AVALIAÇÃO DO RISCO DE GALGAMENTOS E INUNDAÇÃO:

Documentos relacionados
NA AVALIAÇÃO DO RISCO ASSOCIADO AO GALGAMENTO NO PORTO DA PRAIA DA VITÓRIA

APLICAÇÃO DO PROCESSO DE ANÁLISE HIERÁRQUICA (AHP) NA AVALIAÇÃO DAS CONSEQUÊNCIAS DE GALGAMENTO EM ZONAS PORTUÁRIAS CASO DE PONTA DELGADA, AÇORES

AVALIAÇÃO DO IMPACTO ECONÓMICO DOS GALGAMENTOS E INUNDAÇÃO NO PORTO DA PRAIA DA VITÓRIA

AVALIAÇÃO COMPARATIVA DE FERRAMENTAS NEURONAIS APLICAÇÃO À PRAIA DA VITÓRIA, TERCEIRA, AÇORES

HIDRALERTA NOVA PTDC/AAC-AMB/120702/2010 SISTEMA DE PREVISÃO E ALERTA DE INUNDAÇÃO EM ZONAS COSTEIRAS E PORTUÁRIAS

V SEMINÁRIO E WORKSHOP EM ENGENHARIA OCEÂNICA Rio Grande, 07 a 09 de Novembro de 2012

AVALIAÇÃO COMPARATIVA DO RISCO DE GALGAMENTOS NA PRAIA DA VITÓRIA, TERCEIRA, AÇORES

PREVISÃO E VALIDAÇÃO DE GALGAMENTOS OCEÂNICOS NO SISTEMA HIDRALERTA

AVALIAÇÃO DO RISCO ASSOCIADO A MOVIMENTOS VERTICAIS DE UM NAVIO EM MANOBRA NO PORTO DA PRAIA DA VITÓRIA

FERRAMENTA DE APOIO À GESTÃO COSTEIRA E PORTUÁRIA: O SISTEMA HIDRALERTA

INFLUÊNCIA DA VARIAÇÃO DO NÍVEL DE MARÉ NA AVALIAÇÃO DO RISCO DE GALGAMENTO NA BAÍA DA PRAIA DA VITÓRIA, TERCEIRA, AÇORES

APLICAÇÕES DO SISTEMA DE PREVISÃO E ALERTA DO RISCO DE GALGAMENTOS EM ZONAS COSTEIRAS E PORTUÁRIAS: COSTA DA CAPARICA E PRAIA DA VITÓRIA

territorium Riscos: Processos e vulnerabilidades Imprensa da Universidade de Coimbra Associação Portuguesa de Riscos, Prevenção e Segurança

Previsão dos galgamentos na baía da Praia da Vitória para avaliação de risco e alerta

GALGAMENTO DO QUEBRA-MAR POENTE DE ALBUFEIRA: COMPARAÇÃO ENTRE O MODELO NUMÉRICO SPH E MEDIÇÕES DE CAMPO

8ªs Jornadas Portuguesas de Engenharia Costeira e Portuária LNEC, 10 e 11 de Outubro de 2013

Relatório da visita à Costa da Caparica. 9 de Julho de 2012

AVALIAÇÃO DO RISCO DE GALGAMENTO: O PORTO DE PONTA DELGADA Overtopping Risk Evaluation: Ponta Delgada Harbour

AVALIAÇÃO DO RISCO DE GALGAMENTO DE ESTRUTURAS PORTUÁRIAS: O CASO DO PORTO DE PONTA DELGADA (AÇORES, PORTUGAL)

territorium 22, 2015,

8ªs Jornadas Portuguesas de Engenharia Costeira e Portuária LNEC, 10 e 11 de Outubro de 2013

HIDRALERTA: O SISTEMA E AS FERRAMENTAS DE VALIDAÇÃO. Pedro Poseiro LNEC, Núcleo de Portos e Estruturas Marítimas

Supporting Information I

Interação entre Ondas e Obras Marítimas

ESTUDOS DE AGITAÇÃO E RESSONÂNCIA NO PORTO DE LEIXÕES

Avaliação das consequências de galgamento sobre estruturas portuárias. Caso de estudo da Praia da Vitória, Açores

