Trabalho de Metodologia Científica Homeopatia e Ciência

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Transcrição:

Trabalho de Metodologia Científica Homeopatia e Ciência JOÃO LUCAS PEREIRA DE SANTANA 1 HUDSON FLÁVIO VIEIRA MATEUS 1 RENAN MARTINS 1 PROF. RUDINI SAMPAIO 2 Universidade Federal de Lavras - UFLA Departamento de Ciência da Computação - DCC P.O. Box 3037 - Campus da UFLA 37200-000 - Lavras (MG)- Brazil 1 (jlucasps,hudson,rmartins)@bcc.ufla.br 2 rudini@dcc.ufla.br Abstract. Esse artigo tem por objetivo clarificar alguns pontos sobre homeopatia. Serão mostradas razões dela ser considerada científica por alguns e não científica por outros, assim como as razões de sua popularidade. Esse é um trabalho para a disciplina de Metodologia Científica do curso de Ciência da Computação da UFLA. Keywords: Homeopatia, Ciência, Alopatia. (Received June 27, 2008 / Accepted June 27, 2008) Contents 9 Opinião de cientistas 6 1 Introdução 1 2 História 2 3 Princípios da prática homeopática 2 4 Apresentação dos medicamentos homeopáticos 3 5 Diferênças em relação à alopatia 3 1 Introdução 6 Homeopatia - Ciência em evolução 4 Definicao 1 homeopatia: do grego homoios (similar, 6.1 Homeopatia aceita nos Conselhos de Medicina igual) 4 e pathos (doença, sofrimento). 6.2 Homeopatia nas carreiras médicas... 4 6.3 Onde estudar homeopatia........ 4 7 Resultados experimentais 5 8 Homeopatia não científica 5 8.1 "Leis" homeopáticas.......... 5 8.2 Por que as pessoas acreditam na homeopatia? 6 List of Tables 1 Ingestão na forma líquida........ 3 2 Ingestão na forma sólida........ 3 List of Figures 1 Apresentação dos medicamentos.... 3 Segundo [1], a Homeopatia, que foi criada por Samuel Hahnemann (1755-1843) no final do século XVIII, trata seus pacientes com doses de substancias, que no corpo produzem efeito similar ao da doença. Os homeopatas acreditam em forças vitais, que quando abaladas causam uma doença corporal ou espiritual, então essa energia precisa ser equilibrada para que haja cura.

Os medicamentos homeopáticos são preparados a partir de substancias naturais provenientes dos reinos animal, vegetal e mineral.no seu preparo são usadas tanto substancias que possuem ação tóxica, como as consideradas não tóxicas, ou inertes. Através de um processo de diluições, também chamada de dinamizações, sucessivas, a força curativa das substancias fica armazenada nas moléculas de água ou álcool da solução utilizada para o preparo dos medicamentos. Por esse motivo é usado o termo potência para designar as dinamizações. O remédio homeopático deve ser mantido longe de calor, umidade, energia eletro magnética de qualquer natureza, por que esses fatores e muitos outros podem inativar o medicamento. 2 História É dito que os princípios gerais da homeopatia foram enunciados por Hipócrates há cerca de 2500 anos. Segundo Albert Lyons, podemos resumir os princípios do método hipocrático em quatro pontos: Observar. Para Hipócrates, grande parte da arte médica consiste na capacidade de observação do médico. A observação deve ser feita sem nenhum tipo de preconceito ou julgamento, estando o prático aberto aos relatos explícitos e implícitos do paciente. Estudar o doente, e não a doença. Este princípio, proposto no Ocidente pela primeira vez no tempo de Hipócrates, assentou as bases da holística, estabelecendo que na compreensão do processo saúde/enfermidade não se divide a pessoa em sistemas ou órgãos, devendo-se avaliar a totalidade sintética do indivíduo. Este ponto é essencial no entendimento das históricas divergências entre as escolas de Cós (cujo expoente principal é o próprio Hipócrates) e de Cnido. Esta última pregava a especialização, a impessoalidade, o organicismo e a classificação das doenças. Avaliar honestamente. Dá-se importância à leitura prognóstica dos problemas da pessoa. Ajudar a natureza. A função precípua do médico é auxiliar as forças naturais do corpo para conseguir a harmonia, isto é, a saúde. Esses princípios guardam evidente semelhança com as conclusões de Samuel Hahnemann no século XVIII, como veremos adiante. Hipócrates foi também o primeiro a descrever as duas maneiras principais de se abordar a terapêutica: Similia similibus