ESTIMATIVA DA VULNERABILIDADE NATURAL DE AQÜÍFEROS: UMA CONTRIBUIÇÃO A PARTIR DA RESISTIVIDADE E CONDUTÂNCIA LONGITUDINAL

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Transcrição:

Revista Brasileira de Geofísica (2008) 26(1): 61-68 2008 Sociedade Brasileira de Geofísica ISSN 0102-261X www.scielo.br/rbg ESTIMATIVA DA VULNERABILIDADE NATURAL DE AQÜÍFEROS: UMA CONTRIBUIÇÃO A PARTIR DA RESISTIVIDADE E CONDUTÂNCIA LONGITUDINAL Antonio Celso de Oliveira Braga Recebido em 14 janeiro, 2008 / Aceito em 24 março, 2008 Received on January 14, 2008 / Accepted on March 24, 2008 ABSTRACT. This paper describes the results obtained with DC resistivity method using vertical electrical soundings (Schlumberger array), applied to environmental studies involving the groundwater. Aquifers natural vulnerability, important tool in environmental studies, can be estimate starting from geoelectrical methods, whose parameters resistivity and longitudinal conductance, allied to the type of aquifers occurrence (unconfined and confined aquifer) and water table depth, they allowed to obtain an index of corresponding natural vulnerability to the usually used. The results, applied in a preliminary phase of studies, are good, allowing a better direction and programming of the posterior phases. Keywords: Resistivity, longitudinal conductance, aquifer vulnerability. RESUMO. Este trabalho descreve os resultados obtidos com o método da eletrorresistividade usando a técnica da sondagem elétrica vertical (arranjo Schlumberger) aplicada em estudos ambientais envolvendo as águas subterrâneas. A vulnerabilidade natural de aqüíferos, importante ferramenta em estudos ambientais, pode ser estimada a partir de métodos geoelétricos, cujos parâmetros resistividade e condutância longitudinal, aliados ao tipo de ocorrência dos aqüíferos (livre a confinado) e profundidade do nível d água, permitiram obter um índice de vulnerabilidade natural correspondente ao normalmente utilizado. Os resultados, aplicados em uma fase preliminar de estudos, são bons, permitindo um melhor direcionamento e programação das fases posteriores. Palavras-chave: Resistividade, condutância longitudinal, vulnerabilidade de aqüíferos. Universidade Estadual Paulista UNESP, Departamento de Geologia Aplicada IGCE, Av. 24-A, 1515, 13500-230, Rio Claro, SP, Brasil. Tel.: (19) 3526-2803; Fax: (19) 3534-0327 E-mail: acobraga@rc.unesp.br

62 ESTIMATIVA DA VULNERABILIDADE NATURAL DE AQÜÍFEROS: UMA CONTRIBUIÇÃO A PARTIR DA RESISTIVIDADE E CONDUTÂNCIA LONGITUDINAL INTRODUÇÃO A contaminação de aqüíferos se dá basicamente em função do tipo e carga da fonte geradora introduzida no solo, bem como da vulnerabilidade natural dos aqüíferos. O termo vulnerabilidade pode ser utilizado para representar as características intrínsecas de um aqüífero que determinam sua susceptibilidade a ser adversamente afetado por uma carga contaminante (Foster, 1987). A vulnerabilidade de um aqüífero é, portanto, um conjunto de características que determina o quanto ele poderá ser afetado pela carga do contaminante. São considerados aspectos fundamentais da vulnerabilidade: o tipo de aqüífero (livre a confinado), a profundidade do nível d água e as características dos estratos acima da camada de interesse, em termos de grau de consolidação e litologia. Considerando um aqüífero livre, a vulnerabilidade natural pode ser entendida em função da: a) acessibilidade hidráulica da zona não saturada à penetração de contaminantes advecção de contaminantes; e, b) capacidade de atenuação da camada que cobre a zona saturada, resultado da retenção ou reação físicoquímica de contaminantes dispersão, retardação e degradação (Foster & Hirata, 1988). Os componentes que determinam a vulnerabilidade dos aqüíferos são resultantes de uma combinação de vários fatores. Entretanto, na prática pode-se simplificar e utilizar apenas os