COMUNIDADE DE MELIPONÍNEOS (HYMENOPTERA: APIDAE: MELIPONINI) VISITANTES FLORAIS DE ALPINIA NUTANS

Documentos relacionados
BIOLOGIA FLORAL DA PAPOULA-DA- CALIFÓRNIA (Eschscolzia californica Cham., PAPAVERACEAE)

Gabriel dos Santos Ferreira* Kelmo Luis Ramos da Mota* Romero de Jesus Nazare** Favízia Freitas de Oliveira*** ISSN

Ocorrência de Ninhos de Abelhas sem Ferrão (Hymenoptera, Apidae, Meliponini) no Centro Urbano das Cidades de Petrolina, PE e Juazeiro, BA

DADOS PRELIMINARES SOBRE ABELHAS SEM FERRÃO (HYMENOPTERA: APIDAE: MELIPONINAE) DA APA DO RIO PANDEIROS, MG, BRASIL

Registro de Visitantes Florais de Anadenanthera colubrina (VELL.) Brenan Leguminosae), em Petrolina, PE

Ruberval Leone Azevedo I Carlos Alfredo Lopes de Carvalho II Luzimario Lima Pereira III Andreia Santos do Nascimento III - NOTA -

COMUNICAÇÃO. ABELHAS (Hymenoptera: Apoidea) VISITANTES DAS FLORES DE GLIRICÍDIA NO RECÔNCAVO BAIANO

VISITANTES FLORAIS E POTENCIAIS POLINIZADORES DE ORA-PRO-NOBIS (Pereskia aculeata) NA REGIÃO DE INCONFIDENTES, MG

DIVERSIDADE DE ABELHAS NATIVAS COLETADAS COM O AUXÍLIO DE REDE ENTOMOLÓGICA NO PARQUE ESTADUAL CACHOEIRA DA FUMAÇA, ALEGRE, ES.

Lichtenberg et al., Behavioral suites mediate group-level foraging dynamics in communities of tropical stingless bees

Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, MS, 2

VISITANTES FLORAIS E POTENCIAIS POLINIZADORES SECUNDÁRIOS DE CARYOCAR BRASILIENSE

ABELHA SEM FERRÃO DO FUNDO DE VALE DA FACULDADE DE APUCARANA BOBIG, Ana Flávia 1 ; VILELA, Vera Lúcia Delmônico 2

ESTUDO PRELIMINAR DA FAUNA DE HYMENOPTERA DA APA DO RIO PANDEIROS, NORTE DE MINAS GERAIS

DIVERSIDADE DE ABELHAS

O JOÁ-BRAVO COMO FONTE ALTERNATIVA DE RECURSOS PARA OS POLINIZADORES AO REDOR DE CULTIVOS AGRÍCOLAS

EFICIÊNCIA DE ISCAS-ODORES NA COLETA DE EUGLOSSINI (HYMENOPTERA, APIDAE) Mayla Gava¹, Luceli de Souza²

REDE DE INTERAÇÃO FEIJÃO MANGALÔ (Dolichos lablab) E SEUS VISITANTES FLORAIS. Bianca Dorea Santos¹,Gilberto Marcos Mendoça Santos²

Visitantes florais de pinhão-manso no Semiárido de Minas Gerais

1. FICHA RESUMO IDENTIFICAÇÃO DE ESPÉCIES DA FAMÍLIA MYRTACEAE NA FLORESTA OMBRÓFILA MISTA (FLORESTA COM ARAUCÁRIA) CARGA HORÁRIA 20 h/aula

Universidade do Extremo Sul Catarinense Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais

REFERÊNCIA/MODELO NO ARQUIVO PDF, AS INFORMAÇÕES E NOMES DOS AUTORES DEVEM SER OMITIDOS

DIVERSIDADE DE VISITANTES FLORAIS E POLINIZADORES DE PUNICA GRANATUM (ROMÃZEIRA), NO MUNICÍPIO DE CUITÉ/PB.

