. ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DO CAPEAMENTO DE CORPOS-DE-PROVA CILÍNDRICOS NA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DO CONCRETO



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ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DO CAPEAMENTO DE CORPOS-DE-PROVA CILÍNDRICOS NA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DO CONCRETO Analysis of the influence of the cylindrical samples covering in the resistance to the compression of the concrete Fred R.Barbosa (1);João M. F. Mota (2); Angelo Just da Costa e Silva (3) Romilde A.Oliveira (4) (1) Mestrando, Departamento de Engenharia Civil, UFPE - email: fredrbarbosa@ig.com.br (2) Doutorando do Departamento de Engenharia Civil, UFPE - email: joao@vieiramota.com.br (3) Professor Doutor, Departamento de Engenharia Civil, UNICAP - email: angelo@unicap.br (4) Professor Doutor, Departamento de Engenharia Civil, UNICAP - email: romildealmeida@unicap.br Professor Permanente, Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil, UFPE Resumo Rua Serra da Canastra, n o 391 Cordeiro Recife CEP: 50.640-310 Uma das condições essenciais para assegurar a correta avaliação do comportamento mecânico do concreto utilizado em obra é o estudo do seu controle tecnológico, em sua maioria efetuado por meio de ensaios de resistência à compressão. Esses ensaios são realizados em amostras representativas do todo (caminhão, betoneira estacionária etc.), retiradas com o concreto ainda no seu estado fresco, e moldadas em corposde-prova cilíndricos com dimensões de 10cm x 20cm ou 15cm x 30cm. Após o período de tempo determinado em projeto, os corpos-de-prova são submetidos a esforços axiais de compressão até a sua ruptura, característicos da sua resistência. São muitas as variáveis que podem influenciar os valores obtidos nesses ensaios, tais como a velocidade de carregamento, a calibração do equipamento, a faixa nominal do manômetro e, especialmente, a forma de capeamento das superfícies de acabamento, objeto de estudo desse trabalho. Serão apresentados os resultados de amostras de concreto oriundas de uma mesma mistura, rompidas numa mesma prensa hidráulica, e nas seguintes condições de capeamento: enxofre, retífica, politriz, e borracha com flange (capacete) metálico. Os ensaios efetuados indicam notável diferença entre os resultados encontrados, tanto dos valores absolutos como das dispersões, comprovando a significativa influência desse fator e a imperativa necessidade de avaliá-lo para assegurar a correta determinação da resistência do concreto utilizado. Palavras-Chave: controle tecnológico, capeamento, corpos-de-prova Abstract One of the essentials conditions to assure the correct evaluation of the concrete s mechanic behavior used in constructions is the study of its technological control, most of them performed by compression endurance tests. These tests are made with representatives samples (truck, concrete mixer), which were removed when the concrete is still fresh, and shaped into cylindrical samples, sized with 10 cm x 20 cm ou 15 cm x 30 cm. After a cycle determined in the project, the samples are submitted to compression efforts until they crack, which is typical of their resistance. There are a lot of variables which can influence on the values obtained in those tests, such as loading speed, equipment precision, manometer nominal band, and, specially, the covering way of the finish surface, object of study in this work. The results of the concrete samples that came from the same mixture will be presented. These samples were broken up in the same hydraulic press, and in the following covering conditions: sulfur, rectify machine, cut machine and rubber with flange (helmet) metallic. The tests performed indicate remarkable difference between the results obtained, both absolute values and dispersion, verifying the significant influence of this factor and the imperative necessity of evaluate it to assure the correct determination of the resistance of used concrete. Keywords: technological control, covering, sample ANAIS DO 51º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2009 51CBC0000 1

