FAUNA DE ABELHAS EUGLOSSINI (HYMENOPTERA: APIDAE) EM DOIS FRAGMENTOS DE MATA ATLÂNTICA NO SUL DO ESPÍRITO SANTO

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Transcrição:

FAUNA DE ABELHAS EUGLOSSINI (HYMENOPTERA: APIDAE) EM DOIS FRAGMENTOS DE MATA ATLÂNTICA NO SUL DO ESPÍRITO SANTO Josélia Luiza Pirovani 1,Alexandra Aparecida Zorzal¹, Luceli de Souza¹, Patricia Batista de Oliveira² 1, 2 Universidade Federal do Espírito Santo- Centro de Ciências Exatas, Naturais e da Saúde/Departamento de Biologia, Rua Alto Universitário, s/n - Guararema, Alegre - ES, 29500-000 (28) 3552-8903 joselia_pirovani@hotmail.com Resumo O objetivo principal desse trabalho foi conhecer a fauna de abelhas Euglossini em dois fragmentos de Mata Atlântica em dois Parques Estaduais localizadas no sul do Espírito Santo. Para a captura dos indivíduos, utilizou-se iscas de chumaços de algodão envolvidos em gaze e presos no galho a 1,5m de altura utilizando quatro iscas aromáticas: acetato de benzila, baunilha, eucaliptol e eugenol. Os indivíduos foram capturados com rede entomológica, mortas com acetato de etila e transferidas para tubos com o nome da essência e transportadas para o Laboratório de Zoologia do CCENS/UFES, preparadas e identificadas com auxilio de literatura. Foram realizadas coletas de setembro de 2014 a agosto de 2015. Foram coletados 232 indivíduos pertencentes a três gêneros. O gênero mais abundante foi Euglossa com 139 exemplares, seguido de Eulaema com 81 indivíduos e Eufriesea com 12 indivíduos. A essência mais atrativa foi eucaliptol (78,87%), que atraiu 183 machos, corroborando com a literatura, seguida por acetato de benzila (11,20%, n=26 machos), baunilha (7,32%, n=17), e eugenol (2,58%, n=6). Palavras-chave: orquídeas, essências, desmatamento Área do Conhecimento: Zoologia Introdução Devido à intensa degradação que a Mata Atlântica vem sofrendo ocasionada principalmente por queimadas e desmatamento, a mesma se encontra dividida em fragmentos que muitas vezes são distantes um do outro e interfere diretamente na dinâmica dos fluxos biológicos levando ao desequilíbrio entre as espécies e posteriormente nas taxas de crescimento, ocasionando em uma grande perda populacional (ALMEIDA; BATISTA; ROCHA, 2010). Os insetos são os principais polinizadores das flores e, dentre eles, as abelhas são os visitantes mais comuns, sendo reconhecidas como os agentes mais efetivos em praticamente todos os ecossistemas onde estão presentes as angiospermas (SAZAN; MIRANDA; SANTOS, 2007). A tribo Euglossini possui abelhas com características bem visíveis como a coloração fortemente metálica variando entre o azul e o verde, podendo ser até roxa e pelo seu voo rápido. Estas abelhas estão distribuídas em cinco gêneros: Eulaema, Euglossa, Eufriesea de vida livre, Exaerete e Aglae cleptoparasitas, e popularmente são conhecidas como abelhas de orquídeas (SILVEIRA; MELO; ALMEIDA, 2002) Os machos dessas abelhas coletam substâncias aromáticas nas plantas, armazenando-as em estruturas morfológicas especializadas localizadas no terceiro par de pernas, sendo esta uma grande dilatação das tíbias. Estes compostos coletados, são estocados pelas abelhas que, aparentemente são utilizados como possíveis precursores de feromônios sexuais (MICHENER, 2000). Devido a este comportamento característico de coleta de substâncias, os machos são atraídos por certas essências sintetizadas similares com as encontradas nas plantas (NEMESIO; MORATO, 2006). Com o objetivo de conhecer mais sobre a diversidade desse grupo de abelhas, vários estudos foram realizados utilizando iscas com compostos aromáticos, tais como: acetato de benzila, baunilha, eucaliptol, eugenol, entre outros. A região sul do estado do Espírito Santo tem a fauna de Euglossini sub amostrada o que motivou a realização das coletas em fragmentos de Mata Atlântica em dois parques estaduais para fornecer subsídios para projetos de preservação ambiental utilizando organismos biológicos como indicadores da qualidade do ambiente. Metodologia 1

