Versão Pública DECISÃO DE NÃO OPOSIÇÃO DA AUTORIDADE DA CONCORRÊNCIA. Processo AC I 6/2006 Cepsa* Lubrisur I INTRODUÇÃO

Documentos relacionados
VERSÃO PÚBLICA. DECISÃO DA AUTORIDADE DA CONCORRÊNCIA Processo AC I 34/2007 CDC CI / Genoyer I INTRODUÇÃO

Decisão do Conselho da Autoridade da Concorrência Ccent nº 13/2005- GALP Madeira* Gasinsular

Nota: indicam-se entre parêntesis rectos as informações cujo conteúdo exacto haja sido considerado como confidencial.

Versão Pública DECISÃO DE NÃO OPOSIÇÃO DO CONSELHO DA AUTORIDADE DA CONCORRÊNCIA CCENT. 26/2007: VISTA / INDAS I INTRODUÇÃO

AC I Ccent. 40/2008 IBERHOLDING/VITACRESS. Decisão de Não Oposição Da Autoridade da Concorrência

Versão Pública DECISÃO DO CONSELHO DA AUTORIDADE DA CONCORRÊNCIA CCENT. 62/2006 LONZA / CAMBREX I INTRODUÇÃO

VERSÃO PÚBLICA. DECISÃO DA AUTORIDADE DA CONCORRÊNCIA Processo AC I Ccent. 63/2006 SEGULAH / ISABERG I INTRODUÇÃO

VERSÃO PÚBLICA. AC I Ccent. 65/2007 Auto Partner III/AutoGarme. Decisão de Não Oposição Da Autoridade da Concorrência

DECISÃO DO CONSELHO DA AUTORIDADE DA CONCORRÊNCIA. Ccent nº 20/2005- SERCOS*DESCO

DECISÃO DO CONSELHO DA AUTORIDADE DA CONCORRÊNCIA Processo AC I CCENT. 43/2004 GRULA/COOPERTORRES/TORRENTAL I. INTRODUÇÃO

VERSÃO PÚBLICA. AC I Ccent. 64/2007 Auto Partner III/A.A. Clemente da Costa e José Mário Clemente da Costa

Versão Pública DECISÃO DE NÃO OPOSIÇÃO DO CONSELHO DA AUTORIDADE DA CONCORRÊNCIA. AC I Ccent. 56/2006 GCT / QUALIFRUTAS I INTRODUÇÃO

Ccent. 26/2009 SOLZAIMA / NEWCO. Decisão de Inaplicabilidade da Autoridade da Concorrência

AC I Ccent. 60/2008 Auto Industrial/Braz Heleno. Decisão de Não Oposição Da Autoridade da Concorrência

DECISÃO DO CONSELHO DA AUTORIDADE DA CONCORRÊNCIA Ccent. 22/2004 Previdente (Socitrel) / Galycas / Emesa.

Versão Pública. AC I Ccent. 70/2007 RAR/COLEPCCL. Decisão de Não Oposição Da Autoridade da Concorrência

Versão Pública DECISÃO DO CONSELHO DA AUTORIDADE DA CONCORRÊNCIA CCENT. 03/2007: OPCA / ALELUIA I INTRODUÇÃO

Versão Pública. DECISÃO DO CONSELHO DA AUTORIDADE DA CONCORRÊNCIA Ccent. 43/2005 BLITZ GmbH/ DYWIDAG SYSTEMS INTERNATIONAL GmbH I INTRODUÇÃO

DECISÃO DO CONSELHO DA AUTORIDADE DA CONCORRÊNCIA CCENT. 10/2007 HUSQVARNA/GARDENA I INTRODUÇÃO

Versão Pública. DECISÃO DA AUTORIDADE DA CONCORRÊNCIA Processo AC I 42/2006 AXA/FINANCIÈRE ELIOKEM e ELIOKEM, Inc I INTRODUÇÃO

Ccent. 06/2009 CLECE/SOPELME. Decisão de Não Oposição da Autoridade da Concorrência