1 Introdução Cada vez mais têm sido fabricados concretos de elevadas resistências, que possuem em sua composição diferentes materiais, ou mesmo adições inéditas. Muitas das vezes é necessário realizar ensaios cujos resultados sejam capazes de expressar a influência desses materiais, ou seja, os resultados não deveriam ser influenciados por nada além da variável analisada (BEZERRA, 2007). Dentre as formas empregadas para avaliação das características do concreto, identificamse ensaios de determinações mecânicas destrutivas e não destrutivas. O ensaio mais consagrado para avaliação do desempenho mecânico do concreto trata-se de um ensaio destrutivo ensaio de resistência à compressão, onde este parâmetro é obtido por meio de ensaios de compressão uniaxial de corpos de prova moldados especificamente para esta finalidade. Este ensaio vem sendo utilizado como parâmetro de classificação, qualidade e dimensionamento do concreto. Tal atitude pode ser justificada por três fatores principais; o primeiro deles relacionado à facilidade de execução deste ensaio, o segundo está ligado ao seu custo operacional, já que ele é relativamente baixo e por último o fato de que muitas das características desejáveis do concreto podem ser qualitativamente relacionadas com a resistência. (SCANDIUZZI e ANDRIOLO, 1986; NEVILLE, 1997; PATNAIKA e PATNAIKUNIB, 2001; LIMA e BARBOSA, 2002; MARCO, REGINATTO e JACOSKI, 2003). Mesmo representando um ensaio responsável pelo balizamento das decisões relacionadas ao controle tecnológico do concreto, este ensaio encontra-se sujeito a dispersões de resultados. Dentre os diversos fatores que afetam o resultado deste ensaio destacam-se aqueles relativos à qualidade intrínseca do material, outros relacionados às características dos corpos-de-prova. São os casos da geometria, dimensões, grau de adensamento, tipo de molde utilizado, processo de cura empregado e forma de preparação dos topos e ainda aqueles relacionados às características de execução do ensaio, através da influência da rigidez da máquina de ensaio e da velocidade de aplicação da tensão (NEVILLE, 1997; BEZERRA, 2007). Infelizmente, o conhecimento técnico sobre estas variáveis não se encontra desenvolvido de forma igualitária, uma vez que quando se tratam das questões relacionadas à qualidade intrínseca do material, identificam-se exaustivos trabalhos realizados pela comunidade científica, o mesmo ocorrendo para as análises acerca da geometria dos corpos de prova, onde as pesquisas já encontram-se até traduzidas em normas técnicas; contudo, existem poucos trabalhos sobre a influência da variação de aplicação do carregamento sobre os resultados encontrados para concreto e que esta situação se ANAIS DO 51º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2009 51CBC0000 2

torna ainda mais complexa quando a análise recai sobre a influência da superfície dos corpos-de-prova, BEZERRA (2007). O presente trabalho busca promover um estudo comparativo entre diferentes formas de preparação de topos de corpos-de-prova, identificando as relações entre os mesmos, diante dos recursos disponíveis e possíveis correlações para análise dos resultados. 2 Preparação dos topos dos corpos-de-prova Segundo SCANDIUZZI e ANDRIOLO (1986), para a execução do ensaio de compressão axial dos corpos-de-prova de concreto, é necessário que as superfícies onde se aplicam as cargas sejam planas, paralelas e lisas, de modo que o carregamento seja uniforme. As faces devem ser ortogonais ao eixo do corpo-de-prova. Nesse aspecto, os corpos-deprova cúbicos levam vantagem sobre os cilíndricos, uma vez que nos primeiros há maior facilidade em se obter pelo menos duas faces paralelas, dentre as seis existentes. Pequenas irregularidades na superfície já são suficientes para provocar excentricidade pelo carregamento não uniforme e, consequentemente, uma diminuição da resistência final, BUCHER e RODRIGUES FILHO apud BEZERRA (2007). Para minimizar o efeito desta excentricidade a norma ASTM C 39 (ASTM, 2003) prevê um tratamento para a superfície dos corpos-de-prova de forma que os desvios de planicidade não ultrapassem 0,05mm e que o desvio entre as faces paralelas e o eixo longitudinal seja inferior a 0,5º. Para o tratamento das superfícies a referida norma recomenda a utilização de processo por retífica ou capeamento. A NBR 5738/2003 (ABNT, 2003) cita que deve ser utilizado um dispositivo auxiliar, denominado capeador, que garanta a perpendicularidade da superfície obtida com a geratriz do corpo-de-prova e que esta superfície deve ser lisa, isenta de riscos ou vazios e não ter falhas de planicidade superiores a 0,05mm em qualquer ponto. Destaca ainda que outros processos podem ser empregados, desde que sejam submetidos à avaliação prévia por comparação estatística com corpos-de-prova capeados pelo processo tradicional. Para garantir uma distribuição uniforme de tensões quando as faces a serem comprimidas não estão planas existem, basicamente, três sistemas de regularização: sistemas de capeamento colado, sistemas de capeamento não colado e sistemas de desgaste mecânico (BEZERRA, 2007). Sistemas Colados ANAIS DO 51º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2009 51CBC0000 3

