POTENCIAL DE GERAÇÃO DE BIOGÁS A PARTIR DA ANÁLISE DE PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS DE RESÍDUOS SÓLIDOS MUNICIPAIS CO-DIGERIDOS COM DEJETO SUÍNO

Documentos relacionados
GERAÇÃO DE BIOGÁS A PARTIR DA CO-DIGESTÃO ANAERÓBIA DE RESÍDUOS SÓLIDOS MUNICIPAIS COM DEJETO SUÍNO

MODELOS DE BIOCONVERSÃO ANAERÓBIA DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS INOCULADOS COM LODO DE ESGOTO SANITÁRIO

Avaliação de parâmetros físicoquímicos na degradação de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) de diferentes idades e sua relação com a geração de biogás

ESTIMATIVA DA PRODUÇÃO DE BIOGÁS EM ATERRO SANITÁRIO SUBTROPICAL BRASILEIRO

PROPORÇÃO DE INÓCULO PARA BIODIGESTÃO ANAERÓBIA DE VINHAÇA - ADEQUAÇÃO DE ph. INOCULUM RATIO FOR VINASSE ANAEROBIC BIODIGESTION ph SUITABILITY

15 a 17 junho de 2016 Porto Alegre, RS

A AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE METANO NA CO-DIGESTÃO ANAERÓBIA DE RESÍDUOS SÓLIDOS ÔRGANICOS E RESÍDUOS DE JARDINAGEM

EMPREGO DO BALANÇO DE MASSA NA AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE DIGESTÃO ANAERÓBIA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

ANÁLISE POR COMPONENTES PRINCIPAIS PARA O VOLUME DE EM ATERRO SANITÁRIO E A CORRELAÇÃO VARIÁVEIS FÍSICO-QUÍMICASS

ANÁLISE DO POTENCIAL DE GERAÇÃO DE BIOGÁS A PARTIR DA BIODIGESTÃO ANAERÓBIA DA VINHAÇA E BAGAÇO DE CANA

PRODUÇÃO E ACLIMATAÇÃO DE INÓCULO PARA ENSAIO PME

Remediação ambiental por digestão anaeróbia. AUTORA: ROBERTA MOTA PANIZIO

REDUÇÃO DE SÓLIDOS VOLÁTEIS E TAXA DE APLICAÇÃO DE MATÉRIA ORGÂNICA DE ÁGUA RESIDUÁRIA DE SUINOCULTURA EM BIODIGESTOR TUBULAR DE PVC

AVALIAÇÃO DA DIGESTÃO ANAERÓBIA NO TRATAMENTO DE LODO SECUNDÁRIO EM REFINARIAS DE PETRÓLEO

Produção de biogás da cama de Frango peneirada com 3 e 6 % de sólidos diluídas no biofertilizante de suíno

III AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE BIOESTABILIZAÇÃO ANAERÓBIA DE RESÍDUOS SÓLIDOS

OBTENÇÃO DE BIOGÁS A PARTIR DE COMBINAÇÕES DE RESÍDUOS DE ARROZ E ESTERCO SUÍNO

II-243 CARACTERIZAÇÃO DE LODOS DE FOSSA SÉPTICA ATRAVÉS DE ENSAIOS DE BIOESTABILIDADE

III CARACTERIZAÇÃO GRÁFICA-ANALÍTICA DO PROCESSO DE BIOESTABILIZAÇÃO ANAERÓBIO DE RESÍDUOS SÓLIDOS INOCULADOS COM RÚMEN BOVINO

