AVALIAÇÃO DE CULTIVARES E LINHAGENS DE ALGODOEIRO NO SUDOESTE DA BAHIA, REGIÃO DO VALE DO YUYU Murilo Barros Pedrosa (Fundação BA / fundacaoba.algodao@aiba.com.br), Eleusio Curvelo Freire (Embrapa Algodão), João Luis da Silva Filho (Embrapa Algodão), Osório Lima Vasconcelos (EBDA), Francisco Pereira de Andrade (Embrapa Algodão), Jose de Abreu Junior (EBDA), Arnaldo Rocha de Alencar (Embrapa Algodão), Antonino Filho Ferreira (EBDA). RESUMO - A região Sudoeste da Bahia que já foi grande produtora de algodão, novamente desponta no cenário da cotonicultura nacional com 16 mil hectares plantados. Estão sendo desenvolvidas pesquisas pela Fundação BA/Embrapa Algodão/EBDA para identificação de variedades adaptadas a região. Este trabalho teve como objetivo apresentar o desempenho agronômico e tecnológico de fibras de cultivares e linhagens que fizeram parte do ensaio regional do cerrado e do estadual da Bahia. Pode-se observar que vários materiais apresentaram condições de cultivo, sendo contudo recomendado cultivares que apresentem algum grau de resistência a doenças, sobretudo viroses, entre eles pode-se destacar a BRS Cedro e a Delta Opal. Palavras-chave: algodão, cultivares e linhagens EVALUATION OF CULTIVATE AND INBREED OF COTTON IN THE SOUTHWEST OF BAHIA IN BRAZIL, REGION THE VALE THE YUYU ABSTRACT - The southwest of Bahia that was important region of cotton, again blunts in the scenery cotton national with 16 thousand planted hectares. Researchs heve been development by Fundação BA / Embrapa Algodao / EBDA for identification of adapted varieties region. This work aimed to evaluate cultivar and inbreed of cotton for yeld of fiber and technological traits of fiber. Several material evaluated, are adequated to crop in Suthwest of Bahia. However, it is important that cultivar present resistence for diseases as exemple BRS Cedro and Delta Opal. Key words: cotton, inbreed, cultivate INTRODUÇÃO O algodão constitui uma importante cadeia produtora para o Brasil. Atualmente o estado da Bahia apresenta-se como segundo produtor nacional, com 226 mil hectares plantados, sendo 16 mil hectares plantados na região Sudoeste do estado. Esta região já representou a maior área plantada do estado da Bahia na década de 80. Com o aparecimento do bicudo do algodoeiro e grandes infestações de pulgão no final de ciclo, a região entrou em decadência e, praticamente, desapareceu do cenário cotonicola. Por incentivos governamentais a região do Vale do Yuyu esta retomando sua área plantada, tendo 2100 pequenos produtores cultivando áreas de 2,5 a 3,0 hectares/produtor, tendo recebido adubos, sementes e inseticidas como incentivo do governo estadual; possui também aproximadamente 40 médios produtores, que cultivam uma média de 400 hectares/produtor. Vislumbrando a retomada de altas produções de algodoeiro na região do Vale do Yuyu, a Fundação BA/Embrapa Algodão/EBDA vem desenvolvendo pesquisas na região buscando soluções para o aprimoramento de tecnologias, bem como a identificação de novas variedades adaptadas a
região. Para tanto foram plantados ensaios a fim de identificar cultivares comercias e/ou linhagens adaptadas que apresentem melhor desempenho. O presente trabalho teve o objetivo de avaliar o desempenho agronômico e tecnológico de fibras das cultivares e linhagens que fizeram parte ensaio regional do cerrado e do ensaio estadual da Bahia, nas condições do Vale do Yuyu, região do Vale do Rio São Francisco. MATERIAL E MÉTODOS Na safra 2003/2004 foi instalado um ensaio regional do cerrado e um ensaio estadual da Bahia na Estação Experimental Gercino Coelho no Vale do Yuyu pertencente a EBDA. Foi utilizado o delineamento experimental de blocos ao acaso com 15 tratamentos (regional do cerrado) e 8 tratamentos (estadual da Bahia), ambos com 4 repetições. A parcela constou de 4 linhas de 5m