BRAS~LIA, SENADO FEDERAL, 27 de AGOSTO DE 2003. SENHOR PRESIDENTE SENHORAS E SENHORES SENADORES, GOSTARIA DE INICIAR UMA DICUSSÃO CHEGADA DA REFORMA TRIBUTÁRIA. QUE SE ANUNCIA COM A DEPOIS DE VERIFICAR QUE, PRATICAMENTE NADA TEMOS A FAZER NA REFORMA DA PREVIDÊNCIA, A NÃO SER HOMOLOGA-LA - POIS OUVI O PRESIDENTE LULA, EM SUA ENTREVISTA NA TV, DIZER QUE, EM APENAS SEIS MESES, TERIA APROVADO A REFORMA PREVIDENCIÁRIA - RECUSO- ME A ACREDITAR QUE TEREMOS OU FAREMOS O MESMO PAPEL NA REFORMA TRIBUTÁRIA. NO IN~CIO DESSA LEGISLATURA DISSE, EM DISCURSO AQUI NESTA CASA, QUE NÃO SE PODE FALAR SERIAMENTE EM REFORMA TRISUTÁRIA SEM SE DISCUTIR O PACTO FEDERATIVO BRASILEIRO. SOBRETUDO POR ESTA SER, ESSENCIALMENTE, A "CASA DA FEDERAÇÃO". FOI, AO MEU VER, O GRANDE EQU~VOCODO GOVERNO PENSAR EM APRESENTAR UMA NOVA PROPOSTA DE SISTEMA TRIBUTÁRIO, SEM ATENTAR PARA A QUESTÃO FEDERATIVA, CUJO PACTO FIRMADO PELA CONSTITUINTE DE 88, VEM SENDO DEFORMADO AO LONGO DE TODOS ESTES ANOS - E VÊM A TONA AGORA COM TODA A GRAVIDADE E INTENSIDADE. FOI TAMBEM, NO M~NIMO,UMA INCOERÊNCIA, CHAMAR, O QUE ESTÁ SENDO PROPOSTO PELO GOVERNO, DE REFORMA TRIBUTARIA. PRIMEIRO, PORQUE NÃO ABORDA A QUESTÃO FEDERATIVA E PORTANTO, TEM ESSE DEFEITO DE ORIGEM. SEGUNDO, NÃO ALTERA SUBSTANCIALMENTE O SISTEMA TRIBUTÁRIO. O PARECER DO RELATOR DA COMISSÃO ESPECIAL NÃO PASSA DE UMA PROPOSTA PARA PRORROGAR A CPMF E A DRU, COM DEZENAS DE DISPOSITIVOS QUE NÃO ENFRENTAM OS VERDADEIROS E CADA VEZ MAIORES PROBLEMAS DA TRIBUTAÇÃO E DA FEDERAÇÃO EM NOSSO PAÍs. ENGANAM-SE, AO MEU VER, ALGUNS CR~TICOS QUANDO ANALISAM AS DISCUSS~ESQUE ESTÃO SENDO PROVOCADAS PELA IMPRENSA, COMO UMA MERA DISPUTA DE GOVERNADORES E PREFEITOS POR UM NACO DE DINHEIROA MAIS.
