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Transcrição:

CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA EMENTA: ACORDO BÁSICO DE COOPERAÇÃO CIENTÍFICA, TÉCNICA E TECNOLÓGICA ENTRE O GOVERNO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL E O GOVERNO DA REPÚBLICA DE CUBA AJUSTES COMPLEMENTARES AO ACORDO PROJETOS DE COOPERAÇÃO MÉDICA PROFISSIONAL ESTRANGEIRO. ORIGEM: GASTROCLÍNICA Referência: Protocolo CFM nº 2138/97 INTERESSADO: DR. N. J. F. L. - CONSELHEIRO DO CRM PARECER Nº 119/97 do Setor Jurídico Aprovado em Reunião de Diretoria do dia 18/9/1997. PARECER O Dr. N. J. F. L., Conselheiro do Conselho Regional de Medicina encaminha expediente a este CFM formulando os quesitos abaixo elencados, quais sejam: - É possível médicos cubanos exercerem atividade profissional no País? - Estes médicos não estão regularizados no CRM, qual a implicação legal para os Hospitais e diretores clínicos dos mesmos aonde os referidos médicos estão atuando? - Existe convênio firmado entre o governo brasileiro e o cubano para tal prática? - Os Secretários Municipais de Saúde poderão ser acionados? E em caso de erros causados pelos referidos médicos? e os Prefeitos Municipais? - Existem faculdades realizando adequação curricular para os referidos médicos? - Existe uma reserva de mercado para profissionais de nível superior? - Finalmente, como o CFM pretende corrigir tal fato? Com o fito de melhor elucidar o tema, este Setor Jurídico opinou por bem efetuar pesquisa junto ao Ministério das Relações Exteriores e o Ministério da Saúde objetivando nutrir o presente parecer de amparo legal. Dessa feita, constatamos que existe um Acordo Básico de Cooperação científica, técnica e tecnológica firmado entre Brasil e Cuba, acerca do qual passamos a discorrer.

I - ACORDO BÁSICO DE COOPERAÇÃO CIENTÍFICA, TÉCNICA E TECNOLÓGICA FIRMADO ENTRE O GOVERNO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL E O GOVERNO DA REPÚBLICA DE CUBA Em 18 de março de 1987 foi firmado um Acordo Básico de Cooperação Científica, Técnica e Tecnológica entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República de Cuba. Este acordo prevê o desenvolvimento recíproco da cooperação científica, técnica e tecnológica, com base em interesses e benefícios mútuos em setores a serem estabelecidos por via diplomática. Cumpre destacar, em apertada síntese, alguns pontos de relevância nele previstos, quais sejam: I - A cooperação científico-tecnológica será desenvolvida através de: a) Intercâmbio de cientistas, técnicos e especialistas; b) contratação de mão-de-obra de especialistas e técnicos para fins de transmissão de experiências científicas; c) pesquisa conjunta; d) organização de seminários; e) intercâmbio mútuo de documentação e informações; f) intercâmbio de resultados de pesquisas e experimentos; g) outras formas de cooperação científica e tecnológica. II - Modalidades de cooperação técnica: a) Permuta de informações; b) formação e aperfeiçoamento profissional; c) implantação de projetos conjuntos; d) Intercâmbio de técnicos e consultores; e) organização de seminários, simpósios e conferências; f) envio de equipamentos e materiais necessários à realização de projetos específicos; g) qualquer outra forma de cooperação. III - Os programas e projetos de cooperação científica, técnica e tecnológica serão objeto de Ajustes Complementares, os quais deverão ser celebrados em estrita observância das disposições legais vigentes em cada país, e conter as especificações relativas a objetivos e procedimentos para a sua execução. IV - A permuta será efetuada entre os órgão autorizados, por via diplomática. V - Existe uma Comissão Mista Brasil - Cuba, que terá a incumbência de deliberar sobre assuntos relacionados com a execução deste Acordo, bem como dos Ajustes Complementares, avaliando periodicamente os resultados alcançados, e será coordenada pelo Ministério das Relações Exteriores no Brasil e pelo Comitê de Colaboração Econômica em Cuba. 2