Avaliação das consequências de galgamento sobre estruturas portuárias. Caso de estudo da Praia da Vitória, Açores

HIDRALERTA SISTEMA DE PREVISÃO E ALERTA DE INUNDAÇÕES EM ZONAS COSTEIRAS E PORTUÁRIAS

Riscos de inundações fluviais e estuarinas

Metodologia de avaliação do risco associado ao galgamento de estruturas marítimas. Aplicação ao porto e à baía da Praia da Vitória, Açores, Portugal *

Estudo da aplicabilidade do modelo numérico SWASH para o cálculo de galgamentos no Sistema HIDRALERTA

João Carlos Silva Costa. Avaliação do Risco de Galgamento sobre as estruturas portuárias do porto de Leixões

Sumário. Portos e Estruturas Marítimas no LNEC. João Candeias Portugal

APLICAÇÃO DE UMA METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO DO RISCO PARA A NAVEGAÇÃO E GALGAMENTOS NO PORTO DA PRAIA DA VITÓRIA

Rede ARTMAP Nebulosa Aplicada ao Estudo de Agitação Marítima no Porto de Sines/Portugal

ANÁLISE DE COTAS DE INUNDAÇÃO NA PRAIA DE VALE DO LOBO

Avaliação do Risco de Inundação na Praia de Vale do Lobo

Avaliação do Risco de Galgamento de Estruturas Portuárias O caso do Porto de Ponta Delgada (Açores, Portugal)

A ANÁLISE DA VULNERABILIDADE E DO RISCO DE INUNDAÇÃO COMO FERRAMENTA DE APOIO À GESTÃO DOS TERRITÓRIOS LITORAIS SOB PRESSÃO URBANA

Estruturas Marítimas Utilizando Métodos Probabilísticos de Níveis II e III. Maria Teresa Reis João Alfredo Santos

Análise do limite das bacias de visibilidade com impacto sobre o Bem

Validação de correntes marítimas de superfície medidas por um sistema de radares de alta frequência na zona sul da Península Ibérica

territorium 18, 2011, 89-98

Riscos Costeiros. Identificação e Prevenção. Óscar Ferreira (com a colaboração de muitos)

Análise da vulnerabilidade à inundação em ambientes fluviais, estuarinos e costeiros. Elsa Alves Anabela Oliveira

O papel da investigação no apoio ao Projeto e Obra de Engenharia Costeira: Estudos de caso

Francisco Sancho, Filipa Oliveira, Paula Freire, João Craveiro. Índice

Universidade do Minho - Escola de Engenharia MESTRADO INTEGRADO EM ENGENHARIA CIVIL Plano de Trabalhos para Dissertação de Mestrado 2013/14

Difracção de Ondas Destacados. Filipa S. B. F. Oliveira Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Portugal

As Intervenções de Defesa Costeira na Mitigação do Problema da Erosão

ENSAIOS EM MODELO FÍSICO DE AGITAÇÃO MARÍTIMA EM REDOR DE UM NAVIO LIVRE PHYSICAL MODELING OF SEA WAVES PROPAGATION AROUND A FLOATING SHIP

A aplicação ANOSOM_SIG como ferramenta de gestão de risco em estruturas de proteção costeira e portuária

Hidráulica Marítima. Hidráulica Marítima (HM) ou Costeira ( Coastal Engineering ) :

AMPLIAÇÃO DO PORTO DE PESCA DE RABO DE PEIXE

Hidromod-modelação em engenharia Lda.

Relatório do Trabalho Realizado pelo Bolseiro Rui Reis

Avaliação do Espraiamento e Inundação nas praias da Costa da Caparica. Modelação com o modelo XBEACH

PRÉ-DIMENSIONAMENTO DE PASSAGENS HIDRÁULICAS

Avaliação e Gestão de Riscos em Áreas Litorais Contributo para o Desenvolvimento de um Sistema de Previsão e Alerta de Inundação em Zonas Costeiras

Clima de ondas ao largo (águas profundas). Clima de ondas no costão da Gruta da Imprensa. Altura da subida de onda no costão.

