EDUCAR PARA A IGUALDADE DE GÊNERO E FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORAS/ES

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Transcrição:

EDUCAR PARA A IGUALDADE DE GÊNERO E FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORAS/ES Lilian Silva de Sales 1 Tatiana França Moura 2 Introdução O projeto Educar para igualdade de gênero e formação continuada de professoras/es, foi realizado, como um projeto de extensão universitária, ao longo do período de junho de 2016 a junho de 2018 3. Com o objetivo de organizar grupos de estudos com professoras/es das redes públicas de ensino do município de Castanhal, bem como pessoas da comunidade interessadas na temática da igualdade de gênero, com vistas a formação continuada, trocas de experiências e produção de materiais didáticos que possibilitassem o trabalho com a diversidade de gêneros em experiências com educação formal e não formal. O referido projeto foi desenvolvido pela Universidade Federal do Pará, Faculdade de Educação Física, Campus de Castanhal. O Município de Castanhal localiza-se na Região Nordeste Paraense, distante pouco mais de 70km da capital, Belém. A metodologia utilizada no projeto, foi a organização de uma comunidade de formação, denominada Grupo Feminista Zo é. A comunidade de formação baseou-se nas comunidades de sala de aula de bell hooks (2013), na qual são articulados saberes teóricos e práticos, valorizando a experiência daquelas que participam da comunidade através do lugar de fala. Essa metodologia também permite interseccionar gênero com outros marcadores sociais da diferença como raça, sexualidade, idade, classe. A comunidade de formação denominada Grupo Feminista Zo é, é composta por quinze mulheres que se reúnem regularmente uma ou duas vezes por mês, de acordo com a necessidade do grupo, para compartilhar o estudo de textos, experiências, propor e executar 1 Doutora em Ciências Sociais, professora adjunto I da Universidade Federal do Pará, campus de Castanhal, liliandesales@gmail.com 2 Especialista em Docência do Ensino Superior, professora da Rede Pública Municipal de Castanhal e da Rede Pública Estadual de Educação, SEMED-Castanhal e SEDUC-PA, ufpa.tatimoura2@gmail.com 3 O referido projeto foi aprovado inicialmente para um período de um ano, junho de 2016 a maio de 2017, mas foi renovado até maio de 2018, após apresentação de relatório à Faculdade de Educação Física do Campus de Castanhal.

ações políticas. Mas a esse grupo soma-se uma quantidade variável de mulheres que não participam das reuniões com regularidade, porém se fazem presentes conforme o seu interesse pela temática abordada nas reuniões. Frequentemente as reuniões acontecem em instituições públicas (escolas, universidade, casa de cultura do município de castanhal) e de fácil acesso para as mulheres do grupo. As pautas são publicadas através de uma conta no facebook, a qual tem 671 seguidoras/es com a finalidade de compartilhar as temáticas abordadas, os textos para estudo, os filmes ou documentários para debate, as ações desenvolvidas pelo grupo para a cidade. (Re)Construindo o sentido dos feminismos na vida das mulheres moradoras de Castanhal-Pará. Como referido acima, o projeto foi inicialmente pensado para ser desenvolvido com professoras/es das redes públicas de ensino do município de castanhal, nesse sentido articulamos com algumas professoras do município com as quais já tínhamos desenvolvido outros projetos e atividades. Agendamos, então, nossa primeira reunião com um grupo pequeno de cinco professoras, as quais iriam funcionar como articuladoras dentro dos espaços de ensino nos quais trabalhavam. Nessa reunião, apresentamos o projeto e deliberamos que iriamos mobilizar outras professoras/es para uma segunda reunião. Então, na tarde de 11 de junho de 2016 fizemos a nossa segunda reunião, com a presença de dez mulheres, nem todas professoras como projetado no início, mas com mulheres dispostas a se qualificar para compreenderem melhor seu lugar social. Definimos em reunião construir o grupo como um grupo somente de mulheres, considerando a demanda de todas que dele participávamos, em criar uma atmosfera na qual pudéssemos nos sentirmos à vontade para tratarmos de assuntos os quais nos intimidaríamos caso houvesse a presença masculina. Por seis meses o grupo se reuniu para estudar sobre feminismos, relacionando o que liamos nos textos com nossa vida concreta, compartilhando experiências e nos conhecendo, estreitando laços de irmandade. Nesse período, nos ocupamos do grupo, não realizamos nenhuma ação, a não ser as reuniões de estudo. Mas, por vezes, participávamos juntas de ações que ocorriam no município, como as reuniões de estudos que realizamos nas ocupações das universidades federais e estaduais pelas/os estudantes no ano de 2016, as manifestações de rua contra o golpe de 2016, entre outras.