VI - O financiamento das modalidades de cooperação científica serão convencionados pelas partes no âmbito de cada projeto. VII - As partes deverão facilitar a entrada de cientistas, técnicos e consultores em seu território. VIII - Os cientistas, técnicos e consultores enviados ao País em função deste Acordo guiar-se-ão pelas disposições dos Ajustes Complementares específicos e estarão sujeitos às leis e regulamentos vigentes no território do país anfitrião. Diante do exposto, depreende-se que se trata de diploma básico e genérico, o qual permite através de Ajustes Complementares, a adequação de programas específicos à sua regra, denominados, in casu, Projetos de Cooperação Médica. Outrossim, vale ressaltar, ainda, que o Acordo Básico não permite o exercício da profissão pelos profissionais cubanos dele participantes. II - REPRESENTAÇÃO DO BRASIL EM ACORDOS INTERNACIONAIS É oportuno consignar, que o Ministério das Relações Exteriores é o representante oficial do País nos Acordos e Tratados Internacionais. Portanto, qualquer Acordo firmado à sua revelia, ou seja, sem a devida homologação do Ministério das Relações Exteriores, não tem respaldo legal, a nível de Direito Internacional Público. Não obstante à necessidade peremptória de homologação pelo Itamaraty dos Projetos de Cooperação, nos projetos específicos que envolvem a saúde, o aval do Ministério da Saúde mostra-se, de igual modo, imperioso. III - AJUSTES COMPLEMENTARES Extrai-se dos termos do sobredito Acordo Básico, que os programas e projetos de cooperação científica, técnica e tecnológica serão objeto de Ajustes Complementares a serem celebrados em estrita consonância com os dispositivos legais vigentes em cada País. IV - PROJETOS DE COOPERAÇÃO MÉDICA Os Projetos de Cooperação Médica prevêem a transferência de tecnologia para a capacitação dos médicos brasileiros, objetivando a formação de agentes multiplicadores para atendimento primário, onde Cuba tem excelência. Por seu turno, caberá aos médicos participantes destes Projetos, exercerem tão somente as ações básicas determinadas no seu bojo, e em estrita consonância com os prazos e atividades ali estipuladas. 3

Cumpre ressaltar ainda, que o Ministério das Relações Exteriores, através da sua Agência Brasileira de Cooperação - ABC, autorizou a realização de apenas dois Projetos de Cooperação Médica, quais sejam: (i) em Caxias no Maranhão; e, (ii) em Angatuba em São Paulo. Diante disso, importa trazer a lume algumas questões de relevância albergadas pelos Projetos de Cooperação Médica, quais sejam: a) Vistos Os médicos participantes dos Projetos de Cooperação Médica recebem vistos específicos, determinados pela Divisão de Imigração do Ministério das Relações Exteriores, sendo-lhes vedado laborar no País. b) Vínculo Empregatício Não pode ser configurado qualquer vínculo empregatício entre os médicos cubanos e a instituição beneficiária, devendo seus atos se resumirem à exclusiva transferência de tecnologia e conhecimento. c) Atos médicos dos Profissionais Cubanos É vedado ao profissional cubano a prática de atos médicos no âmbito das instituições brasileiras. Outrossim, aqueles atos necessários à transferência de tecnologia tem o respaldo do Acordo Básico firmado entre Brasil e Cuba, desde que discriminados nos Projetos de Cooperação Médica respectivos. Contudo, quando da realização destes atos, é mister a supervisão deste profissional por médicos brasileiros. Frise-se, ainda, que não é necessário o registro dos médicos cubanos junto ao CRM da jurisdição onde está fixado. Convém ressaltar, que o ato médico acima referido não se trata de atendimento, mas somente da transferência de tecnologia e conhecimentos. Por fim, é oportuno repetir que é vedado a estes profissionais o exercício da profissão no País. Assim, caso os médicos estejam exorbitando os lindes das atribuições que lhes são conferidas pelo Projeto de Cooperação Médica, ou seja, efetivamente desempenhando sua profissão em território nacional, tal fato deverá ser comunicado ao Ministério das Relações Exteriores, especificamente à Agência Brasileira de Cooperação, para que sejam tomadas as providências cabíveis. d) Avaliação dos Projetos A fiscalização e avaliação dos Projetos de Cooperação em andamento (Caxias-MA e Angatuba-SP) é de competência e atribuição do ABC - Agência Brasileira de Cooperação, órgão do Ministério das Relações Exteriores responsável pelos Projetos de Cooperação Médica. 4