parâmetros tipo de ocorrência da água subterrânea, características e litologia das camadas geológicas acima do aqüífero e profundidade do nível d água. Nessa avaliação inicial, a determinação da vulnerabilidade natural de aqüíferos deve ser tomada com precaução, devido ao fato de que existem diversos tipos de contaminantes, cada um com suas características definidas. Nesse contexto, auxiliando os estudos ambientais em uma fase preliminar, o método da eletrorresistividade utilizando a técnica da sondagem elétrica vertical apresenta como produtos principais: (a) a resistividade elétrica dos materiais geológicos, permitindo identificar as diferentes litologias e até obter uma correlação com a condutividade hidráulica (Shevnin et al., 2006 e Mazac et al., 1990); (b) o parâmetro de Dar Zarrouk condutância longitudinal, o qual permite estimar a proteção de aqüíferos frente a contaminantes (Braga et al., 2006); (c) a determinação da profundidade do nível d água, com a confecção de mapas de fluxo subterrâneo, importantes para determinar o caminho preferencial das águas subterrâneas e de prováveis contaminantes. CARACTERIZAÇÃO DA VULNERABILIDADE NATURAL Hidrogeologia e geologia Dentre vários sistemas de avaliação geral da vulnerabilidade natural de um aqüífero, destaca-se o apresentado em IG (1997), adaptado de Foster & Hirata (1988). Nesse sistema considera-se a interação dos fatores intrínsecos, a forma de ocorrência da água subterrânea (tipo de aqüífero), o arcabouço litológico que sustenta o aqüífero na zona não saturada e a profundidade do nível d água. A partir dessas características, atribui-se valores de: 0,0 a 1,0 para o tipo de ocorrência da água subterrânea; 0,3 a 1,0 para o tipo litológico e características granulométricas acima da zona saturada do aqüífero; e, 0,4 a 1,0 para a profundidade do nível d água (ou do topo do aqüífero confinado). O produto dos três parâmetros será o índice de vulnerabilidade, numa escala de 0 1. Como resultado, define-se o grau de vulnerabilidade natural do aqüífero como: nenhum, desprezível, baixo, médio, alto e extremo. Método da eletrorresistividade Os diferentes tipos de materiais existentes no ambiente geológico apresentam como uma de suas propriedades fundamentais o parâmetro físico resistividade elétrica, o qual reflete algumas de suas características servindo para caracterizar seus estados, em termos de alteração, fraturamento, saturação etc., e até identificálos litologicamente, sem necessidade de escavações físicas. As resistividades dos solos, quando saturados, podem identificar e caracterizar os diferentes tipos de materiais geológicos localizados em subsuperfície. Entretanto, quando os solos encontram-se secos, porção localizada acima do nível d água, seus valores são considerados atípicos, apresentando uma ampla faixa de variação não identificando os materiais em subsuperfície em termos litológicos. Na aplicação do método da eletrorresistividade, utilizando a técnica da sondagem elétrica vertical (SEV) arranjo Schlumberger, determina-se a profundidade do nível d água subterrânea, espessura e resistividade das camadas e ainda o parâmetro de Dar Zarrouk, condutância longitudinal. Esses parâmetros obtidos a partir de uma única campanha podem auxiliar na determinação do índice de vulnerabilidade de aqüíferos. Condutância longitudinal S Para uma seqüência de n camadas, homogêneas e isotrópicas com resistividade ρ i e espessura h i, o parâmetro de Dar Zarrouk condutância longitudinal (S i ), respectivamente unitária e total é definido como: S i = h i (siemens) (1) ρ i S = n i 1 h i ρ i (siemens) (2) Revista Brasileira de Geofísica, Vol. 26(1), 2008

