COMUNICADO TÉCNICO. Alice Andrioli Pinheiro Raymundo Rizaldo Pinheiro Kelma Costa de Souza ISSN Sobral, CE Novembro, 2018

Documentos relacionados
Comparação de três técnicas de produção do antígeno do lentivírus caprino utilizado no teste de imunodifusão em gel de ágar

Metodologia Científica

Produção de antígeno de lentivírus de pequenos ruminantes através da cultura celular de membrana nictitante caprina*

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia.

Palavras-chave: CAEV; ELISA; Lentivírus de Pequenos Ruminantes; Western Blot.

Padronização do Elisa indireto e Western Blot para diagnóstico da artrite-encefalite caprina

Avaliação da Massa Corporal e do Índice Articular Clínico em Caprinos portadores do Vírus da Artrite-Encefalite Caprina (CAEV)

1.1 Antígenos virais para uso na técnica de ELISA indireto com anticorpo de captura

Documentos 86. On line

Identificação dos produtos regionais do Sertão dos Inhamuns COMUNICADO TÉCNICO

Imunodiagnóstico para a artrite-encefalite caprina em rebanhos do semiárido baiano, Brasil*

Boletim do Centro de Inteligência e Mercado de Caprinos e Ovinos n. 1, Outubro 2017

Pesquisa Pecuária Municipal 2017: Efeitvo dos rebanhos caprinos e ovinos

Alice. Foto: Alice Andrioli. Alice Andrioli, Méd. Vet., D. Sc., Embrapa Caprinos e Ovinos. Pesquisadora, Sobral/CE.

Comunicado Técnico. Artrite encefalite caprina viral: um alerta aos produtores. Introdução

AUSÊNCIA DO LENTIVÍRUS OVINO EM REBANHOS NATIVOS DO MUNICÍPIO DE SOBRAL-CE 1

Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.64, n.4, p , 2012

Avaliação da ocorrência de anticorpos contra o vírus da Maedi-Visna em ovinos do Município de Dormentes, PE

Aplicações de anticorpos em métodos diagnósticos

DETECÇÃO DA INFECÇÃO PELO VÍRUS DA ARTRITE ENCEFALITE CAPRINA (CAEV) PELA IMUNODIFUSÃO EM GEL DE AGAROSE (IDGA) E REAÇÃO EM CADEIA DA POLIMERASE (PCR)

ANTICORPOS CONTRA O VÍRUS DA MAEDI-VISNA EM REBANHOS OVINOS DA MICRORREGIÃO DE JUAZEIRO - BAHIA

Imunoensaios no laboratório clínico

Desenvolvimento de dot-blot para detecção de anticorpos para o vírus da Artrite Encefalite Caprina em caprinos

Tânia Valeska Medeiros Dantas, 1* Suzana Aparecida Costa de Araújo, 1 Raymundo Rizaldo

ISSN X Licenciado sob uma Licença Creative Commons

SOROPREVALÊNCIA DA PNEUMONIA PROGRESSIVA OVINA (MAEDI-VISNA) NA REGIÃO DE BOTUCATU, SP

Perdas econômicas decorrentes da Artrite-Encefalite Caprina na produção de gordura e sólidos totais de leite 1

SOUZA, Thiago Sampaio 1 ; COSTA, Joselito Nunes 2 ; MARTINEZ, Priscila Martinez 3 ; PINHEIRO, Raymundo Rizaldo 4

CARACTERÍSTICAS SEMINAIS DE CAPRINOS SADIOS E INFECTADOS PELO LENTIVÍRUS DE PEQUENOS RUMINANTES EM SOBRAL-CE

Economic Losses Resulting from the Caprine Arthritis-Encephalitis in the Production of Fat and Milk Total Solids

SOROPREVALÊNCIA DE MAEDI-VISNA EM OVINOS DA RAÇA SANTA INÊS NOS MUNICÍPIOS DA GRANDE VITÓRIA ES ABSTRACT

Estudo epidemiológico das lentiviroses de pequenos ruminantes na Mesorregião do Oeste Maranhense, Brasil

Avaliação de um controle estratégico da artrite encefalite caprina em rebanho caprino leiteiro

RESUMO. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec.

Molecular para Diagnóstico Clínico Western blotting. Prof. Dra. Marieta Torres de Abreu Assis

Uso de farinha de banana verde para a produção de biscoito COMUNICADO TÉCNICO

Comunicado126 Técnico

Ciência Animal Brasileira Suplemento 1, 2009 Anais do VIII Congresso Brasileiro de Buiatria

Levantamento Soroepidemiológico da Artrite Encefalite Caprina em Unidades Produtivas dos Estados do Pará e Maranhão 1

AVALIAÇÃO IN VITRO DA QUALIDADE DO SÊMEN DE REPRODUTORES CAPRINOS PORTADORES DA ARTRITE ENCEFALITE CAPRINA (CAE) ATRAVÉS DE ESPERMOGRAMA.