Depois desse período de gestação do grupo, começamos a projetar o que denominamos de primeira onda feminista de Castanhal, para acontecer em 08 de março de 2017, nossa primeira intervenção como grupo feminista em Castanhal. Atividades desenvolvidas pelo grupo Zo é O curso de formação se estrutura a partir dos encontros de estudos de textos sobre a temática de gênero e feminista, na perspectiva metodológica das comunidades de sala de aula de bell hooks (2013), já explicitada anteriormente. Primeira onda feminista, cujo tema uma onda feminista no dia 08 de março: para além dos batons e das flores. Debatemos que em nosso município as ações realizadas para o dia internacional da mulher eram quase sempre marcadas pelo reforço ao lugar tradicionalmente destinado as mulheres na sociedade, reforçavam do padrão de beleza ou do romantismo expresso pelo recebimento de flores, além da centralização do debate sobre a violência contra a mulher. Sem desconsiderar essas formas de condução do dia destinado a luta e a visibilidade das mulheres, acreditamos que focalizar as ações em comemoração ao dia internacional da mulher somente nessas perspectivas, não representa as múltiplas demandas que a luta de mulheres e feminista coloca como ordem do dia. Não acompanha, igualmente, o avanço das múltiplas estratégias que as diversas mulheres, no Brasil e no mundo, têm articulado como sujeitos de sua própria história, para ocupar lugares que lhes são tradicionalmente negados, bem como construir estratégias de emancipação e empoderamento. Nessa perspectiva, organizamos a onda feminista para além dos batons e das flores, que pudesse apresentar ás mulheres e homens de castanhal outras demandas das mulheres, as múltiplas formas de atuarem no mundo e de construírem redes de apoio mútuo e de luta. O evento foi construído em conjunto com o movimento social organizado sob a forma de uma Feira e Sarau Feminista, com a exposição de várias produtoras e empreendedoras de economia solidária de castanhal, movimentos sociais e estudantes a qual contou com a participação de aproximadamente 200 pessoas entre expositores e visitantes. Segunda onda feminista, cujo tema nenhum direito à menos Considerando que o contexto de crise no qual vivemos ameaça brutalmente o conjunto de direitos já conquistados pelas mulheres, bem como aqueles que ainda temos a conquistar, o

grupo decidiu apresentar como tema da segunda onda do dia 08 de março de 2018 o tema NENHUM DIREITO A MENOS, marcando a necessidade de que todas as mulheres reiteremos que não iremos nos arredar da luta por todos os direitos que historicamente conquistamos. Para tanto, além da Feira e Sarau Feminista, que já eram parte de nossa marca organizativa, introduzimos uma mesa redonda com quatro mulheres de diferentes instituições e movimentos sociais debatendo o tema central do evento. A segunda onda aconteceu em praça pública central do município, contou com a participação de várias expositoras e com um público bem diversificado que frequenta normalmente a referida praça. Rodas de conversa ocupando as ocupações de estudantes As rodas de conversa foram propostas e organizadas pelo grupo como demanda do movimento estudantil 4, com o objetivo de dialogar sobre feminismo e a luta histórica das mulheres. As/Os estudantes socializaram suas visões acerca da data, bem como leituras que debatem o feminismo e a organização das mulheres. Nesses encontros também aproveitamos para mobilizar as/os estudantes para a primeira onda feminista. 4 Estudantes do Instituto Federal de Educação do Pará e Universidade Federal do Pará Campus Castanhal, bem como pelos estudantes secundaristas de escolas estaduais que estavam em ocupação dessas instituições no ano de 2016.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE - FURG Catalogação na Publicação: Bibliotecária Simone Godinho Maisonave CRB -10/1733 S471a Seminário Corpo, Gênero e Sexualidade (7. : 2018 : Rio Grande, RS) Anais eletrônicos do VII Seminário Corpo, Gênero e Sexualidade, do III Seminário Internacional Corpo, Gênero e Sexualidade e do III Luso-Brasileiro Educação em Sexualidade, Gênero, Saúde e Sustentabilidade [recurso eletrônico] / organizadoras, Paula Regina Costa Ribeiro... [et al.] Rio Grande : Ed. da FURG, 2018. PDF Disponível em: http://www.7seminario.furg.br/ http://www.seminariocorpogenerosexualidade.furg.br/ ISBN:978-85-7566-547-3 1. Educação sexual - Seminário 2. Corpo. 3. Gênero 4. Sexualidade I. Ribeiro, Paula Regina Costa, org. [et al.] II. Título III. Título: III Seminário Internacional Corpo, Gênero e Sexualidade. IV.Título: III Luso-Brasileiro Educação em Sexualidade, Gênero, Saúde e Sustentabilidade. CDU 37:613.88 Capa e Projeto Gráfico: Thomas de Aguiar de Oliveira Diagramação: Thomas de Aguiar de Oliveira