ANTONIO CELSO DE OLIVEIRA BRAGA 63 Esse parâmetro, além de auxiliar na definição do modelo geoelétrico final, é utilizado em outras questões práticas, como bem demonstrou Henriet (1975). A determinação da condutância longitudinal da camada sobrejacente a um aqüífero pode estimar o grau de sua proteção natural frente a um contaminante migrando verticalmente. Quanto maior o valor de S da camada sobrejacente, maior será o grau de proteção do aqüífero, frente a esses contaminantes, pois: (1) quanto maior a espessura da camada sobrejacente: maior o tempo de percolação do poluente maior filtro; e, (2) quanto menor sua resistividade: mais argiloso menos permeável. Seus resultados poderiam orientar futuras instalações de áreas de disposição de resíduos, bacias de tratamento de efluentes etc. A Figura 1 apresenta uma ilustração de uma seção geoelétrica obtida através de sondagens elétricas verticais, cujos parâmetros condutância longitudinal da camada sobrejacente e a resistência transversal do aqüífero, permitem estimar o grau de proteção desse aqüífero frente a contaminantes. Densidade de ensaios geofísicos representativos Nesse tipo de estudo, o número de ensaios geofísicos a ser executado é de fundamental importância, cujos modelos geoelétricos resultantes das interpretações das SEVs devem apresentar uma correlação satisfatória. A distância entre os centros de SEVs contínuas malha adotada depende, de um lado, do caráter e fase da investigação, e de outro, das estruturas geológicas existentes. Na medida do possível, deve-se iniciar por um levantamento de caráter regional e posteriormente detalhar os locais de maior interesse. Para estabelecer uma malha de ensaios, estimando a quantidade de SEVs a serem executadas em função da profundidade de investigação (m) e das dimensões da área de estudo (m 2 ), podese utilizar a equação a seguir: SEV = ( área 2 prof. inv. ) 2 (3) Entretanto, a programação de uma campanha por SEV, deve aliar, além da qualidade e segurança dos resultados, prazos disponíveis e custos. Em áreas de estudo com grandes dimensões, cujas profundidades a serem investigadas são relativamente pequenas, a aplicação da Equação 3 pode-se tornar inviável, tanto economicamente como em termos de prazos. As relações entre as dimensões da área de estudo e a escala do trabalho devem ser consideradas na definição da malha ideal. Como uma tentativa de contribuição na programação de uma campanha de SEV envolvendo estudos de vulnerabilidade de aqüíferos, a Figura 2 apresenta um ábaco, que pode ser utilizado como um indicativo inicial para orientar a quantidade de ensaios a serem desenvolvidos, em uma determinada área de trabalho. A utilização do ábaco é simples: 1) de posse das dimensões da área de pesquisa z (metros quadrados) deve-se encontrar a reta correspondente; 2) ao longo dessa reta, determinar a escala (x) de trabalho a se utilizada; e, 3) nesse ponto, tomar o valor correspondente ao eixo y quantidade de SEV s recomendadas (y). Recomenda-se, entretanto, um número mínimo de três ensaios. Ressalta-se que esse ábaco foi elaborado considerando áreas de trabalho até 10.000.000 m 2. Isso se deve ao fato de que a grande maioria dos trabalhos, para fins hidrogeológicos e ambientais, apresentam áreas menores que este limite estabelecido, e a metodologia de cálculo deve mudar para áreas maiores. Entretanto, através das Equações 4 e 5 (Tabela 1), a metodologia anterior pode ser sintetizada, incluindo áreas maiores que as do ábaco, estimando-se a quantidade de SEVs, em função das dimensões da área de pesquisa e das escalas sugeridas, simultaneamente. Os valores obtidos para as quantidades de SEVs devem ser aproximados, de preferência para mais, facilitando a programação. Deve-se ressaltar, entretanto, que a quantidade de ensaios finais estará sempre ligada às especificidades de cada projeto e de suas etapas de execução. RESULTADOS Ábaco para estimar a proteção natural de um aqüífero Visando obter uma estimativa preliminar da proteção de uma camada aqüífera, o ábaco da Figura 3 apresenta as relações do parâmetro condutância