Fenologia de Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan em fragmento de Floresta Ombrófila Aberta na Paraíba

Documentos relacionados
Fenologia de Ziziphus joazeiro Mart. em uma área de ecótono Mata Atlântica-Caatinga no Rio Grande do Norte

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

importância dos fatores ambientais sobre as características fenológicas das espécies arbóreas

FENOLOGIA DE DUAS ESPÉCIES ARBÓREAS EM FLORESTA ESTACIONAL DECIDUAL EM VITÓRIA DA CONQUISTA BA

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

ANÁLISE DA TEMPERATURA DO AR EM AREIA - PB, EM ANOS DE OCORRÊNCIA DE EL NIÑO

BIOMETRIA DE FRUTOS E SEMENTES DE Randia armata (SW.) DC.

Geografia. Os Biomas Brasileiros. Professor Thomás Teixeira.

ANÁLISE DA PLUVIOMETRIA NO MUNICÍPIO DE AREIA- PB: I- ESTUDO DO INÍCIO DURAÇÃO E TÉRMINO DA ESTAÇÃO CHUVOSA E OCORRÊNCIA DE VERANICOS RESUMO

PRODUTIVIDADE DAS COLMEIAS DE

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Fenologia de espécies vegetais arbóreas em um fragmento de caatinga em Santana do Ipanema, AL, Brasil

20º Seminário de Iniciação Científica e 4º Seminário de Pós-graduação da Embrapa Amazônia Oriental ANAIS. 21 a 23 de setembro

FENOLOGIA E DISPERSÃO DE ESPÉCIES DA CAATINGA AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Palavras chave: Elaeocarpaceae; Sloanea; Parque Ecológico Jatobá Centenário.

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Estudo Fenológico de Lafoensia replicata Pohl. no Município de Bom Jesus, Piauí

FENOLOGIA DE Anadenantehra macrocarpa (Benth.) Brenan EM UMA FLORESTA ESTACIONAL SEMIDECIDUAL NO SUL DO ESPÍRITO SANTO

Região Nordestina. Cap. 9

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

DEPOSIÇÃO DE SERAPILHEIRA EM DIFERENTES ESTÁGIOS SUCESSIONAIS DA CAATINGA NO SEMIÁRIDO DA PARAIBA

AVALIAÇÃO FENOLÓGICA DE MACRÓFITAS AQUÁTICAS DO HORTO PROF. WALTER ACCORSI

Fenologia Reprodutiva de Duas Espécies de Cnidosculus na Região de Petrolina, PE

20º Seminário de Iniciação Científica e 4º Seminário de Pós-graduação da Embrapa Amazônia Oriental ANAIS. 21 a 23 de setembro

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

CACTACEAE JUSS. DE UMA MESORREGIÃO DO SERTÃO PARAIBANO, NORDESTE DO BRASIL

Produção e Acúmulo de Serrapilheira em Área de Caatinga no Seridó Oriental da Paraíba

V Encontro Amazônico de Agrárias

20º Seminário de Iniciação Científica e 4º Seminário de Pós-graduação da Embrapa Amazônia Oriental ANAIS. 21 a 23 de setembro

DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL E TEMPORAL DA PRECIPITAÇÃO PLUVIAL E EROSIVIDADE MENSAL E ANUAL NO ESTADO DO TOCANTINS

Plano De Manejo Florestal Sustentável Da Caatinga Na Região Central Do RN

AVALIAÇÃO FENOLÓGICA DO PINHÃO MANSO (JATROPHA CURCAS L.) NO MUNICÍPIO DE TERESINA-PI

PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DAS ESPÉCIES DE CAESALPINIOIDEAE (FABACEAE) DE UM AFLORAMENTO GRANÍTICO NO SEMIÁRIDO PARAIBANO

BIOMAS. Os biomas brasileiros caracterizam-se, no geral, por uma grande diversidade de animais e vegetais (biodiversidade).

