Modelo de estimativa de fluxo regional aplicado em áreas de floresta e pastagem na Amazônia.



Documentos relacionados
AVALIAÇÃO DA RADIAÇÃO SOLAR E TERRESTRE NOS MODELOS OPERACIONAIS DE PREVISÃO NUMÉRICA DE TEMPO DO CPTEC/INPE PARA ÁREA DE FLORESTA TROPICAL ÚMIDA

ANÁLISE COMPARATIVA DA EVAPOTRANSPIRAÇÃO POTENCIAL ENTRE AS ÁREAS DE PASTAGEM E FLORESTA NA AMAZÔNIA CENTRAL RESUMO ABSTRACT

ESTIMATIVA DOS FLUXOS DE CALOR SENSÍVEL E LATENTE NA FLORESTA ATRAVÉS DO MÉTODO DO GRADIENTE

ESTUDO DA ESTRUTURA TERMODINÂMICA DA CAMADA LIMITE ATMOSFÉRICA EM CAXIUANÃ

Por. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, INPE CP 515, , São José dos Campso, SP, Brasil.

ANÁLISE DO BALANÇO DE RADIAÇÃO EM SUPERFÍCIE DO EXPERIMENTO CHUVA VALE DO PARAÍBA PARA DIAS SECOS E CHUVOSOS. Thomas KAUFMANN 1, Gilberto FISCH 2

XII Congresso Brasileiro de Meteorologia, Foz de Iguaçu-PR, 2002

;

COMPARAÇÃO DA MEDIÇÃO DE RADIAÇÃO DE ONDA LONGA ATMOSFÉRICA COM MÉTODOS DE ESTIMATIVAS EM ÁREA DE PASTAGEM NO ESTADO DE RONDÔNIA.

CAPÍTULO 6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES

Sérgio Cavalcanti de Paiva 1 ; Enilson Palmeira Cavalcanti 2. Rural de Pernambuco;

ESTUDO PRELIMINAR DO FLUXO DE GÁS CARBÔNICO NA RESERVA FLORESTAL DE CAXIUANÃ, MELGAÇO P A

Variação vertical da temperatura do ar na Floresta Nacional de Caxiuanã em dois períodos distintos (chuvoso e seco).

Investigação da altura da camada limite planetária na região da Estação Brasileira na Antártica

INVESTIGAÇÃO DO EFEITO DA TOPOGRAFIA E DA OCUPAÇÃO DO SOLO SOBRE O CAMPO HORIZONTAL DO VENTO NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO

Relação entre a precipitação pluvial no Rio Grande do Sul e a Temperatura da Superfície do Mar do Oceano Atlântico

ANÁLISE DA VARIABILIDADE DE PRECIPITAÇÃO EM ÁREA DE PASTAGEM PARA A ÉPOCA CHUVOSA DE 1999 Projeto TRMM/LBA

JATOS DE BAIXOS NÍVEIS NO SUDOESTE DA AMAZÔNIA

ESTIMATIVA DOS FLUXOS TURBULENTOS NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO Maria Helena M. MARTINS 1,2 e Amauri P. de OLIVEIRA 1

Caracterização de Trocas de Calor Latente e suas Consequências na Evolução da Camada Limite Atmosférica no Cerrado do Distrito Federal

Efeitos da geometria e das superfícies nos microclimas urbanos AUT 5823 Conforto Ambiental em Espaços Urbanos Abertos

BALANÇO DE ENERGIA EM ÁREA DE PASTAGEM DURANTE A ESTAÇÃO SECA PROJETO ABRACOS

Comparação de perfis verticais observados e simulados obtidos com o modelo WRF

ALBEDOS EM ÁREAS DE PASTAGEM E DE FLORESTA NO SUDOESTE DA AMAZONIA

XII Congresso Brasileiro de Meteorologia, Foz de Iguaçu-PR, 2002

ESTUDO DA ESTRUTURA TERMODINAMICA DA ATMOSFERA NA ZONA COSTEIRA DO ESTADO DO PARÁ

Variabilidade Diurna dos Fluxos Turbulentos de Calor no Atlântico Equatorial Noele F. Leonardo 12, Marcelo S. Dourado 1

Ciência e Natura ISSN: Universidade Federal de Santa Maria Brasil

Comparação interanual dos fluxos de energia em floresta primária na Amazônia Central: a seca de 2005