O Parque Estadual Mata das Flores (PEMF), está localizado a 20º35 54 S 41º10 53 W, e possui uma área de 800 hectares remanescente de floresta Ombrófila Densa Montana e Estacional Semidecidual (Figura 1). Atualmente é administrado pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, IEMA, do estado do Espírito Santo (www.iema.es.gov.br). A B Figura 1 Em A e B, interior do Parque Estadual Mata das Flores (PEMF). (foto da autora) O Parque Estadual Cachoeira da Fumaça (PECF) possui área de 124 hectares está localizado 20º 36' 35" S e 41º 36' 26" W e sua cachoeira tem uma queda de 140 m sendo afluente do rio Itapemirim (Figura 2). A cobertura original é do tipo Floresta Estacional Semidecidual, que, ao longo dos anos, foi sendo recomposta, com plantios de árvores nativas e frutíferas. A sua fauna é reduzida devido à falta de preservação que ocorria no local, mas com o replantio de árvores, houve o retorno de animais como a siriema, beija-flor, gavião, lagartos, entre outros (PREFEITURA MUNICIPAL de ALEGRE, 2013). Figura 2 Parque Estadual Cachoeira da Fumaça (PECF), exemplificando o local de coleta das abelhas Euglossini. (foto da autora). As abelhas foram coletadas com auxílio de uma isca de espera (NEVES; VIANA, 1999) que consiste basicamente em um chumaço de algodão enrolado em gaze, com 7cm de diâmetro, onde foi pendurado em um galho por um barbante a 1,5m de altura (Figura 3). As armadilhas foram instaladas no interior da mata por um dia, durante os meses de setembro de 2014 a setembro de 2015, a uma distância mínima de 5m para cada tipo de essência, das 9 horas da manhã até às 12 horas.. Cada armadilha foi embebida com somente um tipo de essência artificial para a atração das abelhas 2

(acetato de benzila, baunilha, eucaliptol, eugenol) e vistoriadas a cada 10 min. Os indivíduos atraídos por essas essências foram coletados com ajuda de uma rede entomológica (Figura 3). Figura 3- Armadilha tipo isca de espera formada por chumaço de algodão (seta), que foi embebida em essência para a captura de abelhas Euglossini com auxílio de rede entomologia (asterisco). Após a coleta, os exemplares foram transferidos para frascos contendo acetato de etila e, em seguida, colocados em tubos contendo a informação do tipo de isca, data e local da coleta. Em seguida, os frascos foram levados ao Laboratório de Zoologia do CCENS UFES, onde as abelhas foram alfinetadas, secas em estufa a 40º por 24hr, etiquetadas e identificadas com auxilio da chave dicotômica de Nemésio (2009). Resultados Nos parques amostrados foram coletados 232 indivíduos de setembro de 2014 a setembro de 2015, distribuídos em três gêneros, Euglossa, Eulaema e Eufriesea. Quanto às espécies, foram coletadas oito espécies (Tabela 1) sendo que sete ocorreram em ambos os parques, e Eufriesea violacea foi encontrada apenas no Parque Estadual Cachoeira da Fumaça (PECF). Tabela 1 Relação de espécies coletadas no Parque Estadual Mata das Flores (PEMF) e Parque Estadual Cachoeira da Fumaça (PECF). Espécies PEMF PECF Euglossa (Euglossa) cordata Linnaeus, 1758 46 15 Euglossa (Euglossa) crassipunctata Moure, 1968 01 42 Euglossa (Euglossa) fimbriata Rebêlo & Moure, 1995 05 03 Euglossa (Euglossa) despecta Moure, 1968 05 00 Euglossa (Euglossa) securigera Dressler, 1982 22 00 Eulaema (Apeulaema) nigrita Lepeletier, 1841 31 22 Eulaema (Apeulaema) cingulata Fabricius, 1804 25 03 Eufriesea violacea Blanchard, 1840 00 12 TOTAL GERAL 135 97 3

A essência eucaliptol foi a mais atrativa nos dois parques, seguida por acetato de benzila, baunilha e eugenol (Figura 4 e 5). Eucaliptol atraiu 183 machos (78,87%), seguida por acetato de benzila (11,20%, n=26 machos), baunilha (7,32%, n=17), e eugenol (2,58%, n=6). Figura 4- Número de indivíduos de abelhas Euglossini coletadas em cada essência no Parque Estadual Mata das Flores (PEMF). *Eug. cor (Euglossa cordata), Eug. cra (Euglossa crassipunctata), Eug. desp (Euglossa despecta), Eug. fim (Euglossa fimbriata), Eug sec (Euglossa securigera), Eul. cin (Eulaema cingulata) e Eul. nig (Eulaema nigrita). Figura 5- Número de indivíduos de abelhas Euglossini coletadas em cada essência no Parque Estadual Cachoeira da Fumaça (PECF). *Eug. cor (Euglossa cordata), Eug. cra (Euglossa crassipunctata), Eug. desp (Euglossa despecta), Eug. fim (Euglossa fimbriata), Eug sec (Euglossa securigera), Eul. cin (Eulaema cingulata) e Eul. nig (Eulaema nigrita), Euf. vio (Eufriesea violacea). Discussão 4

