SOLENIDADE DA EPIFANIA DO SENHOR 05 de janeiro de 2014 Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo Leituras: Isaías 60-, 1-6; Salmo 71 (72); Carta de São Paulo aos Éfesios 3, 2-3a.5-6; Mateus 2, 1-12. COR LITÚRGICA: BRANCA Animador: Nesta páscoa semanal de Jesus celebramos a Epifania, palavra de origem grega que significa grande manifestação. É a antiga festa do Natal, na qual Jesus é apresentado aos judeus, representados nos pastores que vão ao presépio e é apresentado a todos os povos do mundo, simbolizados nos reis magos. Ambos, pastores e magos vão ao presépio para adorá-lo como Salvador do mundo. 1. Situando-nos brevemente A manifestação do Salvador em nossa terra, em nossa realidade humana, atingindo a todos sem discriminação é o grande mistério que, sob diferentes aspectos, Natal e Epifania celebram. No Natal, celebramos a encarnação do Filho de Deus e sei nascimento no meio do seu povo. A Epifania, realçando a caminhada dos magos guiados pela estrela, faz cair possíveis barreiras e monopólios, confirmando a manifestação de Jesus Salvador e seu Reino a todos os povos e nações. A antífona de entrada, inspirada em Ml 3,1 e em 1Cr19, 11-12 abre a celebração de hoje, nos introduzindo na atmosfera deste mistério: Eis que veio o Senhor dos senhores, em suas aos, o poder e a realeza. Tendo a Páscoa, como núcleo central do ano litúrgico, neste dia, após o evangelho, é feito solenemente o anúncio as festas pascais. A páscoa de Jesus Cristo, que celebramos na Epifania, manifesta-se na busca espiritual que hoje se espalha por todo o mundo, na luta pela paz, pela unidade e comunhão, pela preservação de terra. Como peregrino na fé, nos unimos com toda a humanidade que enfrenta o cansaço do caminho e vive a busca de um sentido para a vida e para suas contradições. Hoje somos convocados a uma comunhão universal com todos os povos, com os diferentes jeitos de adorar a Deus e buscar a libertação, a dignidade e a paz, a partir dos pobres. 2. Recordando a Palavra O evangelho de hoje narra a visita dos magos do oriente a uma casa onde se encontram Jesus e sua mãe. Herodes Magno é rei da Judeia. Por ser estrangeiro, é visto como ilegítimo por parte da população. Para ele, Jesus é um rival perigoso que deve ser eliminado. Contrastando com Herodes estão os magos do oriente. Rejeitado por Herodes e seu povo, Jesus é aceito pelos pagãos representados pelos magos, que
provavelmente são sábios, sacerdotes persas, mágicos, astrólogos da região do atual Iraque, antiga Babilônia. Importante é que eles eram conhecedores das tradições judaicas. Chegam a Jerusalém, perguntando pelo rei dos judeus recém-nascido, pois viram sua estrela e vieram homenageá-lo. Herodes tremeu e, com ele, toda a Jerusalém ligada ao poder., Ele conhecia a esperança messiânica do povo e a temia como ameaça a seu poder político. Sumos sacerdotes e doutores foram indagados sobre onde deveria nascer o Messias. Eles citam o profeta Miquéias 5,1: Mas tu, Belém de Éfrata, pequenina entre as aldeias de Judá, de ti é que sairá para mim aquele que há de ser governante de Israel. A profecia de Miquéias opõe a humilde aldeia de Belém à capital, Jerusalém. O rei Herodes se informa sobre o tempo em que havia aparecido o astro, recomendando que os magos lhe enviassem informações para que também ele pudesse homenagear a criança. Os magos partiram e a estrela os conduzia, motivo de imensa alegria. Entraram em casa e viram o menino com a mãe Maria. Não é uma gruta, ou sala de peregrinos, ou um dormitório. É uma casa. Não se menciona José., Na tradição bíblica, a mãe do rei ou do herdeiro tem papel importante (cf. Sl 45,10). Os magos prostraram-se, homenagearam a criança e lhe ofereceram ouro, incenso e mirra, reconhecendo sua dignidade como rei, Filho de Deus e ser humano. Avisados para não retornarem a Jerusalém, voltaram par ao oriente por outro caminho, impedindo os planos de Herodes. O evangelho mostra o sentido universal do nascimento de Jesus. Ele é o Rei-Messias, salvador anunciado pelos profetas do Primeiro Testamento. Este texto opõe Herodes a Jesus Menino. Para Herodes, Jesus é um rival perigoso, a ser eliminado por ser o anunciado descendente do Rei Davi. A astúcia de Herodes é vencida pela luz da estrela e pela fidelidade dos três estrangeiros. Isaías 60, 1-6 é um belo poema sobre a luz e a glória do Senhor. Terminou o exílio da Babilônia e Jerusalém começa, humildemente, a se erguer das ruínas. Está ainda mergulhada na noite. O povo não