XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

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Transcrição:

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012 Ação do Óleo do Fruto de Melia azedarach (Meliaceae) Sobre Lagartas de Spodoptera frugiperda (J. E. Smith, 1797) (Lepidoptera: Noctuidae) em Milho Zulene Antonio Ribeiro 1, Mirella Marconato Di Bello 1, Eduardo Neves Costa 1, Bruno Henrique Sardinha de Souza 1, Arlindo Leal Boiça Neto 2, Eveline Soares Costa 2, Moacir Rossi Forim 2 e Arlindo Leal Boiça Júnior 1. 1 Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - UNESP - FCAV, Jaboticabal, SP. 1 zribeiro@fcav.unesp.br; 1 mirellamarconato@hotmail.com; 1 costa_ne@yahoo.com.br 1 souzabhs@gmail.com; 1 aboicajr@fcav.unesp.br. 2 Universidade Federal de São Carlos UFSCar, São Carlos, SP. 2 arlindoboica@gmail.com 2 escostaqi2@yahoo.com.br; 2 mrforim@yahoo.com.br. RESUMO - A eficácia do extrato hexânico dos frutos de Melia azedarach L. foi avaliada em lagartas de Spodoptera frugiperda (J. E. Smith, 1797) (Lepidoptera: Noctuidae). Prepararamse seis concentrações, a 1,88; 3,75; 7,50; 15,00; 30,00 e 60,00 mg.ml -1 do óleo de M. azedarach, onde folhas de milho foram submergidas e posteriormente oferecidas como dieta alimentar para lagartas recém-eclodidas. O experimento foi instalado no Laboratório de Resistência de Plantas a Insetos da UNESP Jaboticabal, SP, em parceria com o Laboratório de Química da UFSCar São Carlos, SP. As avaliações de mortalidade larval e porcentagem de eficiência foram efetuadas a 1, 3, 5, 7, 10 e 15 dias após a aplicação dos tratamentos. Em todas as concentrações houve efeito inseticida, sendo que na concentração de 15,00 mg.ml -1 aos 5 dias apresentou mortalidade das lagartas semelhante à deltametrina, com porcentagem de eficiência de 92%. Foram observadas ainda alterações fisiológicas nas lagartas, com ecdises anormais e morte durante esse processo. Os resultados deste trabalho sugerem que o extrato de M. azedarach apresenta potencial para o controle de S. frugiperda. Palavras-chave: Zea mays L., lagarta-do-cartucho, inseticida natural. Introdução Spodoptera frugiperda (J. E. Smith, 1797) (Lepidoptera: Noctuidae), conhecida como a lagarta-do-cartucho-do-milho, é um inseto, que no estágio larval alimenta-se de plantas de milho em todas as fases de desenvolvimento, dando preferência por cartuchos de plantas jovens (CRUZ, 1995). Segundo Siloto (2002), pode causar danos à cultura dependendo de alguns fatores, como o local de plantio e estágio fenológico da planta. Por ser um inseto que apresenta hábito polífago e alta capacidade de dispersão, no Brasil, ocorre praticamente em todos os estados (PEREIRA, 2007). Para o manejo de S. frugiperda na cultura do milho, a estratégia mais utilizada é o emprego de agrotóxicos. Entretanto, seu uso excessivo pode trazer consequências deletérias ao homem, animais e ao ambiente. Cruz (2002) comenta que um grave problema que tem ocorrido é o desenvolvimento de populações resistentes aos inseticidas, levando muitas vezes, erroneamente, o agricultor a tomar medidas que acabam intensificando o problema. 0805