Versão Pública DECISÃO DE INAPLICABILIDADE DO CONSELHO DA AUTORIDADE DA CONCORRÊNCIA CCENT. 32/2007: KOHLER / LOMBARDINI I INTRODUÇÃO

Ccent. 58/2010 SÜD-CHEMIE / EXALOID. Decisão de Não Oposição da Autoridade da Concorrência

Ccent. 34/2009 BOEHRINGER/VACINAS DE GADO BOVINO. Decisão de Não Oposição da Autoridade da Concorrência

Ccent. 57/2007 CAPIO / UNILABS. Decisão de Não Oposição Da Autoridade da Concorrência

Ccent. 66/2007. Soares da Costa / C.P.E. Decisão de Não Oposição. Da Autoridade da Concorrência

Ccent. 31/2009 GESTMIN/NEGÓCIOS DO GPL, LUBRIFICANTES E COMBUSTÍVEIS DE AVIAÇÃO DA GALP (ADQUIRIDOS À EXXONMOBIL)

Ccent. 4/2016 Cachide & Roldão / JSP. Decisão de Não Oposição da Autoridade da Concorrência

Versão Pública. AC I Ccent. 4/2009 CERUTIL / VISTA ALEGRE ATLANTIS. Decisão de Não Oposição Da Autoridade da Concorrência

Ccent. 36/2010 Bausch & Lomb/Negócio de Mióticos Injectáveis da Novartis. Decisão de Não Oposição da Autoridade da Concorrência

CCENT. N.º 52/2008 OPWAY/RECIGROUP. Decisão de Não Oposição da Autoridade da Concorrência

Ccent. 14/2012 CAMARGO CORRÊA / CIMPOR. Decisão de Não Oposição da Autoridade da Concorrência

Versão Pública DECISÃO DE NÃO OPOSIÇÃO DA AUTORIDADE DA CONCORRÊNCIA PROCESSO CCENT. Nº 26/ 2005 SVITZER LISBOA/LISBON TUGS I.

Decisão do Conselho da Autoridade da Concorrência. PROCESSO AC-I-Ccent/41/2003-SAINT GOBAIN/GABELEX

Decisão de Não Oposição da Autoridade da Concorrência

Ccent. 60/2010 Verifone /Hypercom. Decisão de Não Oposição da Autoridade da Concorrência

Versão Pública DECISÃO DE NÃO OPOSIÇÃO DA AUTORIDADE DA CONCORRÊNCIA. Processo AC I 3/2006 CAP Vis II* Benninger I INTRODUÇÃO

Ccent. 48/2010 EUREST HOLDING/REILIMPA. Decisão de Não Oposição da Autoridade da Concorrência

DECISÃO DO CONSELHO DA AUTORIDADE DA CONCORRÊNCIA Ccent. 4/2005 SACYR- VALLEHERMOSO, S.A-/FINERGE-GESTÃO DE PROJECTOS ENERGÉTICOS, S.

Versão Pública. DECISÃO DE NÃO OPOSIÇÃO DA AUTORIDADE DA CONCORRÊNCIA AC I Ccent. 12/2006 PINGO DOCE / SUPERMERCADO FEIRA ( Santa Comba Dão)

Decisão da Autoridade da Concorrência* Processo AC- I - CCENT/31/2004 ABF / Mauri Fermentos I. INTRODUÇÃO

Sonae Investimentos / Mundo VIP

Versão não confidencial. DECISÃO DE NÃO OPOSIÇÃO DA AUTORIDADE DA CONCORRÊNCIA AC I Ccent. N.º 71/2005: CAIXA DESENVOLVIMENTO / NUTRICAFÉS

VERSÃO PÚBLICA. DECISÃO DA AUTORIDADE DA CONCORRÊNCIA Processo AC I Ccent. 15/2007 Itron/ Actaris I INTRODUÇÃO

Decisão da Autoridade da Concorrência* Processo AC- I - CCENT/15/ CCL INDUSTRIES (UK) / RAR / COLEP/CCL I. INTRODUÇÃO

Ccent n.º 29/ RE Coatings (Riverside) / Kaul * Capol. Decisão de Não Oposição da Autoridade da Concorrência

