Acresce Seção I A e altera os artigos 156 e 157 da Lei 8.069, de 1990 Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências.



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Transcrição:

PL 178/2003 Acresce Seção I A e altera os artigos 156 e 157 da Lei 8.069, de 1990 Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Projeto de Lei nº 178, de 2003 (Do Sr. Reginaldo Lopes) Acresce Seção I A e altera os artigos 156 e 157 da Lei 8.069, de 1990 Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. O Congresso Nacional decreta: Art. 1º. A Seção I do Capítulo III da Lei n.º 8.069, de 1990 Estatuto da Criança e Adolescente, passa a vigorar acrescido da seguinte Seção: Seção I A Da Preservação dos Vínculos Familiares Art. 154 A. O procedimento para a preservação dos vínculos familiares será iniciado por técnicos de entidades de abrigo, imediatamente após o recolhimento da criança ou adolescente, com base no disposto pelo artigo 92, com vistas à reintegração familiar. 1º. Sempre que possível, os técnicos devem procurar outros membros da família para cumprir a finalidade de reintegração social. 2º. As famílias devem ser inseridas em programas de apoio e proteção ao abandono, nos termos do que dispõe o artigo 23 e seu parágrafo único. 3º. Havendo constatação imediata da inviabilidade da preservação dos vínculos familiares, devido a gravidade ou excepcionalidade do caso, será encaminhado parecer fundamentado à autoridade judiciária, com vistas a subsidiar a ação de perda ou suspensão do pátrio poder. 4º. Aceitando o parecer de que trata o parágrafo anterior, a autoridade judiciária encaminhará os autos ao Ministério Público, para que proponha a ação de perda de pátrio poder, observando o que dispõe o artigo 157 e seus parágrafos. 5º. Caso a autoridade judiciária não aceite o parecer de que trata o 3º, determinará à entidade de abrigo as medidas que entender necessárias. 6º. O prazo para esgotamento das tentativas de preservação dos vínculos familiares é de três meses. 7º. O prazo de que trata o parágrafo anterior poderá ser prorrogável por

igual período pela autoridade judiciária, mediante decisão fundamentada, desde que evidenciadas as possibilidades de sucesso dos trabalhos de preservação dos vínculos familiares em andamento. 8º. Se, ao término do prazo de que trata o parágrafo anterior, ficar caracterizado o insucesso das tentativas de preservação do vínculo familiar, os dirigentes da entidade de abrigo encaminharão, no prazo de 48 horas, parecer fundamentado à autoridade judiciária, a qual procederá nos termos do 4º. Art. 2. O art. 156 da Lei n.º 8.069, de 1990 Estatuto da Criança e do Adolescente, passa a vigorar com seguinte redação: Art. 156. O procedimento para a perda ou a suspensão do pátrio poder terá início por provocação do Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse; e sua tramitação, assegurado o contraditório, não poderá exceder o prazo de seis meses, contatos da data da juntada aos autos do mandado de citação do responsável pela criança ou adolescente. Art.3. O art. 157 da Lei n.º 8.069, de 1990 Estatuto da Criança e do Adolescente, passa a vigorar com a seguinte redação: Art. 157. Recebendo os autos nos termos do 3º do artigo 155, o Ministério Publico proporá, em quinze dias, improrrogáveis, o procedimento de perda do pátrio poder ou retornará os autos ao juízo, fundamentando a não-propositura da ação. 1º. A autoridade judiciária, ao receber os autos nos termos do caput, sem que tenha sido proposto o procedimento de perda de pátrio poder, e concordando com as razões, determinará as medidas necessárias. 2º. Caso a autoridade judiciária discorde da não-propositura do procedimento de perda de pátrio poder, remeterá, em quinze dias, improrrogáveis, os autos ao órgão Superior do Ministério Público, para redistribuição e novo exame, que deverá obedecer aos prazos e à sistemática prevista neste artigo. 3º. É vedado ao Ministério Público deixar de propor o procedimento de perda de pátrio poder sem que proponha a adoção de medidas tendentes a preservação dos vínculos familiares, as quais devem ser inovadoras com relação as já tentadas pela entidade de abrigo e não poderão exceder o prazo de que trata o artigo 155, 6º. Art. 4º. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. Justificativa A realidade em que vivem as crianças e adolescentes que moram em abrigos em todo o pais é gritante, como constatou a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados em dezembro de 2001, período em que visitou abrigos em vários