SUSTENTABILIDADE RURAL: O USO DO BIOGÁS COMO ALTERNATIVA ENERGÉTICA PARA OS PRODUTORES DE LEITE RESUMO

DIGESTÃO ANAERÓBIA DE RESÍDUOS ALIMENTARES UTILIZANDO ENSAIOS BMP

INFLUÊNCIA DA AUTOCLAVAGEM DOS RSO NA QUALIDADE DO BIOGÁS GERADO EM BIORREATORES DE BANCADA

III ESTUDO DO STRIPPING DE AMÔNIA EM LÍQUIDO PERCOLADO

PRODUÇÃO DE BIOGÁS A PARTIR DE BIOMASSA MICROALGAL

INFLUÊNCIA DA UMIDADE NA DIGESTÃO ANAERÓBIA DE RESÍDUOS SÓLIDOS

III UTILIZAÇÃO DA CONSTANTE DE BIODEGRADAÇÃO PARA AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE TRATAMENTO ANAERÓBIO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE BIOGÁS A PARTIR DA CODIGESTÃO ANAERÓBIA DE RESÍDUOS SÓLIDOS ORGÂNICOS E GLICERINA RESIDUAL

III APLICAÇÃO DO BALANÇO DE MASSA NO PROCESSO DE BIOESTABILIZAÇÃO ANAERÓBIA DE RESÍDUOS SÓLIDOS

III CO-DIGESTÃO ANAERÓBIA DE RESÍDUOS SÓLIDOS ORGÂNICOS UTILIZANDO A CASCA DO COCO COMO CO-SUBSTRATO VISANDO A PRODUÇÃO DE BIOGÁS

15 a 17 junho de 2016 Porto Alegre, RS

Metanogenica Specific Activity (MAS) evaluation in anaerobic reactor for the treatment of organic solid waste Federal University of Santa Catarina.

Guía Didático. O Biogás. Guía didático 1

ATIVIDADE METANOGÊNICA ESPECÍFICA (AME) DE LODOS PARA PARTIDA DE BIODIGESTOR

REDUÇÃO DE SÓLIDOS EM BIODIGESTORES ABASTECIDOS COM DEJETOS DE AVES ALIMENTADAS COM MILHO EM DIFERENTES GRANULOMETRIAS

REDUÇÃO DE SOLIDOS DE DEJETOS DE POEDEIRAS EM BIODIGESTORES OPERADOS COM DIFERENTES TEMPO DE RETENÇÃO HIDRÁULICA

ANÁLISE QUALI QUANTITATIVA DO DIGERIDO PROVENIENTE DA CO-DIGESTÃO ANAERÓBIA DE RESÍDUOS ALIMENTARES E GRAMA

GERAÇÃO DE ENERGIA A PARTIR DE RESÍDUOS DE ANIMAIS

PRODUÇÃO DE BIOFERTILIZANTE EMPREGANDO RESÍDUOS SÓLIDOS ORGÂNICOS EM BIODIGESTOR DE BAIXO CUSTO

PRODUÇÃO BIOGÁS EM REATOR UASB EM SÉRIE TRATANDO VINHAÇA E TORTA DE FILTRO.

Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul

III-155 AVALIAÇÃO DE DIFERENTES INÓCULOS PARA A DEGRADAÇÃO DE PAPEL JORNAL

Palavras-chave: demanda biológica de oxigênio, demanda química de oxigênio, suinocultura, sustentabilidade

AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DA DILUIÇÃO DE RESÍDUOS DE FRUTAS E VERDURAS NA DIGESTÃO ANAERÓBIA

Biodigestão Anaeróbia de Resíduos Animais

TRATAMENTO ANAERÓBIO DE RESTOS ALIMENTÍCIOS

POTENCIAL ANTIBIÓTICO DE EXTRATO AQUOSO DE CASCAS DE CAJUEIRO SOBRE BACTÉRIAS DO GRUPO COLIFORMES PARA TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUAIS

Engenheiro de Alimentos Mestre em Engenharia Química e Doutorando em Engenharia Ambiental todos pela Universidade Federal de Santa Catarina.

PROCESSOS DEGRADATIVOS DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS EM BIORREATOR POR MEIO DO MONITORAMENTO DA DBO, DQO E TEOR DE SÓLIDOS VOLÁTEIS

II EFEITO DO TEMPO DE ESTOCAGEM DO RESÍDUO ALIMENTAR NA CODIGESTÃO ANAERÓBIA COM LODO DE ESGOTO

POTENCIAL DE PRODUÇÃO DE BIOGÁS EM UMA ETE DA CIDADE DE BAGÉ: ESTUDO DE CASO MENDONÇA, G. C. ¹, ENIO, C.², LOPES, J. S.³, SCHWANKE, C. M.