curantur. Semelhantes são curados por semelhantes, base terapêutica da homeopatia. Contraria contrariis curantur. Contrários são curados por contrários. Princípio seguido por Galeno que estabeleceu as bases da alopatia. A visão integradora de Hipócrates permeia toda a sua obra, cujos textos mais conhecidos são Aforismos e Juramento. A saúde, para ele, é resultado da harmonia entre os quatro humores presentes no corpo e da interação da pessoa com o meio. Higiene, dieta, exercícios físicos, clima e outras circunstâncias são levadas em consideração na avaliação da saúde. O adoecimento obedece a três estágios facilmente reconhecíveis por um observador atento: degeneração (desequilíbrio) dos humores, cocção e crise. Não dá importância à classificação das doenças, levando muito mais em conta a pessoa e seu contexto. Na terapêutica é parco no uso de medicamentos, interferindo somente nos momentos considerados necessários, quando a natureza o indicar. Ficou muito conhecido no seu tempo por sua honestidade científica e na relação com os pacientes e seus familiares, insistindo na necessidade de se trabalhar com a verdade e de se fazer a leitura do prognóstico do estado de saúde. Estabeleceu as bases da ética nas relações entre médicos, entre médico e discípulos e entre médicos e pacientes. 3 Princípios da prática homeopática Conforme dito por [5], o médico alemão Samuel Hahnemann, tinha bons motivos para ir contra as práticas médicas comuns do século XVIII, que incluíam sangrias, sanguessugas e outros métodos que realmente causam mais mal do que bem. Durante seus estudos, Hahnemann percebeu que a administração de quinino (uma droga empregada no tratamento da malária) a um paciente saudável causava alguns dos sintomas associados à esta doença. Assim, seguindo esta linha de pesquisa, Hahnemann eventualmente concluiu o seguinte princípio terapêutico: o caminho certo para tratar uma doença é dando ao paciente uma determinada droga, a qual numa pessoa saudável causa os mesmos sintomas apresentados pela pessoa doente. Por exemplo, os óxidos de enxofre SO 2 e SO 3 causam crises de tosse semelhante a crises de asmas, então estas substâncias são prescritas para pacientes asmáticos. Hahnemann expôs sua teoria na frase em latim similia similibus curentur (semelhante cura semelhante) ou melhor ainda, doenças semelhantes curam doenças

semelhantes, pois ele achava que determinadas substâncias causavam, quando ingeridas, uma doença artificial no doente, que fazia o corpo curar a doença verdadeira. Este é o princípio da similitude ou a Lei da Similitude, que foi apresentada ao mundo em 1796. Além da visão holística impressa em toda a obra de Hahnemann, ou seja, a visão do todo sobre as partes, há quatro princípios que orientam a prática homeopática, quais sejam: é necessário repetir a dose, modificar o medicamento ou aguardar a evolução. 4 Apresentação dos medicamentos homeopáticos Pode-se encontrar substancias homeopáticas nas formas líquida, sendo ingerida por gotas ou doses únicas, e sólida, ingerindo glóbulos, tabletes, comprimidos ou pós. Lei dos Semelhantes. Resultado de suas releituras dos Clássicos e, sobretudo, de suas próprias experiências, anuncia esta Lei universal da cura: similia similibus curantur. Exemplificando, um medicamento capaz de provocar, em uma pessoa sadia, angústia existencial que melhora após diarréia e febre, curará uma pessoa cuja doença natural apresente essas características. Experimentação na pessoa sadia. A fim de conhecerem as potencialidades terapêuticas dos medicamentos, os homeopatas realizam provas, chamadas patogenesias; em geral são eles mesmos os experimentadores. Tipicamente não se fazem experiências com animais. Uma condição básica para a escolha dos provandos é que sejam saudáveis. Esses medicamentos são capazes de alterar o estado de saúde da pessoa saudável e justamente o que se busca é os efeitos puros dessas substâncias. A experimentação homeopática é completamente segura, uma vez que, simplesmente, a "medicação" é água diluída com água Table 1: Ingestão na forma líquida Substância Ingestão 1 Ingestão 2 Líquida gotas dose única Table 2: Ingestão na forma sólida Substância Ingestão 1 Ingestão 2 