Matheus Delabrio Bonato 1 ; Rosilda Mara Mussury 2

LEVANTAMENTO DE ABELHAS POLINIZADORAS EM CULTURA DE MORANGO (Fragaria x ananassa Duch, cv. Albion)

Título: Levantamento da comunidade de abelhas sem ferrão em Euterpe edulis Martius (Palmae) na Mata Atlântica no município de Maquiné RS.

LEVANTAMENTO DA COLEOPTEROFAUNA POR ARMADILHA DE SOLO E COLETA ATIVA NA MATA DO IFSULDEMINAS - CÂMPUS MUZAMBINHO

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO PRO-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO SECRETARIA ACADÊMICA DE PÓS-GRADUAÇÃO (SAPG) PROGRAMA ANALÍTICO

Abelhas (Hymenoptera: Apoidea) visitantes florais do sabiá (Mimosa Caesalpiniifolia Benth.) em Teixeira de Freitas, Bahia, Brasil

Influência de Trigona spinipes Fabr. (Hymenoptera: Apidae) na Polinização do Maracujazeiro Amarelo

4ª Jornada Científica e Tecnológica e 1º Simpósio de Pós-Graduação do IFSULDEMINAS 16, 17 e 18 de outubro de 2012, Muzambinho MG

As abelhas (Hymenoptera:Apidae) e as plantas fontes de seus recursos em uma área de cerrado da Chapada Diamantina

LEVANTAMENTO DA ENTOMOFAUNA EM CULTURA DE EUCALIPTO E VEGETAÇÃO RASTEIRA NO MUNICÍPIO DE IVINHEMA (MS) UTILIZANDO ARMADILHA DE SOLO PITFALL

Programa Analítico de Disciplina BVE230 Organografia e Sistemática das Espermatófitas

Visitantes florais presentes em soja Bt e não Bt na região do cerrado brasileiro

FAUNA DE ABELHAS EUGLOSSINI (HYMENOPTERA: APIDAE) EM DOIS FRAGMENTOS DE MATA ATLÂNTICA NO SUL DO ESPÍRITO SANTO

POTENCIAL CONTRIBUIÇÃO DA ARBORIZAÇÃO URBANA NO FLUXO GÊNICO ENTRE FRAGMENTOS FLORESTAIS NO JARDIM MORUMBI (SOROCABA-SP).

FAUNA DE ABELHAS EM ESPÉCIES CULTIVADAS E NÃO CULTIVADAS DE ALGODÃO (Gossypium spp.) NO CENTRO OESTE E NORDESTE DO BRASIL (*)

PAPEL DOS VISITANTES FLORAIS NO SUCESSO REPRODUTIVO DO MARACUJÁ- AMARELO (Passiflora edulis Sims.).

Estudo da Diversidade e Conservação de abelhas da RESEX Mãe Grande de Curuçá e arredores, região costeira do Pará

Vera Lucia Imperatriz-Fonseca Universidade de S. Paulo 2006

PREFERÊNCIA DOS INSETOS POLINIZADORES AS DIFERENTES CORES DA COROLA DE TROPAEOLUM MAJUS L. (TROPAEOLACEAE).

ISSN Lílian Santos Barreto* Synara Mattos Leal* Joseane Costa dos Anjos* Marina Siqueira de Castro** 1 INTRODUÇÃO

APIFAUNA VISITANTE FLORAL EM REMANESCENTE FLORESTAL DE AMÉLIA RODRIGUES, BAHIA

COMUNIDADE DE ABELHAS (APOIDEA) EM TRÊS FITOFISIONOMIAS DE CAATINGA DA BAHIA

LEVANTAMENTO PRELIMINAR DA DIVERSIDADE DE INSETOS EXISTENTES EM ÁREA DE CAATINGA NO MUNICÍPIO DE IPANGUAÇU, RN

Relatório de Pesquisa Abelhas Sociais e Solitárias

LEI Nº , DE

Ecologia da Polinização

1. FICHA RESUMO. IDENTIFICAÇÃO DE ESPÉCIES DAS FAMÍLIAS MYRTACEAE e LAURACEAE NA CURSO. NÚMERO DE VAGAS 18 (dezoito) CARGA HORÁRIA 30 h/aula

Manejo e Conservação de Polinizadores de Tomateiro (Solanum lycopersicum L.)