Esta avaliação é realizada anualmente, tendo a última se efetivado em dezembro de 1996, apresentando resultados bastante positivos, segundo informações do Itamaraty. V - ESTRANGEIROS CONTRATADOS PARA TABALHAR EM TERRITÓRIO NACIONAL, NÃO PARTICIPANTES DO ACORDO BÁSICO FIRMADO ENTRE BRASIL E CUBA (a) Visto 6.815/80), temos que: Em remessa à Lei do Estatuto do Estrangeiro (Lei nº Art. 13 - O visto temporário poderá ser concedido ao estrangeiro que pretenda vir ao Brasil: I - em viagem cultural ou em missão de estudos; II - em viagem de negócios; III - na condição de artista ou desportista; IV - na condição de estudante; V - na condição de cientista, professor, técnico ou profissional de outra categoria, sob o regime de contrato ou a serviço do Governo brasileiro; VI - na condição de correspondente de jornal, revista, rádio, televisão ou agência noticiosa estrangeira; e VII - na condição de ministro de confissão religiosa ou membro de instituto de vida consagrada e de congregação ou ordem religiosa.... Art. 15 - Ao estrangeiro referido nos ítens III ou V do artigo 13 só se concederá o visto se satisfazer as exigências especiais estabelecidas pelo Conselho Nacional de Imigração e for parte em contrato de trabalho, visado pelo Ministério do Trabalho, salvo no caso de comprovada prestação de serviço ao Governo brasileiro. Art. 99 - Ao estrangeiro titular de visto temporário e ao que se encontre no Brasil na condição do artigo 21, parágrafo 1º, é vedado estabelecer-se com firma individual, ou exercer cargo ou função de administrador, gerente ou diretor de sociedade comercial ou civil, bem como inscrever-se em entidade fiscalizadora do exercício de profissão regulamentada. Parágrafo único - aos estrangeiros portadores do visto de que trata o inciso V do art. 13 é permitida a inscrição temporária em entidade fiscalizadora do exercício de profissão regulamentada Art. 100 - o estrangeiro admitido na condição de temporário, sob regime de contrato, só poderá exercer atividade junto à entidade pela qual foi contratado, na oportunidade da concessão do visto, salvo autorização expressa do Ministério da Justiça e ouvido o Ministério do Trabalho. Art. 132 - Fica o Ministério da Justiça autorizado a instituir modelo único de cédula de identidade para estrangeiro, portador de visto temporário ou permanente, a qual terá 5

validade em todo território nacional e substituirá as carteiras de identidade em vigor. Parágrafo único - enquanto não for criada a cédula de que trata este artigo, continuarão válidas: I - as carteira de identidade emitidas com base no artigo 135 do Decreto nº 3.010 de 20 de agosto de 1938, bem como as certidões de que trata o 2º do artigo 149 do mesmo Decreto; e II - as emitidas e as que o sejam com base no Decreto-Lei nº 670, de 3 de julho de 1969, e nos artigos 57, 1º, e 60, 2º, do Decreto 66.689, de 11 de junho de 1970. (grifo e negrito nossos) Ante ao exposto, vislumbra-se que, o Estatuto do Estrangeiro admite o exercício de atividade remunerada no Brasil por parte de estrangeiro portador de visto temporário. Trata-se, mais especificamente, de contratação de mão-de-obra estrangeira. Contudo, para este profissional laborar no país, deverá preencher os requisitos abaixo aduzidos: a) Ser possuidor de cédula de identidade de estrangeiro portador de visto temporário; b) na data de concessão do visto, já deverá estar o profissional contratado, devendo existir portanto, o liame contratual entabulado entre este e a empresa contratante; c) revalidar o seu diploma e registrar-se junto ao CRM de jurisdição competente; d) o nome da empresa contratante deverá constar na carteira ou certidão expedida pelo CRM; e) a inscrição concedida pelo CRM terá caráter temporário, e vigorará apenas pelo período equivalente ao visto. Assim, cessando o visto, cessará imediatamente a inscrição; f) deverá apresentar todos os demais documentos exigidos pelo Regulamento a que se refere a Lei nº 3.268/57, exceto aqueles que não puderem ser exigidos dos estrangeiros, a exemplo, as obrigações eleitorais. g) deverá também o estrangeiro, consoante o estatuído no artigo 15 da Lei 6.815/80, satisfazer as exigências especiais estabelecidas pelo Conselho Nacional de Imigração e, se for parte de contrato de trabalho, que seja visado pelo Ministério do Trabalho, salvo no caso de comprovada prestação de serviço ao Governo Brasileiro (Governo Federal). Estes mandamentos preconizam que nenhuma empresa poderá admitir a seu serviço empregado estrangeiro, sem que este exiba a carteira de identidade de estrangeiro, devidamente anotada, consoante o art. 359 da CLT, ou, enquanto não for expedida esta carteira, valerá, a título precário, como documento hábil, uma certidão, passada pelo serviço competente do Registro de Estrangeiros, provando que requereu sua permanência no país, como estabelece o artigo 366 do mesmo estatuto legal. 6