O uso de armadilha ativa para conhecer a fauna de abelhas Euglossini de determinada localidade, é utilizada em diferentes ambientes (NEVES; VIANA, 1999; BEZERRA; MARTINS 2001; SILVA; REGO, 2009), entretanto, seu uso exclusivo possivelmente subestime a riqueza total da guilda no ambiente, pois nem todas as abelhas presentes naquela localidade são atraídas pela isca (GONÇALVES; BRANDÃO, 2008). A essência eucaliptol foi a mais atrativa na coleta de Euglossini nos dois parques, corroborando assim com a literatura, que indicam essa essência como a melhor a ser utilizada em levantamentos rápidos em qualquer área (NEVES; VIANA, 1999; BEZERRA; MARTINS 2001; GONÇALVES; BRANDÃO, 2008; SILVA; REGO, 2009). A comunidade de Euglossini amostrada apresentou maior riqueza no gênero Euglossa. A espécie que apresentou maior abundância foi Euglossa cordata com 61 exemplares coletados nos dois parques, exclusivamente com a essência eucaliptol, e coletada durante o ano todo, sugerindo assim que essas abelhas são residentes dessas áreas estudadas (VIANA; KLEINERT; NEVES, 2002). No gênero Eulaema, a espécie Eulaema nigrita, foram coletados 47 indivíduos no Eucaliptol, diferenciando da Eulaema cingulata, que apresentou apenas três espécimes em Eucaliptol e um índice maior de coleta em Acetato de Benzila. Eucaliptol foi à fragrância que atraiu o maior número de indivíduos nas duas áreas de estudo. Esta fragrância exerceu uma forte atração para machos de Euglossa cordata e Eulaema nigrita, corroborando também com Neves e Viana (1997). A espécie Eufriesea violacea foi coletada apenas no Parque Estadual Cachoeira da Fumaça (PECF), sendo coletada apenas uma vez o que evidencia que essa espécie é muito sazonal, ocorrendo em apenas algumas épocas do ano. Alguns trabalhos sugerem que Eulaema nigrita e Euglossa cordata sejam espécies que são beneficiadas por ambientes alterados, podendo assim ser consideradas espécies indicadoras de ambientes degradados (PERUQUETTi et al. 1999; TONHASCA et al. 2002) e, como essas duas espécies foram amostradas nos dois parques estudados com tamanho de área total e nível de degradação ambiental diferentes um do outro, pode-se inferir que essas espécies possam ser utilizadas como indicadoras de qualidade nos parques estudados, em projetos de monitoramento da fauna. Conclusão A essência eucaliptol foi a mais atrativa para a coleta da fauna de Euglossini em ambos os parques estudados. A comunidade foi representada por abelhas dos três gêneros de ocorrência no Brasil, mas a diversidade de espécies encontradas foi baixa com relação à outos fragmentos de Mata Atlântica citados na literatura. Conhecer a fauna de abelhas nativas em Parques Estaduais de preservação ambiental colabora com programas e incentivo a educação ambiental desenvolvidos pelo IEMA (Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos). Referências ALMEIDA, A.; BATISTA, J. L.; ROCHA, W. J. S. F. Análise sobre a fragmentação dos remanescentes de Mata Atlântica na APA do Pratigi para identificar as áreas com maiores potenciais para a construção de corredores ecológicos baseados no método AHP. AGIRÀS Revista AGIR de Ambiente e Sustentabilidade Ibirapitanga (BA), v. 2, n. 3, Agosto/Novembro 2010. - BEZERRA, C. P.; MARTINS, C. F. Diversidade de Euglossinae (Hymenoptera, Apidae) em dois fragmentos de Mata Atlântica localizados na região urbana de João Pessoa, Paraíba, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, v. 18, n.3, p.823-825, 2001 GONÇALVES, R.B.; BRANDÃO, C.R.F. Diversidade de abelhas (Hymenoptera, Apidae) ao longo de um gradiente latitudinal na Mata Atlântica. Biota Neotropica, v.8, n.4, p. 051-061, 2008. - MICHENER, C.D. The bees of the world. Baltimore: Johns Hopkins. p. 913, 2000. Disponível em: <http://books.google.com.br/books?hl=ptbr&lr=&id=bu_1gmy13fic&oi=fnd&pg=pr14&dq=the+bee 5

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