lineares, tendo como área útil as 2 linhas centrais, em espaçamento de 0,76 entre linhas com 7 a 8 plantas/metro. O manejo dado foi semelhante ao utilizado nas lavouras de médio porte da região, com aplicações de inseticidas. Os caracteres avaliados foram: Peso de um capulho (P1Cap), percentagem de fibra (% Fibra), rendimentos de algodão em caroço-kg/ha (Rend), rendimento de fibra (RendF), uniformidade (UNF), resistência (STR), finura Índice Micronaire (MIC), índice de fibra curta (SFI), comprimento (LEN) e índice de fiabilidade (CSP). Estes foram submetidos a análise da variância, tendo sido suas medias comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1 encontram-se as médias apresentadas nos caracteres agronômicos e tecnológicos de fibras avaliados no ensaio regional do cerrado. Observa-se que dentro de cada caráter estudados as cultivares diferenciam-se estatisticamente a 1% de probabilidade pelo teste F, a exceção de alguns caracteres que não apresentaram significância. As diferenças estatísticas apresentadas entre as cultivares indicam a presença de variabilidade entre elas, sugerindo que ao apresentarem as melhores medias, provavelmente, sejam mais adaptadas a região, ou seja, são as que possivelmente, trarão maiores rendimentos em tipo de algodão e, conseqüentemente, financeiros para o produtor. Observa-se que as cultivares BRS Cedro apresenta-se com valor de percentagem de fibra de 44% e alto rendimento de fibra, o que a coloca entre as melhores cultivares aqui observadas. Pode-se verificar que as cultivares testadas apresentam bom desempenho nas condições estudadas, contudo convém ressaltar que dentre estas apenas a Delta Opal e a BRS Cedro são resistentes a viroses, sendo as demais sensíveis (Freire et al., 2004). Esta observação deve sempre ser considerada no momento da tomada de sob qual variedade plantar e, no caso do Vale do Yuyu onde a maioria das lavouras pertencem a pequenos produtores que não utilizam fungicidas, o plantio de cultivares que apresentem altas produtividades e algum tipo de resistência, tendem a restituir maiores lucratividades. Na Tabela 2 encontram-se os resultados obtidos no ensaio estadual da Bahia. Observa-se que as significâncias pelo teste F apresentadas em cada caráter avaliado são um indicativo de diferenças entre os tratamentos. Dentre as três linhagens avaliadas verifica-se que: para percentagem de fibra, rendimento de algodão em caroço e rendimento de fibra a linhagem CNPA 200-11815 apresentou-se promissora, como também se sobressaiu em alguns caracteres de fibra. Contudo a linhagem CNPA 98-6123 apresenta-se com valores satisfatórios para peso de capulho, rendimento de algodão em caroço,
uniformidade e índice de fibra curta. Também Freire et al. (2003), destacaram o desenvolvimento desta linhagem nas condições do cerrado. CONCLUSÃO Pela análise dos caracteres estudados, são varias as cultivares a apresentarem boa adaptação as condições do Vale do Yuyu. Contudo a Delta Opal e a BRS Cedro devem ser preferidas pelos bons resultados apresentados para percentagem de fibra e rendimento de fibra. A linhagem CNPA 98-6123 apresenta-se como promissora pelas boas características de fibra apresentadas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FREIRE, E. C. ; SILVA FILHO, J. L. da; ANDRADE, F. P. de; SANTOS, J. W. dos, ALENCAR, A. R. de. Comportamento de cultivares de algodoeiro no cerrado da Bahia Safra 2001/02. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ALGODÃO, 4, 2003, Goiânia. Anais... Campina Grande: Embrapa CNPA, 2003. CD- ROM. FREIRE. E. C.; SILVA FILHO, J. L. da; PEDROSA, M. B.; ANDRADE, F. P. de. Melhoramento Genético. In: SILVA FILHO, J. L. da; PEDROSA, M. B. (Eds.). Resultados de Pesquisa com a cultura do Algodão no cerrado da Bahia Safra 2003/2004. Campina Grande: Embrapa CNPA, 2004. (Documentos, 133).