Nesta seara, os Conselhos Regionais de Medicina, no uso das atribuições que lhes são conferidas pelo 3º do artigo 2º do mencionado Regulamento, deverão exigir como documento necessário, a autorização legal para que o profissional desempenhe sua função no país, ou seja, a cédula de identidade para estrangeiro portador de visto temporário (artigo 132 da Lei 6.815/80) devidamente anotada, ou, na falta deste, a certidão passada pelo competente Registro de Estrangeiro (art. 366 da CLT). (b) Portaria nº 3.721/90 do Ministério do Trabalho e Previdência Social A Portaria Ministerial nº 3.721 de 31 de outubro de 1990 baixa instruções para o processamento da chamada mão-de-obra estrangeira e versa sobre os procedimentos e requisitos a serem obedecidos pelo estrangeiro que venha aqui laborar. A chamada mão-de-obra estrangeira em caráter permanente ou temporário, solicitada por pessoa jurídica estabelecida no país, deverá ser instruída, objetivando a concessão de autorização de trabalho, e com a apresentação dos documentos aduzidos na Portaria nº 3.721/90. (c) Revalidação de Diploma Dentre os requisitos para que o profissional médico trabalhe no território nacional é mister a revalidação de seu diploma, como já mencionado. Neste sentido, para melhor elucidação, transcrevemos pontos de relevância do parecer nº 16/97 deste Setor Jurídico, o qual versa sobre o tema, in litteris: REVALIDAÇÃO E RECONHECIMENTO DE DIPLOMAS, CERTIFICADOS TÍTULOS E GRAUS EXPEDIDOS NO EXTERIOR. PARECER Nº 16/97, DO SETOR JURÍDICO 1.Reiteradas consultas têm sido formuladas por instituições de ensino superior, as quais trazem ao Conselho Federal de Medicina diversas indagações sobre a revalidação de diplomas expedidos por universidades estrangeiras. Instado a se manifestar, este Setor Jurídico passa a tecer as considerações a seguir aduzidas, na tentativa de unificar o entendimento acerca do assunto. 2.Para melhor compreensão da questão ora analisada, cumpre inicialmente conceituar o termo revalidação. Assim, por elucidativo, vale recorrer ao conceito formulado pelo Conselho Federal de Educação, extraído do Parecer nº 256/85, nos seguintes termos: Consiste a revalidação no processo graças ao qual o diploma expedido por estabelecimento de ensino superior estrangeiro é julgado, pelo órgão competente, equivalente ao conferido, em área correspondente, por escola superior brasileira. Essa declaração ou equivalência dos títulos há de repousar sobre o julgamento da equivalência dos próprios estudos por ele representados, do que se conclui que a equivalência formal representa um reflexo da equivalência material ou substancial. Mas como aquele julgamento não pode nem deve na maioria das vezes, ser feito plano, mediante simples inspeção ocular do documento revalidando, mas exige um trabalho mais ou menos longo de apreciação da idoneidade do estabelecimento estrangeiro; de comparação dos currículos, da duração dos cursos, ou mesmo -- 7

como forma indireta de se aferir o valor do documento -- de apreciação dos conhecimentos do próprio candidato, existe a necessidade de se instaurar um processo que permita ao órgão competente concluir pela equivalência do título estrangeiro ao do correspondente nacional. E isso para o efeito de se atribuir àquele, na primeira hipótese, a validade que teria este último em território brasileiro..... (grifamos) 3.Do conceito supratranscrito depreende-se que a revalidação do diploma estrangeiro pressupõe o julgamento pela instituição requerida e, por conseguinte, o reconhecimento por esta instituição brasileira daquele diploma, de modo a viabilizar a sua revalidação e registro. Para proceder à análise do diploma revalidando, a universidade poderá e deverá instaurar um processo no qual serão verificados os seguintes aspectos: existência de curso equivalente ou afim na universidade requerida; idoneidade do estabelecimento superior estrangeiro; duração do curso estrangeiro e outros requisitos porventura exigidos pela universidade, para a expedição do diploma ao estudante brasileiro. 