XII Congresso Brasileiro de Meteorologia, Foz de Iguaçu-PR, 2002

ESTIMATIVA DA RADIAÇÃO DE ONDA LONGA ATMOSFÉRICA EM UMA ÁREA DE PASTAGEM EM RONDÔNIA

de Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia

Modelagem da Distribuição Espacial e da Forçante Radiativa Direta das Partículas de Aerossóis de Queimadas na América do Sul

Simulação numérica da CLP em Candiota através de um modelo de mesoescala

XII Congresso Brasileiro de Meteorologia, Foz de Iguaçu-PR, 2002

Variabilidade da Precipitação Pluviométrica no Estado do Amapá

Fernanda Batista Silva 1,4, Edilson Marton 2, Gustavo Bodstein 3, Karla Longo 1

APLICAÇÃO DE UM MÉTODO DE INTERPOLAÇÃO FÍSICO-ESTATÍSTICO PARA A TEMPERATURA E PRESSÃO ATMOSFÉRICA SOBRE UMA REGIÃO DE TOPOGRÁFICA VARIÁVEL

Atrito na Camada Limite atrito interno

Classificação Termodinâmica das Radiossondagens em Belém durante o experimento BARCA

Fluxos de Calor Sensível e Calor Latente: Análise Comparativa. dos Períodos Climatológicos de e

EFEITO DA TOPOGRAFIA NA EXTENSÃO VERTICAL DA CAMADA LIMITE PLANETÁRIA SOBRE A REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO

I Workshop Internacional Sobre Água no Semiárido Brasileiro Campina Grande - PB

PERFIL VERTICAL DO VENTO NA BAIXA ATMOSFERA NA ILHA DO MARAJO-PA. Elizabeth Diane de Jesus Reuter Júlia Clarinda Paiva Cohen

ESTIMATIVA DOS RECURSOS EÓLICOS NA REGIÃO DE CAMOCIM/CE USANDO UM MÉTODO BASEADO EM REGRESSÃO LINEAR

INCT Mudanças Climáticas

CARACTERIZAÇÃO DOS FLUXOS DE ENERGIA DO ECOSSISTEMA DE FLORESTA AMAZÔNICA

DISPERSÃO DE POLUENTES NA ATMOSFERA. G4 João Paulo Vanessa Tiago Lars

Método da Razão de Bowen. Daniel Nassif LEB/ESALQ/USP Lab. de Mod. de Sistemas Agrícolas Tropicais - LMA

INFLUÊNCIA DA RESSURGÊNCIA COSTEIRA DE CABO FRIO SOBRE A EVOLUÇÃO DIURNA DA CAMADA LIMITE ATMOSFÉRICA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS INSTITUTO DE CIÊNCIAS ATMOSFÉRICAS COORDENAÇÃO DE GRADUAÇÃO EM METEOROLOGIA PROGRAMA DE DISCIPLINA

Ciência e Natura ISSN: Universidade Federal de Santa Maria Brasil

Introdução a Ciências Atmosféricas. Os Movimentos da Atmosfera. Aula 6 Turbulência Atmosférica

INVESTIGAÇÃO DOS FLUXOS TURBULENTOS NA INTERFACE AR-MAR NO ARQUIPÉLAGO DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO RESUMO

Formado por turbulência mecânica ou convecção Tempo de vida: de minutos

Fundamentos da Dispersão Atmosférica

Razão de Bowen sobre a Região do Pantanal

INTERAÇÃO ENTRE O JATO EM BAIXOS NÍVEIS E COMPLEXOS CONVECTIVOS DE MESOESCALA SOBRE A REGIÃO DO CONESUL

5. Evaporação e Transpiração

Estudo da variabilidade espacial e vertical da temperatura do ar na Floresta Nacional de Caxiuanã-PA

et al., 1996) e pelo projeto Objectively Analyzed air-sea Flux (OAFlux) ao longo de um

DETERMINAÇÃO DA ALTURA DA CAMADA LIMITE PLANETÁRIA EM CASOS DE TRANSIÇÃO DE CONVECÇÃO RASA PARA PROFUNDA DURANTE O EXPERIMENTO GOAMAZON

ANÁLISE HORÁRIA DO PERFIL VERTICAL DE TEMPERATURA E UMIDADE DO AR EM DIFERENTES ÉPOCAS DO ANO EM UMA FLORESTA TROPICAL AMAZÔNICA.