20º Seminário de Iniciação Científica e 4º Seminário de Pós-graduação da Embrapa Amazônia Oriental ANAIS. 21 a 23 de setembro

ANÁLISE DO ESTRATO HERBÁCEO EM DIFERENTES ESTÁGIOS SUCESSIONAIS DE FLORESTAS NATURAIS DA CAATINGA. Apresentação: Pôster

ASPECTOS DA FENOLOGIA REPRODUTIVA DA JUREMA PRETA (Mimosa tenuiflora) NA CAATINGA DO VALE DO ACARAÚ

2017 Ecologia de Comunidades LCB Prof. Flávio Gandara Prof. Sergius Gandolfi. Aula 2. Caracterização da Vegetação e Fitogeografia

Registro de Visitantes Florais de Anadenanthera colubrina (VELL.) Brenan Leguminosae), em Petrolina, PE

18/10 a 09/11 de 2016 Câmpus de Araguaína, Araguaína e Palmas

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Estrutura populacional e distribuição espacial de Qualea grandiflora Mart., em área de transição no Piauí

Os OITO Elementos da Restauração. Sergius Gandolfi LERF/LCB/ESALQ/USP

DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE

Campanha da Fraternidade Tema Fraternidade: Biomas Brasileiros e Defesa da Vida. Lema Cultivar e guardar a Criação

APLICAÇÃO DO MÉTODO DIRETO VOLUMÉTRICO PARA MENSURAÇÃO E ACOMPANHAMENTO DA VAZÃO DE NASCENTE NA SERRA DA CAIÇARA, NO MUNICÍPIO DE MARAVILHA, ALAGOAS

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Sistema reprodutivo de Bertholletia excelsa em diferentes ambientes do estado do Acre

Curso de Graduação em Engenharia Ambiental. Disciplina: BI62A - Biologia 2. Profa. Patrícia C. Lobo Faria

Biomas / Ecossistemas brasileiros

Anais da Semana Florestal UFAM 2017

MARCAÇÃO DE MATRIZES E FENOLOGIA DE ESPÉCIES NATIVAS NA FAZENDA EXPERIMENTAL DA FACULDADE INTEGRAL CANTAREIRA, MAIRIPORÃ / SP 1

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Biomas do Brasil. Ciências Humanas e suas Tecnologias. Professor Alexson Costa Geografia

PRODUÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE MUDAS DE ESPÉCIES NATIVAS NO CAMPUS III/UFPB: CONSCIÊNCIA ECOLÓGICA

LISTA DE EXERCÍCIOS 2º ANO

CORRELAÇÃO DOS FATORES AMBIENTAIS E O PERÍODO REPRODUTIVO DA PITAIA (Hylocereus undatus) EM LAVRAS-MG INTRODUÇÃO

Fitogeografia de São Paulo

RIQUEZA DE ESPÉCIES EM ÁREA SERRANA NO MUNICÍPIO DE SUMÉ, CARIRI PARAIBANO

ANAIS. VIII Encontro Amazônico de Agrárias LIVRO VI. Produção Vegetal

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

FUNDAÇÃO CARMELITANA MÁRIO PALMÉRIO FACIHUS - FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS. Degradação de Biomas. Prof. Me. Cássio Resende de Morais

Variabilidade da Precipitação em Belém-Pará Relacionada com os Fenômenos El Niño e La Niña

DISPERSÃO DE SEMENTES DE LARANJEIRA-DO-MATO EM FRAGMENTOS DE FLORESTA ESTACIONAL DECIDUAL 1

INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA PROGNÓSTICO DE PRECIPITAÇÃO

SELEÇÃO DE ÁRVORES MATRIZES DE Anadenanthera colubrina (VELL.) BRENAN. OCORRENTES EM UM FRAGMENTO DE FLORESTA ATLÂNTICA.

ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DAS CHUVAS NO MUNICÍPIO DE CAMPINA GRANDE, REGIÃO AGRESTE DA PARAÍBA

VARIABILIDADE DA PRECIPITAÇÃO EM CAMPO GRANDE, MATO GROSSO DO SUL

ANÁLISE DA CHUVA DE SEMENTES DE Eugenia verticilatta (Vell.) Angely EM FLORESTA ESTACIONAL DECIDUAL, FREDERICO WESTPHALEN, RS 1

Resolução SMA - 8, de

FENOFASES REPRODUTIVAS DO CEDRO DOCE NO MUNICÍPIO DE MUCAJAÍ - RR. Eixo temático 4- Conservação Ambiental e Produção Agrícola Sustentável

CLIMA E FENOLOGIA DE ESPÉCIES EM ÁREA DE CAATINGA PRESERVADA

ÉPOCA DE COLETA DE SEMENTES DE SEIS ESPÉCIES ARBÓREAS EM FLORESTA ESTACIONAL SEMIDECÍDUA, MACHADO - MG

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

INFLUÊNCIA DA PRECIPITAÇÃO NA PRODUÇÃO AGRÍCOLA DE MILHO E FEIJÃO (Vigna unguiculata L. Walp) NO MUNICÍPIO DE LIVRAMENTO PB, BRASIL

OS CERRADOS. Entre as plantas do cerrado, podemos citar a sucurpira, o pequi, a copaíba, o angico, a caviúna, jatobá, lobeira e cagaita.

20º Seminário de Iniciação Científica e 4º Seminário de Pós-graduação da Embrapa Amazônia Oriental ANAIS. 21 a 23 de setembro

TAXA DE FERTILIZAÇÃO E VINGAMENTO DE FRUTOS. DE Bertholletia excelsa. Estudante do curso de Engenharia Florestal da UFAC, estagiária da Embrapa Acre

GEOGRAFIA REVISÃO 1 REVISÃO 2. Aula 25.1 REVISÃO E AVALIAÇÃO DA UNIDADE IV

Eixo Temático ET Meio Ambiente e Recursos Naturais

FENOLOGIA EM FLORESTA ESTACIONAL SEMIDECÍDUA NO MUNICÍPIO DE MACHADO, MG, BRASIL RESUMO

V Encontro Amazônico de Agrárias

Floresta Amazônica É uma floresta tropical fechada, formada em boa parte por árvores de grande porte, situando-se próximas uma das outras (floresta fe

BIOMETRIA DE SEMENTES DE Poincianella pyramidalis OCORRENTES NA REGIÃO DE MACAÍBA-RN

O QUE É ILPF ILP IPF. A ILPF pode ser utilizada em diferentes configurações, combinando-se dois ou três componentes em um sistema produtivo:

Quantidade de Acessos / Plano de Serviço / Unidade da Federação - Novembro/2007

COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA E ESTRUTURA DA FLORESTA SECUNDÁRIA EM UM PERÍMETRO URBANO, BELÉM-PA

INFLUÊNCIA CLIMÁTICA NA PRODUÇÃO DE MILHO (Zea mays l.) NO MUNICÍPIO DE SUMÉ-PB

Geografia. Aspectos Físicos e Geográficos - CE. Professor Luciano Teixeira.

PRODUÇÃO E PROCESSAMENTO DE FRUTOS DE JUÇARA (EUTERPE EDULIS MART.) NO LITORAL DO PR


AVALIAÇÃO FENOLÓGICA E SCREENING FITOQUÍMICO DA CARAMBOLA (Averroha carambola L.)