BIODIGESTÃO DE LODO DE ESGOTO UTILIZANDO SISTEMA RAS (REATORES ANAERÓBIOS SEQÜENCIAIS) COM RECIRCULAÇÃO DE EFLUENTE: PARTIDA E AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

UTILIZAÇÃO DE ENZIMAS NA DEGRADAÇÃO AERÓBIA DE DESPEJO DE ABATEDOURO DE AVES

INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA NA PRODUÇÃO DE BIOGÁS RESULTANTE DA DIGESTÃO DE RESÍDUOS ORGÂNICOS DOMÉSTICOS

EVALUATE OF THE INERT COD AND ANAEROBIC BIODEGRADABILITY OF LANDFILL LEACHATE

III TRATAMENTO ANAERÓBIO DE RESÍDUOS SÓLIDOS ORGÂNICOS

II-051 INFLUÊNCIA DA VARIAÇÃO CÍCLICA DE CARGA HIDRÁULICA NO COMPORTAMENTO DO REATOR UASB

III PRODUÇÃO DE BIOGÁS COM LODO ANAERÓBIO A PARTIR DE RESÍDUO DE BATATA INGLESA INFLUÊNCIA DA GRANULOMETRIA

PRODUÇÃO DE BIOCOMBUSTÍVEIS A PARTIR DA PROCESSAMENTO DA MANDIOCA

15 a 17 junho de 2016 Porto Alegre, RS

FITORREMEDIAÇÃO E PRODUÇÃO DE ENERGIA RENOVÁVEL EM ATERROS SANITÁRIOS. Karla Heloise PREUSSLER Leila Teresinha MARANHO Claudio Fernando MAHLER

CARACTERIZAÇÃO DO EFLUENTE DE PROCESSAMENTO DE PESCADO E DESEMPENHO DA LAGOA ANAERÓBIA

Palavras chave: co-digestão anaeróbia, biodigestor, bovinocultura de leite INTRODUÇÃO

21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

Curso: Energias Renováveis Processos de biodigestão

XX Encontro Anual de Iniciação Científica EAIC X Encontro de Pesquisa - EPUEPG

II AVALIAÇÃO DA BIODEGRADABILIDADE ANAERÓBIA DE EFLUENTE DE CANIL

LABORATÓRIO DE ANÁLISE DE BIOMASSA BIOGÁS BIOMETANO Eduardo Trindade 15.out.2015

INFLUÊNCIA DOS NUTRIENTES: CARBOIDRATOS, LIPÍDEOS E PROTEINAS NA PRODUÇÃO DE METANO

ANÁLISE DA REMOÇÃO DE MICRORGANISMOS PATOGÊNICOS UTILIZANDO A CO-DIGESTÃO ANAERÓBIA DE DEJETOS E ANIMAIS MORTOS DE ORIGEM SUÍNA

Avaliação Cinética da Gaseificação com CO 2 do Bagaço de Maçã

II-321 BIOSSISTEMAS INTEGRADOS NO TRATAMENTO DE DEJETOS DE SUÍNOS: OTIMIZAÇÃO DA ETAPA DE BIOMETANIZAÇÃO

BIODIGESTÃO ANAERÓBIA EM SISTEMA BATELADA DE ÁGUA RESIDUÁRIA DE MATADOURO PARA PRODUÇÃO DE BIOGÁS

APLICAÇÃO DO CONCEITO DE BIORREFINARIA A ESTAÇÕES DE TRATAMENTO BIOLÓGICO DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS

EVALUATION OF THE BIOGAS PRODUCTION POTENTIAL FROM BEER MANUFACTURE RESIDUES

LODOS DE TANQUES SÉPTICOS CARACTERIZAÇÃO E TRATAMENTO ANAERÓBIO EM UM DIGESTOR PILOTO

Tecnologias de Tratamento de Dejetos. Dr. Airton Kunz

REDUÇÕES DOS CONSTITUINTES SÓLIDOS E FIBROSOS DURANTE A CO-DIGESTÃO DE DEJETOS DE BOVINOS LEITEIROS E GLICERINA BRUTA RESUMO