4.Caso a universidade requerida chegue à conclusão de que o curso estrangeiro não cumpre os requisitos que entende necessários à revalidação, poderá exigir a complementação dos estudos. Nesse sentido, o Parecer CFE nº 256/85 é claro ao expor:... Nos casos de deficiência ou falta de clareza da documentação apresentada, e naqueles outros em que se verifique a insuficiência do curso cumprido no estrangeiro, seja em razão dos currículos, seja em função da própria duração do curso, poderão as universidades exigir dos interessados os exames e provas que, a seu critério, se tornem indispensáveis. Tais exames e provas recairão, como é óbvio, sobre matérias do currículo mínimo e sobre as complementares que constem do currículo pleno das escolas, especificamente sobre as que dêem ênfase à formação profissional brasileira....... 5.É importante notar ainda que a revalidação dos diplomas estrangeiros é de competência exclusiva das universidades públicas brasileiras, quando os diplomas revalidandos referirem-se a cursos de graduação. Com efeito, isto é o que estabelece 2º do artigo 48 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), verbis: Art. 48 - omissis 2º - Os diplomas de graduação expedidos por universidades estrangeiras serão revalidados por universidades públicas que tenham curso do mesmo nível e área ou equivalente, respeitando-se os acordos internacionais de reciprocidade ou equiparação.... 6.Observe-se que o 2º do artigo 48 da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação cuida somente da competência para a revalidação de diplomas de graduação, que é exclusiva de universidades públicas. Entretanto, quanto aos diplomas de mestrado e doutorado, o 3º do mesmo artigo não faz restrição para que o reconhecimento desses diplomas revalidandos seja feito também por universidades particulares. É o que se extrai do disposto no mencionado 3º: Art. 48 - omissis 3º - Os diplomas de Mestrado e de Doutorado expedidos por universidades estrangeiras só poderão ser reconhecidos por universidades que possuam cursos de pós-graduação reconhecidos e avaliados, na mesma área de conhecimento e em nível equivalente ou superior. 8

7.Os parágrafos 2º e 3º do artigo 48 da Lei nº 9.394/96 permitem concluir que a universidade poderá reconhecer e revalidar diplomas expedidos no exterior, desde que exista na instituição requerida um curso equivalente ou afim, seja em nível de graduação, mestrado e/ou doutorado. A inexistência de curso equivalente na universidade brasileira requerida impede o reconhecimento e revalidação do diploma estrangeiro. 8. Outro aspecto importante abordado pela Lei nº 9.394/96 diz respeito à existência de acordos internacionais de reciprocidade ou equiparação, aos quais estariam jungidas as universidades brasileiras, impondo-se a elas o imediato reconhecimento e revalidação dos diplomas expedidos por países que, juntamente com o Brasil, sejam signatários de acordo internacional firmado com tal finalidade. 9.Nesse sentido foram celebrados alguns acordos pelo Brasil e outros países, cumprindo destacar a Convenção do Caribe, celebrada na Cidade do México em 19.07.1974 e aprovada pelo Decreto Legislativo de 23.06.1977, tendo havido o depósito do instrumento de ratificação junto à UNESCO em 18.08.1977. Contudo, só passou a ter eficácia no País com a promulgação do Decreto nº 80.419, de 27 de setembro de 1977, que a acolheu sem ressalvas. 