Faculdade de Letras da Universidade do Porto

ANÁLISE PROBABILÍSTICA DA VULNERABILIDADE DA ZONA COSTEIRA DA CIDADE DE MAPUTO A TEMPESTADES MARÍTIMAS

VI SEMINÁRIO E WORKSHOP EM ENGENHARIA OCEÂNICA Rio Grande, de 12 a 14 de Novembro de 2014

Estudo e Análise da Vulnerabilidade Costeira face a cenários de subida do NMM devido às alterações climáticas

O Território Português

Revista da Gestão Costeira Integrada 10(4): (2010) Journal of Integrated Coastal Zone Management 10(4): (2010)

CLASSIFICAÇÃO DE PEQUENAS BARRAGENS 1

Caracterização da Agitação Marítima ao Largo da Baía de Maputo

Universidade de Aveiro Departamento de Engenharia Civil INUNDAÇÕES COSTEIRAS: CAUDAIS DE GALGAMENTO E CONSEQUÊNCIAS ASSOCIADAS

Intensidade energética sob temporais marítimos:

CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA O PROSSEGUIMENTO DA INVESTIGAÇÃO

Caracterização do regime de extremos do nível do mar. Estudo do litoral na área de intervenção da APA, I.P. /ARH do Tejo. Entregável

INSTITUTO HIDROGRÁFICO

Métodos Estatísticos

Objetivo. Data: 24 a 26 de novembro de 2015 Localização: Auditório de 505 SEPN Lote 02 - Bloco B - Edifício Marie Prendi Cruz, Brasília/DF

MIEC MESTRADO INTEGRADO EM ENGENHARIA CIVIL 2014/2015 PROPOSTA DE TEMAS PARA DISSERTAÇÃO RAMO DE ESPECIALIZAÇÃO/ ÁREA CIENTÍFICA:

LOCAL E DATA COMISSÃO ORGANIZADORA COMISSÃO CIENTÍFICA FORMATO

CARACTERIZAÇÃO E MEDIDAS MITIGADORAS DAS INUNDAÇÕES EM VILAMOURA, ALGARVE

Galgamento de uma estrutura portuária protegida por um quebra-mar submerso: o caso do Porto de Leixões, Portugal *

ESTUDO DO POTENCIAL ENERGÉTICO DE ONDAS GERADAS PELO VENTO PARA A PLATAFORMA CONTINENTAL SUL DO BRASIL

VIII - Aplicação do modelo à bacia hidrográfica da Ribeira de Alportel

Desenvolvimento de um Sistema de Gestão de Emergência para cheias induzidas

Trabalho da unidade curricular de Mecânica Aplicada I (1º ano) Inclui CONCURSO DE PONTES DE MADEIRA

3. MODELOS MATEMÁTICOS PARA FORÇAS DE CONTATO E DE REMOÇÃO

Modelação Numérica do Galgamento em Estruturas Marítimas Porosas

Modelação numérica do galgamento de quebramares. Modelação numérica do galgamento de quebra-mares de talude

Caracterização do regime de ventos no litoral

SISTEMA DE PREVISÃO E ALERTA DE INUNDAÇÕES EM ZONAS COSTEIRAS E PORTUÁRIAS PTDC/AAC-AMB/120702/2010

ÍNDICE GERAL AGRADECIMENTOS RESUMO ABSTRACT SIMBOLOGIA 1. - INTRODUÇÃO 2. - DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

Sobrepor as superfícies. Desirability = Desejabilidade. Solução. Métodos de Programação Linear. ou não Linear

Diretrizes para mapeamento de inundações no Estado do Rio de Janeiro PATRICIA R.M.NAPOLEÃO CARLOS EDUARDO G. FERRIERA

Modelação física do galgamento do quebra-mar do porto de Albufeira

Rua Agostinho Barbalho, nº 77, ap 503, bl 2, Madureira, Rio de Janeiro RJ. cep

Caracterização da precipitação na Região Hidrográfica do Tejo. Estudo do litoral na área de intervenção da APA, I.P. /ARH do Tejo. Entregável

Capítulo IX - Conclusões. IX - Conclusões

Avaliação do Risco para a Navegação Portuária. Porto da Praia da Vitória, Açores

Caracterização do clima de agitação ao largo

Métodos Numéricos - Notas de Aula

Transcrição:

AVALIAÇÃO DO RISCO DE GALGAMENTOS E INUNDAÇÃO: INTEGRAÇÃO De um método expedito de inundação NO SISTEMA HIDRALERTA P. Poseiro, C. J. E. M. Fortes, M. T. Reis Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) pposeiro@lnec.pt, jfortes@lnec.pt, treis@lnec.pt RESUMO O HIDRALERTA é um sistema de previsão, alerta e avaliação do risco associado aos galgamentos e inundação em zonas portuárias, tendo como ideia-base a utilização de medições/previsões da agitação marítima para calcular o galgamento e a inundação nessas zonas. A avaliação do risco associado a estes fenómenos é efetuada através da definição de limiares para os caudais galgados ou para as cotas de inundação admissíveis, e pelo produto do grau da probabilidade de ocorrência de valores desses caudais pelo grau das consequências desses acontecimentos. No sistema, o cálculo dos caudais médios galgados sobre uma estrutura é efetuado com recurso a ferramentas neuronais (NN_OVERTOPPING2) e/ou ferramentas empíricas, que são métodos expeditos e que não fornecem indicação sobre a distribuição espacial desse caudal na zona atrás da estrutura. Nesta comunicação, é apresentada uma metodologia incorporada no HIDRALERTA com o intuito de modelar o galgamento e a inundação na sua distribuição espacial, recorrendo a ferramentas SIG. Essa metodologia consiste na utilização dos resultados da NN_OVERTOPPING2 para o cálculo do caudal médio galgado por metro linear de estrutura, a partir de onde se pode obter o volume de água correspondente e posterior distribuição desse volume no modelo Digital do Terreno da zona em estudo. O caso de estudo localiza-se no porto e baia da Praia da Vitória, na Ilha Terceira, nos Açores. Palavras-chave: HIDRALERTA; Agitação marítima; Galgamento; Inundação; Risco. Zona de estudo - Porto e baía da Praia da Vitória O porto e a baía da Praia da Vitória localizam-se na costa Este da Ilha Terceira, uma das nove ilhas do arquipélago dos Açores, Portugal (Figura 1a). A Praia da Vitória é limitada a norte pela Ponta da Má Merenda e a sul pela Ponta do Espírito Santo e tem cerca de 2400 m de comprimento e 1100 m de largura máxima. O porto é protegido por dois quebra-mares (sul e norte) e a linha de costa da baía caracteriza-se pela existência de uma defesa frontal aderente com cerca de 1 km de comprimento e de um campo de cinco esporões na zona central que enraízam na defesa frontal. http://dx.doi.org/10.14195/978-989-96253-3-4_73 431