II TRATAMENTO CONJUGADO DE ESGOTO DOMÉSTICO E LIXIVIADO DE ATERRO SANITÁRIO EM REATORES ANAERÓBIOS DE MANTA DE LODO

III-109 CO-DIGESTÃO ANAERÓBIA DE RESÍDUOS SÓLIDOS ORGÂNICOS

II AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE UM FILTRO ANAERÓBIO COM RECHEIO DE BAMBU, EM ESCALA REAL, UTILIZADO COMO PÓS- TRATAMENTO DE REATOR UASB

AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DE BIOGÁS E GERAÇÃO DE METANO A PARTIR DE LODO DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE EFLUENTES E GLICERINA RESIDUAL

Marina Andrada Maria Pesquisadora em Tecnologia, DSc

ESTUDO DO EFEITO DA CONCENTRAÇÃO DE LODO NA PRODUÇÃO DE BIOGÁS VIA DIGESTÃO ANAERÓBIA

III HIGIENIZAÇÃO DE LODO ANAERÓBIO SUBMETIDO À CALEAÇÃO


Titulo do Trabalho APLICAÇÃO DO COAGULANTE TANINO NO TRATAMENTO DA VINHAÇA EM ph NEUTRO

USO DE CALDO DE CANA-DE-AÇÚCAR NA BIODIGESTÃO ANAERÓBIA DE DEJETOS DE VACAS EM LACTAÇÃO PARA AUMENTO DA PRODUÇÃO DE BIOGÁS BIODIGESTORES BATELADA

REDUÇÃO DE SÓLIDOS E PRODUÇÃO DE BIOGÁS EM BIODIGESTORES ABASTECIDOS COM DEJETOS DE SUÍNOS ALIMENTADOS COM DIETAS FORMULADAS COM MILHO OU SORGO

II-209 CARACTERIZAÇAÕ E AVALIAÇÃO DE TRATABILIDADE DO MATERIAL RETIDO EM UNIDADE DE PENEIRAMENTO FORÇADO DE ESGOTO BRUTO

ESTUDO COMPARATIVO DO POTENCIAL DE GERAÇÃO DE BIOGÁS UTILIZANDO RESÍDUOS ALIMENTARES E RESÍDUOS VERDES

Geração de Renda a Partir dos Dejetos da Pecuária

DIGESTÃO ANAERÓBIA DE VINHAÇA EM REATORES UASB TERMOFÍLICOS, EM SÉRIE, PARA GERAÇÃO DE BIOGÁS

AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DE REATOR UASB NO TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS DE SUINOCULTURA

A Digestão Anaeróbia em ETAR / Conceitos. Leonor Amaral

XLVI Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola - CONBEA 2017 Hotel Ritz Lagoa da Anta - Maceió - AL 30 de julho a 03 de agosto de 2017

PALAVRAS-CHAVE: Desenvolvimento de Biodigestores, codigestão, esgoto, resíduo orgânico, biogás.

USO DE FOSSAS BIODIGESTORAS EM ESCOLAS: PRODUÇÃO DE BIOGÁS E FERTILIZANTES. António José Cumbane Maputo, 30 de Junho de 2017

PARÂMETROS OPERACIONAIS DO PROCESSO DE BIOESTABILIZAÇÃO ANAERÓBIA DE RESÍDUOS SÓLIDOS ORGÂNICOS

PALAVRAS-CHAVE: Atividade metanogênica específica, AME, bioaumento, lixiviado de aterro sanitário.

