José Newton Cardoso Marchiori Departamento de Ciências Florestais. Centro de Ciências Rurais.UFSM. Santa Maria, RS.

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Transcrição:

o 107 A ESTRUTURA DO XI LEMA SECUNDAR 10 DE Mimosa daleoides Benth. (LEGUMINOSAE MIMOSOIDEAE). José Newton Cardoso Marchiori Departamento de Ciências Florestais. Centro de Ciências Rurais.UFSM. Santa Maria, RS. RESUMO São descritos os caracteres gerais, macnoscôpicos e micros COplCOS da madeira de Mimosa da1eoides Benth. São fornecidos dados quantitativos e histométricos do xi1ema secundãrio e ilustrações da madeira. O xi1ema se cun dâr í deste arbusto é comparado com o de outras espécies de madeira do mesmo gênero. SUMMARY MARCHIORI,J.N.C., 19B2. The secondary xy1em structure of Mimosa da leoides Benth. (Leguminosae Mimosoideae). Ciência e Natura (4):107-113. The gross, macroscopic and microscopic wood struoture of Mimosa daleoides Benth. (Leguminosae Mimosoideae) are described. Aside from quantitative and histometric data from the seco~ dary xy1em, i11ustrations of wood are furnished. The secondary xy1em of this shrub is compared wi th other wood species of the same genus. INTRODUÇM O género Mimosa L. compreende cerca de 400 espécies, nati vas principalmente na América tropical e subtropica1. Em sua maior parte são ervas e arbustos, sendo raras as espécies arbóreas (BU~ KART, 3). Na flora su1-brasi 1eira são numerosas as espécies de Mimosa. RAMBO (9) cita 53 espécies para o Rio Grande do Sul, e BURKART (5), 48 para o Estado de Santa Catarina. A maioria destas espécies sao plantas de pequeno porte e de utilização desconhecida. Apenas Mimosa scabrella e M. bimucronata são cultivadas para a produção de madeira e lenha (BURKART, 4). A utilização limitada das espécies de Mimosa não estimulou a realização de estudos anatõmicos. Poucos são as espécies deste g! nero, para as quais forüm descritos os caracteres gerais, macroscó picos e microscópicos da madeira. RECORD & HESS (10) citam caracteres gerais e organo1épticos para as madeiras do gênero Mimosa. Estas informações, entretanto,

108 foram baseadas em apenas duas especies. COZZO (7) comparou a estrutura de 11 madeiras de Mimosa na tivas da Argentina, com vistas à identificação e taxonomia. Este au tor verificou uma ampla variação anatõmica entre as espécies exami nadas, não encontrando um carãter comum às mesmas. Segundo Cozzo, o genero Mimosa e estruturalmente heterogêneo..marchiori (8) descreveu a anatomia da madeira e da casca de Mimosa seabrella e Mimosa bimueronata. Comparando a estrutura destas madeiras com a de outras duas especies do mesmo genero, este autor constatou que as espécies da secção Eumimosa Benth. se assemelhan p~ la estratificação do parênquima axial e elementos vasculares, e for ma das celulas radiais em plano longitudinal tangencial. O mesmo a~ tor, por outro lado, encontrou diferenças marcantes quanto a estes mesmos caracteres na madeira de M. bimueronata, da secção Habbasia Benth. Ressalta, entretanto, que a utilização de um carãter anatõml co para fins taxonõmicos requer um estudo mais profundo,com um maior numero de especies. camente. A madeira estudada neste trabalho e desconhecida anatomi Mimosa daleoides Benth. e um arbusto pequeno, de 1 a 2 m de altura, nativo do Brasil sul-oriental, desde São Paulo ate o Rio Grande do Sul, nordeste da Aegentina, paraguai e Bolivia. E especie heliõfila e seletiva xerôfila, sendo muito freqaente em campos de s~ los enxutos e rochosos onde costuma formar densos agrupamentos. Por ser muito semelhante à bracaatinga quando jovem, esta especie e co nhecida comumente por bracaatinga-miuda (BURKART, 5). MATERIAL E METODOS A amostra de madeira estudada é procedente do municipio de Santiago, RS, e se encontra registrada no Herbãrio do Departame~ to de Ciências Florestais da UFSM (HDCF) com o nq 580. As secções anatõmicas foram coloridas com safranina e azul de astra, e montadas em lâminas permanentes com "Entellan". A maceração da madeira foi feita pelo metodo de Jeffrey, sendo o tecido macerado colorido com safranina. Para as descrições seguiu-se a Norma COPANT (6), com as alterações propostas por BURGER (2). Os dados quantitativos da estru tura anatõmica da madeira são apresentados na Tabela I. As fotomicrografias foram realizadas em fotomicroscõpio Carl Zeiss. O cartão perfurado, com caracteristicas da madeira e especie, foi preenchido conforme BRAZIER & FRANKLIN (1), e e apr~ sentado na Figura 2.