NÃO. O QUE ESTA EM QUESTÁÕ E O DESENHO INSTITUCIONAL QUE NOS QUEREMOS PARA A NOSSA FEDERAÇÃO, COM IMPLICAÇÕES PROFUNDAS SOBRE A NAÇÃO E A DEMOCRACIA. NO PER~ODOIMEDIATAMENTE APÓS A CONSTITUINTE DE 88, HOUVE UM AUMENTO DA CARGA TRIBUTÁRIA E UM AUMENTO DA PARTICIPAÇÃO DOS ESTADOS E MUNICÍPIOS NA PART1LHA DE RECEITAS DA UNW.O QUE BENEFICIOU A TODOS. TODAVIA, ENTRE I990 E 2002, A UNIÃO AUMENTOU SUAS RECEITAS EM PERCENTUAIS MAIORES DO QUE OS OUTROS ENTES FEDERADOS, PRATICAMENTE DOBRANDO A PARTICIPAÇÃO DE SUA RECEITA DISPON~VEL EM RELA~ÃO AO PIB, O QUE LEVOU A REVERTER PARCIALMENTE A DESCENTRALIZAÇÃO FISCAL, ORIGINALMENTE CONCEBIDA PELA CONSTITUINTE DE 88. A CONSEQUÊNCIA DESSE PROCESSO É A CRESCENTE SITUAÇAO DE DEPEND NCIA E SUBMISSÃO DOS ESTADOS E MUNIC~PIOS A VONTADE DO PODER CENTRAL. A PROPOSTA DO GOVERNO TAL COMO ESTÁ FORMULADA, QUE TEM COMO DEFEITO DE ORIGEM NÃO TER CONSIDERADO A QUESTÃO FEDERATIVA, TRAZ AINDA UM DRAMÁTICO EFEITO PARA O PAIS QUE É O AUMENTO DA CARGA TRIBUTARIA. A DISCUSSÃO DESTA MATÉRIA, SENHOR PRESIDENTE, PRECISA SER SERIA, CONSISTENTE E RESULTAR EM MUDANÇAS, SOB PENA DE ESTARMOS FUGINDO AS NOSSAS RESPONSABILIDADES COMO SENADORES E COMO CASA REPRESENTATIVA DOS ESTADOS DA FEDERAÇÃO. O BRASIL JÁ APRESENTA UMA DAS CARGAS TRIBUTÁRIAS MAIS ALTAS DO MUNDO, 36% DO PIB, E SE LEVARMOS EM CONTA O N~VELDE RENDA PER CAPITA ANUAL, QUE NO BRASIL E DE US$ 2.500,00, EXISTE UMA DISTORÇÃO ENORME. VEJAMOS, COMO EXEMPLO A ESPAMHA, QUE TEM UMA RENDA PER CAPITA ANUAL DE US$14.000,00 E UMA CARGA TRIBUTÁRIA DE 33% DO PIB. OU MESMO O JAPÃO, QUE TEM UMA CARGA TRIBUTÁRIA DE 21% DO PIE E UMA RENDA PER CAPITA ANUAL DE US$ 23.000,OO. ESSA SITUAÇÃO RESULTA EM SOBRECARGA INSUSTENTÁVEL SOBRE O NOSSO SETOR PRODUTIVO QUE ACABA PERDENDO COMPETITIVIDADE, EFICIÊNCIA E DIMINUINDO OS ESPAÇOS PARA O CRESCIMENTO, PRATICAMENTE ESTAGNADO HA ALGUNS ANOS. COM A ATUAL PROPOSTA, A CARGA TRIBUTÁRIA BASICAMENTE, PELAS SEGUINTES RAZOES: SERÁ AUMENTADA,
- o NOVO ICMS, QUE DEVE~ÁTER SUAS ALIQUOTAS NIVELADAS POR CIMA, - A CPMF PERMANENTE, SEM PREVISÃO EM LEI DE ALÍQUOTAS DECRESCENTES; - A NOVA COFINS, QUE NAO RESULTA NA ESPERADA NÃO CUMULATIVIDADE. CONTINUAMOS A TER UM SISTEMA COMPLEXO EM QUE UM PRODUTOR TERÁ QUE PAGAR: ICMS, IPI, COFINS, PIS E CPMF, QUANDO NÃO TAMBÉM A CIDE OU O ISS, ENTRE OUTROS, CUJA SOMA PODE REPRESENTAR DE 30% A 50% DE SEU FATURAMENTO. ENQUANTO, NA COMUNIDADE EUROPÉIA, UM PRODUTOR PAGA APENAS UM "IVA GERALMENTE ABAIXO DE 20% E, NOS EUA, ~b SE COBRA O IMPOSTO DE VENDAS NO COMÉRCIO VAREJISTA. O AUMENTO DA CARGA TRIBUT~RIA, TEM TRAZIDO UMA OUTRA DISTORÇÃO GRAVE PARA O NOSSO PA/S: O N ~ELDE INFORMALIDADE DA ECONOMIA OU, PARA SER MAIS CLARO, MAIOR SONEGAÇÃO DE IMPOSTOS. A SONEGAÇÃO, SENHOR PRESIDENTE, E UMA