resistência da lâmina de eucalipto disposta no sentido longitudinal na segunda camada superior e inferior das chapas. - O MOE e MOR das chapas no sentido paralelo às fibras foram em torno de 6% maiores que no sentido perpendicular, demonstrando a influência da direção da grã na resistência da madeira.

24 IWAKIRI, S.; NIELSEN, I.R.; ALBERTI, R.A.R. 5. AGRADECIMENTO Os autores expressam seus sinceros agradecimentos à Alba Química S.A, pela doação do adesivo utilizado nesta pesquisa. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. Structural Sandwish Construction; Wood; Adhesives. In: Annual Book of ASTM Standards, ASTM D 85-63. Philladelphia. 1971. BALDWIN, R.F. Plywood Manufacturing Practices. San Francisco: Miller Freeman, 1981. 326p. BODIG, J.; JAYNE, B.A. Mechanics of wood and wood composites. New York: Van Nostrand Reinhold, 1982. 711p. KEINERT Jr, S. Influência de diversos parâmetros nas propriedades de chapas de partículas. Paraná Florestal, v.2, n.3, p.19-23, abr./jun. 1984. SELLERS JR, T. Plywood and Adhesive Technology. New York: Marcel Dekker, 1985. 661p. SUCHSLAND, O. Warping of furniture panels. Agric. Exp. Station, Michigan, 1972. (Extension Bulletin E-745). TSOUMIS, G. Science and technology of wood - structure, properties, utilization. New York. Chapman & Hall, 1991. 494p.