Versão Pública DECISÃO DO CONSELHO DA AUTORIDADE DA CONCORRÊNCIA Ccent. 18/2004 SECIL BRITAS/ CARCUBOS 1 I - INTRODUÇÃO

Decisão de Não Oposição da Autoridade da Concorrência

DECISÃO DE NÃO OPOSIÇÃO DO CONSELHO DA AUTORIDADE DA CONCORRÊNCIA. Ccent. 09/2005 Espírito Santo Tourism (Europe)/ Espírito Santo Viagens INTRODUÇÃO

Versão Pública. AC I Ccent. 34/2008 Grupo LeYa/Oficina do Livro. Decisão de Não Oposição Da Autoridade da Concorrência

Ccent. 17/2011 BHAP/Inalfa. Decisão de Não Oposição da Autoridade da Concorrência

Ccent. 13/2010 ATLANSIDER/ECOMETAIS. Decisão de Não Oposição da Autoridade da Concorrência

Ccent. 47/2010 Grupo Soares da Costa/Energia Própria. Decisão de Não Oposição da Autoridade da Concorrência

Versão Pública DECISÃO DE NÃO OPOSIÇÃO DO CONSELHO DA AUTORIDADE DA CONCORRÊNCIA. AC I Ccent. 34/2006 GCT e SPS/ NUTRIFRESH 1

Versão Pública. AC I Ccent. 80/2007 Nike Inc./Umbro Plc. Decisão de Não Oposição Da Autoridade da Concorrência

Ccent. 5/2009 REFECON ÁGUAS / ÁGUAS DE GOUVEIA. Decisão de Não Oposição Da Autoridade da Concorrência

Ccent. 26/2016 WISE / COROB. Decisão de Não Oposição da Autoridade da Concorrência

Versão Pública. Ccent. 67/2007 SAG GEST / ECOMETAIS. Decisão de Não Oposição Da Autoridade da Concorrência

Ccent. 49/2005 NESTLÉ WATERS / PEYROTEO & CARAVELA, LDA. Decisão de Não Oposição da Autoridade da Concorrência

Versão Pública. DECISÃO DE NÃO OPOSIÇÃO DO CONSELHO DA AUTORIDADE DA CONCORRÊNCIA AC I Ccent. 20/2006 PINGO DOCE / ALENTEMOURA I INTRODUÇÃO

Ccent. 39/2015 Devro/PVI. Decisão de Não Oposição da Autoridade da Concorrência

Versão Pública. Ccent n. º 45/2008 CETELEM/COFINOGA. Decisão de Não Oposição Da Autoridade da Concorrência

Ccent. 14/2016 MCH*Metalcon / Brasmar. Decisão de Não Oposição da Autoridade da Concorrência

AC I Ccent. 01/2009 I M / PIRITES ALENTEJANAS. Decisão de Inaplicabilidade Da Autoridade da Concorrência

Ccent. 32/2009 NESTLÉ WATERS DIRECT/COOL POINT. Decisão de Não Oposição da Autoridade da Concorrência

Decisão de Inaplicabilidade da Autoridade da Concorrência

Ccent. 29/2018 MINT / NH. Decisão de Não Oposição da Autoridade da Concorrência

Ccent. 29/2011 FMC / RPC. Decisão de Não Oposição da Autoridade da Concorrência

Ccent 28/2009 Salvador Caetano Auto/Auto Partner*Auto Partner III

Ccent. 21/2014 dievini patch / LTS. Decisão de Não Oposição da Autoridade da Concorrência

DECISÃO DA AUTORIDADE DA CONCORRÊNCIA Ccent 10/ Nortesaga / Motortejo, Autovip, M.Tejo e Promotejo

Ccent. 51/2016 Salvador Caetano / Finlog*Ibericar. Decisão de Não Oposição da Autoridade da Concorrência

Decisão de Não Oposição da Autoridade da Concorrência

VERSÃO PÚBLICA. DECISÃO DE NÃO OPOSIÇÃO DA AUTORIDADE DA CONCORRÊNCIA Ccent. 7/2007 OPERADORES VACACIONALES/ CÓNDOR VACACIONES I - INTRODUÇÃO