Tabela 1. Resultados médios de cultivares de algodão * obtidos no ensaio regional do cerrado. Palmas de Monte Alto (Vala do Yuyu), Safra 2003/04
Tratamentos P1Cap % Fibra Rend RendF UNF STR MIC SFI LEN CSP 1- BRS Aroeira 6,68 abc 37,8 f 3481.8 1316,0 abc 89.9 35,4 a 4,8 abcd 5.3 33,9 ab 2462,0 ab 2- BRS Ipê 6,10 bcd 39,9 cdef 3679.8 1468,8 abc 89.3 31,6 ab 4,9 abcd 5.1 31,9 bcd 2366,0 bc 3- BRS Cedro 6,65 abc 43,7 ab 3530.8 1542,5 ab 89.1 34,3 a 5,0 abcd 5.3 31,7 bcd 2331,5 bc 4- BRS Jatobá 6,93 ab 38,7 ef 3702.0 1432,3 abc 90.2 32,6 ab 5,4 a 5.0 33,2 bc 2336,0 bc 5- FM 966 6,15 bcd 40,9 bcde 3155.3 1297,5 bc 90.1 34,6 a 4,4 d 5.7 32,2 bcd 2461,5 ab 6- FM 977 5,10 d 42,3 abc 3488.5 1476,8 abc 89.5 32,6 ab 4,4 d 5.3 32,6 bcd 2475,8 ab 7- Suregrow 821 6,18 bcd 40,3 cdef 3633.5 1463,0 abc 89.8 30,9 ab 4,9 abcd 5.3 32,0 bcd 2346,8 bc 8- Delta Penta 6,33 bc 42,5 abc 3555.3 1510,0 abc 88.6 28,7 b 5,2 abc 5.4 30,9 d 2273,3 c 9- Delta Opal 6,40 abc 40,2 cdef 3654.5 1468,8 abc 91.0 34,4 a 5,0 abcd 4.5 33,2 bc 2457,8 ab 10- DP Acala 90 5,48 cd 38,9 ef 3466.8 1345,5 abc 88.6 30,7 ab 4,6 bcd 5.9 31,8 bcd 2373,0 bc 11- IAC 24 7,58 a 38,4 ef 3653.5 1401,3 abc 89.9 31,9 ab 4,6 bcd 5.7 31,9 bcd 2391,0 bc 12- COODETEC 406 6,68 abc 42,0 abcd 3530.3 1485,0 abc 89.7 33,2 ab 4,5 cd 5.2 32,4 bcd 2418,5 abc 13- MAKINA 6,00 bcd 39,3 def 3447.3 1355,5 abc 87.8 30,7 ab 4,6 bcd 6.0 31,9 bcd 2373,8 bc 14- FABRICA 5,93 bcd 40,4 cdef 3462.0 1396,8 abc 88.7 34,4 a 4,6 bcd 5.4 31,6 cd 2381,3 bc 15- COODETEC 407 6,53 abc 38,0 ef 3296.5 1251,8 c 90.7 31,0 ab 4,3 d 5.0 35,8 a 2549,0 a 16- BRS Cedro 6,93 ab 44,0 a 3636.3 1599,8 a 89.0 32,8 ab 5,2 ab 5.3 30,9 d 2266,3 c Média 6.35 40.44 3523.36 1425.69 89.47 32.48 4.78 6.33 32.36 2391.45 F 6,29 ** 11,81 ** 1,60 ns 2,80 ** 1,78 ns 2,98 ** 4,81 ** 1,14 ns 7,44 ** 6,42 ** C.V. (%) 7.43 2.84 6.54 7.92 1.42 6.63 6.06 12.92 2.75 2.51 * Médias seguidas da mesma letra, dentro das colunas, não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Tabela 2. Resultados médios de cultivares e linhagens de algodão * obtidos no ensaio estadual da Bahia. Palmas de Monte Alto (Vale do Yuyu), Safra 2003/04. Tratamentos P1Cap % Fibra Rend RendF UNF STR MIC SFI LEN CSP 1 - BRS Aroeira 6,98 a 37,7 c 3703,5 a 1395,8 b 91.8 35,7 a 4,7 a 4,6 b 33,8 abc 2462,8 ab 2 - BRS Ipê 5,63 bc 39,0 abc 3618,3 a 1410,8 b 89.2 31,6 ab 5,1 a 5,5 ab 31,7 c 2310,3 c 3 - Delta Opal 6,53 ab 41,4 a 3756,5 a 1556,3 a 90.1 33,1 ab 4,1 a 4,0 ab 33,2 abc 2402,0 bc 4 - BRS Sucupira 6,65 a 39,6 abc 3645,3 a 1444,8 ab 90.9 32,3 ab 4,7 a 4,7 b 35,3 a 2473,0 ab 5 - BRS Camaçari 6,88 a 38,7 bc 3569,0 a 1380,8 b 87.1 34,3 ab 4,9 a 5,9 ab 32,3 bc 2361,8 bc 6 - CNPA BA 98-6123 6,55 ab 38,5 bc 3511,8 a 1353,8 b 89.6 33,2 ab 4,7 a 4,6 b 33,8 abc 2474,8 ab 7 - CNPA BA 2000-2239 6,95 a 33,8 d 3521,5 a 1188,0 c 88.3 35,3 ab 3,9 b 4,8 ab 34,6 ab 2550,8 a 8 - CNPA BA 2000-11815 5,38 c 40,7 ab 3579,0 a 1453,8 ab 88 31,0 b 4,7 a 6,2 a 32,9 abc 2365,0 bc Média 6.44 38.67 3613.09 1397.97 89.48 33.31 4.69 5.12 33.44 2425.03 F 8,9 ** 18,32 ** 2,16ns 14,86 ** 2,9 * 3,03 * 9,26 ** 4,57 ** 3,95 ** 6,52 ** C.V. (%) 6.33 2.8 3.23 3.89 1.83 5.76 4.97 11.52 3.57 2.54 * Médias seguidas da mesma letra, dentro das colunas, não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.