Os sistemas colados compreendem aqueles que utilizam materiais que formam uma camada regular que adere física ou quimicamente à superfície da base do corpo-deprova. Nesta categoria destacam-se a utilização de capeamento com mistura de enxofre e capeamento com pasta ou argamassa de cimento. Tanto a NBR 5738/2003 (ABNT, 2003) quanto a Norma Mercosul NM 77:96 (CNM, 1996) recomendam o emprego de pasta de cimento para o capeamento de corpos de prova cilíndricos de concreto fresco e de argamassa de enxofre ou desgaste mecânico para os de concreto endurecido. O enxofre vem sendo utilizado para capeamento dos corpos-de-prova desde o início do século XXI, inicialmente através da uma mistura com filler inerte e atualmente sem adições. Apresenta como vantagens o endurecimento rápido, atingindo elevada resistência à compressão com poucas horas; alta produtividade em um dado espaço de tempo e boa aderência. A figura 1 apresenta um esquema do equipamento empregado para a realização desta operação. A grande desvantagem da utilização do enxofre no capemento de corpos-de-prova encontra-se na liberação de gás sulfídrico durante a fusão do enxofre em pó quando contaminado com materiais como parafina ou óleos. A inalação do SO 2 representa substancial risco à saude, uma vez que representa produto altamente tóxico e irritante para as mucosas das vias respiratórias. A combinação deste gás com a água e o oxigêncio forma ácido sulfúrico. A aplicação deste sistema requer cuidados especiais a fim de evitar acúmulos deste gás e possíveis danos aos operadores. Figura 1 Esquema ilustrativo do capeador de enxofre para corpos de prova de concreto (Fonte: NBR 5738, ABNT, 2003). ANAIS DO 51º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2009 51CBC0000 4

SCANDIUZZI e ANDRIOLO (1986) realizaram um trabalho comparativo de resultados entre os capeamentos por mistura de enxofre e pasta de cimento e observaram melhores resultados e menores variações para os corpos-de-prova capeados por mistura de enxofre. Sistemas Não Colados Os sistemas não colados caracterizam-se pela utilização de um material como almofada para as bases do corpo-de-prova, podendo este material estar confinado ou não. Dentre os materiais mais empregados destacam-se elastômeros como o neoprene. Areia confinada também se presta para esse fim. A figura 2 ilustra bem estas possibilidades. (a) (b) (c) Figura 2 Esquema ilustrativo para sistemas de capeamento não colados (a) almofada polimérica restringida por anel de metal; (b) areia em base metálica rígida; (c) almofada de neoprene não confinada (adaptado de BEZERRA, 2007). O capeamento com almofadas elastoméricas está sendo amplamente utilizado no Brasil e no mundo, mas ainda existem poucos estudos a respeito do seu emprego (BEZERRA, 2007). O principal elastômero utilizado tem sido o Policloroprene, comercialmente conhecido como Neoprene. Ele pode ser utilizado na forma não confinada ou confinada; contudo a primeira apresenta inconsistência de resultados quando comparada à utilização do enxofre (MARCO, REGINATTO e JACOSKI, 2003). ANAIS DO 51º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2009 51CBC0000 5

