Comunicado. Incidência e danos da brocadas-meliáceas, Hypsipyla grandella, em mogno, no interior paulista

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Transcrição:

Comunicado Técnico Agosto, 280 ISSN 1980-3982 Colombo, PR 2011 Fotos: Victor Hugo Pancera Tedeschi Incidência e danos da brocadas-meliáceas, Hypsipyla grandella, em mogno, no interior paulista Marcílio José Thomazini 1 Victor Hugo Pancera Tedeschi 2 Joslaine Rodrigues de Meira 3 O mogno, Swietenia macrophylla King, é a mais valiosa das espécies florestais madeireiras nativas da floresta tropical. Possui rápido crescimento, adaptabilidade, boa forma de fuste e alto valor comercial, quesitos essenciais para a escolha de uma espécie, visando à implantação de programas florestais para a indústria madeireira (GROGAN et al., 2002; SILVA et al., 2004). Todas essas vantagens provocaram uma exploração seletiva associada com práticas predatórias e ilegais de extrativismo, especialmente no Brasil, possuidor de uma das últimas reservas naturais desta espécie (BAIMA, 2001). Plantios comerciais poderiam viabilizar a utilização do mogno, evitando a sua exploração ilegal. No entanto, o principal fator limitante à implantação desses plantios é o ataque da broca-das-meliáceas, Hypsipyla grandella (Zeller, 1848) (Lepidoptera: Pyralidae). A lagarta desta praga perfura e mata o broto terminal, fazendo túneis nas brotações em desenvolvimento, quebrando a dominância apical, o que induz à ramificação do fuste, prejudicando a formação de um tronco retilíneo e comercialmente aproveitável. A taxa de crescimento da árvore é reduzida e podem ocorrer outros ataques subsequentes, mas raramente a planta morre (NEWTON et al., 1993; FLOYD; HAUXWELL, 2001; HILJE; CORNELIUS, 2001; OHASHI et al., 2008). Vários são os trabalhos visando o controle de H. grandella em meliáceas, com diferentes graus de sucesso, envolvendo controle químico, biológico, silvicultural, resistência de plantas, além de métodos integrados de controle (FLOYD; HAUXWELL, 2001). No entanto, nenhuma técnica isolada tem demonstrado resultado satisfatório em campo, sendo necessário desenvolver práticas dentro do conceito de manejo integrado de pragas (MIP) (HILJE; CORNELIUS, 2001; RIBEIRO, 2010). Taveras et al. (2004) enfatizam a necessidade de estudos de dinâmica populacional de H. grandella como base para o desenvolvimento de um manejo integrado para essa praga. Esses estudos devem permitir uma melhoria na previsão de picos 1 Engenheiro-agrônomo, Doutor, Pesquisador da Embrapa Florestas, marcilio@cnpf.embrapa.br 2 Estudante de Biologia, Bolsista da Embrapa Florestas 3 Estudante de Biologia, Bolsista da Embrapa Florestas