TABELA I. DADOS QUANTITATIVOS DA ESTRUTURA ANATOMICA DO XILEMA SECUN D~RID DE Mimosa dazeoides Benth. 109 CARACTERTSTI CA VALOR MIN. MEDIA VALOR MAX. DESVIO PADRM 1. Poros/1TIT12 2. ~ tangencial de poros (~m) 3. C. elementos vasculares (~m) 32 42,5 165 51 67,2 247,8 62 85 313 3,5 9,6 33,0 4. C. de apêndices de elementos vascula res (um) 5. Fração de poros (%) 6. Fração de parênquima axial (%) 7. C. das séries de parênquima (~m) 10 B 16 230 28,4 9,33 17,5 271,2 63 12 20 363 14,3 1,36 1,64 36,7 B. C. das células de parênquima axial seri ado (um) 9. Fração de tecido radial (I) 10. Raios/1TIT1 11. H. raios uni-seriados (~m) 12. H. raios uni-seriados (células) 13. L. raios uni-seriados (~m) 14. H. raios multi-seriados (~m) 15. H. raios multi-seriados (células) 16. L. raios multi-seriados (~m) 17. L. raios multi-seriados (células) lb. Fração de fibras (%) 19. Comprimento de fibras (um) 20. ~ total de fibras (~m) 21. ~ do lumem de fibras (~m) 100 18 7 55 2 10 182,5 7 17,5 2 49 420 12,5 5 135,6 20 9,64 164,7 6,28 13,5 769,7 34,5 26,8 2,76 53,16 614,7 17,7 8,65 187,5 23 13 425 14 20 2017,5 95 47,5 4 57 840 25 12,5 20,2 2,1 1,32 78,9 2,88 2,53 419,3 20,11 5,03 0,59 3,19 78,6 2,31 1,97 DESCRIÇAo DA MADEIRA CARACTERES GERAIS E ORGANOLtPTICOS ~1adeira de cerne e alburno indistintos, sem brilho, de cor creme ou palha, de grã direita, macia, de textura fina e sem odor e gosto característicos. CARACTERES MACROSCOPICOS Poros: Invisíveis a olho nu, visíveis sob lente de 10X, em distri buição difusa; solitãrios e, menos freq~entemente, em multiplos ra diais de 2 ou 3 poros; pequenos, muito numeros09, com conteudos, e com placa de perfuração simples. Linhas vasculares retilíneas. Parênquima axiaz: Visível em plano transversal apenas sob lente de 10 aumentos; paratraqueal vasicêntrico, escasso.

IlO parênquima radial: Raios invisíveis a olho nu em plano transversal, finos, pouco frequentes. Em secção longitudinal tangencial, visíveis com dificuldade sob lente, baixos, não estratificados. Espelhadodos raios pouco contrastado. Aniis de crescimento: Distintos a olho nu, individualizados por zo nas fibrosas tangenciais mais escuras. Outros caracteres: Canais secretores axiais, máculas medulares e li ber incluso, ausentes. CARACTERES MICROSCOPICOS Vasos: Porosidade difusa, uniforme (Figura 1 a). Poros de secção cir cular a oval, pequenos (43-67 - 85 ~m de diámetro tangencial), de muito numerosos a numerosíssimos (32-51 - 62 poros/mm 2 ), ocupando cerca de 9,3% do volume da madeira; solitários, gemi nados, menos fr~ quentemente em agrupamentos radiais e racemiformes de 3 a 5 poros. Elementos vasculares muito curtos (165-248 - 313 um}, de paredes espessas, não ornamentadas, com placa de perfuração simples e com apêndices curtos (10-28 - 63 ~m) presentes em uma ou em am bas extremidades. Pontuado intervascular alterno. Pontuações inte~ vasculares pequenas, de forma oval, guarnecidas; com abertura hori zontal, lenticular, inclusa ou coalescente até a 3 pontuações. Pon tuações parênquimo-vasculares e rãdio-vasculares semelhantes às po~ tuações intervasculares; pequenas e arredondadas, menores de 10 ~m. Traqueôides vasicêntricos, traqueõides vasculares e elementos vascu lares imperfeitos, ausentes. parênquima axial: Pouco abundante, ocupando cerca de 17,5% do vol~ me da madeira; dos tipos paratraqueal unilateral e vasicêntrico. C~ lulas de parênquima axial com 100-136 - 188 ~m de altura, em s~ ries verticais estratificadas em plano radial. Séries de parênquima axial com 230-271 - 363 ~m de altura e com 2 sélulas por série. parênquima radial: Tecido radial fracamente heterogêneo, composto principalmente de células horizontais (Figura 1 b). Raios ocupando cerca de 20% do volume da madeira, numerosos (7-9 - 13 raios/mm). Raios de tipo normal; raios agregados e fusionados, ausentes (Fig~ ra 1 c). Raios uni-seriados pouco frequentes (16% dos raios), de baixos a medianos (55-165 - 425 ~m), extremamente finos (10 13,5-20 ~m) e com 2-6 - 15 células de altura. Raios multi-seriados, principalmente tri-seriados (45 % dos raios), mebos frequentemente bi e tetra-seriados (cerca de 19% para cada tipo). Raios multi-seriados muito baixos (182-770 -2018 um ), com 7-35 - 95 células de altura, e muito finos (17,5-27 - 48~m).

