O Evangelho Segundo o Espiritismo e o Novo Testamento. Debate em 14/04/2012 www.gede.net.br



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Transcrição:

O Evangelho Segundo o Espiritismo e o Novo Testamento Debate em 14/04/2012 www.gede.net.br

Objetivo: Analisar as diferenças e semelhanças entre o NT e o ESE. Pontos a debater: 1) Definições; 2) Avaliação do que Canônico e Apócrifo; 3) Posição de Kardec frente ao NT; 4) Características do NT; 5) Características do ESE; 6) Estudo de caso.

Definições Canônico relativo aos dogmas da Igreja. Apócrifo que não foi reconhecido como devidamente inspirado. Têm-se, então, os Evangelhos Canônicos como aqueles que são reconhecidos pela Igreja, enquanto que os Evangelhos Apócrifos não são considerados como merecedores de crédito, por não terem sido reconhecidas as suas origens.

Avaliação do que é canônico ou apócrifo Data de longo tempo; Foi realizada por indivíduos responsáveis pelo direcionamento da igreja; Este direcionamento serve única e exclusivamente para os adeptos da Igreja; Pode e deve ser questionado.

O NT A população se habituou a considerar apenas os ensinamentos e passagens de Jesus apresentadas pelos Evangelhos Canônicos: O Evangelho Segundo João; O Evangelho Segundo Lucas; O Evangelho Segundo Marcos; O Evangelho Segundo Mateus. Estes quatro evangelhos constituem o denominado Novo Testamento.

ESE e Kardec Na introdução ESE consta que: A informação contida no Novo Testamento pode ser agrupada em cinco partes: 1. Os atos comuns da vida do Cristo; 2. Os milagres; 3. As predições; 4. As palavras que foram tomadas pela Igreja para fundamento de seus dogmas; 5. O ensino moral. As quatro primeiras partes são questionáveis. A quinta e última parte consiste de conteúdo inconteste.

O NT Não consiste do Evangelho de João, de Lucas, de Marcos e de Mateus. A colocação acertada é dizer: Evangelho Segundo João, Segundo Lucas, Segundo Marcos e Segundo Mateus. O Evangelho é um só, mas exposto em acordo com o entendimento pessoal daquele que o escreveu. Os evangelhos canônicos se referem às versões consideradas, por um grupo de pessoas, como corretas.

Os evangelhos canônicos são a apresentação do Evangelho de Jesus segundo algumas pessoas que, por sua vez são consideradas corretas segundo outras pessoas.

Outras questões também são importantes e precisam ser consideradas O original do Evangelho Segundo Mateus nunca foi encontrado, portanto esta versão é creditada a Mateus (as cópias eram feitas a mão); Marcos era criança quando Jesus apresentou seus ensinamentos; Lucas não conviveu com Jesus; João escreveu sua versão do Evangelho quarenta anos após a desencarnação de Jesus.

Considerações O Evangelho Segundo o Espiritismo não apresenta um resumo do Novo Testamento, mas a próprio Evangelho de Jesus de acordo com o entendimento e considerações dos espíritos (inclusive Kardec como espírito encarnado que era) responsáveis pela Codificação Espírita, isto é, segundo o Espiritismo. Em uma linguagem comum, pode-se dizer que os evangelhos canônicos são a versão oficial do Evangelho de Jesus para a Igreja e o O Evangelho Segundo o Espiritismo seria a versão oficial para o Espiritismo.

Torres Pastorino Para interpretar com segurança um trecho da Escritura, é mister: A. isenção de preconceitos; B. mente livre, não subordinada a dogmas; C. inteligência humilde, para entender o que realmente está escrito, e não querer impor ao escrito o que se tem em mente; D. raciocínio perquiridor e sagaz; E. cultura ampla e polimorfa; F. CORAÇAO DESPRENDIDO (PURO) E UNIDO A DEUS.

Regras para estudo dos evangelhos Torres Pastorino 1. Estudar o trecho e cada palavra gramaticalmente, dentro das regras léxicas, sintáticas e etimológicas, assim como do uso tradicional dos termos e das expressões. 2. Interpretar o texto de acordo com o contexto. 3. Quando há dificuldade, consideremos o objetivo do livro ou do trecho, e interpretemos o pequeno dentro do grande, o pormenor dentro do geral, a frase dentro do período. 4. Comparar Escritura com Escritura, é melhor que fazêlo com obras profanas.

Estudo de Caso PARÁBOLA DO GRÃO DE MOSTARDA

Por que a parábola do grão de mostarda? Fala sobre o reino de Deus. Como poderia Jesus nos falar de algo que não conhecemos a não ser por imagens alegóricas? Façamos o exercício de como poderíamos explicar a cor vermelha a um cego de nascença? Podemos, então, perceber a tarefa que nos cabe, portanto, convido vocês a uma avaliação da parábola título do estudo de hoje para tentarmos colocar um pouco de luz.

