MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA

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Transcrição:

Gabinete da Procuradora-Geral da República Brasília/DF MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA MEMO N.º 2/2019 GAB/PGR (PGR-00075026/2019) Senhora Conselheira, Brasília-DF, 18 de fevereiro de 2019. Encaminho a Vossa Excelência Manifesto em defesa da independência funcional no Ministério Público Federal, que expressa considerações dos seus subscritores sobre proposta de Resolução submetida ao Conselho Superior do Ministério Público Federal. Apresentam importantes dúvidas sobre a preservação da independência funcional e do promotor natural, dois princípios muito caros para a independência e a autonomia do Ministério Público, instituídos pela Constituição de 1988. Também apontam haver interesse na discussão aprofundada do assunto por todos os membros da Casa. Excelentíssima Senhora Doutora Maria Caetana Cintra Santos DD. Subprocuradora-Geral da República Relatora Conselho Superior do MPF

Estou de acordo com a necessidade de profunda discussão sobre a proposta, que é realmente inovadora e, por isso, provoca dúvidas naturais. O interesse despertado pelo projeto é um sinal eloquente da preocupação de todos os membros do MPF com o cerne de valores e princípios que têm permitido a atuação livre, desembaraçada e corajosa de cada membro ao longo dos últimos trinta anos, situando-a em um patamar de credibilidade que não pode sofrer decesso. Comungo da mesma preocupação. Realço que esta singela proposta foi construída ao longo de cerca de 60 reuniões presenciais, que incluíram reunião com todos os 33 Procuradores-Chefes; com todos os Delegados da ANPR, seu Presidente e Diretores; com a Vice-Presidente do Conselho Superior, com Coordenadores de Câmara, com o Vice-PGR, com o Vice-PGE, com vários Conselheiros, com a PFDC, com grupos de colegas na PGR, inclusive na PR/SP e da PRR 3 a Região, para onde me desloquei com esta finalidade específica. Louvo o fato de Vossa Excelência ter aberto consulta, pelo prazo usual de 15 dias, aos membros da instituição sobre este projeto, como é tradição neste Conselho Superior. Aproveito para lhe dizer que divulguei o texto da proposta para todos os membros há cerca de quinze dias, e também considerei necessário consultar formalmente os Procuradores-Chefes, conforme combinado na reunião que mantive com eles, alguns Conselheiros e membros de Câmara, os Vice-Procuradores Gerais da República e Eleitoral e o Secretário Geral do MPU, em 24 de janeiro de 2019, com participação do Presidente da ANPR. Estenderei a consulta a todos. A especialização de ofícios tem sido objeto de várias propostas encaminhadas ao Conselho Superior ao longo dos últimos anos. Critérios de especialização têm sido utilizados pelo Poder Judiciário e pelo Ministério Público para otimizar a atuação do sistema de justiça. A especialização por matéria tornou célere a atuação contra a lavagem de dinheiro, o crime organizado e a corrupção. A especialização por território tem permitido delimitar melhor o espa- 2

ço da jurisdição. A especialização por função é o que distingue a atuação criminal, eleitoral, de controle externo da atividade policial, dentre outras. O fato é que os modelos de especialização têm de ser adaptados periodicamente porque a realidade brasileira é intensa e dinâmica, exigindo mudanças que correspondam aos novos problemas, na área de danos ao ambiente, do crime ou da tutela coletiva, como a que o Tribunal Regional Federal da 4ª Região implantou nos três Estados do Sul em dezembro de 2018, exigindo a consequente adaptação das regras do MPF para as unidades instaladas em Santa Catarina, que acaba de ser aprovada pelo Conselho Superior, neste mês de fevereiro de 2019. Na perspectiva de otimizar as funções do Ministério Público Federal, a proposta que submeti à classe e ao Conselho Superior regulamenta novos ofícios, e em nada reduz os que já existem. A proposta é que estes ofícios sejam especializados nas grandes temáticas já eleitas pelo Conselho Superior quando instituiu as sete Câmaras de Coordenação e Revisão. Não é demais realçar que tais áreas temáticas de atuação correspondem às funções do MPF, que estão elencadas na Constituição e na Lei Complementar n. 75. O projeto calca-se exatamente no fortalecimento da atuação do promotor natural e da independência funcional, como expressamente contido nestes artigos, cuja literalidade visa resolver qualquer dúvida: Capítulo IV Da distribuição e da vinculação Art. 9º A distribuição será aleatória e imediata (art. 93-XV da Constituição), respeitados os princípios do promotor natural e da independência funcional, entre os designados para atuar no ofício especializado de atuação concentrada em polos, cujo provimento é não exclusivo. 1º - Em razão do princípio da inamovibilidade, no período do mandato, o processo distribuído a um Procurador ficará a ele vinculado. 2º Não haverá redistribuição de processos e procedimentos já em andamento para os ofícios especializados de atuação concentrada em polos, exceto por indicação do procurador natural submetida à autorização da Câmara de Coordenação e Revisão, nos termos do artigo 62-IV da LC 75/93. 3