Na forma confinada utiliza-se uma base metálica cuja função é restringir a deformação lateral do elastômero (figura 3a). A norma ASTM C 1231 (ASTM, 2000) não recomenda a utilização deste sistema para concretos com resistência abaixo de 10 MPa ou acima de 85 MPa; embora existam pesquisas com resultados satisfatórios para concretos de até 130 MPa (ACI, 1998). A tabela 1 apresenta as considerações da norma ASTM C 1231 (ASTM, 2000) para almofadas de neoprene. Tabela 1 Condições para uso de almofadas de Neoprene (adaptado de ASTM C 1231, 2000) Resistência à Compressão do corpo-de-prova (MPa) Dureza Shore A Teste de Qualificação Número Máximo de Reuso 10 a 40 50 Não 100 17 a 50 60 Não 100 28 a 50 70 Não 100 50 a 80 70 Necessário 50 Acima de 80 - Não Permitido - A borracha tem um período de utilização de até 1.000 vezes, desde que sejam observados alguns cuidados como não inverter o lado de aplicação da carga na borracha dentro da base metálica e trocá-la ao primeiro sinal de desgaste nas bordas, VIEIRA apud BEZERRA (2007). Sistemas de Desgaste Mecânico No caso do desgaste mecânico promove-se a remoção de uma fina camada de material do topo a ser preparado, proporcionando uma superfície lisa e livre de ondulações e abaulamentos; contudo durante este processo deve-se garantir a integridade estrutural das camadas adjacentes à camada removida. A Norma Mercosul NM 77:96 (CNM, 1996) recomenda a aplicação deste procedimento quando o corpo-de-prova apresentar uma base muito irregular e não se possa realizar o capeamento com enxofre. MARCO, REGINATTO e JACOSKI (2003) realizaram uma avaliação da eficiência de diversos métodos de preparação de topo para corpos de prova para um concreto de 20 MPa distribuído em 11 lotes de amostras. Os resultados por eles obtidos são apresentados na tabela 2. Tabela 2 Resultados do ensaio de resistência a compressão para diferentes tipos de preparação de topo de corpos de prova (adaptado de MARCO, REGINATTO e JACOSKI, 2003) Tipo de Preparação de Topo Parâmetro Neoprene confinado (MPa) Neoprene não confinado (MPa) Enxofre (MPa) Pasta de Cimento (MPa) Média 24,08 16,26 25,36 19,73 Desvio Padrão 1,13 2,22 0,90 0,70 COV 4,7 % 13,65 % 3,55 % 3,55 % COV coeficiente de variação. ANAIS DO 51º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2009 51CBC0000 6

Caracterização Química (%) Caracterização Física. 3 Materiais Utilizados e Metodologia Caracterização dos Materiais Cimento Portland Foram utilizados nesta pesquisa os cimentos CP II Z 32 RS e CP III 40 RS BC, cujas características fornecidas pelos fabricantes constam da tabela 3. Tabela 3 Características físicas e químicas do cimento utilizado. Determinação CP II Z 32 RS Resultados CP III 40 RS BC Água para consistência normal (%) 26,80 34,2 Área específica Blaine (cm 2 /g) 3540 4640 Massa Específica (g/cm 3 ) 3,04 2,93 Densidade Aparente (g/cm 3 ) 1,20 *NI Finura Resíduo na peneira #200 (%) 2,20 0,4 Resíduo na peneira #325 (%) 15,60 *NI Tempo de Pega Início (min) 150 280 Fim (min) 220 330 3 dias (MPa) 26,40 20,8 Resistência à Compressão 7 dias (MPa) 32,10 32,3 28 dias (MPa) *NI 42,9 C 3 S 67,00 54,61 Composição potencial do C 2 S 7,80 21,52 Clínquer C 3 A 7,80 9,81 C 4 AF 10,50 10,29 Perda ao fogo 4,39 0,61 Resíduo insolúvel 6,89 1,23 Al 2 O 3 5,20 5,86 SiO 2 20,60 21,87 Fe 2 O 3 3,50 3,38 CaO 65,00 65,11 MgO 2,66 1,07 SO 3 3,26 0,61 CaO livre 1,44 *NI Equivalente alcalino em Na 2 O 1,02 0,04 *NI = Não Informado ANAIS DO 51º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2009 51CBC0000 7

Agregados Os agregados utilizados; tanto miúdo quanto graúdo, possuem natureza mineralógica quartzosa. Ambos são comercializados na região metropolitana da cidade do Recife. O agregado graúdo foi caracterizado quanto a sua granulometria e densidade de massa aparente no estado seco. Os resultados obtidos encontram-se expressos nas tabelas 4 e 5 e a figura 3 representa a curva granulométrica da areia. Tabela 4 Características da areia natural e brita 1 Característica Areia Brita 1 Densidade de Massa Aparente (kg/dm 3 ) 1,47 1,43 Módulo de Finura 2,25 6,94 Coeficiente de Uniformidade (C = d 60 /d 10 ) 3,00 1,40 Tabela 5 Composição granulométrica da areia e brita utilizadas. Areia Brita 1 Peneiras (mm) (%retida) (% retida) 25 0,00 0,00 19 0,00 0,30 12,5 0,00 49,50 9,5 0,00 43,90 6,3 0,10 6,20 4,8 0,90 0,10 2,4 3,20 0,00 1,2 8,10 0,00 0,6 26,30 0,00 0,3 37,40 0,00 0,15 16,50 0,00 0,075 6,60 0,00 0,01 0,90 0,00 ANAIS DO 51º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2009 51CBC0000 8

