HIV e Acupuntura: Perspectivas e Qualidade de Vida



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HIV e Acupuntura: Perspectivas e Qualidade de Vida Dr Marco Broitman Unidade de Medicinas Tradicionais SMS São Paulo Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo Hospital Estadual Mário Covas de Santo André - SP

Introdução Processo histórico: doença aguda e fatal, para doença crônica Impacto na qualidade de vida Manifestações clínicas Aspectos psicológicos Aspectos sociais Tratamento

Qualidade de Vida

Qualidade de Vida Definição: Qualidade de vida relacionada à saúde Entendimento intuitivo Relacionada com atributos físicos, cognitivos, sociais e sensação subjetiva de bem-estar Um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença (OMS)

Qualidade de Vida Importância da mensuração Entender impacto da doença e do tratamento em diversos aspectos Entender se o tratamento se traduz em benefício real para o paciente Considera um aspecto subjetivo da avaliação.

Qualidade de Vida Métodos de mensuração Instrumentos de Avaliação - Questionários Inespecíficos / Específicos Entrevista / Auto-aplicáveis

Qualidade de Vida WHOQOL-HIV WHOQOL-HIV

Qualidade de Vida Factors Affecting Quality of Life in Patients With HIV infection Fadiga: afeta saúde física e mental Anorexia / Náusea: funcionamento físico, global e escalas de dor e disposição Perda ponderal: impacto limitado na QDV Pneumocistose: afeta funcionamento global (ocupacional) Diarréia: deteriorização das atividades sociais, atividades diárias, energia e senso de bem estar. Antoine et al - AIDS Read 2001;11(9):450-461

Qualidade de Vida Factors Affecting Quality of Life in Patients With HIV infection Dor: contribui consideravelmente para morbidade funcional e psicológica Disfunção sexual: menores avaliações nas escalas de QDV ARV: queda na QDV a curto prazo e posterior elevação Depressão: impacto na QDV saúde mental, aspecto social e saúde de maneira geral. Antoine et al - AIDS Read 2001;11(9):450-461

Uso de Terapias Complementares

Uso de Terapias Complementares Complementary and Alternative Medicine Use Among Adults: United States, 2002 N = 31.044 74,6% usou TC alguma vez (4,0 % acupuntura) 62,1% usou TC nos últimos 12 meses (1,1% acupuntura) Motivo para uso: 54 % associação com medicina ocidental é benéfica 50 % interesse em experimentar 26 % sugerido pelo médico 28 % desacreditados da medicina ocidental 13 % alto custo da medicina ocidental Adv. Data: n 343 - May 27, 2004 -CDC

Uso de Terapias Complementares Uso de terapias complementares (TC) em doenças crônicas: Pacientes com câncer: 83% 1 Pacientes com artrite: 90% 2-3 1-Richardson et al.- J Clin Oncol 2000;18:2505 2514 2-Cronam et al. - Arthritis Rheum 1989;32:1604 1607 3-Rao et al. - Ann Intern Med 1999;131:409 416).

Uso de Terapias Complementares Medicina não-convencional: prevalência em pacientes oncológicos N = 105 63,81% - uso de medicina não-convencional 90,47% - não receberam orientações Rev Bras de Cancerologia 2002; 48(4): 523-53

Uso de Terapias Complementares e HIV

Uso de Terapias Complementares e HIV Alternative medicine use in HIV-positive men and women: demographics, utilization patterns and health status N = 1.675 Uso de Terapias Complementares: 1210 substâncias (86 + 1124) 119 profissionais de saúde (21 + 98) 282 atividades de saúde (46 + 236) Acupuntura: 45,4 % Acupressura: 11,8 % AIDS Care 2001; 13 (2): 197 208

Uso de Terapias Complementares e HIV Alternative medicine use in HIV-positive men and women: demographics, utilization patterns and health status 31,3% - trabalho conjunto entre profissionais 61,3% - sabem do uso de TC, mas não tem coordenação 44,2% - sabem do uso de medicina convencional, mas não tem coordenação 3,5 % - usando somente terapias complementares 9,9% - não informaram sobre uso de TC 4,2% - não informaram sobre uso de tratamento convencional AIDS Care 2001; 13 (2): 197 208

