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Transcrição:

Parlamento Europeu 2014-2019 Comissão dos Assuntos Externos 2017/2206(INI) 9.1.2018 PROJETO DE RELATÓRIO sobre as violações dos direitos dos povos indígenas do mundo, incluindo a apropriação ilegal de terras (2017/2206(INI)) Comissão dos Assuntos Externos Relator: Francisco Assis PR\1142923.docx PE615.257v02-00 Unida na diversidade

PR_INI Í N D I C E Página PROPOSTA DE RESOLUÇÃO DO PARLAMENTO EUROPEU... 3 PE615.257v02-00 2/10 PR\1142923.docx

PROPOSTA DE RESOLUÇÃO DO PARLAMENTO EUROPEU sobre as violações dos direitos dos povos indígenas do mundo, incluindo a apropriação ilegal de terras (2017/2206(INI)) O Parlamento Europeu, Tendo em conta a Declaração Universal dos Direitos do Homem, assim como outros instrumentos e tratados das Nações Unidas (ONU) em matéria de direitos humanos, em particular a Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas (UNDRIP), adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 13 de dezembro de 2007, Tendo em conta a Convenção n.º 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre Povos Indígenas e Tribais, adotada em 27 de junho de 1989, Tendo em conta a Convenção Europeia para a Proteção dos Direitos do Homem e das Liberdades Fundamentais, Tendo em conta os artigos 21.º, 22.º e 47.º da Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia, Tendo em conta o Quadro Estratégico da UE em matéria de direitos humanos e democracia, adotado pelo Conselho dos Negócios Estrangeiros em 25 de junho de 2012, e o Plano de Ação para os Direitos Humanos e a Democracia (2015-2019), adotado pelo Conselho em 20 de julho de 2015, Tendo em conta a Declaração das Nações Unidas sobre os Defensores dos Direitos do Homem, de 1998, Tendo em conta as Orientações da União Europeia em matéria de Direitos Humanos, em particular as Orientações da UE relativas aos defensores dos direitos humanos, bem como o Instrumento Europeu para a Democracia e os Direitos Humanos (IEDDH), Tendo em conta as suas resoluções de urgência sobre casos de violação dos direitos humanos, da democracia e do Estado de direito, Tendo em conta a resolução do Parlamento Europeu, de 24 de novembro de 2016, sobre a situação dos Guarani-Kaiowá no estado brasileiro de Mato Grosso do Sul 1, Tendo em conta a sua resolução, de 14 de abril de 2016, sobre as Honduras: a situação dos defensores dos direitos humanos 2 ; Tendo em conta a sua Resolução, de 12 de março de 2015, sobre a situação na 1 Textos Aprovados, P8_TA(2016)0445. 2 Textos Aprovados, P8_TA(2016)0129. PR\1142923.docx 3/10 PE615.257v02-00

