GRADIENTES EDÁFICOS E SUA RELAÇÃO COM AS FITOFISIONOMIAS DO SEMI-ÁRIDO MERIDIONAL BRASILEIRO

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Transcrição:

DANIEL MEIRA ARRUDA GRADIENTES EDÁFICOS E SUA RELAÇÃO COM AS FITOFISIONOMIAS DO SEMI-ÁRIDO MERIDIONAL BRASILEIRO Dissertação apresentada à Universidade Federal de Viçosa, como parte das exigências do Programa de Pós- Graduação em Botânica, para obtenção do título de Magister Scientiae. VIÇOSA MINAS GERAIS BRASIL 2012

RESUMO ARRUDA, Daniel Meira, M.Sc., Universidade Federal de Viçosa, fevereiro de 2012. Gradientes edáficos e sua relação com as fitofisionomias do semi-árido meridional brasileiro. Orientador: Carlos Ernesto G. Reynaud Schaefer. Coorientadores: Walnir Gomes Ferreira Júnior e Ary Teixeira de Oliveira-Filho. O semi-árido no Brasil representa uma importante extensão territorial, onde o clima é marcadamente sazonal, com baixas precipitações, elevadas taxas de evapotranspiração e maiores temperaturas. Sua porção sul compreende o limite norte entre os Estados de Minas Gerais e Bahia. Essa região é dominada pela fitofisionomia de floresta decidual, no entanto, diversas fisionomias de cerrado também estão presentes. As diferentes porções da paisagem e sua variação edáfica são responsáveis pelo estabelecimento de diferentes fisionomias. No entanto, estudos que abordam tais relações e que buscam a compreensão dos gradientes pedovegetacionais são escassos nas paisagens do semi-árido brasileiro. Dessa forma, objetivou-se caracterizar os solos e as comunidades vegetais de diferentes segmentos da paisagem (topo, encosta e baixada) e testar as seguintes hipóteses: (1) solos de um mesmo segmento da paisagem, submetidos a mesma condição climática e fitofisionômica, se assemelham mesmo em localidades distintas; (2) as comunidades vegetais sobre um mesmo segmento se assemelham floristicamente e (3) as espécies mais abundantes apresentam preferência a determinados segmentos da paisagem. Para isso, foram amostrados os solos e as comunidades vegetais em 14 ambientes sobre diferentes segmentos em Januária (MG), Porteirinha (MG), Guanambi (BA) e Ibiassucê (BA). As variáveis dos solos analisados foram submetidas à análise de componentes principais, com o objetivo de verificar a existência de gradiente (Capítulo 1). As espécies amostradas nos diferentes segmentos foram submetidas à análise de similaridade; e as mais abundantes foram correlacionadas com as variáveis de solos por meio de análise de correspondência canônica para observar suas tendências ao longo do gradiente (Capítulo 2). Um gradiente de fertilidade dos solos pôde ser observado, no qual os mesmos segmentos se agrupam em função de suas características edáficas, confirmando a hipótese da similaridade edáfica. Em um extremo do gradiente, os topos apresentaram-se mais distróficos, com elevados teores de alumínio e baixa saturação por bases. Nessa porção, concentraram-se as fisionomias de cerrado. O outro extremo do gradiente apresentou-se eutrófico, com os maiores valores de saturação por bases. Nessa porção, concentraram-se as iii