A parábola (Mateus, Marcos e Lucas) "O reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda que um homem tomou, e semeou no seu campo; o qual é realmente a menor de todas as sementes; mas, depois de ter crescido, é a maior das hortaliças, e faz-se árvore, de sorte que vêm as aves do céu, e se aninham nos seus ramos. "

Pontos a ressaltar Necessitamos estar atentos é que esta parábola não consta do O Evangelho Segundo o Espiritismo, portanto, não temos uma avaliação dada pelos espíritos responsáveis pela Codificação. Podemos, então, dizer que vamos fazer uma avaliação à luz do espiritismo, mas não uma avaliação espirita propriamente dita.

Pontos a ressaltar O "reino de Deus" per se não pode ser comparado ao grão de mostarda, mas a nossa percepção deste reino, pois o "reino de Deus" seria o Universo de Deus já existe em toda sua grandiosidade, não confundir com o nosso universo conhecido. Outro ponto que requer atenção e onde muitos incrédulos se firmam é o fato da planta mostarda ser um arbusto e não se torna árvore.

Pontos a ressaltar Esta discrepância, para nós, não representa problema algum, pois temos orientação na Codificação de como analisar esta questão. Jesus, obviamente, estava ciente disto, tanto que se refere a planta como "hortaliça" - que se cultiva em horta (ou alguma palavra semelhante em decorrência da tradução).

Exemplo: ESE cap. XXIII - ESTRANHA MORAL Certas palavras, aliás muito raras, atribuídas ao Cristo, fazem tão singular contraste com o seu modo habitual de falar que, instintivamente, se lhes repele o sentido literal, sem que a sublimidade da sua doutrina sofra qualquer dano. Escritas depois de sua morte, pois que nenhum dos Evangelhos foi redigido enquanto ele vivia, lícito é acreditar-se que, em casos como este, o fundo do seu pensamento não foi bem expresso, ou, o que não é menos provável, o sentido primitivo, passando de uma língua para outra, há de ter experimentado alguma alteração. Basta que um erro se haja cometido uma vez, para que os copiadores o tenham repetido, como se dá frequentemente com relação aos fatos históricos.

A Parábola do Semeador exprime mais claramente a ideia (Mateus e ESE cap. XVII): Aquele que semeia saiu a semear; - e, semeando, uma parte da semente caiu ao longo do caminho e os pássaros do céu vieram e a comeram. - Outra parte caiu em lugares pedregosos onde não havia muita terra; as sementes logo brotaram, porque carecia de profundidade a terra onde haviam caído. - Mas, levantando-se, o sol as queimou e, como não tinham raízes, secaram. - Outra parte caiu entre espinheiros e estes, crescendo, as abafaram. Outra, finalmente, caiu em terra boa e produziu frutos, dando algumas sementes cem por um, outras sessenta e outras trinta. - Ouça quem tem ouvidos de ouvir. Escutai, pois, vós outros a parábola do semeador. - Quem quer que escuta a palavra do reino e não lhe dá atenção, vem o espírito maligno e tira o que lhe fora semeado no coração. Esse é o que recebeu a semente ao longo do caminho. - Aquele que recebe a semente em meio das pedras é o que escuta a palavra e que a recebe com alegria no primeiro momento. - Mas, não tendo nele raízes, dura apenas algum tempo. Em sobrevindo reveses e perseguições por causa da palavra, tira ele daí motivo de escândalo e de queda. - Aquele que recebe a semente entre espinheiros é o que ouve a palavra; mas, em quem, logo, os cuidados deste século e a ilusão das riquezas abafam aquela palavra e a tornam infrutífera. - Aquele, porém, que recebe a semente em boa terra é o que escuta a palavra, que lhe presta atenção e em quem ela produz frutos, dando cem ou sessenta, ou trinta por um.

Avaliação Nesta parábola, Kardec apresenta uma interessante avaliação ao comparar com o comportamento de nós, espíritas. Os que apenas atentam nos fenômenos materiais e nenhuma consequência tiram deles, porque neles mais não vêem do que fatos curiosos; Os que apenas se preocupam com o lado brilhante das comunicações dos Espíritos, pelas quais só se interessam quando lhes satisfazem à imaginação, e que, depois de as terem ouvido, se conservam tão frios e indiferentes quanto eram; Os que reconhecem muito bons os conselhos e os admiram, mas para serem aplicados aos outros e não a si próprios; Aqueles, finalmente, para os quais essas instruções são como a semente que cai em terra boa e dá frutos.

Considerações Vemos, portanto, nesta comparação que uma parábola que não foi selecionada pelos espíritos responsáveis pela Codificação pode apresentar falhas ou dificuldades de interpretação. Por outro lado, aquelas que são apresentadas n'o Evangelho Segundo o Espiritismo são mais claras e, independente disto, também apresenta avaliações tanto de Kardec quanto dos próprios espíritos

fim