10.O decreto ratificador, em seu artigo 1º, traz algumas definições, as quais merecem ser transcritas, verbis: Art. 1º- Para fins da presente Convenção: a) Entende-se por reconhecimento de um diploma, título ou grau estrangeiro, sua aceitação pelas autoridades competentes de um Estado Contratante e a outorga aos titulares desses diplomas, títulos ou graus dos direitos concedidos a quem possua diploma, título ou grau nacional similar. Esses direitos dizem respeito à confirmação de estudos e ao exercício de uma profissão: i) quanto ao início e confirmação de estudos de nível superior, o reconhecimento permitirá ao titular interessado o acesso às instituições de educação superior do Estado que outorgue nas mesmas condições aplicáveis aos titulares de diplomas, títulos ou graus nacionais; (ii) quanto ao exercício de uma profissão o reconhecimento significa a admissão da capacidade técnica do possuidor do diploma, título ou grau e confere-lhe os direitos e obrigações do possuidor do diploma, títulos ou grau nacional cuja posse se exige para o exercício da profissão considerada. Esse reconhecimento não acarreta ao possuidor do diploma, título ou grau estrangeiro isenção da obrigação de satisfazer as demais condições que, para o exercício da profissão considerada, sejam exigidos pelas normas jurídicas nacionais e pelas autoridades governamentais ou profissionais competentes.... 11.A mencionada Convenção prevê o reconhecimento e aceitação automáticos dos diplomas expedidos no exterior, para fins acadêmicos e para o exercício profissional, desde que o país de origem e o país onde se pretende a revalidação sejam signatários daquela convenção. Não fixa critérios ou requisitos para o reconhecimento. 12.Por conseguinte, em princípio, a adesão do Brasil e dos demais países signatários daquela convenção internacional firmada com o objetivo de reconhecimento e revalidação automáticos dos diplomas expedidos no exterior, imporia tal procedimento às universidades, ou seja, a revalidação automática dos diplomas expedidos pelos demais países, tanto para fins acadêmicos, como para o exercício da profissão respectiva. 13.Além da mencionada Convenção do Caribe, o Brasil aderiu, como membro do MERCOSUL, ao Protocolo de Integração Educacional do MERCOSUL, já referendado no Brasil através do Decreto Legislativo nº 116, de 03.12.96, sem quaisquer ressalvas. Por este protocolo, os países membros do MERCOSUL comprometem-se à procederem à revalidação de diplomas, certificados e títulos 9

expedidos por cada um, para fins acadêmicos, de estudo de pós-graduação. Assim, não ampara o exercício de qualquer atividade remunerada. 14.Portanto, o Brasil estaria vinculado ao Protocolo do MERCOSUL -- que prevê a revalidação para fins exclusivamente acadêmicos -- e à Convenção (Multilateral) do Caribe -- que amplia a revalidação também para o exercício profissional no País. Ocorre, entretanto, que para tal fim, há que se analisar especificamente caso a caso, respeitando-se a autonomia das universidades (prevista na Constituição), bem como o estabelecido pela Lei nº 6.815, de 19 de agosto de 1980 (Estatuto do Estrangeiro). 15.Com efeito, para a revalidação, a universidade brasileira requerida poderá, em respeito à sua autonomia, proceder a uma avaliação do diploma revalidando, a fim de apurar a equivalência do mesmo ao correspondente nacional (carga horária, currículo e outros requisitos exigidos para a expedição do diploma pela instituição brasileira). Caso conclua que o diploma estrangeiro não preenche os requisitos necessários à revalidação, não poderá ser compelida a reconhecê-lo, mesmo ante a existência de um tratado, convenção ou acordo internacionais, em virtude da autonomia de que goza, nos termos estabelecidos pelo artigo 207 da Constituição Federal de 1988, que assim informa: Art. 207. As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. 16.Dessa forma, a revalidação automática decorrente de atos internacionais aos quais o Brasil tenha aderido se torna inócua diante da autonomia das universidades, constitucionalmente prevista. Isso porque não se pode admitir como norma superior à norma constitucional o acordo, tratado ou convenção internacionais porventura celebrados pelo país. Estes não têm o poder de revogar a norma fundamental de qualquer país, que é a Constituição.... 