BMM 160 Microbiologia Básica para Farmácia Prof. Armando Ventura. Apostila de Virologia

Documentos. ISSN O X Dezembro Boletim Agrometeorológico de 2015 para o Município de Parnaíba, Piauí

Duração da imunidade passiva para lentivírus de pequenos ruminantes em cordeiros. Duration of passive immunity to small ruminant lentiviruses in lambs

AVALIAÇÃO DE UMA MICROIMUNODIFUSÃO EM GEL DE ÁGAR PARA DIAGNÓSTICO DE LENTIVÍRUS DE PEQUENOS RUMINANTES (LVPR) EM CAPRINOS

Técnicas Moleculares: PCR, Sequenciamento e Southern Blot Técnicas Sorológicas

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia.

Manual de Métodos de Análise de Solo

OCORRÊNCIA DE LENTIVÍRUS DE PEQUENOS RUMINANTES NO SEMIÁRIDO BAIANO E PERFIL DA CAPRINO/OVINOCULTURA NA REGIÃO

Ajustar o ph para 7,4. Filtrar o meio em 0,22 µm no fluxo e depois acrescentar o antibiótico/antimicótico. Armazenar de 2ºC a 8ºC.

Comunicado Técnico. Uso da leucena como adubo verde em sistema agrossilvipastoril melhora a produção do milho para silagem no semiárido.

Atlas de Morfologia Espermática Bovina

Anais da XIII Jornada de Iniciação Científica da Embrapa Amazônia Ocidental

Eletroforese Bidimensional na Análise de Zeínas em Milho Indígenas.

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Piscicultura de pirarucu

PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS À INFECÇÃO POR LENTIVÍRUS DE PEQUENOS RUMINANTES EM CAPRINOS NO ESTADO DO TOCANTINS

Ms. Romeu Moreira dos Santos

Comunicado Técnico. Médico-veterinário, zootecnista, mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos, pesquisador da Embrapa Caprinos e Ovinos.

Kit Embrapa de Ordenha Manual para Caprinos Leiteiros. Instruções de montagem e utilização

NOTA INFORMATIVA Nº 92, DE 2017/SVS/MS

Manual de Métodos de Análise de Solo

Anais da XIII Jornada de Iniciação Científica da Embrapa Amazônia Ocidental

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ PROGRAMA DE MESTRADO EM ZOOTECNIA

Cargo: D-41 Técnico Laboratório - Biotecnologia - Análise de Proteínas

PREVALÊNCIA SOROLÓGICA DA MAEDI-VISNA EM REBANHOS OVINOS DA MICRORREGIÃO DE JUAZEIRO - BAHIA POR MEIO DO TESTE DE IMUNODIFUSÃO EM GEL DE ÁGAR

BRS 1035 Híbrido Simples de Milho

L 336/36 Jornal Oficial da União Europeia

Me. Romeu Moreira dos Santos

Imunocromatografia e Dot-ELISA. Responsável Prof. Helio J. Montassier

PRODUÇÃO DE ANTICORPOS POLICLONAIS ANTI-RICINA*

Método para Estimar a Oferta de Lenha na Substituição de Copa em Cajueiros COMUNICADO TÉCNICO. Afrânio Arley Teles Montenegro José Ismar Girão Parente

Concurso Público Edital nº 342/2013. Técnico de Laboratório Biotecnologia - Análise de Proteínas. Leia com atenção as Instruções

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA FACULDADE DE VETERINÁRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS

Comunicado140 Técnico

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM IMUNOLOGIA GLAUBER SANTOS RIBEIRO DE SENA

Cultivo do tambaqui no Amazonas

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA FACULDADE DE VETERINÁRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS

Mycoplasma agalactiae em rebanhos leiteiros no estado do Ceará em associação com o vírus da artrite encefalite caprina *

EMMANUELA TINÉ DE ARRUDA AVALIAÇÃO DE UMA MICROIMUNODIFUSÃO EM GEL DE ÁGAR PARA DIAGNÓSTICO DE LENTIVÍRUS DE PEQUENOS RUMINANTES EM CAPRINOS

Anais da XIII Jornada de Iniciação Científica da Embrapa Amazônia Ocidental

Viabilidade Econômica da Cultura da Soja na Safra 2016/2017, em Mato Grosso do Sul