Ingestão 3 Sólida glóbulos tabletes comprimidos ou pó A figura 1 mostras as formas mais comuns de se encontrar medicamentos homeopáticos: Doses infinitesimais. A preparação homeopática dos medicamentos segue uma técnica própria que consiste em diluições infinitesimais seguidas de sucussões rítmicas. Essa técnica "desperta" as propriedades latentes da substância. Toma-se o cuidado de prescrever a menor dose possível, porquanto o poder do medicamento homeopaticamente preparado é grande e há pessoas sensíveis a ele. Medicamento único. A homeopatia é uma ciência muito criteriosa em sua prática. Primeiro o homeopata avalia se a natureza individual está a "pedir" intervenção com medicamento, pois esse é um dos meios que o médico tem para auxiliar a pessoa e não o único. Sendo o caso, usa-se um medicamento por vez, levando-se em conta a totalidade sintomática do paciente. Só assim é possível ver seus efeitos, a resposta terapêutica e avaliar sua eficiência ou não. Após a primeira prescrição é que se pode fazer a leitura prognóstica, ver se Figure 1: Apresentação dos medicamentos 5 Diferênças em relação à alopatia Definicao 2 alopatia: do grego allo (contrário) e pathos (doença, sofrimento). Conforme [1], a homeopatia pode ser resumida na seguinte frase: "A homeopatia trata o doente e não a doença." Esta segue princípios holísticos, os quais dizem que o homem sendo um ser global, deve ser compreendido e tratado em sua totalidade.

A homeopatia é um tratamento completamente natural que busca procurar e solucionar quaisquer sintomas psicológicos que pudessem dar origem às doenças, dando ao homeopata muitas vezes características de um psicólogo. A alopatia ou medicina tradicional ocidental tem seu foco na patologia, é calcada num paradigma mecanicista, seu objetivo é consertar o "defeito" que faz a máquina corporal funcionar mal. Não que esta abordagem não seja bem intencionada nem tenha seu mérito, mas é por demais reducionista. Os diagnósticos na homeopatia e alopatia são os mesmos, o que diferencia as duas é a terapêutica usada, que pode ser pelos contrários, terapêutica química ou dinâmica e terapêutica energética, que atua em nível de energia vital do paciente, sem a existência de uma substância ponderal nos medicamentos, com dinamização. [7] 6 Homeopatia - Ciência em evolução Existem muitos estereótipos acerca da Homeopatia, muitas idéias errôneas que distorcem a sua finalidade, o seu potencial e os seus limites. Entre estes estereótipos está a noção de que a Homeopatia é uma ciência fixa e imutável, o que, obviamente, não é verdade. A Homeopatia tem evoluído diariamente graças ao trabalho de milhares de clínicos, cientistas, professores universitários e farmacêuticos que constantemente questionam o conhecimento a fim de aumentar a efetividade destes medicamentos. [11] 6.1 Homeopatia aceita nos Conselhos de Medicina A principal arma usada pelos homeopatas para considerar o próprio ramo como algo científico é o reconhecimento por órgãos governamentais. Utilizando as palavras de [4], é importante citar que no Brasil, a Homeopatia só pode ser exercida por profissionais médicos com título de Especialista. Esta área foi reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina em 1980 resolução (1000/80) e pelo Conselho de Especialidades Médicas da Associação Médica Brasileira em 1990. Desde esta data, a Associação Médica Homeopática Brasileira (A MHB) realiza provas para o Título de Especialistas em Homeopatia em convênio com a Associação Médica Brasileira - Conselho Federal de Medicina (AMB- CFM) 6.2 Homeopatia nas carreiras médicas A Homeopatia vai, aos poucos, conquistando espaços dentro das várias especialidades, pode-se facilmente citar áreas profissionais aonde esta vem crescendo continuamente Embora ainda não reconhecida oficialmente como especialidade odontológica, a Homeopatia pode ter sua aplicabilidade dentro da Odontologia. A atuação tem se mostrado eficaz especialmente na área de Estomatologia - responsável pelo diagnóstico e tratamento das doenças bucais. Dentro desta especialidade, há moléstias que não apresentam cura via medicamentos tradicionais, sendo observado até então nos pacientes apenas um controle de sintomas. Nestes