COMPORTAMENTO DOS SÓLIDOS TOTAIS EM REATOR ANAERÓBIO TRATANDO RESÍDUOS SÓLIDOS ORGÂNICOS

Transcrição:

54 POTENCIAL DE GERAÇÃO DE BIOGÁS A PARTIR DA ANÁLISE DE PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS DE RESÍDUOS SÓLIDOS MUNICIPAIS CO-DIGERIDOS COM DEJETO SUÍNO BIOGAS GENERATION POTENTIAL BY THE ANALYSIS OF THE PHYSICAL-CHEMICAL PARAMETERS OF MUNICIPAL SOLID WASTE CO-DIGESTED WITH SWINE MANURE Waldir Nagel Schirmer 1 Fabíole Jordana Los Barbosa 2 Alexandre Rodrigues Cabral 3 Marlon André Capanema 4 Resumo O presente estudo avaliou a influência de parâmetros físico-químicos na previsão de geração de biogás a partir da co-digestão da fração orgânica de resíduos sólidos urbanos (FORSU) inoculados com dejeto suíno nas proporções 1 gsv resíduo:1 gsv inóculo e 3gsv resíduo:1 gsv inóculo. Todos os tratamentos foram conduzidos em modo batelada e temperatura constante (32ºC) por 50 dias. Os parâmetros monitorados foram umidade, sólidos totais voláteis (STV) e ph e permitiram avaliar a influência de cada um no processo e sua ação conjunta na condução da biodigestão e consequente geração de biogás. A análise dos parâmetros fisicoquímicos indicou condições favoráveis ao processo de biodigestão. Palavras-chave: Biogás. Codigestão. Dejeto animal. Resíduo sólido municipal. Abstract The present work focused on evaluating the influence of physical-chemical parameters in the forecast of biogas generation from codigestion of the organic fraction of municipal solid waste (OFMSW) codigested with swine manure at 1 gvs waste:1 gvs inoculum and 3gvs waste:1 gvs inoculum ratios. All treatments evaluated were carried out in batch mode and constant temperature (32ºC) for 50 days. Moisture content, volatile solids and ph parameters have been evaluated and allowed to determinate the influence of each one in the process of biodigestion and its influence in biogas generation. The physical-chemical analysis pointed out suitable conditions to biodigestion process. Keywords: Animal manure. Biogas. Codigestion. Municipal solid waste. 1 Doutor em Engenharia Ambiental pela UFSC. Professor Associado da Universidade Estadual do Centro-oeste do Paraná (UNICENTRO). E-mail: wanasch@hotmail.com 2 Mestre em Engª Sanitária e Ambiental pela UNICENTRO. E-mail: fabiolelos@gmail.com 3 Doutor em Engenharia Civil. Professor titular da Université de Sherbrooke, Canadá. E-mail: alexandre.cabral@usherbrooke.ca 4 Doutor em Engenharia Civil pela Université de Sherbrooke, Canadá. Professor adjunto do IF-GO. E-mail: marloncapanema@gmail.com

55 1 Introdução A digestão anaeróbia de sólidos orgânicos, como os dejetos animais, para a produção de energia tem sido uma tecnologia amplamente utilizada (ANGELIDAKI et al, 2009). Resumidamente, a digestão anaeróbia da biomassa é um tratamento biológico anaeróbio de estabilização de matéria orgânica com consequente produção de biogás (MATA-ALVAREZ et al., 2014). Neste contexto, a utilização de um co-substrato, muitas vezes, traz várias vantagens para um digestor anaeróbio como melhora no rendimento da produção de biogás (interações sinérgicas entre os substratos), vantagens econômicas, melhora nos teores de umidade e nutrientes e, ainda, facilidade no tratamento de resíduos mistos (MATA- ALVAREZ; MACÉ e LLABRÉS, 2000). Assim, o presente trabalho teve como objetivo comparar os parâmetros físico-químicos em um processo em batelada de resíduos sólidos urbanos inoculados com dejeto suíno em diferentes proporções, de modo a estimar o potencial de geração de biogás a partir dos valores iniciais destes parâmetros. 2 Material e métodos 2.1 Coleta e preparo dos resíduos sólidos e inóculos A amostragem do resíduo, no aterro sanitário de Guarapuava (PR), consistiu em selecionar apenas a fração orgânica da pilha de resíduos sólidos urbanos (ainda não aterrados) dispostos no dia anterior. O procedimento seguiu a técnica de quarteamento da norma NBR 10.007 (ABNT, 2004). Em laboratório, o resíduo foi novamente homogeneizado e moído. Como inóculos, foi utilizado dejeto suíno, coletado em propriedade rural da região. 2.2 Montagem e partida dos biodigestores A montagem e start up dos biodigestores utilizaram dejeto suíno como inóculo do resíduo orgânico nas proporções 1 gsv resíduo:1 gsv inóculo e 3gsv resíduo:1 gsv inóculo. Os biodigestores utilizados eram constituídos de frascos de borossilicato de 250 ml. Os diferentes tratamentos foram preparados em modo batelada. Todas as amostras eram homogeneizadas de modo a aumentar a interação entre inóculo/resíduo. A adição de água foi necessária para que todos os biodigestores fossem conduzidos nas mesmas condições experimentais de umidade para fins de comparação dos resultados. A umidade escolhida para este trabalho foi de 85%, dentro da faixa recomendada para a geração de biogás por Andreoli