AVALIAÇÃO DE ÁREAS DE ALTO VALOR DE CONSERVAÇÃO NAS FAZENDAS BARRA LONGA E CANHAMBOLA

O CLIMA E A VEGETAÇÃO DO BRASIL

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE FLORESTA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA FLORESTAL

VII.XIII: Legislação Ambiental relacionada ao PMMA

Transcrição:

Agropecuária Científica no Semiárido Centro de Saúde e Tecnologia Rural http://revistas.ufcg.edu.br/acsa/index.php/acsa/index ISSN: 1808-6845 Fenologia de Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan em fragmento de Floresta Ombrófila Aberta na Paraíba Robson Luis Silva de Medeiros¹*, Josefa Jussara Rêgo Silva², Vênia Camelo de Souza², Rodrigo Garcia Silva Nascimento², Fabiana dos Anjos² RESUMO: Estudos fenológicos que contribuam com informações sobre a reprodução de espécies vegetais são importantes, principalmente quando se trata do comportamento fenológico das espécies nativas de remanescentes de Floresta Ombrófila Aberta para subsidiar ações conservacionistas desses ecossistemas. O objetivo deste trabalho foi estudar a fenologia de Anadenanthera colubrina (Vell.) visando conhecer o seu comportamento reprodutivo. As observações fenológicas foram realizadas mensalmente, durante o período de agosto de 2012 a julho de 2013. Foram acompanhados 20 espécimes e coletados dados das fenofases vegetativas e reprodutivas (floração e frutificação) de acordo com o método proposto por Fournier (1974), que estima a intensidade de cada fenofase por meio de uma escala intervalar de cinco categorias (0 a 4). A frutificação do táxon foi contínua durante os meses estudados. A fenofase floração foi ausente de agosto a outubro/2012, iniciando em novembro, ocorrendo pico em janeiro de 2013 e apresentando floração no período seco durante três meses consecutivos. O táxon A. colubrina apresentou a fenofase frutificação, independente do regime de chuvas no local de estudo. A fenofase floração foi sazonal com início em novembro/2012, ocorrendo pico da antese em janeiro de 2013 no período seco. Palavras-chave: Biologia reprodutiva, floresta Atlântica, Fabaceae. Phenology anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan In an Open Rain Forest fragment in the county of Bananeiras, Paraíba ABSTRACT: Phenological studies that contribute with information about the reproduction of plant species are important, especially when it comes to the phenological behavior of native species in an open rain forest remnants to support conservation actions of these ecosystems. The objective of this work was to study the phenology of Anadenanthera colubrina (Vell.) In order to meet their reproductive behavior. Phenological observations were carried out monthly during the period August 2012 to July 2013. They were accompanied 20 specimens and data collected from vegetative phenophases and reproductive (flowering and fruiting) according to the method proposed by Fournier (1974), which estimates the intensity of each phenophase using an interval scale of five categories (0 to 4). The fruit of the taxon was continuous during the months studied. The flowering phenology was absent from August to October / 2012, starting in November, with peak in January 2013 and featuring flowering in the dry season for three consecutive months. The taxon (A. colubrina) presented the fruiting phenology, regardless of rainfall in the study site. The flowering phenology was seasonal starting in November / 2012, with peak anthesis in January 2013 in the dry season. Keywords: Reproductive biology, Atlantic forest, Fabaceae. INTRODUÇÃO A destruição de habitats atrelada à fragmentação causa sérias consequências para qualquer tipo de vegetação, principalmente para a Mata Atlântica na Região Nordeste que se encontra extremamente fragmentada, onde se podem destacar os brejos de altitude e ecossistemas associados no Estado da Paraíba (MEDEIROS et al., 2016). Por apresentar condições climáticas bastante favoráveis à agricultura, os brejos de altitude têm sido considerados áreas prioritárias de ocupação e desenvolvimento de atividades de pecuaristas e agricultores. O conhecimento da biodiversidade de uma região constitui um pré-requisito básico para o manejo e a gestão do seu patrimônio genético (MEDEIROS et al., 2016). Estudos fenológicos apontam uma melhor compreensão do comportamento dos vegetais, com uma correlação com as mudanças no ambiente biótico e abiótico, abrangendo os padrões estacionais de floração, frutificação e mudança foliar (VILELA et al., 2008). Estudos visando à caracterização das Recebido em 17/06/2016, Aceito para publicação em 04/05/2017 ¹ Universidade Estadual Paulista (UNESP) ² Universidade Federal da Paraíba (UFPB) *e-mail: robsonluissm@gmail.com