O projeto respeita a participação ativa do procurador natural, que, reunido em Colégio de Procuradores local 1, decide que temas terão os ofícios de atuação concentrada em polos, e quem, entre os procuradores naturais, se apresentará para seu exercício de modo não exclusivo, por entender que são os maiores conhecedores dos problemas do local onde exercem suas funções, em exata correspondência à obrigação constitucional (artigo 129-2º) 2, de caráter substantivo, decorrentes de viverem e residirem no local de lotação. Diz o projeto que o Colégio de Procuradores local indicará os interessados em atuar nos ofícios especializados de atuação concentrada em polo: Capítulo III Da Designação e do Provimento Art. 6º Os ofícios especializados de atuação concentrada em polos, de que trata esta Resolução, serão exercidos por designação, para tratar de matéria especializada e são de provimento não exclusivo. 1º A designação para os ofícios especializados de atuação concentrada em polos será para mandato de dois anos, coincidente com o das Câmaras, podendo ser renovada. 2º É vedada a designação do mesmo membro para mais de um ofício especializado de atuação concentrada em polos, exceto se demonstrada a necessidade ou conveniência da atuação integrada e coordenada entre temas e especialidades. 3º A designação para os ofícios especializados de atuação concentrada em polos dar-se-á com acumulação com o ofício originário. Art. 7º Nos três níveis da carreira, são elegíveis para exercer funções dos ofícios especializados de atuação concentrada em polos os órgãos que atuam em áreas afins da mesma unidade, zona metropolitana ou microrregião; bem como os que atendam critérios de notória especialização, atuação pretérita ou formação acadêmica na temática respectiva, mediante listas feitas pelo Colégio de Procuradores local, ouvidas as Câmaras e o Conselho Superior. Parágrafo único A designação de membro do Ministério Público para exercício das atribuições em ofícios diferentes dos estabelecidos para sua categoria observará prévia autorização do Conselho Superior (LC 75/93, artigo 57-XIII). 1 Integrado por todos os membros de uma dada unidade do MPF nos Estados. 2 Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: (...) 2º As funções do Ministério Público só podem ser exercidas por integrantes da carreira, que deverão residir na comarca da respectiva lotação, salvo autorização do chefe da instituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 4

Para deixar claro que o PGR não pode, em hipótese alguma, escolher diretamente quem ocupará o ofício especializado de atuação concentrada em polos, o projeto veda lotação provisória (que não tem prazo determinado e é de competência do PGR): Art. 8º Os ofícios especializados de atuação concentrada em polos não são passíveis de provimento definitivo, nem por lotação provisória. O projeto de resolução mantém as mesmas regras de distribuição hoje vigentes, que seguem critérios da Constituição e da Lei Complementar nº 75/93. Este aspecto gerou dúvida na proposta, mas a literalidade da redação sugerida deixa claro que a distribuição é aleatória e imediata, com proteção do promotor natural, da independência funcional, da vinculação dos processos distribuídos e com vedação de redistribuição. A distribuição imediata é definida literalmente na Constituição para o Judiciário (artigo 93-XV 3 ) e para o Ministério Público (artigo 129-5º 4 ). Para aumentar a confiabilidade, o projeto também propõe distribuição aleatória (ou seja, não dirigida e por sorteio, como tem sido feito no MPF há anos). Também determina o respeito aos princípios do promotor natural e da independência funcional. Eis o texto proposto ao Conselho Superior: Capítulo IV Da distribuição e da vinculação Art. 9º A distribuição será aleatória e imediata (art. 93-XV da Constituição), respeitados os princípios do promotor natural e da independência funcional, entre os designados para atuar no ofício especializado de atuação concentrada em polos, cujo provimento é não exclusivo. 3 Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios: XV a distribuição de processos será imediata, em todos os graus de jurisdição. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 4 Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: ( ) 5º A distribuição de processos no Ministério Público será imediata. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 5