longitudinal unitária com as resistividades e espessuras em função da litologia da camada sobrejacente (Braga, 2006). Ressalta-se que a resistividade elétrica apresenta uma relação direta com a condutividade hidráulica dos materiais geológicos. Esta correlação é diretamente proporcional em escala regional, mas localmente pode não ocorrer se os sedimentos apresentam uma granulometria de média a fina com presença de seixos. Nesse caso a resistividade aumenta, mas não a condutividade hidráulica. Na correlação com a proteção de aqüíferos frente a contaminantes, recomenda-se tomar os valores de S 1,0 siemens (mínimo de S > 0,3) para as camadas sobrejacentes, como os adequados. Entretanto, na utilização do ábaco para obter esse tipo de correlação, valores da condutância longitudinal isoladamente não bastam para definir o grau de proteção de um aqüífero, pois Brazilian Journal of Geophysics, Vol. 26(1), 2008

64 ESTIMATIVA DA VULNERABILIDADE NATURAL DE AQÜÍFEROS: UMA CONTRIBUIÇÃO A PARTIR DA RESISTIVIDADE E CONDUTÂNCIA LONGITUDINAL Figura 1 Seção geoelétrica e o grau de proteção de um aqüífero. Figura 2 Ábaco para estimar a quantidade de ensaios geofísicos em função das dimensões da área de estudo e escala programada. Revista Brasileira de Geofísica, Vol. 26(1), 2008

ANTONIO CELSO DE OLIVEIRA BRAGA 65 Tabela 1 Estimativa da quantidade de SEVs em função da escala de trabalho e dimensões da área de pesquisa. Áreas (m 2 ) Escalas Sugeridas (1:) Equações 1.280.000 20.000 y = ( x 1) ( 1,14 z 0,905) (4) >1.280.000 e 10.000.000 10.000 a 30.000 > 10.000.000 25.000 a 500.000 y = ( x 2) ( 16,7 z 1,05) (5) onde, y = quantidade de SEVs recomendadas; x = escala de trabalho e z = dimensões da área de pesquisa (m 2 ). Figura 3 Relação condutância longitudinal unitária e proteção natural do aqüífero (Braga, 2006). um valor elevado de S (por exemplo: S = 1,0 siemens), pode corresponder a baixos valores de resistividade, mas por outro lado, a espessura também é pequena. Portanto, o ideal é conjugar valores de condutância longitudinal com a resistividade da camada, a qual identifica a litologia predominante. Ressalta-se que com a ocorrência de contaminantes nos solos e águas subterrâneas, não se pode aplicar esse tipo de correlação, pois os valores naturais de resistividade modificam-se em função da presença desses contaminantes, resultando em uma correlação totalmente inadequada. No caso de aqüífero livre, onde a camada sobrejacente corresponde à zona não saturada, os valores de resistividade não identificam a litologia dessa camada. Entretanto, o valor da resistividade obtido para a camada saturada pode ser extrapolado para os sedimentos sobrepostos, desde que a litologia seja aproximadamente a mesma. Dessa maneira, o grau de proteção do aqüífero livre pode ser estimado. Estimativa da vulnerabilidade natural de aqüífero A Figura 4 apresenta a seqüência para se obter um índice de vulnerabilidade natural a partir de ensaios geofísicos da eletrorresistividade com mesma escala de valores e graduação que os apresentados em IG (1997). Observa-se nessa seqüência proposta que o tipo litológico e características granulométricas são substituídos Brazilian Journal of Geophysics, Vol. 26(1), 2008

66 ESTIMATIVA DA VULNERABILIDADE NATURAL DE AQÜÍFEROS: UMA CONTRIBUIÇÃO A PARTIR DA RESISTIVIDADE E CONDUTÂNCIA LONGITUDINAL Resistividade (ohm.m) / Litologia - I R Condutância Longitudinal (siemens) - I S < 20 - argila 20 a 40 - Argila arenosa / silte argiloso 40 a 60 - Areia argilosa / silte arenoso 60 a 150 - areia > 150 - Areia / cascalho > 0,1 0,1 a 0,3 0,3 a 0,5 0,5 a 3,0 > 3,0 0,9 0,7 0,5 0,4 0,3 0,1 0,2 0,3 0,4 0,7 I G = (I R + I S )/2 Ocorrência da Água Subterrânea - I O Ausência Confinado artesiano Confinado Semi Confinado Não confinado (coberto) Não confinado 0 0,1 0,2 0,4 0,5 1,0 Profundidade do Nível da Água (m) - I NA > 100 50 a 100 