Tanzânia, nomeadamente a questão da apropriação ilegal de terras 1, Tendo em conta o Relatório anual sobre os Direitos Humanos e a Democracia no Mundo (2016) e a política da União Europeia nesta matéria 2, Tendo em conta a Resolução das Nações Unidas que aprova o documento final da Conferência Mundial sobre os Povos Indígenas, realizada em 2014 3, Tendo em conta o relatório 2017 da Relatora Especial do Conselho dos Direitos do Homem das Nações Unidas sobre os direitos dos povos indígenas (A/HRC/36/46), Tendo em conta a resolução do Conselho dos Direitos do Homem das Nações Unidas (CDHNU), de 26 de junho de 2014, que cria um grupo de trabalho intergovernamental aberto incumbido de elaborar um instrumento internacional, juridicamente vinculativo, sobre as atividades de empresas transnacionais e de outros tipos de empresas 4 no que respeita aos direitos humanos, Tendo em conta a redação, pelo grupo de trabalho intergovernamental aberto, de uma Declaração sobre os direitos dos camponeses e das outras pessoas que trabalham nas zonas rurais, aprovada pelo Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas em 13 de outubro de 2015 5, Tendo em conta a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 25 de setembro de 2015, Tendo em conta a Convenção das Nações Unidas sobre Biodiversidade Biológica, adotada em 22 de maio de 1992, Tendo em conta o Acordo de Durban e o plano de ação adotado por ocasião do V Congresso Mundial de Parques, organizado em 2003 pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) 6, Tendo em conta a Comunicação da Comissão ao Conselho e ao Parlamento Europeu, de 19 de outubro de 2004 Orientações da União Europeia para apoiar a elaboração de uma política fundiária e os processos de reforma nos países em desenvolvimento 7, Tendo em conta as Diretrizes Voluntárias das Nações Unidas para uma Gestão Responsável da Posse da Terra, Pescas e Florestas 8 aprovadas pelo Comité da Segurança Alimentar Mundial, de 11 de maio de 2012, Tendo em conta o Plano de Ação da Aplicação da Legislação, Governação e Comércio 1 Textos Aprovados, P8_TA(2015)0073. 2 https://eeas.europa.eu/sites/eeas/files/annual_report_on_human_rights_and_democracy_in_the_world_2016_0.p df 3 https://documents-dds-ny.un.org/doc/undoc/gen/n14/468/28/pdf/n1446828.pdf?openelement 4 https://documents-dds-ny.un.org/doc/undoc/ltd/g14/064/48/pdf/g1406448.pdf?openelement 5 https://documents-dds-ny.un.org/doc/undoc/gen/g15/234/15/pdf/g1523415.pdf?openelement 6 https://cmsdata.iucn.org/downloads/durbanactionen.pdf 7 http://eur-lex.europa.eu/legal-content/en/txt/html/?uri=legissum:dv0016&from=en 8 http://www.fao.org/docrep/016/i2801e/i2801e.pdf PE615.257v02-00 4/10 PR\1142923.docx

no Setor Florestal (FLEGT), aprovado em 2003, e os Acordos de Parceria Voluntários (APV) FLEGT bilaterais assinados entre a UE e os países parceiros 1, Tendo em conta os Princípios Orientadores das Nações Unidas sobre Empresas e Direitos Humanos e o Pacto Global das Nações Unidas, Tendo em conta os Princípios de Maastricht, emitidos em 28 de setembro de 2011, que clarificam as obrigações extraterritoriais dos Estados com base no direito internacional permanente 2, Tendo em conta as conclusões do Conselho sobre a igualdade dos povos indígenas, adotadas em 15 de maio de 2017 3, Tendo em conta a declaração proferida pela Vice-Presidente da Comissão/Alta Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Federica Mogherini, por ocasião do Dia Internacional dos Povos Indígenas do Mundo, em 9 de agosto de 2017 4, Tendo em conta a sua resolução, de 25 de outubro de 2016, sobre a responsabilidade das empresas por violações graves dos direitos humanos em países terceiros 5, Tendo em conta a resolução, de 13 de setembro de 2016, sobre corrupção e direitos humanos em países terceiros 6, Tendo em conta o artigo 52.º do seu Regimento, Tendo em conta o relatório da Comissão dos Assuntos Externos (A8-0000/2017), A. Considerando que, segundo as estimativas, a população indígena total conta com mais de 370 milhões de pessoas que vivem em mais de 70 países em todo o mundo, o que representa cerca de 5 % do total da população mundial; que existem pelo menos 5000 povos indígenas distintos; que, apesar da sua dispersão geográfica, estas pessoas enfrentam ameaças e desafios semelhantes; B. Considerando que os territórios indígenas tradicionais abrangem cerca de 22 % da superfície terrestre do planeta e que, segundo as estimativas, contêm 80 % da biodiversidade do planeta; que as florestas tropicais habitadas por povos indígenas e comunidades locais contribuem para pelo menos um quarto das reservas de carbono presentes no bioma da floresta tropical, tornando-as preciosas no âmbito de qualquer estratégia de luta contra as alterações climáticas; C. Considerando que os tratados em matéria de direitos humanos reconhecem o direito dos povos indígenas às suas terras ancestrais e aos seus recursos e preveem que os Estados 1 http://eur-lex.europa.eu/legal-content/en/txt/?uri=celex%3a52003dc0251 2 http://www.etoconsortium.org/nc/en/main-navigation/library/maastrichtprinciples/?tx_drblob_pi1%5bdownloaduid%5d=23 3 http://data.consilium.europa.eu/doc/document/st-8814-2017-init/en/pdf 4 http://www.consilium.europa.eu/en/press/press-releases/2017/08/08/hr-indigenous-peoples/pdf 5 Textos Aprovados, P8_TA(2016)0405. 6 Textos Aprovados, P8_TA(2017)0346. PR\1142923.docx 5/10 PE615.257v02-00