36 fenofases vegetais são indispensáveis para a compreensão da dinâmica das populações de plantas, funcionando como indicadores das respostas das plantas às condições climáticas e edáficas locais (VIEIRA & CARVALHO, 2009). O angico (A. colubrina) é uma das espécies de maior importância em fragmentos de floresta nos brejos da Paraíba (SANTOS et al. 2013), A. colubrina (Vell.) Brenan é uma espécie que se apresenta estabelecida em fragmentos de distintas fitofisionomias do Cerrado e em outros biomas brasileiros, principalmente em floresta estacional decidual (NASCIMENTO et al., 2004) e semidecidual (PAULA et al., 2004), cerradão (CARVALHO, 2003), e caatinga (PEGADO et al., 2006). Esta espécie geralmente apresenta alta produção anual de sementes, dispersas por autocoria entre agosto e setembro, final do período seco, e tem expressiva regeneração por germinação, estando classificada no grupo sucessional das secundárias iniciais (CARVALHO, 2003). A espécie A. colubrina ocorre no Nordeste (Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe), Centro-Oeste (Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso), Sudeste (Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo) e Sul (Paraná) (FLORA DO BRASIL, 2020). O processo de biologia reprodutiva de cada espécie é decisivo para assegurar a perpetuação de seus descendentes e permitir a colonização de novos habitats e a ocorrência de eventos evolutivos naturais. analisando biologia floral e polinização (DA SILVA & PINHEIRO, 2007). Possui grande importância na medicina popular, sua casca é usada em medicina caseira, em infusão, xarope, maceração e tintura, e tem propriedades hemostática, adstringente e peitoral. O uso da resina e das folhas, na forma de xarope e chá, é considerado depurativo do sangue, sendo recomendado para combate ao reumatismo e à bronquite (BERG e SILVA, 1986). De acordo com Santos et al. (2013), o angico (A. colubrina) é uma das espécies de maior importância em fragmentos de floresta nos brejos da Paraíba, sendo uma árvore de porte arbóreo, perenifólia a semicaducifólia, podendo atingir 20 a 35 m de altura. Este trabalho teve como objetivo estudar a fenologia de A. colubrina (Vell.), visando conhecer o seu comportamento reprodutivo, em fragmento de floresta Ombrófila Aberta no município de Bananeiras, PB. MATERIAL E MÉTODOS A pesquisa realizou-se em um remanescente de Floresta Ombrófila Aberta, pertencente a Reserva Florestal da Universidade Federal da Paraíba CCHSA/UFPB, Campus III, Bananeiras, caracterizado e considerado um importante fragmento florestal ecotonal de Brejo de Altitude. Está situado na microrregião de Brejo Paraibano, na Cidade de Bananeiras PB, sendo um de seus principais fragmentos portador de aproximadamente 35,5 ha, cujas coordenadas são: 6 46 S e 35 38 W. Gr., com altitude variante entre 510 e 617m de altitude. O clima da região é o As (tropical chuvoso) quente e úmido (Classificação de Köppen) (ALVARES, et al., 2013) e se caracteriza por apresentar temperatura máxima de 38 C e mínima de 18 C, com chuvas de outono a inverno (concentradas nos meses de maio a agosto) (SANTOS et al., 2013). O solo da reserva é do tipo Latossolo Amarelo distrófico, textura franco arenosa a franco argilosa, fase floresta tropical subperenifólia. Geomorfologicamente caracteriza-se pelo relevo suave ondulado (EMBRAPA, 1999). Figura 1. Localização geográfica da Reserva Florestal do CCHSA/UFPB, Bananeiras PB. Seleção e marcação dos indivíduos Foram selecionados 20 exemplares do táxon A. colubrina os quais foram marcados com etiquetas e enumerados. O critério para a seleção foi a presença de material reprodutivo. Coleta de dados As observações fenológicas foram realizadas mensalmente, no período de agosto de 2012 a julho de 2013 através do acompanhamento e a leitura dos dados fenológicos dos exemplares de A. colubrina. Foram coletados dados sobre presença, ausência e

Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho precipitação (mm) 37 intensidade de das fenofases floração, frutificação (Fournier, 1974) e precipitação (Figura 2) (AESA, 2016). 250. 200 150 100 50 0 Figura 2. Precipitação no múnicipio de Bananeiras-PB. Meses 2012-2013 Foi utilizado o método proposto por Fournier (1974), que estima a intensidade de cada fenofase por meio de uma escala intervalar de cinco categorias (0 a 4), com intervalos de 25 % entre cada uma delas, sendo: zero = ausência de fenofase, 1 = presença da fenofase com magnitude atingindo entre 1 % a 25 %, 2 = presença de fenofase com magnitude atingindo entre 26 % a 50 %, 3 = presença de fenofase com magnitude atingindo entre 51% a 75 % e; 4 = presença de fenofase com magnitude atingindo entre 76 % a 100 %. Os materiais vegetais do táxon (A. colubrina) foram coletados como descritores, e foram acondicionados em prensas e, em seguida, preparouse as exsicatas. O material foi enviado para o Herbário Jaime Coelho de Morais no Centro de Ciências Agrárias (CCA) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Campus II, Areia - PB, sendo classificado e identificado, posteriormente. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na avaliação quantitativa dos indivíduos que apresentavam as fenofases reprodutivas floração e frutificação para os meses de agosto de 2012 a julho de 2013 (Figura 3), a frutificação foi contínua durante os meses estudados na maioria dos indivíduos, observando-se pequeno decréscimo no número de indivíduos com frutos ou a partir de janeiro de 2013, período coincidindo com o pico da floração. A fenofase floração foi ausente de agosto a outubro/2012 iniciando em novembro ocorrendo pico da antese em janeiro de 2013 e apresentando floração em todo o período avaliado durante três meses consecutivos e nos meses de abril a julho de 2013 não ocorreu a fenofase floração. A ocorrência desta fenofase na estação seca indica que a produção de flores estaria diretamente relacionada com a ausência de precipitação. Tonini (2011), estudando a fenologia da castanheira do Brasil constatou a floração ocorrendo predominantemente durante o período de menor precipitação A fenofase brotação ocorreu em todas as observações realizadas durante o período de agosto de 2012 a julho de 2013, em dezembro de 2012 esta fenofase não ocorreu em todos os indivíduos selecionados (Figura 3), o que provavelmente tenha relação com a intensidade da fenofase floração que atingiu o pico em janeiro de 2013. Figura 3. Indivíduos de Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan apresentando fenofase reprodutiva em fragmento florestal em Brejo de Altitude, Bananeiras-PB, no período de agosto de 2012 a julho de 2013.

