GUIA NBR 5410 INSTALAÇÕES ELÉTRICAS DE BAIXA TENSÃO FASCÍCULO 13: PROTEÇÃO CONTRA EFEITOS TÉRMICOS (INCÊNDIOS E QUEIMADURAS) A NBR 5410 apresenta medidas de proteção contra incêndios e queimaduras que devem ser consideradas no projeto e operação das instalações. Proteção contra efeitos térmicos (incêndios e queimaduras) Conforme 4.1.2 da NBR 5410, instalação elétrica deve ser concebida e construída de maneira a excluir qualquer risco de incêndio de materiais inflamáveis, devido a temperaturas elevadas ou arcos elétricos. Além disso, em serviço normal, não deve haver riscos de queimaduras para as pessoas e os animais. O conceito das prescrições da norma em relação a este assunto baseia-se na limitação da temperatura máxima que os componentes da instalação podem atingir em regime normal de funcionamento. A partir do conhecimento destas temperaturas, a norma lembra que devem ser observadas distâncias mínimas entre estes componentes e os demais materiais adjacentes a eles para evitar incêndios. As temperaturas máximas também são fixadas para partes dos componentes que são manuseadas pelos operadores de forma a evitar queimaduras. Proteção contra incêndio 1. Geral Os componentes elétricos da instalação não devem apresentar perigo de incêndio para os materiais vizinhos. Para tanto, os componentes fixos, cujas superfícies externas possam atingir temperaturas que venham a causar perigo de incêndio a materiais adjacentes devem ser montados sobre materiais ou contidos no interior de materiais que suportem tais temperaturas e sejam de baixa condutância térmica, tais como invólucros metálicos (Figura 1). Outra alternativa é separar os componentes dos elementos da construção do prédio por materiais que suportem tais temperaturas e sejam de baixa condutância térmica. Ou, finalmente, os componentes da instalação devem ser montados de modo a permitir a dissipação segura do calor, a uma distância segura de qualquer material em que tais temperaturas possam ter efeitos térmicos prejudiciais, sendo que qualquer meio de suporte deve ser de baixa condutância térmica.
Além disso, os componentes fixos que apresentem efeitos de focalização ou concentração de calor devem estar a uma distância suficiente de qualquer objeto fixo ou elemento do prédio, de modo a não os submeter, em condições normais, a uma elevação perigosa de temperatura. Os materiais dos invólucros que sejam dispostos em torno de componentes elétricos durante a instalação devem suportar a maior temperatura susceptível de ser produzida pelo componente. Materiais combustíveis não são adequados para a construção destes invólucros, a menos que sejam tomadas medidas preventivas contra a ignição, tais como o revestimento com material incombustível ou de combustão difícil e de baixa condutância térmica. Para atender às prescrições anteriores, fica evidente que é fundamental conhecer previamente as temperaturas máximas atingidas pelos componentes, assim como as temperaturas suportadas pelos materiais e elementos adjacentes à instalação de média tensão. Além disso, é importante conhecer as características principais dos materiais combustíveis que possam estar adjacentes aos componentes elétricos, notadamente suas condutâncias térmicas. Os componentes da instalação que contenham líquidos inflamáveis em volume significativo ( 25 litros) devem ser objeto de precauções para evitar que, em caso de incêndio, o líquido inflamado, a fumaça e gases tóxicos se propaguem para outras partes da edificação. Nestes casos, que seriam aplicáveis principalmente aos transformadores e aos grupos geradores, deve ser construído um fosso de drenagem, para coletar vazamentos do líquido e assegurar a extinção das chamas, em caso de incêndio (Figura 2). O local deve ter soleiras, ou outros meios, para evitar que o líquido inflamado se propague para outras partes da edificação. Além disso, os equipamentos devem ser instalados num compartimento resistente ao fogo, ventilado apenas por atmosfera externa. Para volumes inferiores a 25 litros, é suficiente apenas que se evite o vazamento do líquido para áreas externas (soleira, por exemplo). 2. Proteção contra incêndio em locais BD2, BD3 e BD4 Nos locais BD3 e BD4, os dispositivos de manobra e de proteção devem ser acessíveis apenas às pessoas autorizadas. Isso implica em localizá-los em áreas de acesso restrito a estas pessoas ou, quando isso não for possível, instalar, por exemplo, cadeados nas portas dos quadros de distribuição. Quando situados em áreas de circulação, os dispositivos devem ser alojados em gabinetes ou caixas de material incombustível ou de difícil combustão. Nas instalações elétricas de locais BD3 ou BD4 e em saídas de emergência é terminantemente proibido o uso de componentes contendo líquidos inflamáveis.
3. Proteção contra incêndio em locais BE2 Os locais BE2 são aqueles que apresentam maior risco de incêndio devido à presença de substâncias combustíveis em quantidade apreciável. Os equipamentos elétricos devem ser limitados aos que o local exige, para as atividades aí desenvolvidas. Os dispositivos de proteção, comando e seccionamento devem ser dispostos fora dos locais BE2, a menos que eles sejam alojados em invólucros com grau de proteção adequado a tais locais, no mínimo IP4X. Quando as linhas elétricas não forem totalmente embutidas (imersas) em material incombustível, devem ser tomadas precauções para garantir que elas não venham a propagar chama. Em particular, os condutores e cabos devem ser não propagantes de chama. Os condutores PEN não são admitidos nos locais BE2, exceto para circuitos que apenas atravessem o local. Os motores comandados automaticamente ou a distância, ou que não sejam continuamente supervisionados, devem ser protegidos contra sobreaquecimento por sensores térmicos. As luminárias devem ser adequadas aos locais e providas de invólucros que apresentem grau de proteção no mínimo IP4X. Se o local oferecer risco de danos mecânicos às luminárias, elas devem ter suas lâmpadas e outros componentes protegidos por coberturas plásticas, grelhas ou coberturas de vidro resistentes a impactos, com exceção dos porta-lâmpadas (a menos que comportem tais acessórios). Para limitar os riscos de incêndio suscitados pela circulação de correntes de falta, é bastante recomendável que o circuito correspondente deva ser: a) protegido por dispositivo a corrente diferencial-residual (dispositivo DR) com corrente diferencial-residual nominal de atuação de no máximo 500 ma; ou b) supervisionado por um DSI (dispositivo supervisor de isolamento) ou por um dispositivo supervisor a corrente diferencial-residual, ajustados para sinalizar a ocorrência de falta em bases no máximo equivalentes àquelas da alínea anterior. 4. Proteção contra queimaduras De acordo com 5.2.3 da NBR 5410, as partes acessíveis de equipamentos elétricos que estejam situadas na zona de alcance normal não devem atingir temperaturas que possam causar queimaduras em pessoas e, para tanto, devem atender aos limites de temperatura indicados na tabela 29 da norma (Tabela 1 deste fascículo). Além disso, todas as partes da instalação que possam, em serviço normal, atingir, ainda que por períodos curtos, temperaturas que excedam os limites dados na Tabela 1, devem ser
protegidas contra qualquer contato acidental. Isso pode ser conseguido, por exemplo, pela colocação fora de alcance ou pela instalação de barreiras ou obstáculos que impeçam o contato acidental com as superfícies quentes. Não devem ser considerados os valores indicados na Tabela 1 nos casos em que existirem normas específicas que limitem as temperaturas nas superfícies dos componentes elétricos no que concerne a proteção contra queimaduras. Figura : Invólucro de material de baixa condutância térmica Figura 2 Tanque de contenção de óleo em sala de grupo gerador
Tabela 1 - Temperaturas máximas das superfícies externas dos equipamentos elétricos dispostos no interior da zona de alcance normal