devem consultar os povos indígenas, de boa-fé, a fim de obter o seu consentimento livre, prévio e informado relativamente a projetos que possam ter um impacto negativo sobre os seus modos de vida ou que possam conduzir à deslocação das populações; D. Considerando que, em diferentes regiões do mundo, prosseguem as violações dos direitos individuais e coletivos dos povos indígenas; que, consequentemente, os povos indígenas continuam a ser vítimas de violência física, psicológica e sexual, bem como de racismo, exclusão, discriminação, expulsão forçada, implantação destrutiva e expropriação ilegal das suas terras ancestrais, ou são privados do acesso aos seus recursos e aos seus meios de subsistência; E. Considerando que os povos indígenas se confrontam com níveis alarmantes de pobreza, doença e analfabetismo, acesso insuficiente aos cuidados de saúde, à educação, aos direitos cívicos, nomeadamente à participação e representação políticas; que existe uma falta de sensibilização e compreensão dos povos indígenas e das suas culturas, línguas, crenças e símbolos; que continuam a ser desrespeitados e se confrontam frequentemente com graves ameaças; F. Considerando que o aumento da procura e o aumento da concorrência em torno dos recursos naturais está a gerar uma «corrida mundial às terras» que, em vários países, coloca sob uma pressão insustentável os territórios tradicionalmente ocupados e utilizados por povos indígenas e comunidades locais; que a exploração destes recursos naturais pelos setores da indústria agrícola, da energia, madeireiro e mineiro, entre outras indústrias extrativas, bem como pela exploração madeireira ilegal e por grandes projetos de infraestruturas e desenvolvimento, constitui uma das principais causas do persistente conflito sobre a propriedade fundiária e a principal causa da poluição da água e dos solos; G. Considerando que muitos povos indígenas continuam a ser vítimas de assassinatos, execuções extrajudiciais, mutilações, tortura, violações, detenções arbitrárias, agressões físicas, assédio e intimidação por defenderem o direito dos povos indígenas aos seus territórios ancestrais e respetivos recursos naturais, incluindo o acesso à água e aos alimentos, bem como aos seus sítios espirituais e cemitérios sagrados; H. Considerando que, presentemente, há uma tendência para a militarização de algumas reservas naturais e zonas protegidas, que coincidem, por vezes, com as terras das comunidades indígenas e locais, causando graves violações dos direitos humanos; I. Considerando que, nos últimos anos, houve um aumento preocupante dos homicídios, agressões e outras formas de violência contra ativistas e defensores dos direitos humanos no contexto da defesa dos direitos das comunidades locais e dos povos indígenas, dos direitos ambientais e dos direitos fundiários; J. Considerando que os regimes não vinculativos de responsabilidade social das empresas e os regimes de regulação voluntária se revelaram insuficientes para garantir a proteção das comunidades indígenas e locais contra a violação dos seus direitos humanos, prevenir a apropriação de terras e garantir uma responsabilidade efetiva das empresas; K. Considerando o envolvimento de um grande número de investidores e empresas sediadas na UE em centenas de operações de aquisição de terras em África, na Ásia e na PE615.257v02-00 6/10 PR\1142923.docx