Ccent. 25/2016 VALLIS / CASTELBEL. Decisão de Não Oposição da Autoridade da Concorrência

Ccent. 48/2017 Ocidental / 3Shoppings*GuimarãeShopping*MaiaShopping. Decisão de Não Oposição da Autoridade da Concorrência

DECISÃO DO CONSELHO DA AUTORIDADE DA CONCORRÊNCIA CCENT. 47/2005: ESSEX / NEXANS I INTRODUÇÃO

Versão Pública. DECISÃO DO CONSELHO DA AUTORIDADE DA CONCORRÊNCIA Ccent. 2/2006 AXA LBO III FCPR/AIXAM MEGA I INTRODUÇÃO

Ccent. 57/2012 Metalsa / ISE. Decisão de Não Oposição da Autoridade da Concorrência

Ccent. 4/2019 Valsabor / Euroeste. Decisão de Não Oposição da Autoridade da Concorrência

Ccent. 15/2012 JOSÉ MELLO*ARCUS / BRISA. Decisão de Não Oposição da Autoridade da Concorrência

DECISÃO DE NÃO OPOSIÇÃO DA AUTORIDADE DA CONCORRÊNCIA

Decisão de Não Oposição da Autoridade da Concorrência

Ccent. 31/2017 Lone Star / Pigments. Decisão de Não Oposição da Autoridade da Concorrência

Decisão de Não Oposição da Autoridade da Concorrência

Versão pública. DECISÃO DE NÃO OPOSIÇÃO DA AUTORIDADE DA CONCORRÊNCIA AC I Ccent. 74/2005 PINGO DOCE / POLISUPER ( Mem Martins) I INTRODUÇÃO

Versão Pública. AC I Ccent.37/2008 LS CABLE / SUPERIOR ESSEX. Decisão de Não Oposição Da Autoridade da Concorrência

Ccent. 52/2010 IMPULSIONATIS*PAC*SILBEST/HOLQUADROS. Decisão de Não Oposição da Autoridade da Concorrência

Ccent. 30/2012 JFL-DMH/Chemring Marine. Decisão de Não Oposição da Autoridade da Concorrência

Ccent. 7/2016 ICG*Acionistas Históricos / Grupo Garnica Plywood. Decisão de Não Oposição da Autoridade da Concorrência

DECISÃO DO CONSELHO DA AUTORIDADE DA CONCORRÊNCIA. Ccent. 6/2004 Philip Morris Products, S.A. / Amer-Yhtymä Oyj / Amer- Tupakka Oy

Transcrição:

DECISÃO DE NÃO OPOSIÇÃO DA AUTORIDADE DA CONCORRÊNCIA Processo AC I 6/2006 Cepsa* Lubrisur I INTRODUÇÃO 1. Em 1 de Fevereiro de 2006, foi notificada à Autoridade da Concorrência, nos termos dos artigos 9.º e 31.º da Lei n.º 18/2003, de 11 de Junho (doravante Lei da Concorrência ), uma operação de concentração que consiste na aquisição do controlo exclusivo, por parte da sociedade Compañia Española de Petróleos, S.A (denominada Cepsa ), à sociedade BP Oil España, S.A.U. (denominada BP ), sobre a sociedade Lubrificantes Del Sur, S.A., (denominada Lubrisur ). 2. A operação notificada configura uma concentração de empresas na acepção da alínea b) do n.º 1 do artigo 8.º da Lei da Concorrência, conjugada com a alínea a) do n.º 3 do mesmo artigo, e está sujeita à obrigatoriedade de notificação prévia, por preencher a condição enunciada na alínea b) do n.º 1 do artigo 9.º, do mesmo diploma legal. II AS PARTES 2.1. Empresa Adquirente 3. A Cepsa é a empresa holding de um grupo de sociedades, cuja actividade principal compreende a extracção e refinação de petróleo, produção, distribuição e comercialização dos seus derivados, distribuição de gás natural, e produção e distribuição de electricidade. 4. O grupo Cepsa encontra-se presente em diversos países da Europa, bem como em países fora do continente europeu, tais como a Argélia, Brasil, Canadá, Colômbia, Egipto, Marrocos e Panamá. 1