% Passante. 100,0% 90,0% 80,0% 70,0% 60,0% 50,0% 40,0% 30,0% 20,0% 10,0% 0,0% 0,01 0,1 1 10 100 Peneiras (mm) Figura 3 Curva granulométrica da areia natural Materiais utilizados nos capeamentos Para a execução dos capeamentos foram utilizados pasta de enxofre puro e neoprene confinado, conforme descrito na tabela 6. Tabela 6 Materiais de capeamento utilizados. Tipo de capeamento Espessura (mm) Enxofre Puro 2 Neoprene 68 Shore A confinado 10 Arranjo Experimental O trabalho consistiu em avaliar a influência de diversas metodologias para regularização da superfície de corpos-de-prova (CP s) de concreto na resistência à compressão destes elementos. A primeira fase do experimento consistiu na confecção, cura e realização de ensaios laboratoriais dos corpos-de-prova. Com este objetivo foram preparadas duas famílias de concreto, ambas com o mesmo traço, diferindo entre si pelo tipo de cimento empregado na confecção do concreto. Para cada família foram moldados 60 corpos-de-prova de 10 cm x 20 cm, ambas com o mesmo abatimento (100+20)mm. A moldagem seguiu os procedimentos da NBR 5738 (ABNT, 1994) e o adensamento mecânico foi executado em duas camadas. Todos os CP s moldados foram imersos em tanque de cura após 24 horas da moldagem e permaneceram neste estado até 24 horas antes da realização dos ensaios. ANAIS DO 51º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2009 51CBC0000 9

O traço utilizado foi especificado para atender a classe de agressividade II, conforme os parâmetros prescritos na NBR 6118 (ABNT, 2004). A tabela 7 apresenta uma descrição para os parâmetros considerados e a tabela 8 apresenta as composições empregadas para cada uma das famílias estudadas. Tabela 7 Correspondência entre classe de agressividade e qualidade do concreto. Concreto Relação água/cimento em massa Classe de resistência do concreto (ABNT NBR 8953) Tipo Classe de agressividade I II III IV CA 0,65 0,60 0,55 0,45 CP 0,60 0,55 0,50 0,45 CA C20 C25 C30 C40 CP C25 C30 C35 C40 1 O concreto empregado na execução das estruturas deve cumprir com os requisitos estabelecidos na ABNT NBR 12655. 2 CA corresponde a componentes e elementos estruturais de concreto armado. 3 CP corresponde a componentes e elementos estruturais de concreto protendido. Tabela 8 Quantidade dos materiais utilizados na produção dos concretos. Família 1 Família 2 Materiais Traço em peso Traço em volume Traço para 1 m 3 Traço em peso Traço em volume Traço para 1 m 3 Cimento CP II F 32 RS 1,00 1,00 335 kg Cimento CP III 40 RS BC 1,00 1,00 340 kg Areia 2,29 2,00 768 kg 2,23 2,00 758 kg Brita 3,37 3,00 1.129 kg 3,27 3,00 1.112 kg Água 0,55 0,55 184,25 L 0,55 0,55 187 L Para cada uma das famílias estudadas foram avaliadas as seguintes condições de preparação dos topos dos corpos-de-prova: capeamento por pasta de enxofre, capeamento com almofada de neoprene confinada, desgaste mecânico por ação de retífica e corte do concreto por ação serra para cortar mármore. Para cada um destes parâmetros foram utilizados os resultados de 15 espécimes. As figuras 4 a 6 apresentam detalhes da preparação dos corpos-de-prova utilizados nesta pesquisa. ANAIS DO 51º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2009 51CBC0000 10

Figura 4 Preparação dos CP s com pasta de enxofre Figura 5 Preparação dos CP s por meio de retífica Figura 6 Preparação dos CP s por corte com serra mármore Ensaio de resistência à compressão Os ensaios de resistência à compressão foram realizados na idade de 28 dias, segundo a NBR 5739 (ABNT, 1980). O equipamento utilizado foi uma prensa eletromecânica com carga máxima para 100 toneladas, com sistema de medição digital, acoplado a um microcomputador com impressora, para processamento e obtenção dos resultados. ANAIS DO 51º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2009 51CBC0000 11