Quanto a desfolha observou-se em janeiro de 2013 uma diminuição no número de indivíduos apresentando esta fenofase. Os indivíduos marcados do táxon estudado estão localizados no fragmento, porém, as diferentes localizações dos táxons, provavelmente, tenha influência, pois durante a coleta dos dados não foi constatado sincronia dos indivíduos apresentando as mesmas fenofases, principalmente reprodutivas. Japiassú et al., 2016, avaliaram a fenologia de A. colubrina Caatinga no semiárido paraibano e constataram que a presença de folhas ocorreu durante todo o período chuvoso e parte do período seco. Provavelmente, há uma sincronia na produção de flores da espécie A. colubrina em fragmento de floresta ombrófila em Brejo de Altitude localizado em Bananeiras, PB em uma única estação do ano essa sincronia observada provavelmente pode ser vantajosa, corroborando as afirmações de Kiill et al. (2010) de que essa sincronia aumenta a atratividade por meio da grande quantidade de flores disponíveis e, consequentemente, da maior disponibilidade de néctar e pólen para os polinizadores. Portanto, a sazonalidade apresentada por esta espécie no ecossistema estudado possivelmente permite que esta espécie consiga realizar com sucesso a polinização e fecundação considerando a morfologia floral da espécie (Figura 4). Pesquisas realizadas com fenologia e síndromes de dispersão de 11 espécies na Caatinga realizadas por Siqueira Filho et al. (2010) incluem A. colubrina (Vell.) como espécie estudada, apresentando floração sazonal também na estação seca com síndrome de dispersão autocórica. 38 Figura 4. Indivíduos de Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan em fenofase vegetativa em Brejo de Altitude, Bananeiras-PB, no período de agosto de 2012 a julho de 2013. A fenofase reprodutiva da espécie parece ser influenciada pela sazonalidade climática interagindo com as condições de microhabitats no fragmento estudado, no qual há uma lacuna de conhecimento sobre a fenologia das espécies da floresta Atlântica em Brejo de Altitude e, particularmente, da espécie A. colubrina (figura 5) pelo porte e altura que apresenta nesse ecossistema, necessitando, assim, ainda mais esforços de equipes de pesquisadores no sentindo de ampliar o conhecimento da biologia reprodutiva dessa espécie e das demais que fazem parte do fragmento. Figura 5. Fenofases floração e frutificação de Anadenanthera colubrina em Brejo de Altitude, Bananeiras-PB, 2013.