5. No que se refere ao sector petrolífero, o grupo Cepsa possui três refinarias em Espanha, Tenerife, Cádiz e Huelva, e procede posteriormente à distribuição, por grosso, dos produtos refinados - gasolinas, gasóleo, fuelóleos, combustíveis de aviação e marinhos, lubrificantes, betumes e outros derivados do petróleo. 6. Em Portugal, o grupo Cepsa actua principalmente, através da sua filial Cepsa Portuguesa Petróleos, S.A. desenvolvendo actividades correspondentes ao código 51510 da Classificação Portuguesa das Actividades Económicas. 7. Encontra-se activa, igualmente na distribuição retalhista de produtos petrolíferos, comercializando gasóleos, e fuelóleos, através da sua rede de abastecimento de postos de venda. 8. Nos termos do artigo 10.º da Lei da Concorrência, o volume de negócios do grupo Cepsa, foi o seguinte: Tabela 1: Volume de negócios do grupo Cepsa, para os anos de 2002, 2003 e 2004, ( milhões). 2002 2003 2004 Portugal [>150] [>150] [>150] EEE [>150] [>150] [>150] Mundo [>150] [>150] [>150] Fonte: Notificante. 2.2. Empresa Adquirida 9. A Lubrisur é uma empresa-comum, sedeada em Espanha, e controlada pela Cepsa e pela BP, activa na produção e no fornecimento, principalmente às suas empresas-mãe, de bases para lubrificantes e prestação de serviços relacionados, bem como na comercialização de parafinas e microceras a terceiros. 10. As suas actividades consistem, mais concretamente, no fabrico e comercialização de ceras (parafinas e microceras) para diversos sectores da indústria; a produção e fornecimento de 2

bases para lubrificantes, de misturas e embalamento de lubrificantes, em exclusivo para as suas empresas-mãe. 11. Actualmente, a Lubrisur é controlada conjuntamente pela Cepsa e pela BP, conforme decorre do artigo 27 dos Estatutos da Lubrisur, que prevê que as decisões relativas à i) Nomeação e destituição de Administrador Delegado; ii) Aprovação do Plano Estratégico para cinco anos e iii) Aprovação de investimentos ou desinvestimentos por valores superiores a $ 1 milhão de, devem obter o voto favorável de pelo menos 2/3 dos membros do Conselho de Administração, o qual é formado por oito membros, dos quais cinco foram nomeados pela Cepsa, 3 pela BP, sendo que os dois sócios dispõem de direito de veto relativamente às decisões relevantes para a Lubrisur. 12. Após a concretização desta operação [ ] 13. A Lubrisul não tem qualquer filial em Portugal, comercializando os seus produtos directamente com os seus clientes industriais, sem intervenção dos canais de distribuição afectos à Cepsa e BP. 14. A principal actividade da Lubrisur, (comercialização de ceras), corresponde ao código 51 510 da Classificação Portuguesa das Actividades Económicas. 15. Nos termos do artigo 10.º da Lei da Concorrência, o volume de negócios da Lubrisur, (excluindo os valores inter-grupo) foi o seguinte: Tabela 2: Volume de negócios da Lubrisur, para os anos de 2002, 2003 e 2004, ( milhões). 2002 2003 2004 Portugal [<150] [<150] [<150] EEE [<150] [<150] [<150] Mundial [<150] [<150] [<150] Fonte: Estimativas internas da Notificante. 3

