Improbidade Administrativa Guilherme Kronemberg Hartmann gh.dpc@hotmail.com // @guilhermekhartmann www.masterjuris.com.br
DIVISÃO TOPOGRÁFICA - Procedimento administrativo (arts. 14/16, Lei nº 8.429/1992). - Processo judicial (arts. 17/18, Lei nº 8.429/1992).
MOMENTO INVESTIGATIVO - INQUÉRITO CIVIL (art. 129, III, CRFB): Cabe ao Ministério Público instaurar, exclusivamente, inquérito civil, constituindo este um procedimento que tem por finalidade a investigação e apuração pelo parquet de elementos de convicção que permitam fornecer-lhe suporte para a propositura de demanda coletiva (art. 8º, 1º, Lei nº 7.347/1985). - Resolução nº 23/2007, CNMP: regulamenta os arts. 6º, inciso VII, e 7º, inciso I, da Lei Complementar nº 75/1993 e os arts. 25, inciso IV, e 26, inciso I, da Lei nº 8.625/1993, disciplinando, no âmbito do Ministério Público, a instauração e tramitação do inquérito civil.
Ser exclusivo não significa dizer ser obrigatório, pois o Ministério Público pode dispensar a formação do inquérito civil se já tiver elementos de prova suficientes. O inquérito civil não é condição de procedibilidade para o ajuizamento das ações a cargo do Ministério Público, nem para a realização das demais medidas de sua atribuição própria (art. 1º, único, Resolução nº 23/2007, CNMP). 4. Prescindível a instauração prévia de inquérito civil à Ação Civil Pública para averiguar prática de improbidade administrativa (STJ AgRg no REsp 1.066.838/SC, 2ª Turma, j. 07/10/2010).
Vícios do inquérito civil. 5. O inquérito civil, como peça informativa, tem por fim embasar a propositura da ação, que independe da prévia instauração do procedimento administrativo. Eventual irregularidade praticada na fase pré-processual não é capaz de inquinar de nulidade a ação civil pública, assim como ocorre na esfera penal, se observadas as garantias do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório (STJ REsp 1.119.568/PR, 1ª Turma, j. 02/09/2010).
MOMENTO INVESTIGATIVO - PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO (arts. 14/16, Lei nº 8.429/1992). - Representação por qualquer pessoa, em manifestação do direito constitucional de petição (art. 5º, XXXIV, CRFB). - Comunicação ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas (art. 15, caput, Lei nº 8.429/1992). - Rejeição da representação não impede atuação do Ministério Público (art. 14, 2º; e 22, Lei nº 8.429/1992).
Delação/denúncia anônima. 5. A vedação ao anonimato, constante no art. 5, IV, da CRFB, há de ser harmonizada, com base no princípio da concordância prática, com o dever constitucional imposto ao Ministério Público de promover o Inquérito Civil e a Ação Civil Pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos (art. 129, III). 6. Nos termos do art. 22 da Lei 8.429/1992, o Ministério Público pode, mesmo de ofício, requisitar a instauração de inquérito policial ou procedimento administrativo para apurar qualquer ilícito previsto no aludido diploma legal. 7. Assim, ainda que a notícia da suposta discrepância entre a evolução patrimonial de agentes políticos e seus rendimentos tenha decorrido de denúncia anônima, não se pode impedir que o membro do Parquet tome medidas proporcionais e razoáveis, como no caso dos autos, para investigar a veracidade do juízo apresentado por cidadão que não se tenha identificado (STJ RMS 38.010/RJ, T2ª, j. 02/05/2013).
Resolução nº 23/2007, CNMP: Art. 2º (..) 3º O conhecimento por manifestação anônima, justificada, não implicará ausência de providências, desde que obedecidos os mesmos requisitos para as representações em geral, constantes no artigo 2º, inciso II, desta Resolução.
Sigilo das investigações. Resolução nº 23/2007, CNMP (cf. alteração promovida pela Resolução n 161/2017, CNJ): Art. 7º Aplica-se ao inquérito civil o princípio da publicidade dos atos, com exceção dos casos em que haja sigilo legal ou em que a publicidade possa acarretar prejuízo às investigações, casos em que a decretação do sigilo legal deverá ser motivada. (..) 6º O defensor poderá, mesmo sem procuração, examinar autos de investigações findas ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital. Art. 6º (..) 11. O defensor constituído nos autos poderá assistir o investigado durante a apuração de infrações, sob pena de nulidade absoluta do seu depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso da respectiva apuração, apresentar razões e quesitos.
Lei nº 8.906/1994: Art. 7º São direitos do advogado: (..) XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital; (..) XXI - assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso da respectiva apuração: (..) 11. No caso previsto no inciso XIV, a autoridade competente poderá delimitar o acesso do advogado aos elementos de prova relacionados a diligências em andamento e ainda não documentados nos autos, quando houver risco de comprometimento da eficiência, da eficácia ou da finalidade das diligências. (..).
Arquivamento do inquérito civil. Lei nº 7.347/1985: Art. 9º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as diligências, se convencer da inexistência de fundamento para a propositura da ação civil, promoverá o arquivamento dos autos do inquérito civil ou das peças informativas, fazendo-o fundamentadamente. 1º Os autos do inquérito civil ou das peças de informação arquivadas serão remetidos, sob pena de se incorrer em falta grave, no prazo de 3 (três) dias, ao Conselho Superior do Ministério Público. 2º Até que, em sessão do Conselho Superior do Ministério Público, seja homologada ou rejeitada a promoção de arquivamento, poderão as associações legitimadas apresentar razões escritas ou documentos, que serão juntados aos autos do inquérito ou anexados às peças de informação. 3º A promoção de arquivamento será submetida a exame e deliberação do Conselho Superior do Ministério Público, conforme dispuser o seu Regimento. 4º Deixando o Conselho Superior de homologar a promoção de arquivamento, designará, desde logo, outro órgão do Ministério Público para o ajuizamento da ação.