111 a figura 1. Fotografias da madeira de Mimosa daleoides Benth. a, Secção tran~ versa 1 (50X). b,secção 1ongi tu di na 1 radial(50x). c, Secção longitudinal tangencial (50X). c Fibras: Tecido fibroso proeminente, ocupando cerca de 53% do volume da madeira. Fibras libriformes não septadas, frequentemente gelatl nosas; dotadas de pontuações simples, diminutas, mais abundantes na face radial da parede celular. Fibras extremamente curtas (420-615 - 840 ~m) e de par~ des delgadas. Outros oaraoteres: Canais secretores, tubos lacticíferos e taninífe ros, liber incluso e máculas medulares, não foram observados. Anéis de crescimento distintos, evidenciados pela concentração de fibras

112 de paredes mais espessas no lenho tardio. Inclusões orgânicas com o aspecto de goma, mas de natur! za quimica não determinada neste trabalho, encontram-se presentes em poros do cerne. u~. SEPT.. E 23 _ ti THICK WAL.U:O 2.- ~.--------- - 8 8 :l~s~~~~(~_ - foi ~ I T""'CHEIOS PRESENT 2. ii: ----2-'- Figura 2. Cartão perfurado das principais caracteristicas da madeira de Mimosa daleoides Benth. Inc1 usões i norgâni cas são mui to pouco frequentes, aparecen do na forma de cristais rombõides de oxa1ato de cálcio em séries cris ta1iferas de parênquima axia1 e, menos comumente, em células margi nais de parênquima radial. ANALISE DA ESTRUTURA ANATOMICA DA MADEIRA Os caracteres gerais da madeira de Mimosa daleoides Benth. correspondem com a descrição de RECORD & HESS (10) para o gênero. Os caracteres anatômicos mais importantes na madeira est~ dada, tais como a presença de elementos vascu1ares muito curtos e com placa de perfuração simples, pontuações intervascu1ares peque nas, parênquima axia1 dos tipos paratraquea1 unilateral e vasicêntri co, fibras 1ibriformes curtas e raios praticamente homogêneos, são, entretanto, caracteres comuns ã maioria das madeiras de Leguminosae Mimosoideae. A nive1 microscoplco COZZO (7) observou uma ampla variação anatômica entre as espécies de Mimosa por ele estudadas. Este autor considera, por este motivo, o gênero Mimosa como estruturalmente he terogêneo. Cozzo ressalta a existência de grande variação quanto ao

tipo de porosidade e altura de raios, tipo de células parênquimati cas radiais, abundância de parênquima axial, e presença ou não de septos em fibras e de estratificação na madeira. MARCHIORI (8) encontrou semelhança anatõmica entre 3 esp~ cies da secção Eumimosa Benth., e diferenças entre estas e Mimosa bimucronata, pertencente à secçào Habbasia do mesmo gênero. No mes mo trabalho, o autor sugere que a presença de células parênquimati 113 cas radiais altas e de estratificação do parênquima axial em plano longitudinal radial, tenham valor taxonõmico para a secção Eumimosa. A estrutura anatõmica de Mimosa daleoides Benth., descri ta neste trabalho, assemelha-se quanto a estes aspectos às referidas espécies da secção Eumimosa estudadas por MARCHJORI (8). REFERtNCIAS BIBLIOGRAFICAS 1. BRAZIER,J.D. & FRANKLIN,G.L. Identification of Hardwoods a microscope Key. For. Fro d, Res. B.> London, 1961. 196 p. 2. BURGER,L.M. Estudo anatômico do xilema secundário de sete esp~ cies nativas do gênero Dalbergia - Leguminosae Faboideas.Curi tiba, UFPr. 184 f. Tese de Mestrado. 3. BURKART,A. Las Leguminosas argentinas silvestres y cultivadas.bu~ nos Aires, ACME, 1952. 569 p. 4. BURKART,A. Leguminosae. In: PARODI,L.R. Enciclopedia argentina de Agricultura y Jardineria. Buenos Aires, ACME. 1959. V. 1: 443-512. 5. BURKART,A. Leguminosas Mimosoideas. Flora Ilustrada Catarinense> 1979. 299 p. 6. COMISSION PANAMERICANA DE NORMAS TECNICAS. 30:1-019, novembro 1973. 7. COZZO,D. Anatomia del leno secundario de las Leguminosas Mimosoi deas y Caesalpinoideas argentinas silvestres y cultivadas.rev. Inst. Nac, Lnv ee t, C. Naturales C. Bo t :, 2(2) :63-290. 1951. 8. MARCHIORI,J.N.C. Estudo anatômico do xilema secundário e da cas ca de al~umas espécies dos gênerps Acacia e Mimosa, nativas no Estado do Rio Grande do Sul. Curitiba, ljfpr, 1980. 186 f. Tese de Mestrado. 9. RAMBO,B. Estudo comparativo das leguminosas riograndenses. Anais Botânicos> 5:107-184, 1953. 10. RECORD,S.J. & HESS,R.W. Timbers of the New World. New Haven. Vale University Press, 1949. 640 p. Recebido em agosto, 1982; aceito em setembro, 1982.