III NATUREZA DA OPERAÇÃO 16. A operação de concentração notificada consiste na aquisição, pela Cepsa, de 35% do capital social da Lubrisur, que actualmente é detido pela BP, conferindo-lhe, assim, o controlo exclusivo. 17. A operação notificada configura, por isso, uma concentração de empresas na acepção da alínea b) do n.º1 do artigo 8.º da Lei da Concorrência, conjugada com a alínea a) do n.º 3 do mesmo artigo, e foi notificada à Autoridade da Concorrência por se encontrar preenchida a condição prevista na alínea b) do n.º 1 do artigo 9.º da Lei da Concorrência. 18. A operação de concentração consubstanciada na alteração de controlo conjunto para controlo exclusivo da Cepsa sobre a Lubrisur, tem natureza horizontal, porquanto e apesar da Cepsa não comercializar, em Portugal, ceras (parafinas e microceras), actuava já através da Lubrisur enquanto entidade sobre a qual já detinha o controlo conjunto. IV MERCADO RELEVANTE 4.1. Mercado do produto relevante 19. A Lubrisur - empresa a adquirir - dedica-se à produção e comercialização de ceras de origem mineral, em Espanha, que inclui as parafinas e as microceras. 20. Em Portugal, a Lubrisur comercializa, directamente, as parafinas e as microceras aos seus clientes industriais 21. Os outros produtos fabricados pela Lubrisur, como as bases para lubrificantes e os extractos, não integram o mercado relevante do produto, uma vez que se destinam, em exclusivo, às empresas-mãe que, posteriormente, comercializam através dos seus próprios canais de distribuição, apenas para o mercado Espanhol. 4

Definição do mercado segundo a notificante 22. A notificante considera que a definição de mercado deveria ser deixada em aberto, já que em seu entender não resultará da operação de concentração projectada qualquer entrave à concorrência por decorrência de qualquer definição plausível de mercado do produto relevante. Definição do mercado segundo a AdC 23. Entre as parafinas e as microceras, verificam-se algumas diferenças ao nível das respectivas estruturas químicas, já que nas primeiras predominam cadeias moleculares que dão origem a grandes cristais bem formados, características que permitem a cristalinidade, propriedades isolantes, a rigidez e uma baixa temperatura de fusão 1, enquanto nas microceras existem, maioritariamente, isoparafinas e cicloparafinas, que são moléculas que se transformam em cristais pequenos e irregulares. 24. Não obstante as diferenças ao nível químico-estrutural, as similitudes afectas às suas características técnicas e suas aplicações industriais, confirmam o elevado grau de substituibilidade entre elas. 25. Com efeito as parafinas e as microceras são destinadas independentemente da sua natureza, ao mesmo fim ou aplicação industrial, nomeadamente: Adesivos; Velas; Cartão (para promover o aumento do isolamento e a resistência do cartão); Borracha (as ceras aplicam-se como aditivos na produção de pneus, dotando-os de isolamento contra o ozono); Produtos farmacêuticos (para revestimento de pastilhas); Explosivos; Materiais têxteis; Cerâmicas; Plásticos e gomas. 1 O seu ponto de fusão é normalmente aos 65.ºC. 5

26. Atentas as razões apontadas supra, a AdC sustenta que o mercado relevante do produto para efeitos de apreciação do impacto desta operação de concentração é o da comercialização de ceras. 4.2. Mercado geográfico relevante 27. A notificante sustenta que, tendo em conta a existência de fluxos elevados e crescentes de importação e exportação, quer dentro da União Europeia como aqueles procedentes de países terceiros (China, Turquia e Irão), o mercado geográfico tem dimensão mundial. 28. Por outro lado as ceras são produtos facilmente transportáveis e com baixos custos de transporte, razão pela qual entende tratar-se de um mercado geográfico correspondente pelo menos ao EEE. 29. Atentas as razões supra referidas, a AdC entende que o mercado relevante geográfico é mais lato que o Espaço Económico Europeu (EEE), sendo aceitável uma delimitação mais global correspondente a uma dimensão mundial. 30. A AdC, considerando embora atendíveis os argumentos atrás aduzidos para uma definição do mercado geográfico relevante à escala europeia ou mesmo mundial, para efeitos de apreciação da presente operação, importa analisar os efeitos que esta operação de concentração possa vir a produzir, no território nacional, conforme decorre da legislação nacional de concorrência. 6