fisionomias de floresta decídua associadas às diferentes encostas. O centro do gradiente apresentou valores medianos das variáveis edáficas, sendo considerado a porção mesotrófica. Nessa porção, concentraram-se os segmentos de baixada associados à floresta decídua. As encostas do interior do Espinhaço se diferenciaram pedologicamente das demais paisagens da bacia do médio São Francisco, devido às influências orográficas e quartzíticas. A análise de similaridade florística não agrupou as comunidades de segmentos semelhantes e sim as de maior proximidade geográfica, rejeitando a hipótese da similaridade floristica. As comunidades da baixada e encosta leste de Ibiassucê, formação arbustiva-arbórea previamente caracterizadas como caatinga hipoxerófila, apresentaram semelhança florística com as demais florestas decíduas da bacia do médio São Francisco, e por isso consideradas um estado de sucessão das florestas decíduas. No entanto, a floresta decídua da encosta oeste mostrou grande dissimilaridade das demais comunidades. As espécies de maior abundância de cada comunidade mostraram preferência de segmentos no gradiente após associadas às variáveis edáficas, confirmando a hipótese da preferência das espécies. Em geral, as comunidades das encostas mostraram-se mais densas, com menor área basal e maior dominância de uma espécie, com destaque para Myracrodruon urundeuva e Handroanthus ochraceus. Tais características das encostas foram associadas aos constantes distúrbios, predominantemente naturais, aos quais estes ambientes estão submetidos. iv

ABSTRACT ARRUDA, Daniel Meira, M.Sc., Universidade Federal de Viçosa, February, 2012. Edaphic gradients and their relationship with the vegetation types of semi-arid southern Brazil. Advisor: Carlos Ernesto G. Reynaud Schaefer. Co-advisors: Walnir Gomes Ferreira Júnior and Ary Teixeira de Oliveira-Filho. The semi-arid region in Brazil represents a significant territorial extension, where the climate is markedly seasonal, with low rainfall, high evapotranspiration and higher temperatures. Its southern portion comprises the northern boundary between the states of Minas Gerais and Bahia. This region is dominated by dry forest vegetation type, however, different cerrado s vegetation type are also present. The different portions of the landscape and its edaphic variation are responsible for the establishment of different vegetation type. However, studies approach these relationships and seeking to understand the edaphic-vegetational gradients are scarce in the landscapes semi-arid. Thus, the objective was to characterize the soils and plant communities of different landscape segments (top, slope and low) and test the following hypotheses: (1) soils of the same segment of the landscape, subject to the same climatic conditions and vegetation types, are similar even in different locations, (2) the plant communities on the same segment are similar floristically and (3) the most abundant species show preference to certain segments of the landscape. For this, we sampled soils and plant communities in 14 different environments on segments Januária (MG), Porteinha (MG), Guanambi (BA) and Ibiassucê (BA). The variables of the analyzed soils were subjected to Principal Components Analysis, in order to verify the existence of gradient (Chapter 1). The species sampled in different segments were subjected to similarity analysis, and the most abundant were correlated with the variables of soils through of canonical correspondence analysis to observe trends along the gradient (Chapter 2). A gradient of soil fertility could be observed, in which the same segments grouped according to their soil characteristics, confirming the hypothesis of edaphic similarity. At one extreme of the gradient, the tops were more dystrophic with high aluminum levels and low base saturation. In this portion, was concentrated cerrado s vegetation type. The other end of the gradient presented eutrophic, with higher values of saturation. In this portion, was concentrated vegetation types of dry forest associated with different slopes. The center of the gradient showed median values of soil characteristics, the portion being considered mesotrophic. In this portion, concentrated segments of the lowland v

associated with dry forest. The slopes of the interior of Espinhaço differed edaphically from the other landscapes of the middle São Francisco basin, due to orographic influences and quartzite. The floristic similarity analysis did not group the communities of similar segments, but the greater geographical proximity, rejecting the hypothesis of floristic similarity. The communities of the low and eastern slope of Ibiassucê, formation shrubs-trees previously characterized as savanna hypoxerophytic showed floristic similarities with other dry forests of the San Francisco river basin, and therefore considered a state of succession of dry forests. However, the dry forest of the western slope showed great dissimilarity of the other communities. The most abundant species of each community showed preference segments of the gradient after associated with soil characteristics, confirming the hypothesis of the preference of the species. In general, the communities of the slopes were denser, with lower basal area and greater dominance of one species, especially Myracrodruon urundeuva and Handroanthus ochraceus. These characteristics of the slopes were associated with constant disturbances, naturally predominant, which these environments are submitted. vi