Estimativa dos fluxos de energia superficiais para o Sítio Experimental de Paraíso do Sul - RS

ESTIMATIVAS DE DENSIDADE DE FLUXO DE CALOR SENSÍVEL E LATENTE ATRAVÉS DO MÉTODO DA RAZÃO DE BOWEN RESUMO

CIRCULAÇÃO LOCAL NA FLORESTA NACIONAL DOS TAPAJÓS UTILIZANDO-SE DADOS DAS TORRES DE FLUXOS

COMPARAÇÃO DOS MODELOS GLOBAL E ETA DO CPTEC COM OBSERVAÇOES NA RESERVA BIOLÓGICA DO JARÚ (RONDÔNIA)

Ilhas de calor em centros urbanos. Bruno Silva Oliveira

Perfil de temperatura do ar e do solo para uma área com vegetação e sem vegetação em um pomar de mangas em Cuiaraná-PA

Centro de Ciência do Sistema Terrestre (CCST), Divisão de Sensoriamento Remoto (DSR),

- 1. INTRODUÇÃO áreas de pastagens para a agricultura elou pecuária. Esta substituição da cobertura vegetal de floresta

, CALOR LATENTE E SENSÍVEL EM UMA ÁREA PRODUTORA DE ARROZ IRRIGADO NO CENTRO DO RIO GRANDE DO SUL.

América Murguía Espinosa 1 e Jacyra Soares 2. Palavras-chave: Piscina de água quente no oceano Pacífico tropical leste, ECAC

A INFLUÊNCIA DE ALGUMAS VARIÁVEIS ATMOSFÉRICAS A EXTREMOS DE PRODUTIVIDADE DE TRIGO NO RIO GRANDE DO SUL.

ESTIMATIVAS DAS TAXAS DE ARMAZENAMENTO DE ENERGIA E DOS FLUXOS TURBULENTOS DE CALOR EM FLORESTA DE TERRA FIRME NA AMAZÔNIA

PRECIPITAÇÃO CLIMATOLÓGICA NO GCM DO CPTEC/COLA RESOLUÇÃO T42 L18. Iracema F. A. Cavalcanti CPTEC/INPE ABSTRACT

ESTIMATIVA DA RADIAÇÃO DE ONDA LONGA ATMOSFÉRICA EM ÁREAS DE FLORESTA E DE PASTAGEM NO SUDOESTE DA AMAZÔNIA. Brasil.

Dados Modelo ETA (INPE) Espaçamento de 40Km de 12 em 12 horas com 32 níveis na vertical. Corta-se a grade de estudo

APLICAÇÃO DA TRANSFORMADA EM ONDELETAS PARA A DETERMINAÇÃO

CAMADA LIMITE NOTURNA SOBRE ÁREA DE PASTAGEM NA AMAZÔNIA THEOMAR TRINDADE DE ARAÚJO TIBURTINO NEVES¹, GILBERTO FISCH²

Ciências do Ambiente

SENSIBILIDADE DE ALTA RESOLUÇÃO DO MODELO WRF PARA A ESTIMATIVA DE RADIAÇÃO SOLAR NO ESTADO DO CEARÁ

Estudo do fluxo de calor sensível armazenado no dossel vegetativo em floresta tropical

WRF-Chem skill in simulating a Saharan dust event over Portugal

CAPÍTULO 4 TECNOLOGIA ESPACIAL NO ESTUDO DE FENÔMENOS ATMOSFÉRICOS

O USO DA MODELAGEM CLIMÁTICA NO PLANEJAMENTO DOS ESPAÇOS URBANOS. Laboratório de Conforto Ambiental - Grupo de Estudos em Conforto Ambiental

IMPACTO DAS CARACTERÍSTICAS DA SUPERFÍCIE NA SIMULAÇÃO DE CONDIÇÕES METEOROLÓGICAS

1246 Fortaleza, CE. Palavras-chave: Circulação de brisa, RAMS, modelagem atmosférica.

ESTUDO DO VENTO E DA TURBULÊNCIA NA CAMADA LIMITE ATMOSFÉRICA EM ÁREAS DE FLORESTA E PASTAGEM NA AMAZÔNIA

Efeitos de um evento de friagem nas condições meteorológicas na Amazônia: um estudo de caso.