56 et al. (2003) e USEPA (1991). O experimento foi conduzido em triplicatas para todos os tratamentos. Procedeu-se à incubação dos biodigestores em banho termostatizado, à temperatura constante de 32ºC por um período de 50 dias. 2.3 Caracterização físico-química das amostras Análises físico-químicas foram realizadas para caracterização da FORSU inoculados com dejeto suíno nas diferentes proporções (1:1 e 3:1) antes e após a biodigestão, seguindo metodologia do Standart Methods for the Examination of Water and Wastewater (APHA, 2002). Os parâmetros monitorados foram umidade, sólidos totais voláteis (STV) e ph; segundo Crovador (2014), estes estão entre os parâmetros que mais influenciam a geração de biogás. Todas as análises foram feitas em triplicatas. 3 Resultados A Tabela 1 apresenta os dados de ph, STV e umidade dos tratamentos avaliados, antes e após o período de biodigestão. Tabela 1- Caracterização físico-química inicial e final dos tratamentos avaliados antes e após o período de biodigestão. Parâmetro Proporção 3:1 Proporção 1:1 Inicial Final Inicial Final Umidade (%) 84 87 84 85 STV (%) 94,1 91,1 89,3 88,0 ph 6,1 4,0 6,2 4,4 Média das triplicatas De acordo com USEPA (1991) e Andreoli et al (2003), a taxa de geração de biogás pode ser favorecida em meios com elevado teor de umidade, nesse caso, de 60 a 90%, faixa em que se situaram todos os ensaios, como mostrado na Tabela 1. Vê-se, ainda, que praticamente não houve variação da umidade durante o experimento nos dois tratamentos avaliados. Redon et al. (2005) reportam que a determinação dos sólidos voláteis é bom parâmetro para seguir a degradação da matéria orgânica biodegradável. Ainda, de acordo com Decottignies et al. (2005), um resíduo pode ser considerado estabilizado na faixa de sólidos

57 voláteis de 10 a 17,4%. Pela Tabela 1, vê-se que os valores finais (próximos a 90%) para os dois tratamentos ficaram bem acima da faixa reportada por Decottignies et al. (2005) como parâmetro de estabilização do resíduo. Esses valores finais indicam, portanto, potencial remanescente de sólidos voláteis no substrato passível de degradação e geração de biogás. Em termos de ph, USEPA (1991) reporta que, para a formação de metano no processo de biodigestão, em meio neutro a levemente alcalino é o mais indicado. Segundo Bidone e Povinelli (1999), a maioria dos microrganismos apresenta melhor crescimento em ph neutro, pois valores de ph acima de 7,6 ou abaixo de 6,0 podem levar à inibição da atividade dos microrganismos. Nesse caso, os valores de ph medidos no start up dos biodigestores encontram-se, portanto, numa faixa de valores adequados à biodigestão. Assim, vê-se que os 50 dias podem ter sido insuficientes para o cumprimento das etapas de biodigestão anaeróbia. Nos casos de Schirmer et al. (2014) e Crovador (2014), por exemplo, mesmo períodos de 80 e 91 dias de incubação resultaram em teores de sólidos voláteis próximos a 46% e 55%, respectivamente, também demonstrando necessidade de um período maior de degradação. 4 Conclusões Apesar das diferentes proporções resíduo:inóculo trabalhadas, todas as condições foram semelhantes para o processo de digestão anaeróbia e, portanto, geração de biogás. A adição de inóculo proporciona umidade no meio, elemento fundamental para o processo de degradação anaeróbia. Os parâmetros analisados permitiram avaliar a influência de cada um no processo e sua ação conjunta na condução da biodigestão e consequente geração de biogás. 5 Agradecimentos Os autores agradecem às seguintes agências de fomento pelo suporte financeiro: - Fundação Araucária do Paraná e Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná (SETI); - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) - Brasil, no âmbito do Programa Ciência Sem Fronteiras (CsF). 6 Referências