2 Incidência e danos da broca-das-meliáceas, Hypsipyla grandella, em mogno, no interior paulista populacionais e procedimentos de amostragem, assim como uma avaliação real do papel dos agentes de mortalidade natural na abundância da praga. Desse modo, o objetivo deste comunicado técnico é relatar os danos e a incidência de H. grandella em mogno no interior paulista. A área experimental é um plantio homogêneo de mogno, localizado no Município de Garça, SP, com aproximadamente 0,5 ha, plantado em janeiro de 2008, no espaçamento de 3 m x 2 m (Figura 1A). Nesse plantio, durante as avaliações, não foi feito nenhum tipo de controle da praga. Mensalmente, de fevereiro de 2010 a janeiro de 2011, foram coletados, com auxílio de um podão (Figura 1B), 100 ramos ao acaso, para avaliação da incidência da broca-das-meliáceas, seus danos e fatores de mortalidade. Em laboratório esses ramos foram abertos longitudinalmente, sendo registrado: número de ramos atacados e não atacados, número de lagartas vivas (pequenas até 10 mm de comprimento, médias 11 mm a 20 mm, grandes acima de 20 mm), número de lagartas mortas (atacadas por fungos, parasitoides ou mortas por outras causas) e número de pupas. As lagartas vivas foram alimentadas com pedaços de ramos de mogno até completarem seu desenvolvimento. Os dados obtidos foram analisados quanto à porcentagem mensal de ataque e total mensal de lagartas vivas, mortas e pupas para verificação de variação populacional. Fotos: Marcílio José Thomazini A B Figura 1. Plantio de mogno com 2,5 anos em Garça, SP. (A) Detalhes da área experimental. (B) Coleta de ramos de mogno para avaliação da incidência da broca-das-meliáceas, Hypsipyla grandella. Os sintomas iniciais do ataque de H. grandella em mogno são notados pela morte de folhas próximas ao ponteiro (Figura 2A), visto que a lagarta recém-eclodida penetra nas nervuras das folhas; posteriormente ela penetra no ponteiro da planta, ou até nas axilas das folhas, cavando galerias (Figura 2B) e causando a morte do broto apical (Figura 2C). O local de alimentação da lagarta fica protegido por uma teia contendo também fragmentos de planta e fezes (Figura 2D). Após a morte do ponteiro atacado, as novas brotações aparecem e podem também ser atacadas (Figura 2E). A planta perde o fuste retilíneo e seu crescimento é sensivelmente prejudicado (Figura 2F).

Incidência e danos da broca-das-meliáceas, Hypsipyla grandella, em mogno, no interior paulista 3 Fotos: Marcílio José Thomazini A B C D E F Figura 2. Sintomas e danos da broca-das-meliáceas em mogno em Garça, SP. (A) Sintoma inicial de ataque na folha; (B) Ponteiro de mogno atacado por H. grandella, mostrando a galeria e a lagarta; (C) Morte do broto apical; (D) Ramo com sinais de alimentação da praga: teia com fragmentos de planta e fezes; (E) Brotações laterais após a morte do ponteiro; (F) Tronco de mogno bifurcado pelo ataque da broca. A incidência da broca-das-meliáceas foi maior no período chuvoso e começo do período seco (de fevereiro a julho). A partir de agosto, a porcentagem de ramos atacados caiu drasticamente e mantevese baixa até outubro, coincidentemente, a redução também de chuvas e brotações. Em novembro, o número de ramos atacados começou a crescer novamente (Tabela 1). Quanto à dinâmica populacional, durante o período de um ano, o número de lagartas e pupas de H. grandella variou significativamente. As lagartas predominaram nos meses mais chuvosos (com picos em fevereiro, abril e dezembro de 2010 e janeiro de 2011), onde as brotações são mais intensas, atraindo o inseto para a cultura. Foram encontradas principalmente lagartas médias e grandes (Tabela