Relatório de Pesquisa de Mestrado

PERFIL DE VENTO EM ÁREAS DE FLORESTA Ε PASTAGEM NA AMAZÔNIA

TEMPESTADE EM MANAUS-AM NO DIA 14/10/2010

Zona de Convergência do Atlântico Sul

UFRGS BICT HIDROGRAFIA E OCEANOGRAFIA A. O balanço de calor nos oceanos. Prof. Dr. Dakir Larara

MECANISMOS DE CONTROLE PARA FLUXO DE VAPOR D ÁGUA NA FLONA TAPAJÓS PARA O ANO DE 2002

ANÁLISE DO BALANÇO DE ENERGIA EM ÁREAS DE FLORESTA E DE PASTAGEM NA AMAZÔNIA

EVAPOTRANSPIRAÇÃO EM BELÉM PA: ESTIMATIVA POR MÉTODOS SIMPLIFICADOS

Medida e estimativa da temperatura do solo (estudo de caso)

Transcrição:

Modelo de estimativa de fluxo regional aplicado em áreas de floresta e pastagem na Amazônia. Julio Tóta Instituto Nacional de Pesuisas Espaciais, INPE CP 5, 1-97, São José dos Campos, SP, Brasil. Telefone: (1) 345-683. E-mail: tota@met.inpe.br Gilberto Fisch Centro Técnico Aeroespacial (CTA/IAE-ACA) CEP: 128-94, São José dos Campos, SP, Brasil. Telefone: (1) 347-4565. E-mail: gfisch@aca.cta.iae.br ABSTRACT The regional sensible heat fluxes estimated by simple model, using properties of the convective boundary-layer from the Rondonia Boundary Layer Experiment (RBLE3) data, over the forest and grassland regions of the western Amazonia was investigated. These investigation has done by comparation between observed and estimates sensible heat fluxes. The results showed that, in general, the model for sensible heat overestimated the surface fluxes measured, for both sites. In this case, the statistic results were Root Mean Suared Deviation (RMSD) of 45.1 and 67.2 W m -2, and Bias of -. and -28.5 W m -2, for forest and pasture areas, respectively. These results suggest that there is a significant difference between the regional estimates and a point measurements, i. e., the point mesurements may not be reprentative of a region (1x1 km) in the heterogeneous case. In spite of the simplicity of these models, they are an alternative to estimate regional surface fluxes using Planetary Boundary Layer (PBL) properties obtained through rawinsoundings. Palavras Chave: Modelo de Camada de Mistura, Estimativa de Fluxos, Floresta Amazônica 1. Introdução A região Amazônica representa uase a metade das áreas de floresta tropical úmida do globo, em ue se destaca sua grande biodiversidade, e riueza natural, além de ser uma reconhecida fonte de energia para a Circulação Geral da atmosfera (Sá et al., 86). Grande parte deste ecossistema vem sendo afetado pelo desmatamento, com áreas de floresta natural sendo substituída por áreas de pastagem. Segundo levantamento feito pelo INPE (http://www.inpe.br/amz.html), a taxa anual média de desmatamento das áreas de floresta na Amazônia Legal aumentou de,3% em 9/91 para,4% no biênio 92/94, o euivalente a um incremento anual de 11.13 km 2 para.896 km 2 de área de desmatamento, respectivamente. Essas taxas foram de 29.59 km 2 ano -1 e.1 km 2 ano -1, para os períodos 94/94 e 95/96, respectivamente. O Estado de Rondônia contribuiu para o total bruto da Amazônia Legal com valor percentual médio de,% anualmente, correspondendo a cerca de 2.692 Km 2 ano -1 de área de desmatamento. Portanto, é importante avaliar os possíveis impactos, a nível local e regional, ue venham a acontecer caso os processos de troca de energia entre a superfície e a atmosfera sejam afetados com a mudança na cobertura vegetal da Amazônia. Neste contexto, estudos sobre a interação entre superfície e atmosfera e aueles relacionados com a camada limite sobre a Amazônia são relevantes. O presente trabalho apresenta a aplicação de um modelo para estimativa de fluxo regional a partir de propriedades da camada limite planetária (CLP) sobre dois tipos de vegetação, caracterizadas por floresta e pastagem, na região de Rondônia (Amazônica Ocidental). O objetivo é de analisar as diferenças entre valores de fluxos turbulentos medidos pelo instrumento de correlações de vórtices (HYDRA), em um único ponto na superfície e aueles resultantes de um modelo para estimar os valores desses fluxos em escala regional.