DOENÇA MALDITA NÃO ~b PARA A ECONOMIA, MAS PARA O DESENVOLVIMENTO SOCIAL 00 PA~S. ESTUDOS COMPROVAM, QUE QUANTO MAIS ALTO O GRAU DE SONEGAÇÃO, MAIS INEFICIENTE E MENOS INOVADORA É A ECONOMIA. A ENERGIA INTR~NSECA DOS EMPRESÁRIOS E SEU PODER CRIATIVO SÃO FOCADOS PARA O LUCRATIVO ESFORÇO DE SONEGAÇÃO: SUBSTITUEM AQUILO QUE É A MOLA MESTRA DO DESENVOLVIMENTO DOS PAISES RICOS, QUE É A SUA CAPACIDADE DE INOVA~ÃO. POR OUTRO LADO, GENERALIZA E ESTIMULA O DESRESPEITO A LEI E AO ESTADO, CORROENDO OS VALORES DA NAÇÃO. ALÉM DO PROBLEMA DA SONEGAÇÃO, O NOSSO SISTEMA TRIBUTARIO, POR TER UMA ESTRUTURA COMPLEXA, OBRIGA AS EMPRESAS A TER COMPLICADOS SISTEMAS DE CONTROLE E PAGAMENTO DE IMPOSTOS. ISSO MATA AS MEDIAS EMPRESAS E DÁ AS GRANDES, OPORTUNIDADES DE ELISÃO (POR MEIO DO PLANEJAMENTO FISCAL) - OUTRA CAUSA IMPORTANTE DA INEFICIENCIA PRIVADA E DAS PERDAS PÚBLICAS. TAMBÉM CONTINUAMOS A INCIDIR NO ERRO DA CUMULATIVIDADE E DA REGRESSIVIDADE. VEJAMOS A PROPOSTA DO GOVERNO PARA A CPMF: PERPETUA UM TRIBUTO, DE MÁ QUALIDADE, QUE FOI CRIADO COMO PROVIS~RIO, NA FORNIA DE CONTRIBUIÇAO, E QUE APENAS SE JUSTIFICAVA PELA EMERGÊNCIA SOCIAL DE SEUS OBJETIVOS.
COM A PROPOSTA, A CPMF N Ã SE ~ TORNA UM TRIBUTO PROVISÓRIO E NEM CUMPRE SEU PAPEL SOCIAL. SERÁ PIOR: UMA CONTRIBUIÇÃO PERMANENTE, CUMULATIVA E REGRESSIVA. EM SUMA: A NOVA PROPOSTA PERPETUA OS MALEF~CIOSDA CPMF. ENTÃO, EU PERGUNTO AOS MEUS NOBRES PARES: COMO ELIMINAR OS ATUAIS V~CIOSDO NOSSO SISTEMA TRIBUTARIO? PARA RESPONDER A ESSA PERGUNTA É PRECISO SABER, PRIMEIRO, O QUE QUEREMOS DE UMA REFORW TRIBUTÁRIA. AUMENTAR OS ATUAIS N~VEISDE ARRECADAÇÃO? COM CERTEZA, NÃO. ENTRETANTO A DISCUSSÃO, TEM SE CONCENTRADO NISSO. BASICAMENTE, POR CONTA DA QUESTÃO FEDERATIVA TER SIDO EXCLU~DADAS PREOCUPAÇÕES DO GOVERNO AO APRESENTAR A ATUAL PROPOSTA. AO MEU VER, OS OBJETIVOS DE UMA VERDADEIRA REFORMA TRIBUTÁRIA RESPONSÁVEL E EFICAZ SÃO: I) AUMENTAR A EFICIÊNCIA DA ECONOMIA, DANDO-LHE ESPAÇO PARA O CRESCIMENTO, SEM TIRAR A CAPACIDADE DO ESTADO w BRASILEIRO DE INVESTIR; 2) DESONERAR A PRODUÇÃO, AS EXPORTAÇÕES, OS INVESTIMENTOS E O EMPREGO -DIMTNUZNDO A REGRESSTVIDADE DO SISTEMA; 3) SIMPLIFICAR O SISEM: REDUZIR O NÚMERo DE IMPOSTOS, CONTRIBUIÇÕES E TAXAS; 4) DIMINUIR A INFORMALIDADE; 5) MiNiMEAR OS DmOS SOBRE EFICIÊNCIA E COMPETITIVIDADE - ACABAR COM A GUERRA FISCAL E PROMOVER O EQUILÍBRIO REGIONAL; 6) PROMOVER UMA DISTRIBUIÇÃO MAIS JUSTA DE RENDA; 7) GARANTIR O EQUILIBRIO DO SETOR PÚBLICO NO LONGO PRAZO. ORA, SENHOR PRESIDENTE, SE VERIFICARMOS QUE O GOVERNO NÃO TEVE SEQUER A PREOCUPAÇÃO DE LEVAR EM CONSIDEUAÇÁO, NA FORMULA~AO DA PROPOSTA, A QUESTÃO CRUCIAL DO PACTO FEDERATIVO, COMO ENTÃO, ESTES OBJETIVOS FINAIS DA REFORMA TRIBUTÁRIA SERÃO VERDADEIRAMENTE ATINGIDOS? SENHOR PRESIDENTE.