Boletim agrometeorológico de 2017 para o município de Teresina, PI

On line. Protocolos para Extração do DNA-proviral e PCR do Lentivírus Caprino em Sangue

Sistemas de criação de ovinos e ocorrência de anticorpos contra o vírus da Maedi- Visna na microrregião de Juazeiro, BA

Ms. Romeu Moreira dos Santos

Anais da XII Jornada de Iniciação Científica da Embrapa Amazônia Ocidental

Ministério da Agricultura,Pecuária e Abastecimento

Documentos. ISSN Agosto, Boletim Agrometeorológico 2013

UTILIZAÇÃO DE BACULOVÍRUS COMO SISTEMA DE EXPRESSÃO PARA A PROTEÍNA DO CAPSÍDEO DO CIRCOVÍRUS SUÍNO TIPO 2 (PCV2)

Comunicado Técnico. Técnica Zimográfica como método para monitoramento da Artrite Encefalite Caprina (CAE)

Documentos. ISSN Agosto, Boletim Agrometeorológico 2014

Fagocitose LABORATÓRIO 1. Suspensão de antígenos: hemácea de galinha + hemácea de carneiro (HG e HC) a 0,5%

Vírus do mosaico severo do caupi-cpsmv como molécula carreadora para a p28 do vírus da artrite-encefalite caprina-caev

Detecção da infecção pelo vírus da artrite-encefalite caprina: imunodifusão em ágar e reação em cadeia da polimerase com primers degenerados

BRS 1031 Híbrido Simples de Milho

Ms. Romeu Moreira dos Santos

Artrite encefalite caprina: avaliação dos aspectos produtivos e reprodutivos de animais infectados e não infectados

A portaria 29, de 17 de dezembro de 2013 SVS/MS, regulamenta o diagnóstico da infecção pelo HIV, no Brasil.

Ms. Romeu Moreira dos Santos

Vírus da Peste suína Clássica - VPSC. Diagnóstico Laboratorial

Transcrição:

ISSN 1676-7675 Foto: Raymundo Rizaldo Pinheiro COMUNICADO TÉCNICO 178 Sobral, CE Novembro, 2018 Conservação do antígeno utilizado no teste de imunodifusão em gel de ágar para diagnóstico de lentivírus caprino: Efeitos da adição de conservante e de diferentes temperaturas. Alice Andrioli Pinheiro Raymundo Rizaldo Pinheiro Kelma Costa de Souza

2 Conservação do antígeno utilizado no teste de imunodifusão em gel de ágar para diagnóstico de lentivírus caprino: Efeitos da adição de conservante e de diferentes temperaturas. 1 1 Alice Andrioli Pinheiro, médica-veterinária, doutora em Ciência Animal, pesquisadora da Embrapa Caprinos e Ovinos, Sobral/Ceará Raymundo Rizaldo Pinheiro, médico-veterinário, doutor em Ciência Animal, pesquisador da Embrapa Caprinos e Ovinos, Sobral/Ceará Kelma Costa de Souza, zootenista, doutora em Ciências Veterinárias, bolsista da Embrapa Caprinos e Ovinos, Sobral/Ceará Introdução A Artrite Encefalite Caprina (CAE) é uma enfermidade causada por lentivírus de pequenos ruminantes (SRLV), caracterizada pela evolução crônica e manifestações clínicas progressivas até a morte (Blacklaws, 2012). Diferentes sinais clínicos da CAE são conhecidos, sendo os principais: artrite, pneumonia, encefalite e mastite, além de perda de peso progressiva (Souza et al., 2015). Essa enfermidade causa importante perda econômica, principalmente pela redução da produção láctea e queda da qualidade do leite (Martínez-Navalón et al., 2013). Quanto ao diagnóstico, o teste de imunodifusão em gel de ágar (IDGA) é o exame mais utilizado em razão de seu baixo custo e rápido resultado, sendo recomendado pela Organização Mundial da Saúde Animal OIE (Arruda et al., 2011). O presente trabalho teve como objetivo verificar a viabilidade do antígeno () para diagnóstico de lentivírus caprino por meio do teste de imunodifusão em gel de ágar (IDGA), em diferentes temperaturas, com e sem a adição do conservante Phenylmethylsulfonyl Fluoride (PMSF). Material e métodos Produção do antígeno Utilizou-se amostra do vírus CAEV-Cork1 com título de 10 4,5 TCID 50/ multiplicada em membrana sinovial ml caprina (MSC) para a produção viral. A inoculação foi realizada em monocamadas de MCS cultivadas por 72h 1 CAEV-Cork.