20 a 50 15 a 20 10 a 15 < 10 0,2 0,4 0,5 0,6 0,8 1,0 Índice de Vulnerabilidade I = I G x I O x I NA Nenhuma Desprezível Baixo baixo/alto Médio baixo/alto Alto baixo/alto Extremo baixo/alto 0 0 a 0,1 0,1 a 0,3 0,3 a 0,5 0,5 a 0,7 0,7 a 1,0 Figura 4 Índice de vulnerabilidade natural do aqüífero parâmetros geoelétricos. pela resistividade e condutância longitudinal, gerando um índice geofísico (I G ). O produto dos índices: geofísica, ocorrência e profundidade do nível d água subterrânea determina o índice de vulnerabilidade a ser tomado, gerando mapas de vulnerabilidade natural das águas subterrâneas. A partir dessa estimativa trabalhos de proteção e/ou remediação das águas subterrâneas poderão ser programados e orientados de maneira mais precisa e econômica, facilitando a adoção das medidas necessárias. Aplicações práticas A metodologia proposta foi aplicada em uma área próxima ao município de Rio Claro-SP Caso 1, através do desenvolvimento de 27 sondagens elétricas verticais arranjo Schlumberger (Fig. 5). A geologia local é composta por sedimentos arenosos da Fm. Botucatu Bacia Sedimentar do Paraná. O estudo teve como finalidade determinar a vulnerabilidade natural de um aqüífero livre a partir de ensaios geofísicos. Como pode ser constatado, a litologia das zonas não saturada e saturada era praticamente homogênea. Portanto a resistividade da camada aqüífera foi extrapolada para os sedimentos da zona não saturada, permitindo a aplicação da metodologia proposta. Na figura anterior observam-se as faixas de vulnerabilidade do aqüífero, sendo na área central de desprezível a médio e a norte e leste da área de alto a extremo. Nesse caso, o parâmetro fundamental na definição dos índices de vulnerabilidade foi a espessura da zona não saturada (maior na região central). A Figura 6 apresenta os resultados de um levantamento de 40 sondagens elétricas verticais arranjo Schlumberger, em uma área industrial localizada no estado de Minas Gerais Caso 2. A geologia local é formada por sedimentos arenosos e argilosos e rochas metamórficas. Como o aqüífero considerado é livre e as profundidades do nível d água subterrânea apresentaram pequenas variações, o parâmetro com maior destaque na definição do índice de vulnerabilidade foi a resistividade (litologia), a qual pode identificar camadas argilosas, arenosas e areno-argilosas. Revista Brasileira de Geofísica, Vol. 26(1), 2008

ANTONIO CELSO DE OLIVEIRA BRAGA 67 7570600m 7570800m 7571000m 7571200m Legenda SEV prof. NA (m) resistividade (ohm.m) cond. longitudinal (siemens) SEV-02 9.7 150 0.065 SEV-11 16.5 182 0.091 SEV-01 16.2 178 0.091 SEV-05 21.6 194 0.111 SEV-12 17.8 146 0.122 SEV-07 25.0 230 0.109 SEV-03 16.0 120 0.133 SEV-08 28.4 120 0.237 SEV-04 18.1 121 0.150 SEV-10 18.0 157 0.115 SEV-13 11.6 197 0.059 SEV-21 14.9 183 0.081 SEV-09 19.8 174 0.114 SEV-06 20.4 193 0.105 SEV-14 14.2 304 0.047 SEV-22 14.2 195 0.073 SEV-23 11.0 200 0.055 SEV-15 17.5 156 0.112 N SEV-24 13.3 191 0.070 SEV-27 8.8 175 0.050 SEV-26 SEV-25 8.7 193 9.0 109 0.045 0.082 SEV-16 SEV-17 10.3 61 5.9 156 0.168 0.038 Índice de Vulnerabilidade Natural 1 Extremo 0.7 Alto 0.5 Médio 0.3 Baixo 0.1 SEV-18 8.8 168 0.052 SEV-19 SEV-20 0m 100m 200m 300m 9.8 180 8.3 200 0.054 0.041 229500m 229700m 229900m 230100m 230300m 230500m 230700m Desprezível 0 Figura 5 Mapa de vulnerabilidade natural do aqüífero livre Caso 1. SEV-03 SEV-14 SEV-13 0Km 1Km 2Km 7729.0Km SEV-06 SEV-01 SEV-37 SEV-28 SEV-18 SEV-19 SEV-32 SEV-36 SEV-26 SEV-04 SEV-08 SEV-12 SEV-07 7728.0Km SEV-05 SEV-22 SEV-38 SEV-15 SEV-02 SEV-27 SEV-10 SEV-21 SEV-16 SEV-25 SEV-29 SEV-23 SEV-11 7727.0Km SEV-09SEV-35 SEV-40 SEV-20 N SEV-30 SEV-31 SEV-17 SEV-39 SEV-24 SEV-01 - sondagem elétrica vertical SEV-34 SEV-33 7726.0Km Índice de Vulnerabilidade Natural 1 Extremo 0.7 Alto 0.5 Médio 0.3 Baixo 0.1 Desprezível 627.0Km 628.0Km 629.0Km 630.0Km 631.0Km 632.0Km 633.0Km Figura 6 Mapa de vulnerabilidade natural do aqüífero livre Caso 2. Brazilian Journal of Geophysics, Vol. 26(1), 2008