América Latina, o que, por vezes, conduz a violações dos direitos das comunidades indígenas e locais; que, em muitos casos, dadas as múltiplas ramificações estrangeiras desses intervenientes, poderá ser difícil identificar as suas origens e ligá-las diretamente à UE e respetivos Estados-Membros; L. Considerando que a obrigação de proteger e facultar o acesso a vias de recurso ao abrigo da Convenção Europeia dos Direitos do Homem é aplicável tanto às atividades extraterritoriais como às atividades domésticas com impacto extraterritorial; que o grau de empenhamento da UE e dos seus Estados-Membros nas suas obrigações extraterritoriais é presentemente muito fraco; 1. Insta a UE, os Estados-Membros e os seus parceiros da comunidade internacional a adotarem todas as medidas necessárias para o pleno reconhecimento, proteção e promoção dos direitos dos povos indígenas; 2. Insta a UE a assegurar que todas as suas políticas comerciais, de desenvolvimento e de investimento respeitem os direitos humanos dos povos indígenas, tal como consagrados nos tratados e convenções em matéria de direitos humanos e nos instrumentos jurídicos que tratam dos direitos dos povos indígenas em particular; 3. Lança um apelo a todos os Estados que ainda não ratificaram a Convenção n.º 169 da OIT sobre os Povos Indígenas e Tribais, e em particular aos Estados-Membros da UE, para que o façam o mais rapidamente possível, e exorta a UE a envidar todos os esforços para apoiar a sua ratificação e aplicação em todos os países parceiros; Os direitos humanos dos povos indígenas 4. Exorta a UE e os seus Estados-Membros a apoiarem e a votarem a favor da Declaração sobre os direitos dos camponeses e das outras pessoas que trabalham nas zonas rurais, que será submetida a votação em 2018 no Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas; 5. Insta todos os Estados, incluindo a UE e os seus Estados-Membros, a reconhecerem juridicamente os territórios tradicionais dos povos indígenas; 6. Insta todos os Estados, nomeadamente a UE e os Estados-Membros, a incluírem os povos indígenas e as comunidades rurais nas suas estratégias de luta contra as alterações climáticas; 7. Insta todos os Estados, incluindo a União Europeia e os seus Estados-Membros, a reconhecerem os povos indígenas como parceiros em pé de igualdade no âmbito de todas as deliberações sobre questões suscetíveis de os afetar. 8. Convida todos os Estados, incluindo a UE e os seus Estados-Membros, a adotarem e a implementarem as recomendações do documento final da conferência mundial sobre os povos indígenas, de 2014, dirigido às Nações Unidas, bem como as recomendações do Fórum Permanente das Nações Unidas sobre as questões indígenas e as formuladas pelo Relator Especial das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas; 9. Exorta a UE e os seus Estados-Membros a redobrarem os seus esforços para garantir a PR\1142923.docx 7/10 PE615.257v02-00

integridade física e a assistência jurídica aos defensores dos direitos indígenas, ambientais e fundiários; 10. Insta todos os Estados, incluindo a UE e os seus Estados-Membros, a garantirem que as suas políticas em matéria de preservação do ambiente respeitem plenamente os direitos dos povos indígenas e das comunidades rurais, de forma a que, em caso de criação ou ampliação de áreas protegidas, já tenha sido estabelecido o respeito desses direitos; Apropriação ilegal de terras 11. Acolhe favoravelmente o anúncio do Tribunal Penal Internacional, em 2016, segundo o qual a apropriação ilegal de terras e a destruição do ambiente poderão doravante ser considerados crimes contra a humanidade; 12. Exorta a UE e os seus Estados-Membros a acompanharem e anunciarem publicamente as aquisições de terras que envolvam empresas ou intervenientes sediados na UE, ou projetos de desenvolvimento financiados pela UE em países onde tais acordos possam resultar em violações dos direitos humanos, dando instruções e dotando as embaixadas e as delegações da UE das capacidades necessárias para o efeito; 13. Convida a Comissão a criar um registo das empresas estabelecidas na UE que participem em operações de apropriação de terras em países estrangeiros, a fim de assegurar um controlo público e um acompanhamento proativo das suas atividades; 14. Insta todos os Estados, em particular a UE e os seus Estados-Membros, a adotarem e a apoiarem a aplicação das Orientações Voluntárias da FAO sobre a Governação Responsável da Posse da Terra, Pescas e Florestas no Contexto da Segurança Alimentar, bem como a assinarem acordos de parceria voluntários relativos à aplicação da legislação, governação e comércio no setor florestal com o maior número possível de países interessados; Empresas e direitos humanos 15. Recomenda que a UE elabore um plano de ação regional para as empresas e os direitos humanos, pautado pelos princípios consagrados na Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas, e exorta à elaboração de planos de ação nacionais dedicados a esta questão; 16. Exorta a UE a criar um mecanismo para o tratamento de reclamações que permita às comunidades indígenas e locais apresentar queixas relativas a violações e abusos dos seus direitos resultantes das atividades comerciais ou dos projetos de desenvolvimento e investimento da UE, independentemente do país onde se registaram as violações e os abusos, a fim de garantir às vítimas um acesso efetivo à justiça, bem como a uma assistência técnica e jurídica; insta a UE e os Estados-Membros a encetarem negociações tendo em vista a adoção de um instrumento internacional juridicamente vinculativo em matéria de direitos humanos para as empresas transnacionais e as outras empresas; 17. Insta a UE a respeitar as suas obrigações extraterritoriais em matéria de direitos humanos e decide convidar a Comissão a apresentar propostas legislativas e a colaborar PE615.257v02-00 8/10 PR\1142923.docx