2. Dados e Metodologia Os dados utilizados foram obtidos durante o Rondônia Boundary Layer Experiment (RBLE3) na região de Jí-Paraná Estado de Rondônia (Figura 1). Esse experimento foi realizado durante a estação seca entre os dias 13 a 26 de agosto de 94, sendo ue as medidas foram feitas simultaneamente nas áreas de floresta (Reserva Biológica do Rio Jarú, 1 5 S, 61 55 W, 1 metros de altitude) e pastagem (Fazenda Nossa Senhora Aparecida, 1 45 S, 62 W, 2 metros de altirude). As condições sinóticas na região do experimento foram características do período seco, com pouca atividade convectiva e ventos predominantemente zonal. Os dados de radiossondagens foram obtidos pelo sistema PC-Cora Vaisala (Finlândia) com informações do perfil de temperatura, umidade específica e ventos entre a superfície e 5. metros. Os fluxos turbulentos de superfície (calor sensível e latente) foram medidos pelo instrumento de correlações de vórtices HYDRA(maiores detalhes em Shuttleworth et al., 88). Ambas as medidas foram feitas simultaneamente em áreas de floresta e de pastagem, nos horários das 8, 11, e hora local (HL). Maiores detalhes do RBLE3 podem ser encontrados em Fisch et al. (96) e Tóta (98). Neste estudo foi utilizado um modelo simples de camada de mistura para as euações de conservação de entalpia desenvolvido por Tennekes (73), o ual tem sido bastante usado para estudar a estrutura e evolução da CLP (Culf, 92; Fisch, 96). Este modelo, representado na Figura 2, tem se mostrado eficiente na estimativa de fluxos turbulentos de superfície (Culf, 93). Neste caso, aplica-se a forma inversa do modelo, onde os dados de entrada são propriedades da CLP. Para isso, a euação para as estimativas dos fluxos de calor sensível de superfície em diferenças finitas, a ual também inclui uma parametrização do processo de entranhamento seguindo Lily (68), resume-se em: t t+ 1 t+ 1 t t t+ 1 t+ 1 t h + h m m =ρ ρ h h H c c s p p 2 t 2 t onde: H s é o fluxo regional estimado de calor sensível na superfície; a temperatura potencial; ρ é a massa específica do ar; c p é o calor específico do ar a pressão constante; h altura da camada de mistura e a intensidade da descontinuidade térmica no topo da camada de mistura. Nessa euação, o subscrito m refere-se à média da propriedade na camada de mistura, t refere-se ao tempo, sendo t o intervalo de tempo entre duas radiossondagens sucessivas ascendentes do tempo t até o tempo t+1. 3. Resultados Na Tabela 1 estão sintetizados os resultados, em termos de índices estatísticos, das estimativas obtidas pelo modelo para ambas as áreas de floresta e pastagem para todos os dias do experimento. Em uma média diária as estimativas do modelo superestimam os fluxos medidos pelo HYDRA em ambas as áreas de floresta (RMSD: 45,4 W m -2 e Bias: -,2 W m -2 ) e de pastagem (RMSD: 7,3 W m -2 e Bias: -,4 W m -2 ), conforme se pode observar na Figura 3. Entretanto, esses resultados mostram-se consistentes com valores encontrados na literatura, e. g., Culf, 93 (RMSD: 47,7 W m -2 e Bias: -12,4 W m -2 ) em Sahel, África. Na Figura 4 pode-se observar ue, nos períodos de máximos valores de trocas de fluxos entre superfície e atmosfera (11- HL), o modelo superestima bastante os valores medidos em superfície, principalmente sobre a área de pastagem. No período da manhã (8-11 HL) nota-se ue os valores medidos são simulados razoavelmente bem na área de floresta e subestimados sobre a área de pastagem. Isto se deve, principalmente, ao fato de ue o acoplamento da camada estável com a camada de mistura acontecem em horários diferentes para as áreas de floresta e de pastagem, em função dos processos turbulentos relacionados com o auecimento do ar sobre a pastagem, ue ocorre mais rapidamente do ue sobre a floresta. Ao longo do dia, este acoplamento faz com ue o ar perto da superfície torne-se mais seco, aumentando as trocas de fluxos de calor sensível (máximos em 11- HL), ue em geral são, em todos os horários, sempre maiores sobre a área de pastagem em função de sua maior eficiência térmica (Figura 4).