58 ANDREOLI, C. V.; FERREIRA, A. C.; CHERNICHARO, C. A. AND BORGES, E. S. M., Secagem e higienização de lodos com aproveitamento de biogás, In: Cassini, S. T. (Ed.), Digestão de resíduos sólidos orgânicos e aproveitamento do biogás, Rio de Janeiro: ABES, Rima, p. 121-165, 2003. ANGELIDAKI, I.; ALVES, M.; BOLZONELLA, D.; BORZACCONI, L.; CAMPOS, J. L.; GUWY, A. J.; KALYUZHNYI, S.; JENICEK, P.; VAN LIER, J. B. Defining the biomethane potential (BMP) of solid organic wastes and energy crops: a proposed protocol for batch assays. Water Science & Technology, v. 59, n. 05, p. 927 934, 2009. APHA, AWWA, WPFC. Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater. 19ª ed., Washington, D.C., p. 1268, 2002. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10004: Resíduos sólidos Classificação. Rio de Janeiro: ABNT, 2004. 71p. BIDONE, F. R. A; POVINELLI, J. Conceitos básicos de resíduos sólidos. 1.ed. São Carlos: EESC/USP, 1999. 109p. CROVADOR, M. I. C. Potencial de geração de biogás a partir da fração orgânica de resíduos sólidos urbanos. 2014, 119 f. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Bioenergia, área de concentração em Biocombustíveis, Universidade Estadual do Centro - Oeste, 2014. DECOTTIGNIES, V.; GALTIER, L.; LEFEBVRE, X; VILLERIO, T. Comparison of analytical methods to determine the stability of municipal solid waste and related wastes. In: Proceedings Sardinia, Tenth International Waste Management and Landfill Symposium, 2005. MATA-ALVAREZ, J., DOSTA, J., ROMERO-GUIZA, M.S., FONOLL, X., PECES, M., ASTALS, S. A critical review on anaerobic co-digestion achievements between 2010 and 2013. Renewable and sustainable energy reviews. v. 36, p. 412-427, 2014. MATA-ALVAREZ, J., MACÉ, S., LLABRES P. Anaerobic digestion of organic solid wastes. Na overview of research achievements and perspectives. Bioresource Technology, v.74, p. 3-16, 2000. REDON, E., LORNAGE, R., LAGIER, T. AND HEBE, I., Measurement and comparison of different stability parameters during a mechanical biological pretreatment before landfilling. In: Proceedings Sardinia, Tenth International Waste Management and Landfill Symposium, 2005. SCHIRMER, W. N.; JUCÁ, J. F. T.; SCHULER, A. R. P.; HOLANDA, S.; JESUS, L. L. Methane production in anaerobic digestion of organic waste from Recife (Brazil) Landfill: evaluation in refuse of different ages. Brazilian Journal of Chemical Engineering, v.31, n.02, p.373-384, April - June, 2014. US ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY (USEPA), Air emissions from municipal solid waste landfills - Background information for proposed standards and guidelines. Publication EPA-450/3-90-011a, North Carolina, 1991.