Uso de Terapias Complementares e HIV Alternative medicine use in HIV-positive men and women: demographics, utilization patterns and health status Motivo para uso de Terapias Complementares: 15,6 % já obtiveram experiências positivas 12,8 % sentem-se bem e reduzem os sintomas 12,8 % experiências negativas com medicamentos 10,8 % acham importante abordagem holística 10,0 % manter a saúde 4,0 % combater ou curar HIV/AIDS AIDS Care (2001); 13 (2): 197 208

Uso de Terapias Complementares e HIV Use of Complementary Medicine by Adult Patients Participating in HIV/AIDS Clinical Trials (n=100): 91% usou TC alguma vez na vida 64% usou antes e depois do diagnóstico de HIV 20% passou a usar TC após o diagnóstico 7% usou antes do diagnóstico, mas não depois Acupuntura: 8% antes e 17% depois do diagnóstico 97 pacientes com intercorrências clínicas após diagnóstico 63% procurou médico convencional + terapias complementares Nenhum paciente fez uso de TC isoladamente. J Altern Complement Med 2000;6:415 422.

Uso de Terapias Complementares e HIV Use of Complementary and Alternative Therapies by Patients With Human Immunodeficiency Virus Disease in the Era of Highly Active Antiretro viral Therapy N = 642 Uso de TC: 72% TC ingeríveis : 59,9% (25% isoladamente) TC não ingeríveis : 46,8% (11,9% isoladamente) Acupuntura: 20% das TC não ingeríveis Uso de TC não excluiram consultas convencionais Uso de TC não relacionado à variáveis clínicas. J Alt Complement Med 2003;9(1):65 76

Uso de Terapias Complementares e HIV 80 70 60 50 40 30 20 10 0 1995 1996 1997 1998 1999 HAART TCI I.P. J Alt Complement Med 2003;9 (1): 65 76

Acupuntura e HIV

Organização Mundial de Saúde - OMS 1. Afecções para as quais a Acupuntura foi provada através de estudos clínicos controlados ser um tratamento efetivo; 2. Afecções para as quais os efeitos terapêuticos da Acupuntura foram demonstrados, porém mais comprovação é necessária; 3. Afecções sobre as quais somente estudos controlados individuais relatam alguns efeitos terapêuticos, mas que valem ser tentados, porque tratamento convencional ou outras terapias são pouco efetivas; 4. Afecções nas quais a Acupuntura pode ser tentada por um profissional com conhecimento médico moderno e equipamento de monitoramento adequado. Acupuncture: Review and analysis of reports on controlled clinical trials. Genebra, 2002.

OMS 1 Afecções para as quais a Acupuntura foi provada através de estudos clínicos controlados ser um tratamento efetivo. Artrite Reumatoide Disenteria Dor odontológica Leucopenia AVC Dismenorréia Dor pós-op Náuseas e vômitos Cefaléia Distensão Epicondilite Periartrite ombro Ciática Dor cervical Epigastralgia Posição fetal Cólica biliar Dor facial Hiperemese Rinite alérgica Cólica renal Dor joelho Hipertensão RT e QT Depressão Dor lombar Hipotensão Trabalho de parto Acupuncture: Review and analysis of reports on controlled clinical trials. Genebra, 2002.

OMS 1 Afecções para as quais a Acupuntura foi provada através de estudos clínicos controlados ser um tratamento efetivo. Artrite Reumatoide Disenteria Dor odontológica Leucopenia AVC Dismenorréia Dor pós-op Náuseas e vômitos Cefaléia Distensão Epicondilite Periartrite ombro Ciática Dor cervical Epigastralgia Posição fetal Cólica biliar Dor facial Hiperemese Rinite alérgica Cólica renal Dor joelho Hipertensão RT e QT Depressão Dor lombar hipotensão Trabalho de parto Acupuncture: Review and analysis of reports on controlled clinical trials. Genebra, 2002.