4 Incidência e danos da broca-das-meliáceas, Hypsipyla grandella, em mogno, no interior paulista 1). A duração da fase larval de H. grandella varia de 25 a 30 dias, com seis ínstares. A coloração vai do rósea ao azulado, e no último instar o tamanho da lagarta pode ultrapassar os 20 mm (Figura 3A). Nos meses de julho a novembro de 2010, a população foi muito baixa, não sendo encontrada nenhuma lagarta viva nos meses de agosto e setembro de 2010. A mortalidade larval natural foi relativamente baixa (14,8%), sendo encontrado um índice de apenas 1,8% de lagartas parasitadas por himenópteros e 2,4% de lagartas atacadas por fungos do gênero Beauveria (Figura 3B). Quanto às pupas, foram encontradas em menor número, ocorrendo de fevereiro a julho (Tabela 1) (Figura 3C). Os adultos possuem asas anteriores de coloração cinza e posteriores de coloração branca, com envergadura média de 30 mm para a fêmea e 27 mm para o macho (Figura 3D). Taveras et al. (2004) verificaram que H. grandella esteve presente durante todo o ano em plantios de mogno na Costa Rica, tendo quatro picos populacionais. A mortalidade natural obtida pelos autores foi de 24%, mais alta que a encontrada nesse trabalho. Os autores verificaram também que, aproximadamente, metade dessa mortalidade foi devido ao parasitismo. Apenas 8% de mortalidade ocorreu devido a fungos entomopatogênicos. Embora as mariposas de H. grandella tenham uma grande capacidade de dispersão, elas permanecem na área atacada enquanto novas brotações ainda estiverem presentes, o que causa severo dano local (GRIFFITHS, 2001). Esses adultos são geralmente atraídos por árvores jovens emitindo novas folhagens e por árvores danificadas e com presença de fezes. Os ovos são colocados nas brotações, ramos ou folhas (GRIJPMA; GARA, 1970; GRIFFITHS, 2001). Tabela 1. Incidência da broca-das-meliáceas, Hypsipyla grandella, em plantio de mogno. Garça, SP. 2010 2011 fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan Total Porcentagem de ramos atacados 75 82 85 78 68 73 17 12 14 35 59 63 Número de lagartas vivas pequenas 7 1 10 6 3 2 0 0 2 2 27 7 67 médias 22 7 16 7 4 1 0 0 0 2 25 17 101 grandes 20 19 17 6 4 1 0 0 0 2 14 31 114 Subtotal 49 27 43 19 11 4 0 0 2 6 66 55 282 Número de lagartas mortas parasitadas 0 0 1 0 1 1 1 0 1 0 0 1 6 c/ fungos 0 0 1 3 3 1 0 0 0 0 0 0 8 outras 6 0 1 6 3 2 3 0 3 4 4 3 35 Subtotal 6 0 3 9 7 4 4 0 4 4 4 4 49 Número total de lagartas Total 55 27 46 28 18 8 4 0 6 10 70 59 331 Número de pupas Vivas 8 6 10 3 1 4 0 0 0 0 0 1 33 Vazias 0 0 1 4 4 2 0 0 0 0 0 0 11 Total 8 6 11 7 5 6 0 0 0 0 0 0 44