4. Conclusões O presente trabalho apresenta uma análise comparativa entre fluxos turbulentos de calor sensível medidos pontualmente (HYDRA) e estimados em escala regional por um modelo simples, sobre uma área de floresta e outra de pastagem, na região de Ji-Paraná-RO (Amazônia ocidental), usando dados do experimento RBLE3. Os resultados mostraram ue, em uma média diária, o modelo superestima os valores medidos em superfície. Isto sugere ue, apesar das limitações do modelo (sensibilidade dos parâmetros de entrada, inversão de grande escala e advecção dentre outros processos não considerados pelo modelo), as medidas feitas em um único ponto talvez não sejam representativas da contribuição da superfície em uma escala regional, mesmo auelas realizadas sobre uma área homogênea (floresta) como sobre uma área heterogênea (pastagem). Essas diferentes características entre áreas de floresta e de pastagem são oriunda do desflorestamento, onde a mudança, principalmente do albedo da superfície, dentre outras, alteram as trocas de energia entre a superfície e a CLP, e conseuentemente, os balanços de energia e radiação. Referências Bibliográficas Culf, A. D. An aplication of simple models to Sahelian convective boundary layer growth. Boundary Layer Meteorology, 58(1-2):1-. 92. Culf, A. D. The potential for estimates regional sensible heat flux from convective boundary layer growth. Journal of Hydrology, 6:5-4. 93. Fisch, G. Camada limite Amazônica: aspectos observacionais e de modelagem. (Tese de Doutorado em Meteorologia) - Instituto Nacional de Pesuisas Espaciais, São José dos Campos, 96. 1p. (INPE-61-TPT/584). Sá, L. D. A.; Manzi, A. O.; Viswanadam, Y. Partição de fluxos de calor sensível e de calor latente acima da floresta amazônica de terra firme. São José dos Campos, INPE. julho, 86. (INPE-3972- PRE/97). Lilly, D. K. Models of cloud-topped mixed layers under a strong inversion. Quarterly Journal of the Royal Meteorological Society, 94:292-39. 68. Tennekes, H. A model for dynamics of the invertion above a convective boundary layer. Journal of Atmospheric Sciences, 3(4):558-567. 73. Tóta, J. Estimativa regional de fluxos de calor sensível e latente em áreas de floresta e pastagem na Amazônia. (Dissertação de Mestrado em Meteorologia) - Instituto Nacional de Pesuisas Espaciais, São José dos Campos-SP. 98. 113p. Figura 1: Localização dos sítios experimentais de floresta e de pastagem (RBLE3).

z γ b b γ Camada Estável Estratificada ρc p w b (Entrada no Topo) h m m Camada de mistura (CM) CAIXA (CM) ρc p w s (Entrada na Superfície) Figura 2: Estrutura do modelo. 5 H (W/m2) - Floresta (RBLE3) (Dia/Horário) a) b) 3 - (Dia/Horário) -5-5 5 - - - 3 Figura 3: Fluxos de calor sensível estimado pelo modelo e medido (HYDRA), em área de Floresta (a) e de Pastagem (b), durante o RBLE3. Tabela 1 : Média Diária de RMSD e Bias para os fluxos de superfície estimados pelo modelo na área de Floresta e de Pastagem durante o RBLE3. Dia Média Floresta RMSD,2 65,6 81,1 47,6 42,1 27,7 34,,4 46,4 69, 11,4,2 45,4 Bias -1,4-6,3-26,1-12,8 -,1-7,5 -,2-13,9-35,3-52,6-9,9,9 -,2 Pastagem RMSD 29,3 74,9 52,2 139,5 81, 65,3 71,2 35,1 45,4 93,1 44,2 7,3 Bias -5,6-32,3-43,2 5,3-51,1-54,9-71,2 -,2 -,8 55,3 32,9 -,4

a) H (W/m2) - Floresta (RBLE3) b) 8 6 4 8-11 HL (Dia) 1 8 8-11 HL (Dia) 6 4 - - 4 6 8 c) H (W/m2) - Floresta (RBLE3) d) 11- HL (Dia) 3 4 6 8 1 11- HL (Dia) 28 26 1 2 e) 8 6 4 9 7 5 3 1-1 4 6 8 1 H (W/m2) - Floresta (RBLE3) - HL (Dia) -1 1 3 5 7 9 2 26 28 3 f) 5-5 - - - HL (Dia) - - -5 5 Figura 4: Fluxos de calor sensível estimado pelo modelo e medido (HYDRA), detalhado por horário em área de Floresta (a, c, e) e de Pastagem (b, d, f), durante o RBLE3.