casos, conforme [3], é de extrema importância apresentar opções de tratamento para o paciente. Com a participação direta deste na escolha de seu tratamento Em Medicina Veterinária, o Conselho Federal reconheceu a Especialidade em 2000, mas há anos existem pelo Brasil, cursos competentes, com 2 a 3 anos de duração, somando em média 200 horas ou mais ao todo, incluindo aulas práticas. Após o médico veterinário completar o curso, terá que fazer a Prova de Habilitação ao Título de Especialista, reconhecido pela Associação de Médicos Veterinários Homeopatas do Brasil (AMVHB). [4] Na bovinocultura existe um movimento que prega a diminuição do uso de antibióticos e hormônios no tratamento do gado. Isso para evitar que a carne chegue à mesa das pessoas cheias de substâncias químicas. Muitos médicos veterinários já estão trocando o medicamento tradicional por homeopatia. [8] 6.3 Onde estudar homeopatia Após ser aceita pelo Conselho Federal de Medicina, a homeopatia se difundiu com bases mais sólidas dando margem à criação de cursos de especialização específicos para a área médica, veterinária e de farmácia. De acordo com [6], treze estados brasileiros têm o curso de homeopatia incluso na grade curricular de algumas faculdades. Dentre as mais importantes pode-se citar: Universidade de São Paulo (USP) - Curso de especialização - Oferecido a Farmacêuticos, Farmacêuticos-Bioquímicos e estudantes do último ano. Curso teórico, prático e à distância. Estágio em Farmácia Homeopática credenciada. Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP existe desde 2003 a cadeira de Homeopatia, como matéria optativa. Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) - Oferecido aos alunos do internato em Saúde Coletiva desde 1998. Universidade Federal Fluminense (UFF) - Curso opcional no currículo do curso de Medicina.

Universidade Federal da Paraíba (UFPB) - Oferece a cadeira de Homeopatia nos cursos na Medicina e Farmácia. Faculdades Federais Integradas de Diamantina (FAFEID) tem curso de extensão com o título: "A Homeopatia Odonto - Estomatologia e Dores", para os profissionais odontólogos e acadêmicos do último ano da odontologia e veterinária com enfoque odontológico. 7 Resultados experimentais Conforme [8], três estudos brasileiros foram apresentados no 8 o Encontro Internacional de Pesquisas Institucionais em Homeopatia, realizado em São Paulo, e indicam que o tratamento homeopático é eficaz em casos de amigdalite, de refluxo gastroesofágico e de sintomas da menopausa. Tais estudos são provas concretas dos avanços da homeopatia. O pediatra Sérgio Eiji Furuta, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), usou a metodologia conhecida como duplo cego para avaliar os efeitos da homeopatia no tratamento de amigdalite recorrente e no crescimento anormal de adenóide. Nesse tipo de pesquisa, nem médico nem paciente sabem quem está sendo medicado e quem está tomando placebo. O estudo do gastrenterologista Pedro Onofre, da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto, envolveu 40 pessoas com refluxo gastroesofágico. A melhora no bem-estar geral e a interrupção de sintomas como sensação de queimação e azia foram bem mais freqüentes entre aquelas tratadas homeopaticamente (77% e 67%, respectivamente) do que entre os pacientes que ingeriram placebo (28% e 11%) Na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, 32 mulheres entre 50 e 67 anos que não podiam ou não queriam fazer terapia de reposição hormonal utilizaram a homeopatia durante um ano para reduzir os sintomas da menopausa. Segundo o ginecologista João Mattoso, a maioria afirmou ter menos fogachos, insônia, dor de cabeça, irritabilidade e palpitações. Além disso, a homeopatia elevou o nível de HDL. 8 Homeopatia não científica Há vários motivos para a homeopatia ser considerada não científica. Conforme exposto em [2], a medicina científica é essencialmente materialista e baseia-se em disciplinas como anatomia, fisiologia e química, ao passo que, embora os métodos de Hahnemann envolvessem a observação empírica, sua teoria sobre doença e cura é essencialmente não-empírica, e envolve o apelo a entidades e processos metafísicos. Em [2], outro fator pode ser