LEVANTAMENTO DE ABELHAS INDIGENAS SEM FERRÃO (HYMENOPTERA) NA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO DO INSTITUTO MONTE SINAI.

INVENTÁRIO DA FAUNA DE ABELHAS (HYMENOPTERA: APÓIDEA) COM A UTILIZAÇÃO DE ARMADILHA ATRATIVA E INTERCEPTADORA DE VÔO EM FLORA TÍPICA SUL PARANAENSE

Visitantes da Goiabeira (Psidium guajava L.) em áreas de fruteiras do Vale Irrigado do São Francisco I.

Influência do movimento animal e conectividade espacial sobre redes de polinização

RELATÓRIO DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA NA ÁREA DA UHE MAUÁ

ABELHAS VISITANTES DA CULTURA DO GIRASSOL (HELIANTHUS ANNUUS) EM ÁREA DE CERRADO

COMPOSIÇÃO DA FAUNA DE ABELHAS EUGLOSSINI (HYMENOPTERA, APIDAE) NO PARQUE ESTADUAL CACHOEIRA DA FUMAÇA - ES

Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz Departamento de Ciências Florestais

VISITANTES FLORAIS DE Merremia umbellata (L.) Hallier f. NOS ARREDORES DO PARQUE MUNICIPAL DE CAMPO MOURÃO PARANÁ

ISCED-HUÍLA HERBÁRIO E MUSEU DE ORNITOLOGIA E MAMALOGIA DO LUBANGO

CURSO: CARACTERIZAÇÃO DOS ESTÁGIOS SUCESSIONAIS NA FLORESTA OMBRÓFILA DENSA DAS TERRAS BAIXAS DO NORTE CATARINENSE 2ª EDIÇÃO

A fauna apícola do Parque Municipal da Cachoeirinha (Iporá, GO)

Pollination by bees in strawberry production in semihydroponic

BIOLOGIA FLORAL E GUILDA DE POLINIZADORES DE Zornia latifolia Sm. (FABACEAE)

RIQUEZA DE ESPÉCIES DE EUGLOSSINI (HYMENOPTERA: APIDAE) NA REGIÃO DA BACIA DO XINGU

Natureza - Atividade Obrigatória. Natureza - Atividade Obrigatória. Natureza - Atividade Obrigatória. Natureza - Estágio Estágio 45 3

INTERVENÇÃO O MISTERIOSO MUNDO DOS INSETOS Joseane Salau Ferraz CONTEXTUALIZAÇÃO HABILIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS

Programa Analítico de Disciplina BIO131 Ecologia Básica

Levantamento Preliminar da Herpetofauna em um Fragmento de Mata Atlântica no Observatório Picos dos Dias, Brasópolis, Minas Gerais

A CRIAÇÃO TRADICIONAL DE ABELHAS SEM FERRÃO EM POTES DE BARRO EM BONINAL, CHAPADA DIAMANTINA, BAHIA¹.

COMPETIÇÃO ENTRE ABELHAS DURANTE FORRAGEAMENTO EM Schefflera arboricola (HAYATA) MERR

ISSN ÁREA TEMÁTICA:

VISITANTES FLORAIS NA CULTURA DA SOJA SAFRINHA, Glycine max (L.) Merrill NO MUNICÍPIO DE CAMPO MOURÃO-PR

CANDOMBÁ - ISSN V.10 N. 1 JAN - dez Rafaela Lorena da Silva Santos 1* Camila Magalhães Pigozzo 1** Edinaldo Luz das Neves 1***

Análise multicritério para construção de cenários de risco à desertificação: Qual a relação destes ambientes com a diversidade de abelhas?