Figura 1. a) Porto da Praia da Vitória: b) Secções estudadas (D1 a D9) 432

No âmbito do projeto HIDRLERTA em curso (Fortes et al., 2014), e para este porto, encontra-se em desenvolvimento um protótipo de um sistema de previsão e alerta de risco associado ao galgamento e inundação em zonas costeiras e portuárias, o sistema HIDRALERTA (Poseiro et al., 2013a, Poseiro et al., 2013b; Fortes et al., 2013; Fortes et al., 2014). O sistema está a ser desenvolvido em linguagem de programação Python e implementado numa plataforma WebSIG. A metodologia do sistema consiste em: Definir o regime de agitação marítima incidente nas estruturas portuárias recorrendo a dados obtidos in situ e/ou a resultados de modelos numéricos de propagação de ondas; Calcular a resposta da estrutura em termos de caudal médio galgado por unidade de comprimento do coroamento da estrutura, com a utilização da ferramenta neuronal NN_OVERTOPPING2 (Coeveld, 2005); Calcular o grau de risco associado à ocorrência de galgamentos acima de um determinado caudal médio pré-definido para cada estrutura, em função do tipo de estrutura galgada e das atividades e bens por ela protegidos. A avaliação do risco associado a estes fenómenos é efetuada através da definição de limiares para os caudais galgados ou para as cotas de inundação admissíveis, e pelo produto do grau da probabilidade de ocorrência de valores desses caudais pelo grau das consequências desses acontecimentos. Em trabalhos anteriores, foi efetuada uma avaliação do risco para nove estruturas do porto (Figura 1b), para um período de tempo de 5 anos (Poseiro et al., 2013a; Reis et al. 2014). No entanto, uma vez que se utilizou a ferramenta neuronal NN_OVERTOPPING2 para a determinação do caudal, esta não fornece indicação sobre a distribuição espacial desse caudal atrás da estrutura. Desta forma, o presente trabalho é uma extensão de trabalhos anteriores, e apresenta uma metodologia para modelar o galgamento e a inundação na sua distribuição espacial recorrendo a ferramenta GIS. Para este efeito, pretende-se converter os caudais obtidos pela NN_OVERTOPPING2 em volumes e estabelecer a relação entre os volumes e a cota de inundação obtida para cada secção com a utilização de um Modelo Digital do Terreno (MDT) da zona em estudo. Uma vez conhecidas as áreas inundáveis e juntamente com a metodologia já desenvolvida para obter o mapa de consequências através da aplicação do Processo de Análise Hierárquica (AHP) (Poseiro et al., 2013b), é possível obter o mapa de risco, tendo em conta simultaneamente as áreas mais facilmente galgadas/inundadas e o peso das atividades que se desenvolvem em cada uma dessas áreas. Metodologia para o cálculo da área inundável A determinação do regime de agitação incidente no ponto D4 (Figura 1b) é efetuada utilizando os resultados das previsões da agitação marítima ao largo da zona considerada para o período correspondente aos anos de 2008 a 2012, obtidos com o modelo WAVEWATCH III (Tolman, 1999). Esses resultados são transferidos para o interior da baía e do porto com recurso a dois modelos de propagação e deformação da agitação marítima: o modelo SWAN (Booj, 1999) e o modelo DREAMS (Fortes, 1993). Uma vez conhecidos esses valores, e para as características da estrutura selecionada (D4), aplicou-se a ferramenta neuronal NN_OVERTOPPING2 e efetuou-se o cálculo do caudal médio galgado (Figura 2). 433

Figura 2. Altura Significativa da onda e Caudal médio galgado na secção D4 Para a avaliação da área inundável associada a um dado valor de caudal médio galgado por metro linear de estrutura (m 3 /s/m), é necessário primeiro converter estas unidades para volumes. Uma vez que a disponibilização dos resultados da agitação marítima é feita de 6 em 6 horas, fez-se o produto entre os resultados da rede neuronal e 21 600s (6h) e desta forma, obtiveram-se os resultados com as seguintes unidades: m 3 /m de estrutura. Com vista a fazer a sua distribuição espacial considerou-se o modelo Digital de Terreno da zona onde esse caudal vai atuar (Figura 3a). Na Figura 3b) são apresentadas as características do local atrás da estrutura da secção D4. a) b) Figura 3. a) Modelo Digital do Terreno do porto da Praia da Vitória. b) Fotografia com as características do local atrás da estrutura da secção D4. Para determinar valores pré-definidos da cota de área inundável, considerou-se uma secção com a largura de 1 metro (Figura 4a) e determinou-se o volume correspondente para diferentes cotas de inundação, com recurso à ferramenta Surface Volume do ArcGIS 10.2 TM. Desta forma, foi possível estabelecer uma função polinomial de 2º grau ajustada aos valores obtidos com um coeficiente de determinação (R 2 ) de 0.9841 (Figura 4b). 434

Figura 4. a) Secção considerada para medir a relação entre as cotas de inundação e os volumes. b) Relação entre o volume da área inundável e a altura. Para os cinco anos de dados (de 2008 a 2012) obtiveram-se os resultados da Tabela I). Tabela I Resultados dos galgamentos, volumes e cotas de inundação obtidos para a secção D4 durante 5 anos (2008 a 2012). Quant. (6h) Min Max Média Q (m 3 /s/m) 0.00005 0.00092 0.00016 V(m 3 /m) 320 1.07 19.95 3.52 CI (m) 5.42 7.61 5.82 Na Figura 5 está representada (a vermelho) a cota máxima de inundação para a secção D4. Figura 5. Cota máxima de inundação regista para os 5 anos em análise É possível verificar na Figura 5 que os resultados máximos registados colocam em causa não só as atividades que decorram atrás da defesa, que incluem as pessoas (passadeira) e as viaturas (estrada), mas também o edifício localizado nas imediações. 435