estados do Brasil. Uma realidade que percebe-se a distorção do objetivo fim desses abrigos, que deveria ser de proteção, calor humano, torna-se uma experiência de exílio familiar, em sua maioria, onde ficarão praticamente detentas nesses estabelecimentos até alcançarem sua maior idade. Essas crianças e adolescentes desejam apenas a felicidade, como quaisquer crianças de famílias estruturadas. Querem um pai, uma mãe, mas, sem a intervenção do Poder Público, hoje fica difícil. Infelizmente, hoje a maioria dos casais que fazem parte da fila de adoção preferem crianças recém nascidas criadas a base de danoninho, ou seja, brancas, olhos claros, face coroada, rechonchudas e sorridentes. Porém as crianças que encontramos nesses abrigos não estão nesses padrões. Na grande maioria possuem rostos entristecidos, nutrição a desejar, são mestiças, pardas e negras. Geralmente já estão em idade avançada, muitas sofrem violências psicológicas e físicas. Essas crianças estão marginalizadas do processo de adoção devido seu perfil. A ótica estabelecida é que o processo de adoção deve encontrar uma criança para uma família que não possui filhos, sendo que, o inverso temos que fazê-lo ser verdadeiro, pois, hoje, não é. É ponto pacífico que o poder público deve esgotar todos os meios para a recuperação dos laços familiares biológicos entre pais e filhos, deve estimular a reaproximação e propor políticas públicas para a viabilização disto como a criação de emprego, auxílios sociais, assistência psicológica, escolas próximas as residência, entre outras ações que poderíamos enumerar. Porem, existem casos que comprovadamente existe a condição de abandono total, mas, a criança espera por anos de decisão judicial, o que transforma as casas de passagem em verdadeiros depósitos de exilados, condenados a própria sorte. Procuramos, então, ao fixar prazos e regular uma dinâmica de prevenção ao abandono, corrigir o que nos parece ser uma lacuna do estatuto. O mesmo diploma legal que fixou um prazo limite para a execução de medidas de privação de liberdade para adolescentes que praticam atos infracionais graves, não apresentou qualquer prazo limite para a destituição do pátrio poder o que, na maioria das vezes, tem implicado na lamentável prática de uma exclusão pelo abrigamento. Num pais em que se pratica a exclusão social sem remorsos, o abandono das

crianças face mais cruel do descaso do estado com seus cidadãos está a exigir solução urgente, porque urgentes são suas necessidades, precisamente em função de sua condição de pessoa em desenvolvimento. Tão fundamental é esse direito, que o ECA previu que esgotados os recursos de manutenção na família de origem, a criança ou o adolescente será colocado em família substituta, rompendo a concepção que tem atravessado séculos de que a família só pode ser entendida dentro de um contexto físico-biológico, propondo laços de afeto, diante da falência dos laços de sangue. Assim sendo recuperável a convivência ou permanência da criança com sua família biológica, o juiz poderá suspender ou destituir-lhes do pátrio poder, liberando a criança ou adolescente para que possa ser escolhida e aceita em uma família substituta, seja em guarda ou adoção. Importante observar não se estar propondo, ao arrepio da lei, que os pobres e miseráveis, maioria esmagadora da população brasileira, renunciem ao direito de constituir e manter uma família. Em boa hora o estatuto veio pacificar que a falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo suficiente para perda ou suspensão do pátrio poder, inexistindo outro motivo que por si só autorize a decretação da medida extrema, a criança ou adolescente será mantida em sua família de origem, a qual, obrigatoriamente, deverá ser incluída em programas oficiais de auxílio. É com os olhos voltados para as crianças e adolescentes cuja a preservação dos vínculos familiares restou inviabilizada, mediante constatação expressa e fundamentada exagerada pelos técnicos dos abrigos e do judiciário que propomos a necessária alteração no ECA, afim de que passe a constar, na lei, prazo para a perda e suspensão do pátrio poder, oferecido como alternativa para Para esse universo infanto-juvenil o tempo urge, porque é hoje e não amanhã que estão formando suas células, que foi deflagrado o seu processo de crescimento e desenvolvimento. Impossível permanecermos todos, sociedade e estado, impassíveis ao seu sofrimento público e histórico. Ao fim e ao cabo, o que se está propondo é um olhar solidário ao exército de crianças e adolescentes que cresce silenciosamente entre os muros dos abrigos e ruidosamente nas ruas, para as quais restou inviabilizada a convivência ou permanência com sua família biológica e que amargam a falta de família e a falta de afeto, devido a inércia dos poderes públicos instituídos e à falta de

vontade política. O que se pretende é dar voz aos que não tem voz, retirando-os do limbo da burocracia estadual e da indiferença social e outorgando-lhes efetivamente, a cidadania a que têm direito. Sala das Sessões, de de 2003. Deputado REGINALDO LOPES PT-MG.