CARACTERIZAÇÃO FLORÍSTICA QUANTO A FUSÃO DA COROLA EM FLORES DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO NORTE/RN

A FAUNA DE ICHNEUMONIDAE (HYMENOPTERA) DO BOSQUE DE PINUS SP. NO CAMPUS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS, SÃO CARLOS, SP.

Paloma P. BONFITTO 1 ; Marcos M. de SOUZA¹ ¹IFSULDEMINAS Câmpus Inconfidentes, Inconfidentes/MG,

ANAIS. Trabalhos Completos Aprovados Volume II ISSN: Belém - Pará

RIO VERDE 19 DE DEZEMBRO DE 2016

Programa Analítico de Disciplina GEO250 Biogeografia

1. FICHA RESUMO CARACTERIZAÇÃO DE ESTÁGIOS SUCESSIONAIS DAS FLORESTAS DO BIOMA MATA. ATLÂNTICA NO RIO GRANDE DO SUL 2ª Edição

BIODIVERSIDADE DE MACROINVERTEBRADOS BENTÔNICOS DO LITORAL DO ESTADO DA BAHIA

GOVERNADOR DO ESTADO DE SANTA CATARINA

ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO DA COMUNIDADE DE ABELHAS (HYMENOPTERA, APOIDEA) EM UMA REGIÃO DE CERRADO EM DOURADOS (MS)

1. FICHA RESUMO IDENTIFICAÇÃO DE ESPÉCIES DA FLORESTA OMBRÓFILA MISTA EM CONTATO COM A. CARGA HORÁRIA 30h/aula VALORES DE INVESTIMENTO

Introdução. Material & métodos

Diversidade de insetos e frequência de abelhas visitantes florais de Serjania lethalis na Chapada do Araripe

Abelhas (Hymenoptera: Apoidea) visitantes dos capítulos de girassol no recôncavo baiano

PLANTAS E ABELHAS NATIVAS EM ÁREAS DE AGRICULTURA NO ALTO TIETÊ CABECEIRAS (SP)

LEVANTAMENTO DE ABELHAS EUGLOSSINI NA CHAPADA DIAMANTINA COMO ESTRATÉGIA PARA MONITORAMENTO E CONSERVAÇÃO DAS POPULAÇÕES DE ABELHAS DE ORQUÍDEAS

MATRIZ CURRICULAR BACHARELADO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

ABELHAS (HYMENOPTERA, APOIDEA APIFORMES) DE UMA ÁREA DE RESTINGA, PARAÍBA, NORDESTE DO BRASIL: ABUNDÂNCIA, DIVERSIDADE E SAZONALIDADE

DIVERSIDADE DE COLEOPTEROS DE SOLO EM TRÊS FITOFISIONOMIAS NO CAMPUS DA UNIJUI, IJUÍ/RS 1

PROGRAMAS DE RESTAURAÇÃO E CONSERVAÇÃO DE MATAS CILIARES E DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS

Transcrição:

ISSN 1809-0362 COMUNIDADE DE MELIPONÍNEOS (HYMENOPTERA: APIDAE: MELIPONINI) VISITANTES FLORAIS DE ALPINIA NUTANS (L.) ROSCOE (ZINGIBERACEAE) EM UM REMANESCENTE URBANO DE MATA ATLÂNTICA NO MUNICÍPIO DE SALVADOR, BAHIA Gabriel dos Santos Ferreira * Camila Magalhães Pigozzo ** *Aluno de graduação em Ciências Biológicas do Centro Universitário Jorge Amado (UNIJORGE), Salvador, Bahia - E-mail: gdsferreira1@gmail.com **Doutora em Programa de Pós-Graduação em Ciências pela Universidade Estadual de Feira de Santana, UEFS. Mestre em Ecologia e Biomonitoramento pela Universidade Federal da Bahia, UFBA. Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal da Bahia, UFBA. Professora e Coordenadora dos Cursos de Licenciatura e Bacharelado em Ciências Biológicas no Centro Universitário Jorge Amado (UNIJORGE). E-mail: camilapigozzo@gmail.com RESUMO: Objetivando entender a utilização dessa espécie vegetal como recurso trófico, realizou-se o levantamento das abelhas da tribo Meliponini em flores de Alpinia nutans (L.) Roscoe em um remanescente urbano de Mata Atlântica no município de Salvador, Bahia. O estudo foi desenvolvido no Museu de Ciência e Tecnologia da Bahia, no município de Salvador, Bahia. Foram realizadas 12 amostragens durante o período de setembro de 2017 a agosto de 2018, iniciando às 06:00 e finalizando às 17:00. Foram capturados 163 meliponíneos visitando flores de A. nutans, a espécie mais frequente foi Trigona spinipes (Fabricius, 1793), com 98,16% (n=160) dos indivíduos coletados. Durante o período de amostragem, o mês de novembro apresentou maior abundância de indivíduos, com 50 espécimes coletados e o horário que apresentou maior frequência de visitações foi entre 09:00h às 10:00h, com 24 visitações. Diante disso, a A. nutans é um importante recurso floral para os meliponíneos na área. Palavras-chave: Alpinia, Meliponini, Zingiberaceae, Abelhas ABSTRACT: The objective is to understand the plant species as food resource, carried out survey bees of the Meliponini tribe in flowers of Alpinia nutans (L.) Roscoe in an urban remnant of Atlantic Forest in the city of Salvador, Bahia. The study was developed in the Museum of Science and Technology of Bahia, in the city of Salvador, Bahia. Were carried out twelve collections during the period from September 2017 to August 2018, starting at 06:00 and ending at 17:00. A total of 163 meliponines were collected from A. nutans flowers, a species most frequently reported by Trigona spinipes (Fabricius, 1793), with 98.16% (n = 160) of the individuals 1

collected. During the sampling period, the month of November presented greater abundance of individuals, with 50 specimens collected and the time that the highest frequency of visits was between 09:00 to 10:00, with 24 visits. In view of this, A. nutans is an important floral resource for the meliponíneos in the area. Keywords: Alpinia, Meliponini, Zingiberaceae, Bees. INTRODUÇÃO As abelhas são insetos pertencentes a Superfamília Apoidea, dentro da Ordem Hymenoptera, sendo descritas cerca de 20.000 espécies no mundo, no Brasil, ocorrem cerca de 3.000 espécies, distribuídas em cinco famílias: Andrenidae, Apidae, Colletidae, Halictidae e Megachilidae (SILVEIRA et al., 2002; MICHENER, 2007; KRUG e ALVES-DOS-SANTOS, 2008; RAFAEL et al., 2012). Esses insetos são essenciais para a reprodução das flores, porque, na busca por recurso alimentar (pólen e néctar), acabam polinizando os indivíduos florais. Algumas plantas apresentam estratégias em suas flores que servem como atrativos para as abelhas, sendo chamadas de melitófilas (FAEGRI e VAN DER PIJL, 1979; KLEINERT et al., 2012). Cerca de 90% das angiospermas são polinizadas por animais, algumas delas dependem exclusivamente das abelhas, em especial, as abelhas sem ferrão, pertencentes a Tribo Meliponini, grupo que apresenta maior diversidade entre as abelhas com hábitos sociais (OLLERTON et al., 2011; RAFAEL et al., 2012; IMPERATRIZ-FONSECA et al., 2012). Devido a crescente redução dos ecossistemas naturais, os fragmentos de vegetação localizado em centros urbanos são importantes para a manutenção ecológica da fauna, fornecendo alimento e abrigo e os inventários faunísticos nesses ambientes são importantes, para o conhecimento da biodiversidade, bem como as interações ecológicas entre os organismos (OLIVEIRA, 2003; LUTINSKI e GARCIA, 2005; SANTANA e OLIVEIRA, 2010). Contudo, objetivou-se entender a utilização Alpinia nutans (L.) Roscoe como recurso trófico das abelhas da tribo Meliponini em um remanescente urbano de Mata Atlântica no município de Salvador, Bahia. 2