tinha muitas perspectivas. O profeta anuncia uma palavra de esperança de que ela será iluminada de maneira definitiva. Encontrará os filhos e também uma multidão de estrangeiros. Os filhos vêm de longe e as filhas trazidas nos braços. Uma peregrinação de povos acorre a ela. Muitas palavras tentam definir a luz: é uma aurora, sem ocaso, amanhecer, resplendor, radiante. Haverá muita alegria, o coração se dilatará, receberá as riquezas dos povos. Uma multidão de camelos e dromedários vem de Madiã, Efa e Sabá, trazendo incenso, ouro e proclamando os louvores do Senhor, referindo-se a povos árabes, estrangeiros, que encherão seu templo de bens preciosos e de oferendas. Amanhece o dia: trabalhos de reconstrução, acumulação de tesouros. Triunfam a paz e a justiça. O dia passa, mas a noite não chega: começou o dia sem fim, de luz e vida, justiça e fecundidade, porque a glória do Senhor se levantou sobre a cidade. Jerusalém deve despertar da noite do exílio e ver, com alegria, a chegada das nações cantando louvores a Deus. O Novo Testamento mostra que a profecia se cumpriu em Jesus. O Salmo 71 (72) tem, na pessoa do rei, o centro das atenções. Pede-se que Deus lhe conceda capacidade de julgar com justiça de acordo com o projeto de Deus. Os cristãos viram em Jesus um novo rei capaz de agir conforme a vontade do Pai, único rei do povo: Libertará o indigente que suplica e o pobre ao qual ninguém quer ajudar.
A carta de São Paulo aos Efésios fala do desígnio eterno de Deus de se revelar à humanidade. Esse mistério completou-se em Jesus, o Messias: chamar a si toda a humanidade, judeus e não judeus. Deus revelou-se no momento presente pelo Espírito: os pagãos são admitidos à mesma herança, são membros do mesmo corpo e associados à mesma promessa em Jesus Cristo. Somos chamados a sermos filhos herdeiros de Deus, participando do Corpo de seu Filho Jesus. Fala do mistério que é o desígnio eterno de Deus realizado em Jesus e dirigido a todas as pessoas. 3. Atualizando a Palavra O mistério de Deus, seu plano salvífico manifestou-se plenamente, em Cristo, a toda humanidade. Mistério não significa enigma ou problema insolúvel. É uma realidade que nos envolve e, por isso, escapa à nossa compreensão total. A Epifania, como mistério, nos atinge, fazendo desaparecer todos os nossos fechamentos e individualismos, afirmando que Jesus veio para todos os povos e todos os tempos. São Paulo nos fala daquilo que agora foi dado a conhecer em Cristo: todos chamados a ser discípulos de Jesus, todos podem participar da herança, devem formar o mesmo corpo, participar da mesma promessa. Isto é Epifania! A manifestação total de nosso Deus em Jesus, o Messias. Faz-nos sentir caminheiros na fé, junto com toda a humanidade que enfrenta os dissabores da caminhada. A fé não é um assunto particular, mas leva à comunicação e à vivencia comunitária, na busca contínua de um sentido para a vida e suas contradições. A estrela indica um caminho alternativo, um caminho que não passa pelo conhecimento dos grandes, nem pelos palácios, mas pelo discernimento dos pequenos e fracos, o caminho que nos leva ao Menino de Belém. A revelação aos magos vindos do Oriente é a manifestação de Deus aos pagãos. Ela revela também a abertura e a procura de quem sempre esteve à margem da história do povo, que se considerava povo eleito e único escolhido por Deus. A aliança enlaça toda humanidade e a ninguém discrimina. O encontro dos magos com Jesus os fez retornar por outro caminho. Mudou a vida deles. O nosso encontro com o Senhor também deve nos levar a tomar novos caminhos, provocar uma transformação em nossas vidas. A mudança de rota é, na Bíblia, símbolo da conversão. Que mudamos a Palavra de Deus exige de nós, hoje? Certamente são novas trajetórias pessoais, familiares, comunitárias, socioeconômicas, políticas, ecológicas para não expor nenhuma vida inocente à sanha dos Herodes de hoje. Viver a epifania é assumir o evangelho e a prática de Jesus Cristo como estrela guia, regra de vida, luz que ilumina toda nossa vida e caminhada na história, acalenta os que a recebem e desmascara os hipócritas. Nossa missão é manifestar Jesus ao mundo através de sua mensagem e de sua maneira de ser. O que pensar de cristãos que propagam curas, nomes dos santos, sucesso das pessoas, em vez de se colocarem a serviço da manifestação de Jesus Cristo e seu evangelho? Todos os caminhos levam a Deus e Deus visita os seus em suas próprias histórias. Todos estão em busca daquela energia que se esconde no significado da palavra Cristo. Esse encontro com a estrela produz hoje, como produziu ontem, alegria e sentimento de integração. Haverá sempre uma estrela no caminho de quem busca. Importa, pois, buscar com a mente sempre desperta aos sinais como os reis magos