AGORA UMA PALAVRA ESPECIAL AQUELES QUE NESTA CASA REPRESENTAMOS AS REGIÕES MAIS POBRES DO PAIS. SOB PRESSÃO DOS ESTADOS MAIS RICOS A PROPOSTA TENTOU ELIMINAR A CHAMADA GUERRA FISCAL, QUE NA VERDADE E O ÚNICO INSTRUMENTO QUE RESTOU AOS ESTADOS POBRES PARA ATRAIR EMPRESAS E EMPREGOS. ACHO QUE ESSA DISCUSSÃO E LEGITIMA SAUDÁVEL PARA O PAIS COM UM TODO. E QUE A GUERRA FISCAL NÃO E NO ENTANTO, A PROPOSTA DO GOVERNO NÃO OFERECEU UMA SOLUÇÃO ADEQUADA A GUERRA FISCm. O QUE ESTÁ PROPOSTO É A M ~ N Ç Ã ODOS ATUAIS BENEF~IOSFISCAIS POR MAIS LGUNS ANOS, O QUE SIGNIFICA: PERDA DE ARRECADAÇÃO, ~ C ~ Ê N CECONOMICA, I A DESEQUIL~BRIOS REGIONAIS E SETORIAIS. NA VERDADE, FALTA UMA POL~TICADE DISTRIBUIÇÃO DE RENDA, POR MEIO DE UMA ESTRUTURA TRIBUTÁRIA MAIS JUSTA E MENOS CONCENTRADORA. NA FALTA DE TAL POL~TICA, O QUE VAI ACONTECER, NA PRÁTICA, É UM ACIRRAMENTO BRUTAL DE CONCENTRAÇÃO DE RENDA. ISSO TORNA IMPOSS~VEL QUALQUER SONHO DE GRANDEZA, PROSPERIDADE E JUSTIÇA NESTE PAÍS. SENHOR PRESIDENTE, SENHORAS E SENHORES SENADORES, O PAIS GRANDIOSO, JUSTO E PRÓSPERO QUE SE QUER CONSTRUIR, NÃO SE FAZ COM TAMANHAS DESIGUALDADES ENTRE PESSOAS E REGIÕES. PRINCIPALMENTE, QUANDO ELE E DOTADO DE TANTOS RECURSOS E POSSIBltlDADES. POR ESTA RAZÃO, VENHO A ESSA TRIBUNA, CONCLAMAR ESTA CASA A REFLETIR E A PARTICIPAR PROFUNDAMENTE DA DISCUSSÃO DA PROPOSTA DA CHAMADA REFORMA TRIBUTÁRIA, ATENDENDO ASSIM, A RESPONSABILIDADE ESSENCIAL QUE NOS CABE, INDEPENDENTEMENTE DOS NOSSOS PARTIDOS, POIS MUITO DO FUTURO DO NOSSO PA~SSE DESENHA AGORA. CONTINUO ACREDlTANDO NOS BONS PROPÓSITOS DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA E DO MINISTRO DA FAZENDA, MAS NÃO POSSO DEIXAR DE CONC~AMÁ-LOS A TER MAIS OUSADIA E CRIATIVIDADE, SUPERANDO UM
ESTADO DE MESMICE, DEMO~~STRADOAO ENVIAR AO CONGRESSO NACIONAL UMA NÃO-REFORIWA. A PROPOSTA QUE RECEBEMOS - É LAMENTÁVEL DIZER: É EXTREMAMENTE FRUSTRANTE, CERTAMENTE UM GRANDE EQU~VOCO, PELO QUAL, MUITO CEDO, TODOS ESTAREMOS PAGANDO.