Conclusão Esta comunicação descreve uma metodologia incorporada no sistema HIDRALERTA com o intuito de modelar o galgamento e a inundação na sua distribuição espacial, recorrendo a ferramentas SIG. Essa metodologia consiste na integração dos resultados da NN_OVERTOPPING2 com um modelo Digital do Terreno da zona em estudo. A aplicação à Praia da Vitória e, mais especificamente, à estrutura aderente entre o 4 e 5 esporão (D4) mostrou que a metodologia é viável e é uma forma expedita de cálculo da área inundável. No entanto, é uma metodologia aplicada por seção linear da estrutura admitindo assim a constância das condições para toda a secção D4. No futuro a utilização de modelos numéricos de inundação constituirão ferramentas mais poderosas para a definição das áreas inundáveis. Por outro lado, também a disponibilização dos resultados com maior frequência, de 1 em 1 hora, permitirá a obtenção de resultados mais fidedignos. Será necessário proceder também à validação destes resultados e proceder à sua aplicação para as restantes secções para que finalmente se possa fazer o cruzamento desta informação com o mapa de consequências com vista a obter um mapa de risco. Bibliografia Booj, N., Ris, R., Holthuijsen, L., 1999. A third-generation wave model for coastal regions. Part I, Model description and validation. Journal of Geographical Research, C4(104), pp. 7649-7666. Coeveld, E.M., Van Gent, M.R.A. e Pozueta, B. (2005). Neural Network Manual NN_OVERTOPPING2.CLASH WP8, June. Fortes, C.J.E.M. (1993). Modelação matemática da refração e difração combinadas de ondas marítimas (análise pelo método dos elementos finitos). Tese de Mestrado em Engenharia Mecânica, IST, Lisboa, Portugal. Fortes, C.J.E.M., Reis, M.T., Poseiro, P., Capitão, R., Santos, J.A., Pinheiro, L.P., Rodrigues, A., Sabino, A., Rodrigues, M.C., Raposeiro, P., Ferreira, J.C., Silva, C., Simões, A., Azevedo, E.B. (2013). O Projeto HIDRALERTA. Sistema de Previsão e Alerta de Inundações em Zonas Costeiras e Portuárias. 8ªs JPECP, LNEC, 10 e 11 de outubro. Fortes, C.J.E.M., Reis, M.T., Poseiro, P., Santos, J.A., Capitão, R., Pinheiro, L., Sabino; A., Rodrigues, A.; Ferreira, J.C., Martinho, S., Raposeiro, P., SILVA, C., Simões, A., Azevedo, E.B., Rodrigues M.C. (2014) Desenvolvimentos recentes do HIDRALERTA - Sistema de previsão e alerta de inundações em zonas costeiras e portuárias. 3as Jornadas de Engenharia Geográfica, IH, 24 a 26 de junho. Poseiro, P., Fortes, C.J.E.M., Reis, M.T., Santos, J.A., Simões, A., Rodrigues, C. e Azevedo, E. (2013a). A methodology for overtopping risk assessment in port areas: Application to the Port of Praia da Vitória (Azores, Portugal). Proc. SCACR 2013, 4 a 7 de junho, LNEC, Portugal. Poseiro, P., Fortes, C.J.E.M., Santos, J.A., Reis, M.T. e Craveiro, J. (2013b). Aplicação do processo de análise hierárquica (AHP) à análise das consequências de ocorrência de galgamentos. O caso da baía da Praia da Vitória. 8ªs JPECP, 10-11 outubro. Reis, R. Fortes, C.J.E.M., Reis, M.T., Poseiro, P., Santos, J.A. (2014). Avaliação comparativa de ferramentas neuronais. Aplicação à Praia da Vitória, Terceira, Açores. VI SEMENGO Seminário e Workshop em Engenharia Oceânica, Rio Grande, RS-Brasil, 12-14 novembro (Submetido). Tolman, H. (1999). User Manual and System Documentation of WAVEWATCH-III. version 1.18, NOA/NWS/ NCEP/OMB Technical Note 166, 110p., Washington, E.U.A. 436