com o Conselho Europeu no sentido de elaborar uma legislação que vise prevenir e sancionar as violações extraterritoriais dos direitos dos povos indígenas e das comunidades locais; Desenvolvimento sustentável junto das populações indígenas 18. Convida a UE a exortar os Estados parceiros a elaborarem políticas sociais inclusivas para os povos indígenas que vivem no meio urbano, a fim de reduzir os efeitos do desenraizamento e da inadequação entre as suas capacidades tradicionais e a dinâmica metropolitana contemporânea; 19. Exorta todos os Estados a comprometerem-se a assegurar que os povos indígenas tenham um verdadeiro acesso à saúde e à educação, a promoverem políticas públicas interculturais, a incorporarem as línguas e as culturas autóctones nos seus programas escolares, bem como a desenvolverem iniciativas para sensibilizar a sociedade civil para os direitos dos povos indígenas e para a importância de respeitar as suas crenças e os seus valores, de forma a combater o preconceito e a desinformação; 20. Exorta todos os Estados a garantirem que as comunidades indígenas beneficiem das receitas do turismo sustentável e estejam resguardadas contra as repercussões negativas do turismo em massa, e acolhe favoravelmente os exemplos da gestão partilhada de reservas naturais e de zonas protegidas, que permitem uma melhor proteção dos ecossistemas e um melhor controlo dos fluxos turísticos; Política de cooperação da UE com países terceiros 21. Recomenda que a política externa da UE atribua uma importância maior a esta questão, nomeadamente no âmbito do seu diálogo com países terceiros sobre direitos humanos, dos seus documentos estratégicos e dos acordos de comércio, cooperação e desenvolvimento negociados ou celebrados com países terceiros; insta a UE e os seus Estados-Membros a terem em conta os resultados do exame periódico universal (EPU), a fim de verificar a conformidade das suas políticas com os direitos dos povos indígenas; 22. Insta a UE a assegurar que todos os projetos de desenvolvimento financiados pela UE e que possam de alguma forma afetar negativamente os meios de subsistência, as terras e os recursos dos povos indígenas respeitem rigorosamente o princípio do consentimento livre, prévio e informado; 23. Insta a UE a estabelecer a obrigação de realizar estudos de avaliação de impacto antes da celebração de acordos de comércio e de cooperação, bem como da implementação de projetos de desenvolvimento, a fim de avaliar e prevenir os seus efeitos nefastos sobre os direitos das comunidades indígenas e locais; 24. Apela à UE para que aumente o grau de ambição e de dotação dos seus programas de apoio aos povos indígenas; PR\1142923.docx 9/10 PE615.257v02-00

25. Encarrega o seu Presidente de transmitir a presente resolução ao Conselho e à Comissão, à Vice-Presidente da Comissão/Alta Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, ao Serviço Europeu para a Ação Externa e às delegações da UE. PE615.257v02-00 10/10 PR\1142923.docx