Resistência à Compressão (MPa). A tabela 9 apresenta os resultados dos ensaios de compressão realizados para cada uma das famílias estudadas. Infelizmente ocorreram danos no transporte de grande parte das amostras destinadas ao ensaio com capeamento por neoprene confinado para a família 2, inviabilizando a apresentação dos resultados. Tabela 9 Resultados dos ensaios de resistência à compressão para as famílias estudadas. Famílias Tipo de Cimento Ensaio de resistência à Compressão Tipo de Preparo de Topo fc médio aos 28 dias Desvio Padrão Coeficiente de (MPa) (MPa) Variação (%) Enxofre 26,47 0,35 1,33 1 CP II F 32 RS Retífica 24,31 0,82 3,38 Corte Serra Mármore 19,60 2,31 11,77 Neoprene Confinado 24,90 1,60 6,44 Enxofre 39,03 1,17 3,00 2 CP III 40 RS BC Retífica 36,59 1,64 4,48 Corte Serra Mármore 27,81 2,59 9,32 Neoprene Confinado * * Não foi possível a apresentação dos resultados deste ensaio devido a problemas em grande parte dos espécimes, comprometendo a confiabilidade dos resultados. 4 Análise dos Resultados Ensaio de Resistência à Compressão As figuras 7 e 8 apresentam os resultados dos ensaios de resistência à compressão para cada uma das famílias estudadas, segundo o tipo de preparação de topo aplicado para o tratamento dos corpos-de-prova. CP II Z 32 RS 30,00 26,00 26,47 24,31 24,90 22,00 18,00 19,60 14,00 10,00 enxofre retífica corte neoprene Tipo de Preparação de Topo Figura 7 Resultados de resistência à compressão para a família 1 ANAIS DO 51º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2009 51CBC0000 12

Resistência à Compressão (MPa). Os resultados demonstram que o processo tradicional recomendado pela NBR 5738/2003 (ABNT, 2003), qual seja o de regularização de topo por capeamento com pasta ou argamassa de enxofre, apresentou desempenho eficiente e menor variação nos resultados (ver tabela 9). Contudo, as avaliações realizadas também indicam desempenhos satisfatórios para a utilização de sistemas não colados, neste caso, para a utilização dos processos de desgaste mecânico com a utilização de retífica e para o uso de neoprene confinado. Estes resultados eram esperados e estão de acordo com o que se observa na literatura (MARCO, REGINATTO e JACOSKI, 2003; BEZERRA, 2007). Para os ensaios na família 1, com a utilização de um cimento CP II Z 32 RS, observa-se que o resultado com a utilização do neoprene confinado é o que mais se aproxima daquele observado para o uso do enxofre, representando cerca de 94% do valor obtido para as amostras com enxofre. Além disso, há que se considerar que o coeficiente de variação destas amostras não ultrapassou 6,5%, indicando uma boa confiabilidade de resultados. Nesta análise outros pontos precisam ser considerados, pois aliado ao bom desempenho dos resultados, a utilização de sistemas não colados oferece vantagens substanciais do ponto de vista da praticidade de execução do ensaio e da saúde dos laboratoristas, eliminando os riscos de contaminação por gases tóxicos, como acontece no caso da utilização do enxofre. O desempenho atingido pela técnica de desgaste superficial com a ação da retífica também resultou satisfatória, pois os resultados se encontram muito próximos daqueles obtidos para o capeamento com enxofre (~ 92%), e com uma variação de resultados muito pequena (3,38%). CP III 40 RS BC 44,00 40,00 36,00 39,03 36,59 32,00 28,00 24,00 20,00 27,81 enxofre retífica corte Tipo de Preparação de Topo Figura 8 Resultados de resistência à compressão para a família 2 ANAIS DO 51º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2009 51CBC0000 13