1º - Em razão do princípio da inamovibilidade, no período do mandato, o processo distribuído a um Procurador ficará a ele vinculado. 2º Não haverá redistribuição de processos e procedimentos já em andamento para os ofícios especializados de atuação concentrada em polos, exceto por indicação do procurador natural submetida à autorização da Câmara de Coordenação e Revisão, nos termos do artigo 62-IV da LC 75/93. O projeto propõe que as designações tenham base em listas feitas pelo Colégio de Procuradores local, ouvidas as Câmaras e o Conselho Superior. Os elegíveis são, objetivamente, os que já trabalham na matéria, e também podem ser os que têm experiência anterior ou aqueles que têm preparo acadêmico na área, como professores ou alunos de mestrado e de doutorado, inclusive os que tiveram cursos de pós-graduação ou especialização financiados com verbas públicas. Capítulo III Da Designação e do Provimento Art. 6º Os ofícios especializados de atuação concentrada em polos, de que trata esta Resolução, serão exercidos por designação, para tratar de matéria especializada e são de provimento não exclusivo. 1º A designação para os ofícios especializados de atuação concentrada em polos será para mandato de dois anos, coincidente com o das Câmaras, podendo ser renovada. 2º É vedada a designação do mesmo membro para mais de um ofício especializado de atuação concentrada em polos, exceto se demonstrada a necessidade ou conveniência da atuação integrada e coordenada entre temas e especialidades. 3º A designação para os ofícios especializados de atuação concentrada em polos dar-se-á com acumulação com o ofício originário. Art. 7º Nos três níveis da carreira, são elegíveis para exercer funções dos ofícios especializados de atuação concentrada em polos os órgãos que atuam em áreas afins da mesma unidade, zona metropolitana ou microrregião; bem como os que atendam critérios de notória especialização, atuação pretérita ou formação acadêmica na temática respectiva, mediante listas feitas pelo Colégio de Procuradores local, ouvidas as Câmaras e o Conselho Superior. Parágrafo único A designação de membro do Ministério Público para exercício das atribuições em ofícios diferentes dos estabelecidos para sua categoria observará 6

prévia autorização do Conselho Superior (LC 75/93, artigo 57-XIII). Em outra linha, as normas do projeto de Resolução que apresentei e está sob consulta da classe são claramente protetivas do promotor natural, da independência funcional e da autonomia do Colégio de Procuradores local. Como chefe da instituição, a atuação do PGR, como é de conhecimento de todos, e está na lei, é meramente restrita à formalização do ato de designação, nos termos da Lei Complementar n. 75/93: Art. 49. São atribuições do Procurador-Geral da República, como Chefe do Ministério Público Federal: VI - designar, observados os critérios da lei e os estabelecidos pelo Conselho Superior, os ofícios em que exercerão suas funções os membros do Ministério Público Federal. Solicito a Vossa Excelência a gentileza de compartilhar minhas considerações, contidas nesta carta, com a ANPR e os requerentes, para que apontem, se possível em relação a cada artigo, quais são suas dúvidas quanto ao promotor natural, à independência funcional, e à concentração de poder na cúpula da Procuradoria, no presente e no futuro. A descrição detalhada destas incertezas permitirá estabelecer o debate aprofundado que nossos estimados colegas solicitam. Confio na solução destas questões, a partir da clara identificação dos trechos do projeto que as suscitam, para podermos dirimi-las e, assim, estaremos no caminho da solução. Por fim, destaco que as dúvidas apresentadas no manifesto são recebidas por mim e devem ser compreendidas pelo Conselho Superior como uma forma muito importante de participação da classe, que expressa sua preocupação com os rumos da Casa. É natural em todo processo de edição de normas, notadamente as que propõem especialização para cuidar de problemas complexos, crônicos e relevantes, que haja a conferência entre a norma proposta e o efeito que se deseja alcançar. Esta é, justamente, a etapa necessária para isso, de modo que acolho de muito bom grado o Manifesto e o encaminho à Relatora para que o considere e o 7

compartilhe com os demais Conselheiros, examinando todas as contribuições aguardadas, para o fim de amadurecer a decisão que vierem a tomar. Atenciosamente, Raquel Elias Ferreira Dodge Procuradora-Geral da República 8