MATÉRIAIS E MÉTODOS O estudo foi desenvolvido em um remanescente urbano de Mata Atlântica localizado no Museu de Ciência e Tecnologia da Bahia (12 57'59.2"S 038 25'33.1"W), no município de Salvador, Bahia (Figura 1). Foram realizadas 12 coletas durante o período de setembro de 2017 a agosto de 2018, iniciando às 06:00 e finalizando às 17:00. As flores de Alpinia nutans (Figura 2) eram observadas por 10 minutos a cada 01:00, os indivíduos visitantes florais foram capturados com o auxílio de rede entomológica, sacrificados em câmara mortífera contendo acetato de etila e colocados em frascos contendo horário e planta em que foram coletados. Figura 1: Área de estudo localizado nas imediações do Museu de Ciência e Tecnologia da Bahia, Salvador, Bahia. Fonte: Google Earth Pro. 3

Figura 2: Flor de Alpinia nutans (L.) Roscoe sendo visitada por abelha no Museu de Ciência e Tecnologia da Bahia, Salvador, Bahia. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram capturados 163 meliponíneos visitando flores de Alpinia nutans (L.) Roscoe, distribuídos em dois gêneros e três espécies. A espécie mais frequente foi Trigona spinipes (Fabricius, 1793), com 98,16% (n=160) dos indivíduos coletados, seguido de Trigona braueri Friese, 1900, com 1,23% (n=2) e Partamona helleri (Friese, 1900), com 0,61% (n=1) (Tabela 1), Krieck et al. (2008) também observou uma frequência elevada de indivíduos de T. spinipes visitando flores do gênero Alpinia, o que pode indicar que a espécie vegetal seja um importante recurso alimentar para essa espécie na área. Foi observado que algumas flores apresentavam perfurações, podendo estar relacionado com a presença de T. spinipes, porque, a espécie em questão é pilhadora, no qual, perfuram as flores na região onde está localizado a glândulas nectáreas, para coletar néctar, realizando uma visitação ilegítima (KRIECK et al., 2008). 4

Tabela 1: Frequência absoluta (FA) e relativa (FR) dos meliponíneos coletados visitando flores de Alpnia nutans (L.) Roscoe no Museu de Ciência e Tecnologia da Bahia, Salvador, Bahia, durante o período de setembro de 2017 e agosto de 2018. Espécies FA FR (%) Trigona spinipes (Fabricius,1793) 160 98,16% Trigona braueri Friese, 1900 2 1,23% Partamona helleri (Friese, 1900) 1 0,61% Total 163 100,00% Durante o período de amostragem, o mês de novembro de 2017 apresentou maior abundância de indivíduos, com 50 espécimes coletados (Figura 3), sendo pertinente com o fenômeno de floração em massa, no qual, várias flores de A. nutans floriram no mesmo período, havendo uma maior disponibilidade de recurso para as espécies de abelhas. Os meses de fevereiro, março, abril e junho de 2018 não houveram visitações a espécie botânica (Figura 3), podendo estar relacionado com o fato que nesse período não houve presença de órgãos reprodutivos, porque a mesma apresentava aspectos de senescência. Houve atividade de visitações nas flores A. nutans durante todo o dia, porém, o horário que apresentou maior frequência de visitações foi entre 09:00 às 10:00, com 24 visitações (Figura 4), segundo Andena et al. (2009), os meliponíneos apresentam atividade durante todo o dia, principalmente no período da manhã. 5

Figura 3: Distribuição mensal dos meliponíneos coletados visitando flores de Alpnia nutans (L.) Roscoe no Museu de Ciência e Tecnologia da Bahia, Salvador, Bahia, durante o período de setembro de 2017 e agosto de 2018. Figura 4: Distribuição diária dos meliponíneos coletados visitando flores de Alpnia nutans (L.) Roscoe no Museu de Ciência e Tecnologia da Bahia, Salvador, Bahia, durante o período de setembro de 2017 e agosto de 2018. 6