Para os ensaios na família 2, com a utilização de um cimento CP III 40 RS BC, procurouse obter informações para os casos onde ocorresse um adensamento das matrizes cimentícias, proporcionando um leve aumento nos resultados de resistência para traços semelhantes e mesmos materiais. Também neste caso, o melhor desempenho ficou a cargo do capeamento por enxofre; mostrando um resultado satisfatório para o desgaste por retífica (melhor ainda que no primeiro caso: ~ 94% e dispersão de 4,48%). Por fim, deve-se considerar outra forma de preparação de topos, analisada neste caso como uma forma alternativa para a ação da retífica, ou seja, a utilização de corte do corpo-de-prova por ação de serra para corte de mármore. Os resultados obtidos neste caso não apresentaram bom desempenho, uma vez que seus índices se mostraram quase 30% inferiores aos valores obtidos para o capeamento com enxofre e também demonstraram os maiores índices de dispersão das amostras em ambos os casos estudados. Uma observação interessante para esta situação pode ser obtida sob a luz de ciência e engenharia dos materiais. Com base nesta perspectiva, pode-se inferir que o efeito constatado está provavelmente associado ao nível de agressão imposto às amostras, gerando elevado número de imperfeições no sólido; em primeiro plano aumentando a energia livre na superfície externa e em segundo plano favorecendo o surgimento de defeitos volumétricos (micro-trincas). O aumento dessa energia livre na superfície implica no surgimento de uma pré-tensão para as amostras ensaiadas, reduzindo a capacidade do sólido em receber tensões externas. A presença dos defeitos volumétricos favorece a propagação das tensões segundo os contornos criados. A ação conjunta destas imperfeições provoca a ruptura do material a tensões relativamente mais baixas, refletindo em um menor desempenho para os corpos-de-prova (CALLISTER JR, 2002). 5 Conclusões É incontestável a importância do ensaio de resistência à compressão como fonte de obtenção de parâmetros, diretos ou indiretos, para análise do desempenho de estruturas de concreto. Dentre os diversos parâmetros que influenciam os resultados deste ensaio destacam-se os mecanismos de preparação dos topos dos corpos-de-prova. Diversos procedimentos para preparação de topos de corpos-de-prova estão disponíveis para execução; contudo, verificou-se que os melhores desempenhos ainda são obtidos quando da utilização de sistemas colados, mais especificamente, quando da opção de utilização de pasta de enxofre. ANAIS DO 51º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2009 51CBC0000 14

Entretanto, mesmo no caso do capeamento com enxofre, para se garantir um adequado desempenho das amostras, é imprescindível que seja verificada a perfeita planicidade dos pratos (Figura 1) utilizados como base para a colocação do enxofre, evitando surgimento de concavidades na superfície de ensaio. Embora o capeamento com enxofre apresente os melhores resultados, existem outros métodos que também indicam resultados satisfatórios, embora um pouco inferiores quando comparados com o enxofre; contudo, para os casos estudados esta redução não chega a representar nem 10% em relação ao primeiro. Nesta categoria incluem-se os preparos através de desgaste superficial por meio de retífica e a utilização de sistemas com neoprene confinado. Ambos representam uma boa alternativa de execução. No caso da utilização de neoprene observa-se que é de fácil manuseio e ainda contribuir para a eliminação de riscos à saúde dos operadores e laboratoristas. Evidente que existem cuidados imprescindíveis para a adoção do neoprene; principalmente no aspecto do tempo de vida útil do material. Estudos que visem caracterizar melhor os limites de utilização deste material em função da quantidade de ensaios realizados podem fornecer informações preciosas ao meio técnico e científico, proporcionando maior confiabilidade a esta metodologia de ensaio. Verificou-se ainda que a proposta alternativa de corte do corpo-de-prova por meio de utilização de serra para cortar mármore não é adequada, por proporcionar um nível de agressão ao sólido que interfere negativamente no desempenho mecânico das amostras, reduzindo a capacidade de suporte de carga e aumentando significativamente a variabilidade dos resultados. Para próximos estudos, recomenda-se que seja avaliado, além das dispersões de valores encontrados em amostras de uma mesma família, as formas de ruptura encontradas, que podem representar eventuais concentrações de tensões nas superfícies dos corpos-deprova. 6 Referências AMERICAN CONCRETE INSTITUTE - ACI 363.2R-98 - Guide to quality control and testing of High-Strength Concrete. ACI Committee 363, 1998. AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM C 39 Standard test method for compressive strength of cylindrical concrete specimens. ASTM Committee C09 on Concrete and concrete Aggregates, 2003. ANAIS DO 51º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2009 51CBC0000 15

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