Com o advento da biotecnologia, plantas geneticamente modificadas foram desenvolvidas como nova tática de controle de insetos. Estudos demonstram que a utilização desta tecnologia possibilita a manutenção da praga em baixo nível populacional (WAQUIL et al., 2002; FERNANDES et al., 2003). Todavia, o emprego desta tecnologia na mesma área continuamente pode levar à maior pressão de seleção, e consequentemente ao desenvolvimento da resistência (LOGUERCIO et al., 2002). Outras táticas de manejo devem ser empregadas, principalmente aquelas que causem menor impacto ambiental (ROEL et al., 2000). Desta forma, a utilização de substâncias extraídas de plantas com poder inseticida é uma alternativa que apresenta vantagens quando comparada com os sintéticos, principalmente por serem renováveis e facilmente degradáveis (OLIVEIRA et al., 2007). Bogorni e Vendramim (2003) atestam que a retomada às pesquisas com plantas com atividade inseticida originou-se a partir das constatações dos problemas desencadeados pelos produtos químicos, da evolução da resistência de pragas a pesticidas e para o controle de pragas sem contaminação do meio ambiente e alimentos. A família Meliaceae apresenta plantas que se destacam com propriedade bioinseticida, incluindo-se a Melia azedarach L., conhecida por cinamomo ou árvore de Santa Bárbara (ROEL, 2001). Maroneze e Gallegos (2009) observaram o efeito de extrato aquoso de folhas de M. azedarach no desenvolvimento de lagartas de S. frugiperda e obtiveram 100% de mortalidade em concentrações de 1 e 5%. Devido à importância da lagarta-do-cartucho, que causa perda significativa na cultura do milho, este trabalho teve como objetivo verificar o efeito de em diferentes concentrações na mortalidade de lagartas de S. frugiperda. Material e Métodos A pesquisa foi desenvolvida no Laboratório de Resistência de Plantas a Insetos do Departamento de Fitossanidade da FCAV/UNESP, Campus de Jaboticabal - SP, sob condições controladas de temperatura (25 ± 2 o C), umidade relativa (70 ± 10%) e fotofase (12 horas). As lagartas de S. frugiperda foram obtidas por meio da criação estoque, mantida em laboratório, alimentadas com dieta artificial segundo Kasten Junior et al. (1978). As plantas de milho da variedade comercial Impacto foram cultivadas em campo. Duas semanas após a emergência das plantas, ou seja, no estádio V3 (MAGALHÃES et al., 2002), folhas 2 e 3 a partir do cartucho foram coletadas e utilizadas nos testes. 0806

O óleo foi obtido a partir de sementes de M. azedarach, sendo a extração realizada no Laboratório de Química da Universidade Federal de São Carlos. Primeiramente as sementes foram secas em estufa de ar circulante a 40 C por 96 horas, moídas (Moinho TE 631/2), maceradas em hexano por quatro semanas para extração do óleo e posteriormente com etanol para obtenção do extrato etanólico. Para o preparo do extrato, foram utilizados 0,6 g da fração acetato de etila obtida do extrato bruto etanólico de M. azedarach, 2 ml de etanol e 1,0 g de Renex 40 (FORIM et al., 2010). Prepararam-se emulsões com a 1,88; 3,75; 7,50; 15,00; 30,00 e 60,00 mg.ml -1 e dois tratamentos como testemunhas, onde um foi água deionizada e o outro uma emulsão de inseticida do grupo químico dos piretróides (deltametrina 25 EC) na concentração de 0,3 mg.ml -1 do produto comercial. Partes de folhas de milho medindo 3,0 cm por 6,0 cm foram submersas nestas emulsões por um período de um minuto e posteriormente ficaram expostas ao ambiente por 30 minutos para secarem, protegidas da iluminação para evitar a degradação do produto (MARTINEZ, 2002). As porções de folhas foram acondicionadas em tubos de vidro de fundo chato (2,5 cm de diâmetro e 8,5 cm de altura), e com auxílio de um pincel, lagartas de primeiro instar foram transferidas pelo seu fio de seda e depositadas sobre a superfície da folha. Cada tubo de vidro foi vedado com filme plástico (Magipac ), contendo pequenas aberturas para permitir as trocas gasosas com o ambiente. Um período de alimentação de três dias foi escolhido para assegurar o consumo do produto por todas as lagartas. Após este período, as lagartas foram transferidas para folhas sem tratamento e trocadas diariamente. As avaliações da mortalidade larval foram realizadas a 1,2, 3, 5, 7, 10 e 15 dias após o início do experimento. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado, com oito tratamentos e 25 repetições, sendo cada repetição composta por uma lagarta. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância através do teste F e as médias comparadas pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Quanto ao cálculo para se verificar a porcentagem de eficiência de mortalidade causada pelo extrato de M. azedarach nas diferentes concentrações foi empregada à fórmula de Abbott (1925). Resultados e Discussão Os resultados obtidos no experimento mostraram que o causou alta mortalidade das lagartas de S. frugiperda. No terceiro dia após o tratamento de folhas 0807

