62 VÍTIMAS NUM ANOP.B E 9 Justiça aplica 17 anos de cadeia a um pedóf ilo e liberta outro
Tribunais de Setúbal e de Santa Mana da Feira aplicam penas comp letamente diferentes por crimes de pedofilia PRISÃO E ÜBERDADE PI IRA PEDOFILOS Estafeta violou alunas 17 anos que conheceu 1 T^ 1 I DEPRISÃO no Fotografava cenas de sexo com crianças, de 12 e 14 anos, para depois as chantagear Carlos Varela carlos.varela@jn.pt No Facebook, dava pelo nome de André e dizia ter 18 anos, apenas para se aproximar das vitimas, entre 12 e 14 anos. Ilídio, de 40 anos, foi condenado a 17 anos de prisão efetiva por abusar de menores. Ilídio Peralta Jacinto, que residia nas Arroteias, Alhos Vedros ( Moita), na Margem Sul do Tejo, começou há dias a cumprir uma pena de 17 anos de cadeia, depois de, na semana passada, ter sido condenado no Tribunal de Setúbal. As provas recolhidas pela PJ de Setúbal não deixaram dúvidas ao coletivo de juizes. Só este ano, já foram detidas 71 pessoas pela Judiciária suspeitas de terem abusado sexualmente de 62 pessoas. Estafeta numa empresa de "catering" em Lisboa, Ilídio deslocava-se numa potente mota Yahama, e assim ganhava mobilidade para contactar as vítimas que conhecia no Facebook, onde aparecia como André, de 18 anos, para as seduzir. O disfarce permitia aproximar-se de alunas, entre os 12 e 14 anos, de escolas de Lisboa, Moita e Pinhal Novo. Insinuando-se com aquela potente mota, de conversa fácil e persuasora, conseguiu seduzir as crianças, que depois violou. Muitos dos atos sexuais com as menores foram gravados. Se alguma tentava escapar ao cerco, bastava-lhe mostrar as imagens ou enviálas por telemóvel para vencer as suas resistências. Além das ameaças, o predador exigia às vítimas que lhe arranjassem o contacto de outras amigas, que ele depois seduzia. Há pelo menos três ou quatro vítimas do predador, em 2011, quando foi detido. Mas durante as buscas da PJ a sua casa, o seu computador revelou imagens de mais jovens. As peritagens feitas pelos investigadores revelaram também contactos de Ilídio com sites pornográficos estrangeiros e uma possível partilha das imagens das menores de quem é suspeito de ter abusado sexualmente.
"Não poderá haver flutuação brutal das penas" Manuel Simas Santos Juiz jubilado, diretor do curso de Criminologia do ISMAI O predador, Ilídio Peralta Jacinto, a ser presente ao Tribunal de Setúbal, detido pela PJ Inspetores fingiram que trabalhavam em obras Ilídio Jacinto foi detido em setembro do ano passado, em Setúbal. Os inspetores da Judiciária fingiram ser trabalhadores em obras de uma estrada para surpreender e deter o suspeito. PORMENORES Pais descobrem chantagem Uma das vítimas tinha 12 anos e estava a ser chantageada pelo predador. Os pais da jovem descobriram o caso e queixaram-se na GNR do Pinhal Novo. Alertada, a PJ deteve-o. Telemóvel revela crimes As provas recolhidas no telemóvel de Ilídio foram essenciais. Não apenas revelaram as imagens dos abusos sexuais como o tráfego e contatos regulares entre ele e as suas vítimas, assim como a abrangência da sua atividade criminosa. Como se explica tal disparidade de penas para o mesmo crime? Temos que perceber que há diferentes situações, mas não poderá haver flutuação brutal das penas. Há que encontrar a forma ideal de medir a pena a aplicar para crime igual. Tal disparidade não cria injustiças sociais? Uma das questões importantes de um Estado de Direito democrático é que as penas sejam semelhantes para casos semelhantes. É maior a pacificação social quando há coincidência das penas com o esperado. Como se pode resolver o problema? Há uma técnica para evitar que as penas sejam tão díspares: aplicar o "sentencing". Essa grelha de penas, inexistente em Portugal, só agora vai começar a ser feita, no IS- MAI, através de protocolo celebrado com a Procuradoria- Geral da República e o Centro de Estudos Judiciários, v.p.b.
preendeu que não pode voltar a incorrer em comportamento idêntico, ainda que ninguém possa garantir em absoluto que seja capaz de dominar os seus impulsos. Henrique Jales também conheceu a vítima pelo Facebook. A l S. M. FEIRA HENRIQUE JALES, de 43 anos, funcionário da direção comercial datvi, saiu ontem à tarde da cadeia, onde desde há um aguardou o julgamento em prisão preventiva, acusado de abusar sexualmente de uma criança de 13 anos em Santa Maria da Feira. O coletivo de juizes, presidido por Jorge Costa, condenouo a cinco anos de prisão com pena suspensa (sujeito a regime de prova) pelo crime de abuso sexual de criança e dois crimes de pornografia de menores. E ele saiu em liberdade. Várias foram as razões referidas pelo coletivo para justificar a suspensão da pena a Jales: a confissão dos crimes, a ausência de antecedentes criminais, a aceitação de se submeter a tratamento psiquiátrico, a indemnização acordada com a vítima por iniciativa própria, tal como ser uma ser uma pessoa inteligente e estruturada. Por outro lado, segundo o juiz-presidente, Jales com-