observado no tratamento do paciente através da homeopatia. O stress pode piorar ou mesmo provocar doenças. Se um terapeuta tem um efeito calmante sobre o paciente, isso por si só pode resultar numa mudança significativa no sentimento de bem-estar da pessoa. E esse sentimento pode muito bem traduzir-se em efeitos fisiológicos benéficos. O método homeopático envolve passar muito tempo com cada paciente a fim de se obter uma lista completa de sintomas. É possível que isso tenha um efeito calmante significativo sobre alguns pacientes. Esse efeito poderia fortalecer os próprios mecanismos curativos do organismo em alguns casos. Em [10], observa-se vários motivos que justificam o fato de a homeopatia não ser considerada científica. Muitas doenças são cíclicas e, ao mediar, é provável que a doença esteja em seu estágio final e isto pode dar a impressão de que o medicamento ocasionou em melhora. Além disso, casos isolados de sucesso são generalizados para toda a população. Distorção da realidade: pequenos efeitos aleatórios e temporários são julgados como sendo "curas", pelo excesso de expectativa. De acordo com [10], a principal arma da ciência médica para comprovar se um medicamento funciona ou não para um determinado objetivo terapêutico se chama "ensaio clínico aleatorizado prospectivo duplo-cego". Ele funciona assim: grupos de pacientes com determinada doença que se quer tratar, são divididos aleatoriamente em dois subgrupos. Um deles recebe o medicamento, e o outro recebe um placebo (uma solução qualquer que substitui o remédio original e não tem um efeito de cura à priori). Ambos são avisados que podem estar recebendo um ou outro, mas não sabem qual. Os médicos que fazem o estudo também não sabem, pois os pacientes são identificados com números, cujo significado é mantido em segredo até a conclusão do estudo. Por isso se chama duplo-cego. Isso é feito assim porque se comprovou amplamente que a expectativa de um efeito por parte dos pacientes ou dos médicos influencia muito o resultado. Ainda em [10], os teste homeopáticos, por sua vez, são feitos assim: o médico relata um grupo de pacientes com doença X, que tratou com o medicamento Y, e que obteve uma porcentagem Z de cura ou melhora. Esses resultados, embora possam indicar um efeito válido, são anticientíficos, porque não se tomou o necessário cuidado de comparar com pacientes que nada tomaram, ou foram submetidos a um outro tratamento. 8.1 "Leis" homeopáticas Segundo [2], os homeopatas citam a "Lei dos Infinitesimais" e a "Lei dos Semelhantes" - como a base para

o uso de substâncias mínimas e para a crença de que semelhante cura semelhante, mas essas não são leis naturais da ciência. Se é que são leis, são leis metafísicas, isto é, crenças a respeito da natureza da realidade que seriam impossíveis de se testar por meios empíricos. As idéias de Hahnemann realmente tiveram origem em experiências. O fato de que ele tenha chegado a conclusões metafísicas a partir de eventos empíricos não torna, no entanto, essas idéias empiricamente testáveis. A lei dos infinitesimais parece ter sido parcialmente derivada de sua idéia de que qualquer remédio faria com que o paciente piorasse antes de melhorar, e que seria possível minimizar significativamente esse efeito negativo reduzindo-se a dosagem. A maioria dos críticos da homeopatia rejeita essa "lei" porque ela conduz a remédios tão diluídos que não possuem sequer uma única molécula da substância com a qual se começou. Hahnemann pode ser elogiado por testar empiricamente seus remédios, mas seu método de teste é obviamente deficiente. Ele não estava realmente testando a eficácia dos remédios em pessoas doentes, mas sim seus efeitos em pessoas sadias. Mesmo se seus dados não fossem maculados pela possibilidade de que ele tivesse sugerido os sintomas aos provadores, ou que estes relatassem sintomas a fim de impressionar ou conquistar a aprovação do mestre, o que conecta essa lista de sintomas à cura de uma doença com sintomas semelhantes é uma crença em magia. Em lógica, esse tipo de salto na linha de raciocínio é chamado de non sequitur. Não se segue do fato que a droga A produza sintomas semelhantes à doença B que tomar A aliviará os