com o, observou-se diferenças entre os tratamentos, onde na concentração de 60,00 mg.ml -1 a média de mortalidade das lagartas de S. frugiperda foi semelhante ao tratamento com deltametrina, e a partir do quinto dia as concentrações acima de 7,50 mg.ml -1 apresentaram mortalidades significativamente iguais ao produto deltametrina (Tabela 1). Aos cinco dias após a inoculação das lagartas, as concentrações acima de 7,50 mg.ml -1 apresentaram eficiência superior a 80% (Figura 1). Houve uma variação de 3,32 a 5,06 dias no período médio de mortalidade larval de S. frugiperda nas diferentes concentrações de óleo de M. azedarach, onde nas concentrações maiores, o período foi menor, contrastando com a testemunha (água), que foi de 12,50 dias (Figura 2). Observou-se efeito de deterrência alimentar na concentração de 60,0 mg.ml -1. Em todas as concentrações de M. azedarach foram observados retardo no desenvolvimento e alterações fisiológicas nas lagartas durante a mudança de instar (Figura 3), conforme também foi relatado por Schmutterer (1990). Conclusão O extrato do fruto de Melia azedarach provoca mortalidade total de lagartas de Spodoptera frugiperda na concentração de 60 mg.ml -1. Nas concentrações acima de 7,50 mg.ml -1, o extrato apresenta eficiência superior a 80% na mortalidade de lagartas. Literatura Citada ABBOTT, W.S. A method of computing the effectiveness of an inseticide. Journal of Economic Entomology, v. 18, n. 1, p. 265-267, 1925. BOGORNI, P. C.; VENDRAMIM, J. D. Bioatividade de extratos aquosos de Trichilia spp. sobre Spodoptera frugiperda (J.E. Smith) (Lepidoptera: Noctuidae) em milho. Neotropical Entomology, v. 32, n. 4, p. 665-669, 2003. CRUZ, I. A lagarta-do-cartucho na cultura do milho. Sete Lagoas: Embrapa Milho e Sorgo, 1995. 45 p. (Embrapa Milho e Sorgo. Circular Técnica, 21). CRUZ, I. Manejo da resistência de insetos-praga a inseticidas, com ênfase em Spodoptera frugiperda (Smith). Sete Lagoas: Embrapa Milho e Sorgo, 2002. 15 p. (Embrapa Milho e Sorgo. Documentos, 21). FERNANDES, O. D.; PARRA, J. R. P.; FERREIRA NETO, A.; PÍCOLI, R.; BORGATTO, A. F.; DEMÉTRIO, C. G. B. Efeito do milho geneticamente modificado MON810 sobre a lagarta-do-cartucho Spodoptera frugiperda (J. E. Smith, 1797) (Lepidoptera: Noctuidae). Revista Brasileira de Milho e Sorgo, v.2, n.2, p. 25-35, 2003. 0808

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Figura 1 - Eficiência de mortalidade (%) de Melia azedarach sobre lagartas de Spodoptera frugiperda a 1, 3, 5, 7, 10, e 15 dias após a aplicação dos produtos nas folhas de milho. Temperatura= 25±2 ºC, U.R.= 70±10% e fotofase 12 horas. Figura 2 - Período médio de mortalidade (dias) larval de Spodoptera frugiperda alimentadas com folhas de milho tratadas com diferentes concentrações de extratos de Melia azedarach. Temperatura= 25±2 ºC, U.R.= 70±10% e fotofase 12 horas. Figura 3 Alterações fisiológicas na ecdise em lagartas de Spodoptera frugiperda alimentadas com folhas de milho tratadas com extratos de Melia azedarach. Temperatura= 25±2 ºC, U.R.= 70±10% e fotofase 12 horas. 0811