39 O comportamento fenológico de A.colubrina ainda não tinha sido caracterizado no fragmento florestal do Campus III, além da necessidade e importância de informações sobre fenologia de espécies florestais no Bioma Mata Atlântica no Nordeste Brasileiro. CONCLUSÕES O táxon (A. colubrina) no fragmento de floresta ombrófila estudado em Brejo de Altitude apresentou a fenofase frutificação contínua e independente do regime de chuvas no local de estudo; A floração ocorreu no período seco iniciando em novembro de 2012 com pico em janeiro de 2013; A produção de folhas novas de angico foi contínua durante o período de estudo de agosto de 2012 a julho de 2013 no fragmento estudado. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AESA. Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba. Disponível em: <http://www.aesa.pb.gov.br/> >. Acesso em: 05 Abr. 2017. ALVARES CA; STAPE JL; SENTELHAS PC; GONÇALVES JLM; SPAROVEK G. Köppen's climate classification map for Brazil. Meteorologische Zeitschrift. 22: 711-728. 2013. Anadenanthera in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/fb 18071>. Acesso em: 05 Abr. 2017. BERG, M.E.V.D.; SILVA, M.H.L. da. Contribuição ao conhecimento da flora medicinal do Maranhão. In: SIMPÓSIO DO TRÓPICO ÚMIDO, 1., 1984, Belém. Anais. Brasília: EMBRAPA, v.ii,p.119-125. 1986. CARVALHO P.E.R. Espécies florestais brasileiras: recomendações silviculturais, potencialidades e uso da madeira. Brasília: EMBRAPA. Informações Tecnológicas, Colombo, EMPRAPA-CNPF, 2003:1, 1039. EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos (Rio de janeiro, RJ). Sistema brasileiro de classificação dos solos. Brasília: Embrapa-SPI, 1999. 412p. FOURNIER L.A. Un método cuantitativo para la medición de características fenológicas en árboles tropicales. Turrialba, v.24, 422-423. 1974 JAPIASSÚ, A.; LOPES, K. P.; DANTAS, J. G.; NÓBREGA, J. S. Fenologia de quatro espécies arbóreas da Caatinga no Semiárido paraibano. Revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável, v. 11, n. 4, p. 34-43, 2016. KILL L.H.P, MARTINS, C.T.V.D., SILVA, P. P. Biologia reprodutiva de duas espécies de Anacardiaceae da Caatinga ameaçadas de extinção. In: ALBUQUERQUE UP, MOURA AN, ARAÚJO E.L. Biodiversidade, potencial econômico e processos ecofisiológicos em ecossistemas nordestinos. Bauru, São Paulo, 337-364, 2010. MEDEIROS R.L.S., DE SOUZA V.C., NETO M.A.B., DE ARAÚJO L., DA SILVA BARBOSA A, MEDEIROS R.L.S. Estrutura da regeneração natural de Anadenanthera colubrina em fragmento de brejo de altitude em Bananeiras, PB. Pesquisa Florestal Brasileira, V.36 n.86, 95-101. 2016. Doi: 10.4336/2016.pfb.36.86.887. NASCIMENTO A.R.T., FELFILI J.M., MEIRELLES E.M. Florística e estrutura da comunidade arbórea de um remanescente de Floresta Estacional Decidual de encosta, Monte Alegre, GO, Brasil. Acta Botanica Brasilica, v. 18, n. 3, p. 659-669, 2004. PAULA, A. D.; SILVA, A. F. D.; JÚNIOR, M., DE, P.; SANTOS, F. A. M. D.; SOUZA, A. L. D. Sucessão ecológica da vegetação arbórea em uma Floresta Estacional Semidecidual, Viçosa, MG, Brasil. Acta Botanica Brasilica, 2004. PEGADO C.M.A., ANDRADE L.D., FÉLIX L.P., PEREIRA I.M. Efeitos da invasão biológica de algaroba- Prosopis juliflora (Sw.) DC. sobre a composição e a estrutura do estrato arbustivo-arbóreo da caatinga no Município de Monteiro, PB, Brasil. Acta Botanica Brasilica, v.20 n.4, 887-898. 2006. SANTOS J.N.B., MEDEIROS R.L.S., OLIVEIRA E.J.B., BARBOSA A.S. Estrutura populacional e análise da regeneração natural de Anadenanthera colubrina (vell.) brenan em um remanescente de floresta ombrófila densa, em Bananeiras-pb. In: Giovanni Seabra (organizador). (Org.). Terra: [livro eletrônico]: Qualidade de Vida, Mobilidade e Segurança nas Cidades. 1ed.João Pessoa - PB: Editora Universitária da UFPB, 2013, v. 3, p. 470-483. DA SILVA A. L.; PINHEIRO M. C. B. Biologia floral e da polinização de quatro espécies de Eugenia L.(Myrtaceae). Acta bot. bras, v. 21, n. 1, p. 235-247, 2007. SIQUEIRA FILHO J.A, SEIDO C.L., CAMPELO M.J.A., ESPÍRITO SANTO F.S., PEQUENO I.D. Fenologia e síndromes de dispersão de espécies lenhosas em área prioritária para a conservação da caatinga - Afrânio, Pernambuco. In: ALBUQUERQUE UP, MOURA AN. ARAÚJO, E.L. Biodiversidade, potencial econômico e processos eco-fisiológicos em ecossistemas nordestinos. Bauru, São Paulo, 2010, 465-483. TONINI H. Fenologia da castanheira do Brasil (Bertholletia excelsa Humb. & Bonpl. Lecythidaceae) no sul do Estado de Roraima. Cerne, Lavras. V.17, 1, 123-131. 2011

40 VIEIRA F.D.A., CARVALHO D.D. Maturação e morfometria dos frutos de Miconia albicans (Swartz) Triana (Melastomataceae) em um remanescente de floresta estacional semidecídua montana em Lavras, MG. Revista Árvore. V.33, 1015-1023. 2009. VILELA G.F., CARVALHO D., VIEIRA, F.A. Phenology of Caryocar brasiliense Camb.(Caryocaraceae) in the Alto Rio Grande, Minas Gerais state. Cerne, v.14 n.4, 317-329. 2008.