V AVALIAÇÃO JUSCONCORRENCIAL 5.1. Da estrutura da oferta e da procura 31. O mercado da comercialização de ceras a nível nacional ascendeu, em 2004, e segundo estimativas da notificante, a cerca de [ ] e a [ ], respectivamente, em valor e volume, registando desde 2003, um ligeiro decréscimo em termos de preços médios unitários praticados. 32. Para os próximos anos, estima-se um ligeiro crescimento que rondará, em quantidade, os 500 e 1500 toneladas por ano. 33. O mercado nacional das ceras apresenta a seguinte estrutura da oferta que se ilustra na tabela que se junta infra: Empresas Quotas de Quotas de Quotas de mercado (%) mercado (%) mercado (%) 2002 2003 2004 Petrogal [40-50] [40-50] [40-50] Repsol [15-25] [15-25] [15-25] Lubrisur [10-20] [15-25] [15-25] Exxon Mobil [<10] [<10] [<10] Sasol Wax [<10] [<10] [<10] Outros [<10] [<10] [<10] Volume de negócios [ ] [ ] [ ] Fonte: Estimativas internas da notificante. 34. Como se infere da análise da Tabela supra verificamos que a estrutura concorrencial no território nacional se apresenta bastante concentrada, tendo as [ ] maiores empresas uma quota de mercado que ultrapassa os [>70%]. 7

35. No que à procura diz respeito, a mesma é constituída por um pequeno grupo de empresas industriais da área petrolífera e química, sendo que duas dessas empresas [ ] e a [ ] - representam mais de [ ] da procura da Lubrisur em Portugal nos últimos anos. 5.2. Efeitos da operação na estrutura concorrencial dos mercados relevantes 36. A operação de concentração consubstancia a alteração do controlo conjunto para controlo exclusivo da Cepsa sobre a Lubrisur. 37. Desta alteração de controlo não resultará, contudo, nenhuma sobreposição horizontal, já que a Cepsa já exercia o controlo, embora conjuntamente com a BP, sobre a Lubrisur, pelo que não resultará qualquer sobreposição ao nível da respectiva quota de mercado. 38. No acesso a este mercado não se verificam barreiras à entrada de natureza regulamentar ou legal. Também não se verificam barreiras aduaneiras à importação desses mesmos produtos de países terceiros, já que se trata, conforme supra referido, de um mercado relevante geográfico que tem pelos menos dimensão correspondente ao EEE. 39. De facto, empresas como a Total (France), a Mol (Hungria), a Eni (Itália), a H & R Wax (Alemanha) e a Parafinas Guerola (Espanha) são fortes candidatas à entrada no território nacional, tratando-se de empresas integradas em poderosas multinacionais petrolíferas, com capacidade, recursos técnicos e económicos para produzir uma gama diversificada de produtos e, desse modo, poderem mais facilmente obterem vantagens competitivas. 40. De todo o exposto, conclui-se que a operação de concentração em causa não é susceptível de conduzir à criação ou reforço de uma posição dominante, da qual possam resultar entraves significativos à concorrência no mercado relevante identificado. VI AUDIÊNCIA DE INTERESSADOS 41. Na sequência dos Avisos publicados em cumprimento do artigo 33.º da Lei n.º 18/2003, de 11 de Junho, não foi recebida qualquer observação de terceiros contra-interessados. Nos termos do n.º 2 do artigo 38.º da Lei n.º 18/2003, de 11 de Junho, foi dispensada a audição 8

prévia dos autores da notificação, em sede de Audiência de Interessados, dada a ausência de terceiros contra-interessados e da presente decisão ser de não oposição. VII CONCLUSÃO 42. Face ao exposto, o Conselho da Autoridade da Concorrência, no uso da competência que lhe é conferida pela alínea b) do n.º 1, do artigo 17.º dos Estatutos, aprovados pelo Decreto-Lei n.º 10/2003, de 18 de Janeiro, decide, nos termos da alínea b) do n.º 1 do artigo 35.º da Lei n.º 18/2003, de 11 de Junho, não se opor à presente operação de concentração, uma vez que a mesma não é susceptível de criar ou reforçar uma posição dominante da qual possam resultar entraves significativos à concorrência efectiva no mercado nacional da comercialização das ceras. Lisboa, 13 de Março de 2006 O Conselho da Autoridade da Concorrência Prof. Doutor Abel Mateus (Presidente) Eng. Eduardo Lopes Rodrigues (Vogal) Dra. Teresa Moreira (Vogal) 9