(LEONARDO BOFF. Espiritualidade. Em busca de uma síntese integradora: os três reis magos Terça-feira, 1 de janeiro de 2013 16h 53 min por htpp://leonardoboff.wordpress.com. Soa Leopoldo.- RS Brasil. CEP 93121-970). Hoje a Palavra de Deus propôs a unidade de todos os povos, unidos como filhos de Deus, irmãos entre si, pela fé em Jesus Cristo. Qual a boa noticia que esta Palavra para nós sobre a pessoa de Jesus? 4. Ligando a Palavra com ação litúrgica Como povo celebrante, somos epifania da Igreja-cidade- luz: mistério de comunhão, peregrina e convocada à fraternidade universal, ao dialogo ecumênico e ao anuncio da boa-nova da salvação. Nossa oração se alarga às dimensões do mundo, nos torna assembléia solidaria com todas as aspirações da humanidade. Em profunda adoração, damos graças ao Pai porque, em Jesus, ele se manifesta luz para todos os povos, magos de todos os tempos que buscam a verdade, a justiça e a fraternidade e nos arranca da tentação de fechar o mistério do Natal em determinado povo, cultura, tempo ou lugar. Participamos da manifestação pascal do Senhor, oferecendo nossos dons, não mais ouro, incenso e mirra, mas o próprio Jesus Cristo imolado e recebido em comunhão nos dons que o simbolizam, como rezamos na oração sobre as oferendas. Com ele, por ele e nele, entregamos nossa vida a serviço da lógica salvadora de Deus que passa pelos pobres e se coloca nas encruzilhadas dos caminhos da história para todos que nelas peregrinam. Reforçando a unidade entre a Palavra e a Eucaristia, a antífona de comunhão repete o versículo de aclamação ao evangelho: Vimos sua estrela no Oriente e viemos com presentes para adorar o Senhor (cf. Mt 2,2);... nós vimos! Como a experiência vivida pelos discípulos de Emaús, reconhecendo de maneira privilegiada, a manifestação do Senhor, nos sinais sensíveis do pão e do vinho eucaristizados, para encontrá-lo como os magos, nos Inal sensível dos pobres, nas periferias humanas e existenciais. Oração dos fiéis: Presidente: A festa da Epifania faz-nos sentir peregrinos na fé, junto com toda a humanidade que enfrenta o cansaço do caminho. Mesmo assim apresentamos ao Pai as nossas preces. 1. Senhor que a Igreja possa sempre levar a todos os povos que caminham na busca de Deus, esta luz que faz chegar até Jesus. Peçamos: Todos: (Cantado) Deixe a luz do céu entrar (2 vezes) Abre bem as portas do teu coração, E deixa a luz do céu entrar. 2. Senhor, que os governantes se comprometam a viver como luz, levando mais vida e mais dignidade ao nosso povo. Peçamos: 3. Senhor, que nossa comunidade ao ver a luz divina brilhando em meio às trevas do mundo, possa exultar de alegria pela salvação oferecida por Deus em Jesus Cristo. Peçamos: 4. Senhor, que todos os povos reconheçam que Jesus Cristo é o único salvador de todo o gênero humano. Peçamos:
(Outras intenções) Presidente: Senhor, tornai a nossa oração tão grande quanto ao mundo que quereis salvar, tornai-nos solidários com as aspirações de todos os homens e mulheres, particularmente àqueles que professam a mesma fé em Cristo, nosso Senhor. Todos: Amém III. LITURGIA EUCARÍSTICA ORAÇÃO SOBRE AS OFERENDAS: Presidente: Ó Deus, olhai com bondade as oferendas da vossa Igreja, que não mais vos apresenta ouro, incenso e mirra, mas o próprio Jesus Cristo, imolado e recebido em comunhão nos dons que o simbolizam. Por Cristo nosso Senhor. ORAÇÃO APÓS A COMUNHÃO: Presidente: Ó Deus, guiai-nos sempre e por toda parte com a vossa luz celeste, para que possamos acolher com fé e viver com amor o mistério de que nos destes participar. Por Cristo, nosso Senhor. BÊNÇÃO E DESPEDIDA: Presid.: O Senhor esteja convosco. Todos: Ele está no meio de nós. Presidente: Deus que vos chamou das trevas à sua luz admirável, derrame sobre vós as suas bênçãos e vos confirme na fé, na esperança e na caridade. Presidente: Porque seguis confiantes o Cristo, que hoje se manifestou ao mundo como luz entre as trevas, Deus vos torne também uma luz para os vossos irmãos e irmãs. Presidente: Terminada a vossa peregrinação, possais chegar ao Cristo Senhor, luz da luz, que os magos procuravam guiados pela estrela e com alegria encontraram. Presidente: (despede a todos e motiva o abraço da paz).