68 ESTIMATIVA DA VULNERABILIDADE NATURAL DE AQÜÍFEROS: UMA CONTRIBUIÇÃO A PARTIR DA RESISTIVIDADE E CONDUTÂNCIA LONGITUDINAL A vulnerabilidade natural do aqüífero livre apresenta zonas de índices de alto a extremo, indicando locais de maior atenção e monitoramento. CONCLUSÕES Levantamentos efetuados pelo método da eletrorresistividade, técnica da sondagem elétrica vertical, obtendo as resistividades, espessuras e parâmetros de Dar Zarrouk, das diferentes camadas geológicas, permitem extrair um grande número de informações, as quais podem subsidiar estudos, tanto envolvendo a captação de águas subterrâneas, como no monitoramento e preservação dos aqüíferos frente a contaminantes diversos. Produtos tais como identificação litológica, determinação do nível d água mapa potenciométrico, identificação de aqüíferos promissores, delimitação de plumas de contaminação etc., permitem aplicar essa metodologia de maneira simples eacustos reduzidos, com relativo sucesso. A aplicação dessa metodologia geoelétrica na determinação do índice de vulnerabilidade natural de aqüíferos revela-se bastante promissora, trazendo grande auxílio em estudos ambientais, principalmente em áreas com dimensões médias a grandes. AGRADECIMENTOS O autor agradece ao Departamento de Geologia Aplicada IGCE/UNESP, bem como os técnicos envolvidos nos trabalhos apresentados. REFERÊNCIAS BRAGA ACO. 2006. Métodos da Eletrorresistividade e Polarização Induzida Aplicados nos Estudos da Captação e Contaminação de Águas Subterrâneas: Uma Abordagem Metodológica e Prática. Tese de Livre- Docência na disciplina Métodos Geoelétricos Aplicados à Hidrogeologia do Programa de Pós-Graduação em Geociências e Meio Ambiente do Instituto de Geociências e Ciências Exatas da Universidade Estadual Paulista Unesp. 121p. BRAGA ACO, MALAGUTTI FILHO W & DOURADO JC. 2006. Resistivity (DC) method applied to aquifer protection studies. ISSN 0102-261X, Revista Brasileira de Geofísica, 24(4): 573 581. FOSTER SSD. 1987. Fundamental concepts in aquifer vulnerability, pollution risk and protection strategy. Vulnerability of Soil and Groundwater to Pollutants. TNO Committee on Hydrological Research Information, 38. FOSTER SSD & HIRATA RCA. 1988. Groundwater pollution risk evaluation: the methodology using available data. Lima: CEPIS/PAHO/WHO, 78 p. HENRIET JP. 1975. Direct applications of the Dar Zarrouk parameters in ground water surveys. Geophysical Prospecting, 24: 344 353. IG. 1997. Mapeamento da vulnerabilidade e risco de poluição das águas subterrâneas no Estado de São Paulo. Instituto Geológico, CETESB, DAEE, Secretaria de Estado do Meio Ambiente. Coordenação: HIRATA RCA, BASTOS CRA & ROCHA GA. São Paulo: Instituto Geológico, CETESB, 1: 144 p. MAZAC O, CISLEROVA M, KELLY WE, LANDA I & VENHODOVA D. 1990. Determination of hydraulic conductivities by surface geoelectrical methods. In: WARD S (Ed.). Geotechnical and environmental geophysics, 125 131. SHEVNIN V, RODRÍGUEZ OD, MOUSATOV A & RYJOV A. 2006. Estimation of hydraulic conductivity on clay content in soil determined from resistivity data. Geofísica Internacional, 45(3): 195 207. NOTA SOBRE O AUTOR Antonio Celso de Oliveira Braga é geólogo formado pela Universidade Estadual Paulista Unesp (1978). Doutor em Geociências (1997) e Livre-docente na disciplina Métodos Geoelétricos Aplicados na Hidrogeologia (2006) pela Universidade Estadual Paulista Unesp/Campus de Rio Claro. Foi geólogo no Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo IPT (1978 a 1995). Desde 1998 é docente do Departamento de Geologia Aplicada IGCE/Unesp Rio Claro, atuando em hidrologia e geofísica aplicada à hidrogeologia e estudos ambientais, envolvendo os métodos geoelétricos. Revista Brasileira de Geofísica, Vol. 26(1), 2008