31.Esse é o parecer, sub censura. Brasília, 06 de fevereiro de 1997. Djenane Lima Coutinho Assessora Jurídica (4) Inscrição junto ao CRM Reza o Regulamento a que se refere a Lei 3.268 de 30 de setembro de 1957, em seu capítulo primeiro, sobre a Inscrição, verbis: Art. 1º - Os médicos legalmente habilitados ao exercício da profissão em virtude de diplomas que lhes forem conferidos pelas Faculdades de Medicina Oficiais ou reconhecidas no país só poderão desempenhá-lo efetivamente depois de inscreverem-se nos Conselhos Regionais de Medicina que jurisdicionarem a área de sua atividade profissional. Parágrafo único - A obrigatoriedade da inscrição a que se refere o presente artigo abrange todos os profissionais militantes, sem distinção de cargos ou funções públicas. Art. 2º - O pedido de inscrição do médico deverá ser dirigido ao Presidente do competente Conselho Regional de Medicina, com declaração de: a) nome por extenso; b) nacionalidade; c) estado civil; d) data e lugar do nascimento; e) filiação; f) Faculdade de 10

Medicina pela qual se formou, sendo obrigatório o reconhecimento de firma do requerente. 1º - O requerimento de inscrição deverá ser acompanhado da seguinte documentação: a) original ou fotocópia autenticada do diploma de formatura devidamente registrado no Ministério de Educação e Cultura; b) prova de quitação com o serviço militar ( se for varão); c) prova de habilitação eleitoral; d) prova de quitação do imposto sindical; e) declaração de cargos particulares ou das funções públicas de natureza médica que o requerente tenha exercido antes do presente Regulamento; f) prova de revalidação do diploma de formatura, de conformidade com a legislação em vigor, quando o requerente, brasileiro ou não, se tiver formado por Faculdade de Medicina estrangeira; g) prova de registro no Serviço Nacional de Fiscalização da Medicina e Farmácia.... 3º - Além dos documentos específicos nos parágrafos anteriores, os Conselhos Regionais de Medicina poderão exigir dos requerentes ainda outros documentos que sejam julgados necessários para a complementação da inscrição....... Art. 5º - O pedido de inscrição do médico será denegado quando: a) O Conselho Regional de Medicina ou, em caso de recurso, o Conselho Federal de Medicina não julgarem hábil ou considerarem insuficiente o diploma apresentado pelo requerente; b) nas mesmas circunstâncias da alínea precedente, não se encontrarem em perfeita ordem os documentos complementares anexados pelo interessado; c) não tiver sido satisfeito o pagamento relativo à taxa de inscrição correspondente.... (grifo e negrito nossos) Assim, extrai-se que é requisito indispensável para que se exerça a medicina no país, a inscrição no CRM de jurisdição onde está fixado, bem como que o diploma seja revalidado conforme a legislação em vigor. VI - CONCLUSÃO - CASO CONCRETO o que se segue: Em respondendo os quesitos ora formulados, podemos aduzir - É possível médicos cubanos exercerem atividade profissional no País? Em princípio, podemos inferir que os médicos cubanos, especificamente aqueles fixados em Caxias-MA, estão inseridos no Projeto de Cooperação Médica homologado pelo Ministério das Relações Exteriores. Este Projeto prevê a transferência de tecnologia e conhecimentos para a capacitação de médicos brasileiros, objetivando a formação de agentes multiplicadores para atendimento primário, onde Cuba tem excelência reconhecida a nível mundial. 11

Assim, aqueles atos necessários à transferência de tecnologia e conhecimento tem o respaldo do Acordo Básico firmado entre Brasil e Cuba, desde que discriminados no respectivo Projeto. Porém, quando da realização destes atos, é mister a supervisão deste profissional por médicos brasileiros. De toda sorte, é vedado ao profissional cubano a prática de atos médicos que ensejariam o entendimento de que estão efetivamente exercendo a profissão no País. - Estes médicos não estão regularizados no CRM. Qual a implicação legal para os Hospitais e diretores clínicos dos mesmos aonde os referidos médicos estão atuando? Como já mencionado, estes profissionais não necessitam registrar-se junto ao CRM, tendo em vista que não exercem a profissão no País. São portadores de vistos específicos, conferidos pela Divisão de Imigração do Ministério das Relações Exteriores, sendo-lhes vedado laborar em território nacional. Todavia, caso estes médicos estejam exorbitando os lindes das atribuições que lhes são conferidas pelo Projeto de Cooperação Médica, ou seja, efetivamente desempenhando sua profissão em território nacional, tal fato deverá ser comunicado ao Ministério das Relações Exteriores, especificamente