OMS 2. Afecções para as quais os efeitos terapêuticos da Acupuntura foram demonstrados, porém mais comprovação é necessária; Acne Dependência Dor oncológica ITU recorrente Artrite gotosa Desintoxicação Epistaxe simples Insônia Asma Diabetes tipo II Esquizofrenia Outras dores Colecistite/colelit. Disfunção ATM Espasmo facial Obesidade Colite ulcerativa Disfunção sexual Hepat. B- portador Prurido Coqueluche Dist. Gastrocinético Herpes Zóster Sd. Pré-menstrual Demência vascular Dor abdominal Hiperlipidemia Urolitíase Acupuncture: Review and analysis of reports on controlled clinical trials. Genebra, 2002.

OMS 2. Afecções para as quais os efeitos terapêuticos da Acupuntura foram demonstrados, porém mais comprovação é necessária; Acne Dependência Dor oncológica ITU recorrente Artrite gotosa Desintoxicação Epistaxe simples Insônia Asma Diabetes tipo II Esquizofrenia Outras dores Colecistite/colelit. Disfunção ATM Espasmo facial Obesidade Colite ulcerativa Disfunção sexual Hepat. B- portador Prurido Coqueluche Dist. Gastrocinético Herpes Zóster Sd. Pré-menstrual Demência vascular Dor abdominal Hiperlipidemia Urolitíase Acupuncture: Review and analysis of reports on controlled clinical trials. Genebra, 2002.

Acupuntura e HIV Use of Noninvasive Electroacupuncture for the Treatment of HIV-Related Peripheral Neuropathy: A Pilot Study N=11, 7 terminaram o estudo 5 dos 7 participantes obtiveram melhora após 30 dias (dor e força muscular) J Altern Complement Med 1999;5:135-42

Acupuntura e HIV Effect of Acupuncture Administered in a Group Setting on Pain and Subjective Peripheral Neuropathy in Persons with Human Immunodeficiency Virus Disease N = 21 Atendimento individualizado, 5 semanas, 10 aplicações Redução significativa no escore de escala de dor (39 a 50%) Redução significativa no escore de Neuropatia Periférica (43 a 56%) J Altern Complement Med 2004;10:449-455

Acupuntura e HIV Effects of Individualized Acupuncture on Sleep Quality in HIV disease. N = 21 Uso de pontos individualizado 5 semanas, 2 vezes por semana Melhora significativa do tempo e qualidade do sono. J Assoc Nurses AIDS Care 2001;12: 27-39

Considerações Finais

Considerações finais Doenças crônicas exigem uma abordagem ampla e complexa, com visão global do paciente. Em pacientes HIV+, assim como em outras doenças crônicas, é grande a prevalência de uso das TC (e acupuntura) independente de eficácia comprovada, ou não. Existem inúmeros fatores que levam o paciente ao uso de terapias complementares.

Considerações finais Existem poucos estudos (e limitados) avaliando o uso da acupuntura em pacientes HIV+. Existem inúmeros fatores que afetam a qualidade de vida nos pacientes HIV+ e a ACP pode atuar em diversos deles: Depressão Disenteria Dor Náuseas / Vômito Qualidade sono Dependência química Desintoxicação Disf. Sexual Herpes Zóster Dist. gastro-intestinais

Considerações finais O uso de TC isoladamente é muito raro. O uso associado é muito frequente. O atendimento coordenado de práticas alopáticas e complementares é pouco frequente O uso de TC/ACP não é vista como substituição do tratamento convencional, tanto para médicos, quanto para os pacientes. É grande o número de práticas terapêuticas não convencionais. Qual delas é segura?

Considerações finais Perspectivas para acupuntura: Investigação clínica Ampliação atendimento em acupuntura para pacientes HIV+ Acupuntura como tratamento imunológico Exercício da acupuntura de maneira responsável

Qualidade de Vida Congruência entres os sonhos, ambições, esperanças para o futuro, estilo de vida atual, e experiências de um indivíduo Calman - J Med Ethics. 1984;10:124-127

OBRIGADO! dr.broitman@uol.com.br