CONSIDERAÇÕES FINAIS A presença de Trigona spinipes visitando frequentemente flores de Alpinia nutans pode indicar que a espécie vegetal é um importante recurso para os meliponíneos. Flores do gênero Alpinia apresentam flexistilia, processo onde a estrutura reprodutiva sofre alterações funcionais ao longo do dia. Dessa forma, há a necessidade de visitação constantemente, para o sucesso reprodutivo da espécie vegetal. AGRADECIMENTOS A coordenação do Museu Ciência e Tecnologia da Bahia por ter autorizado e cedido o local para a realização do projeto. A Prof. Dra. Favizia Freitas de Oliveira, coordenadora do Laboratório de Bionomia, Biogeografia e Sistemática de Insetos (UFBA) pela identificação das abelhas. A Larissa Renate Freitas da Silva Barbosa por ter identificado a flor de Alpinia nutans. REFERÊNCIAS ANDENA, S. R., BEGO, L. R., e MECHI, M. R. (2009). A comunidade de abelhas (Hymenoptera, Apoidea) de uma área de cerrado (Corumbataí, SP) e suas visitas às flores. Revista Brasileira de Zoociências, 7(1). FAEGRI, K. e PIJL L. Van der. (1979). The principles of pollination ecology. 3. rd. Pergamon Press, Oxford, 244p. IMPERATRIZ-FONSECA, V. L., CANHOS, D. A. L., ALVES, D. A., E SARAIVA, A. M. (2012). Polinizadores no Brasil: Contribuição e perspectivas para a biodiversidade, uso sustentável, conservação e serviços ambientais. São Paulo: EDUSP. KLEINERT, A. M. P., ETEROVIC, A., SANTOS-FILHO, P. S. (2012). Por que os levantamentos de abelhas falham quando se trata de entender suas comunidades. In: Polinizadores no Brasil (eds. Imperatriz-Fonseca V.L., Canhos D.A.L., Alves D.A., Saraiva A.M.), cap. 8, p. 175-180. KRIECK, C., FINATTO, T., MÜLLER, T. S., GUERRA, M. P., E ORTH, A. I. (2008). Biologia reprodutiva de Alpinia zerumbet (Pers.) BL Burtt & RM Sm.(Zingiberaceae) em Florianópolis, Santa Catarina. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, 10(2), 103-110. KRUG, C. e ALVES dos Santos, I. (2008). O uso de diferentes métodos para amostragem da fauna de abelhas (Hymenoptera: Apoidea), um estudo em Floresta Ombrófila Mista em Santa Catarina. Neotrop Entomol, 37, 265-278. LUTINSKI, J. A. E GARCIA, F. R. M. (2005). Análise faunística de Formicidae (Hymenoptera: Apocrita) em ecossistema degradado no município de Chapecó, Santa Catarina. Biotemas, 18(2), 73-86p. 7

Michener, C. D. (2007). The Bees of the World. 2nd. Ed. Johns Hopkins, Baltimore. OLIVEIRA, F. F. (2003). Revisão do gênero Frieseomelitta von Ihering, 1912 (Hymenoptera, Apidae, Meliponinae), com notas bionômicas de algumas espécies (Doctoral dissertation, Tese de Doutorado, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 327p. OLLERTON, J., WINFREE, R., E TARRANT, S. (2011). How many flowering plants are pollinated by animals?. Oikos, 120(3), 321-326. RAFAEL, J. A., MELO, G. A. R., CARVALHO, C. J. B., CASARI, S. A., CONSTANTINO, R. (2012). Insetos do Brasil: Diversidade e Taxonomia. Holos Editora, Ribeirão Preto. 810p. SANTANA, A. V. C E OLIVEIRA, F F. (2010). Inventário das espécies de abelhas (Hymenoptera, Apiformes) do campus da UFBA (Ondina), Salvador, Ba: dados preliminares III. Candombá Revista Virtual, 6 (1), 28-51. SILVEIRA, F. A., MELO, G. A., & ALMEIDA, E. A. (2002). Abelhas brasileiras. Sistemática e Identificação. Fundação Araucária, Belo 8