à Agência Brasileira de Cooperação, para que sejam tomadas as providências cabíveis. Por fim, este fato deverá, de igual modo, ser comunicado ao Conselho Regional de Medicina do Estado do Maranhão, para que seja instaurada a devida sindicância e o consequente Processo Ético-Profissional contra o estabelecimento médico, na pessoa do seu Diretor Técnico, principal responsável pela instituição. - Existe convênio firmado entre o governo brasileiro e o cubano para tal prática? Como já explicitado, existe um Acordo Básico de Cooperação Científica, Técnica e Tecnológica firmado entre o Governo Brasileiro e o Governo Cubano. Este acordo prevê o desenvolvimento recíproco da cooperação científica, Técnica e Tecnológica, com base em interesses e benefícios mútuos em setores a serem estabelecidos por via diplomática. Em seu contexto, são permitidos Ajustes Complementares que terão como objeto Projetos de Cooperação Científica, onde ancora o Projeto de Cooperação Médica implantado em Caxias no Maranhão. 12

- Os Secretários Municipais de Saúde poderão ser acionados? E em caso de erros causados pelos referidos médicos? e os Prefeitos Municipais? Os Secretários Municipais de Saúde ou Prefeitos Municipais não poderão ser acionados, tendo em vista que estes Projetos de Cooperação Médica tem o respaldo do Governo Brasileiro através do Ministério das Relações Exteriores. Portanto, estão em perfeita consonância com os ditames legais pertinentes. Entretanto, caso os profissionais cubanos estejam efetivamente exercendo a profissão, caberá uma Representação junto ao Ministério Público para que este tome as medidas cabíveis objetivando estancar esta atividade irregular, bem como deverá ser encaminhado ofício à Agência Brasileira de Cooperação, órgão do Ministério das Relações Exteriores tendo em vista ser este o instituto responsável pelo Acordo em tela. Finalmente, urge lembrar que este fato deverá ser comunicado ao Conselho Regional de Medicina, especialmente na ocorrência de erros médicos, para que seja instaurado o respectivo Processo Ético-Profissional contra o Diretor Técnico responsável pela instituição médica onde se verificou o ato delituoso. - Existem faculdades realizando adequação curricular para os referidos médicos? Esta adequação curricular mostra-se imperiosa apenas quando o profissional deverá revalidar o seu diploma para o exercício da profissão em território nacional, conforme os preceitos legais anteriormente elencados. Os médicos fixados em Caxias no Maranhão, específicamente, não necessitam revalidar os seus diplomas por não estarem autorizados ao exercício da profissão. - Existe uma reserva de mercado para profissionais de nível superior? superior. Não existe reserva de mercado para profissionais de nível Este preceito encontra guarida na Constituição Federal em seu artigo 5º, inciso XIII, o qual determina que é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer. Corrobora com o sobredito dispositivo legal, o princípio da igualdade, consagrado pelo artigo 5º caput da Carta Magna, o qual prevê a paridade de tratamento entre os estrangeiros aqui residentes e os brasileiros. - Finalmente, como o CFM pretende corrigir tal fato? Ab initio, urge lembrar que, se os profissionais em análise estiverem inseridos no Projeto de Cooperação Médica decorrente do Acordo Básico firmado entre Brasil e Cuba, estarão, dessa forma, em perfeita consonância com os dispositivos legais que regem a matéria. Contudo, como já abordado, se estes profissionais estiverem exorbitando os lindes do referido Projeto, tal fato deverá ser comunicado ao Ministério 13

das Relações Exteriores, para que sejam tomadas as providências cabíveis, objetivando interromper esta atividade irregular. Por outro lado, o Conselho Regional de Medicina do Maranhão, bem assim o Conselho Federal de Medicina não detêm legitimidade para a propositura de ação judicial no caso específico. Dessa feita, tal fato deverá ser comunicado ao CRM-MA e ao CFM, de modo que estas instituições poderão instar o Ministério Público para que este, na qualidade de fiscal da lei, se manifeste sobre o assunto. É o que nos parece, s.m.j. Brasília, 11 de junho de 1997. Claudia G. Pena Nogueira de Queiroz Assessora Jurídica l:prot2138.sj 14