Incidência e danos da broca-das-meliáceas, Hypsipyla grandella, em mogno, no interior paulista 5 Fotos: Victor Hugo Pancera Tedeschi (A, D); Marcílio José Thomazini (B, C) A C B D Figura 3. Hypsipyla grandella. (A) Lagarta de último instar. (B) Lagarta atacada por fungo. (C) Pupa dentro de um ramo atacado. (D) Adulto. A alta incidência da broca-das-meliáceas, causando danos significativos ao mogno, mesmo fora de sua região de origem, aliada à baixa mortalidade natural do inseto, revela a necessidade de estudos mais aprofundados sobre o manejo dessa praga, visando à obtenção de madeira nobre para desdobro. Agradecimentos À Empresa Tropical Flora Reflorestadora, Garça, SP, nas pessoas do engenheiro-agrônomo Eduardo Ciriello e do engenheiro florestal Alessandro de Magalhães Boccia Ribeiro, pela utlização da área de mogno e auxílio nos trabalhos. Referências BAIMA, A. M. V. O status de Swietenia macrophylla King (mogno) em duas florestas exploradas: o caso de Marabá e Rio Maria, no Estado do Pará. 2001. 174 f. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Ciências Agrárias do Pará, Belém, PA. FLOYD, R. B.; HAUXWELL, C. (Ed.). Hypsipyla shoot borers in Meliaceae: proceedings of an international workshop held at Kandy, Sri Lanka 20-23 August 1996. Canberra: ACIAR, 2001. 189 p. (ACIAR Proceedings, 97). GRIFFITHS, M. W. The biology and ecology of Hypsipyla shoot borers. In: FLOYD, R. B.; HAUXWELL, C. (Ed.). Hypsipyla shoot borers in Meliaceae: proceedings of an international workshop held at Kandy, Sri Lanka 20-23 August 1996. Canberra: ACIAR, 2001. p. 74-80. (ACIAR Proceedings, 97). GRIJPMA, P.; GARA, R. I. Studies on the shootborer Hypsipyla grandella (Zeller). II. Host preference of the larva. Turrialba, v. 20, n. 2. p. 241 247, 1970. GROGAN, J.; BARRETO, P.; VERÍSSIMO, A. Mogno na Amazônia Brasileira: ecologia e perspectivas de manejo. Belém, PA: Imazon, 2002. 40 p. HILJE, L.; CORNELIUS, J. Es inmanejable Hypsipyla grandella como plaga? Revista Manejo Integrado de Plagas, n. 61, p. i iv, 2001. NEWTON, A. C.; BAKER, P.; RAMNARINE, S.; MESEN, J. F.; LEAKY, R. R. B. The mahogany shoot-borer, prospects for control. Forest Ecology and Management, v. 57, p. 301 328, 1993. OHASHI, O. S.; SILVA JUNIOR, M. S.; LAMEIRA, O. A.; SILVA, J. N. M.; LEÃO, N. V. M.; TEREZO, E. F.; BATISTA, T. F. C.; HIDAKA, D. Z. L.; ALMEIDA, G. B.; BITTENCOURT, P. R. G.; GOMES, F. S.; NEVES, G. A. M. Danos e controle da broca de Hypsipyla grandella em plantio de mogno Swietenia macrophylla no Estado do Pará. In: POLTRONIERI, L. S.; TRINDADE, D. R.; SANTOS, I. P. (Eds.). Pragas e doenças de cultivos amazônicos. 2. ed. Belém, PA: Embrapa Amazônia Oriental, 2008. p. 101-116.

6 Incidência e danos da broca-das-meliáceas, Hypsipyla grandella, em mogno, no interior paulista RIBEIRO, A. M. B. Controle químico da broca das meliáceas Hypsipyla grandella Zeller (Lepidotera: Pyralidae) em mogno sul americano (Swietenia macrophylla King). 2010. 75 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Florestal) Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Botucatu. TAVERAS, R.; HILJE, L.; HANSON, P.; MEXZON, R.; CARBALLO, M.; NAVARRO, C. Population trends and damage patterns of Hypsipyla grandella (Lepidoptera: Pyralidae) in a mahogany stand, in Turrialba,Costa Rica. Agricultural and Forest Entomology, v. 6, p.89 98, 2004. SILVA, J. A.; LEITE, E. J.; SALOMÃO, A. N.; SANTOS, I. R. I. Banco de germoplasma de espécies florestais nativas do campo experimental Sucupira. Mogno (Swietenia macrophylla King) Meliaceae. Brasília, DF: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, 2004. 50 p. (Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. Documentos, 122). Comunicado Técnico, 280 Exemplares desta edição podem ser adquiridos na: Embrapa Florestas Endereço: Estrada da Ribeira Km 111, CP 319 Fone / Fax: (0**) 41 3675-5600 E-mail: sac@cnpf.embrapa.br 1 a edição Versão eletrônica (2011) Comitê de Publicações Expediente Presidente: Patrícia Póvoa de Mattos Secretária-Executiva: Elisabete Marques Oaida Membros: Álvaro Figueredo dos Santos, Antonio Aparecido Carpanezzi, Claudia Maria Branco de Freitas Maia, Dalva Luiz de Queiroz, Guilherme Schnell e Schuhli, Luís Cláudio Maranhão Froufe, Marilice Cordeiro Garrastazu, Sérgio Gaiad Supervisão editorial: Patrícia Póvoa de Mattos Revisão de texto: Mauro Marcelo Berté Normalização bibliográfica: Francisca Rasche Editoração eletrônica: Mauro Marcelo Berté CGPE 9470