sintomas de B. No entanto, os homeopatas aceitam a satisfação dos clientes com A como prova de que A funciona. Definicao 3 [9] Non Sequitur: é um argumento onde a conclusão deriva das premissas sem qualquer conexão lógica 8.2 Por que as pessoas acreditam na homeopatia? Assim mesmo, a homeopatia sempre terá seus defensores, a despeito da falta de provas de que seus remédios sejam eficazes. Uma das razões é o predomínio de uma compreensão equivocada das causas das doenças e como o corpo humano as encara. Hahnemann foi capaz de atrair seguidores porque parecia ser alguém que curava, em comparação com os que cortavam veias e usavam purgantes venenosos para equilibrar os humores. A maior parte de seus pacientes podem ter sobrevivido e se recuperado não porque ele os curou, mas porque não os infectou ou matou drenando um sangue de que precisavam ou enfraquecendo-os com venenos poderosos. Os remédios de Hahnemann eram, essencialmente, nada mais que líqüidos comuns e era pouco provável que eles, por si sós, fizessem mal. Ele não precisava que muitos de seus pacientes sobrevivessem e melhorassem para impressionar, em vista dos seus concorrentes. Se há algum efeito positivo sobre a saúde, não se deve ao remédio homeopático, que é inerte, mas aos próprios mecanismos curativos naturais do organismo ou à crença do paciente (efeito placebo), ou ao efeito que o estilo de atuação do homeopata tem sobre o paciente. Em alguns casos, soma-se a tudo isso o fácil acesso a medicamentos. Como os remédios não envolvem uma pesquisa séria de laboratórios, e suas concentrações são muito baixas, estes medicamentos são de fácil acesso à população, sendo inclusive mais baratos. Uma falácia muito comum (ver definição 4) é a de se achar que se uma que um efeito teve uma causa, mesmo que não haja ligação (Post Hoc). No caso de pacientes que acreditam na homeopatia, pode haver a coincidência de se recuperarem após o uso do medicamento, sem qualquer ligação com ele. Definicao 4 [2] Post Hoc: Literalmente,depois disto, uma abreviação do latim, post hoc ergo propter hoc (depois disto, logo por causa disto). A falácia é baseada no erro de que porque uma coisa sucede após outra, a primeira foi causa da segunda. Muitos acontecimentos sucedem-se sem estarem relacionados por causa/efeito. A Ciência explica a ineficácia da homeopatia baseando-se na quantidade da essência com que os remédios são produzidos. As técnicas de produção do medicamento variam bastante, mas nas formas mais comuns a proporção do princípio ativo em uma gota da remédio pode ser calculada pela fórmula 1: 9 Opinião de cientistas 1 10 30 (1) Alguns professores do Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Lavras foram entrevistados. As opiniões foram bastante divergentes concernentes ao tema. Foi perguntado se eles conheciam a homeopatia. A maioria conhecia, outros apenas tinham ouvido falar. Alguns já recorreram à homeopatia (familiares também); destes, certos professores acreditam, outros não. Também foram indagados sobre a possibilidade de a homeopatia ser considerada uma ciência. Grande parte dos professores acha que não existe uma comprovação de que a homeopatia seja eficaz de fato. Outros, porém, pensam que o processo de preparação da medicação

possa ser científico - devido aos métodos utilizados na proporção da medicação -, ao passo que sua aplicação não seja. Há, no entanto, aqueles que acreditam que seja científica, ou ainda, que poderá ser admitida futuramente como uma ciência, mesmo não existindo uma prova, nos dias de hoje, da sua eficácia. References [1] Antonio Netto, M. M. P. F. R. P., Bruno C. Medicina alternativa 2. 2001. [2] Carroll, R. T. The skeptic s dictionary. 2003. [3] Carvalho, S. A homeopatia na odontologia. November 2004. [4] de Mello, M. L. V. Homeopatia como arte. 1998-2008. [5] de Oliveira, A. L. B. Homeopatia. July 2002. [6] HomeopatiaOnline. Homeopatia nas universidades. 1998-2008. [7] Ismael dos Mares Filho, T. C. Saúde pública. July 2003. [8] Klinger, K. Homeopatia para o gado. March 2003. [9] Matthew. Lógica e falácias. June 2008. [10] Sabbatini, R. Porque a homeopatia funciona. November 1997. [11] Traub, C. Homeopatia, ciência em evolução. 1998-2008.