3 a 96h após passagem, obtendo-se monocamada semiconfluente (70% a 90% de confluência) e solução viral de 200 doses formadoras de sincícios. O sobrenadante (SN) coletado foi clarificado por centrifugação e concentrado pelo sistema AMICON. O SN foi concentrado 100 vezes do volume original (Alves et al., 2012). Análise da conservação do antígeno (temperatura e conservante) O antígeno foi homogeneizado e aliquotado (em triplicata), para os seguintes tratamentos: temperatura (temperatura ambiente, 4 ºC, -20 ºC e -80 ºC) e conservante (com e sem PMSF) e testado nos dias zero, três, sete, 15, 30, 60 e 90. A temperatura ambiente nos dias do experimento variou de 21 ºC a 28 ºC com média de 25 C. Para cada um dos tratamentos foi feita uma diluição seriada do soro positivo do kit americano para teste diagnóstico 2 frente ao e outra, do frente ao soro positivo. As proteínas totais foram dosadas pelo método de Lowry (1951). Teste de imunodifusão em gel de Ágar IDGA Foi utilizada a micro técnica de IDGA descrita por Gouveia (1994) em ágar a 0,9% em tampão borato, utilizando 30 ml de soro ou antígeno com a leitura realizada em 48h e 72h, sobre fundo escuro e luz indireta, sendo considerada definitiva a última leitura. Como controle, utilizou-se soro positivo do kit americano de IDGA para diagnóstico da CAE por IDGA 3. Teste de Western Blotting (WB) O teste de WB seguiu o protocolo de Rodrigues et al. (2014), e foi realizado para identificar as proteínas virais imunológicas. Realizando-se eletroforese SDS-PAGE (Laemmi, 1970), com géis de concentração e separação a 4% e 12,5%, respectivamente. Em seguida, ocorreu a transferência das proteínas contidas no gel para membrana de nitrocelulose, previamente bloqueadas com PBS Tween a 0,3%. A técnica foi realizada com diluição de 1:50 do soro positivo do kit americano de IDGA para diagnóstico da CAE e com conjugado IgG coelho anticabra peroxidase (Sigma cat. 2 Veterinary Diagnostic Technology, Inc. 3 Caprine Arthritis-Encephalitis/Ovine Progressive Pneumonia Antibody Test Kit. Veterinary Diagnostic Technology, Inc, USA. Este kit é composto por 1 ml de antígeno (p28 e gp135) produzido com o MVV, 3 ml de soro reagente (soro rico em anticorpos contra a glicoproteína gp135, 0,5 ml de soro positivo (soro rico em anticorpos contra as proteínas p28 e gp135), 0,5 ml de soro fraco-positivo (soro pobre em anticorpos contra a gp135 e sem anticorpos contra a p28) e soro negativo (soro sem anticorpos contra as proteínas p28 e gp135).

4 A5420) a 1:15000. A revelação das bandas de proteína ocorreu ao abrigo da luz, com os substratos 4-Cloro-1-Naphthol e 3,3 Diaminobenzidine (DAB), com peróxido de hidrogênio a 30% e parada pela adição de água destilada. Resultados A dosagem de proteína indicou que houve redução dos níveis proteicos do antígeno em temperatura ambiente no 90º dia em relação ao dia zero, sendo que essa redução foi menor no antígeno tratado com PMSF. As alíquotas mantidas sob refrigeração (4 C) e congelamento (-20 C) e tratadas com PMSF mantiveram praticamente a mesma quantidade proteica no 90º dia, enquanto que as alíquotas sem o conservante sofreram pequena redução. Quando avaliadas, as alíquotas congeladas a -80 C, ambas (com e sem PMSF), apresentaram nível proteico semelhante ao dia zero (Figura 1 e Tabela 1). No teste de IDGA (Figura 2 e Tabela 2) a diluição máxima do antígeno no dia zero que permitiu a detecção de anticorpos foi 1:4. Verificou-se a formação de linhas de precipitação antígeno-anticorpo (-Ac) nessa diluição em todos os tratamentos até o dia 15º dia. A partir do dia 30 dia são observadas perdas graduais na sensibilidade do IDGA em detectar anticorpos nas alíquotas de antígeno mantidas em temperatura ambiente. Sob essa condição, nos 30 dia e 60 dia, a detecção ocorreu na diluição máxima 1:2, e no 90º dia o antígeno funcionou apenas puro e somente no tratamento sem conservante. Nas alíquotas de antígeno mantidas em 4 ºC, foi observado linha de precipitação de -Ac no 90 dia, sem o conservante, até a diluição 1:2. No teste de WB, verificou-se que a principal proteína imunogênica era a do capsídeo viral p28 e, portanto, muito provavelmente corresponde à linha de precipitação formada no teste de IDGA. Tabela 1. Dosagem de proteína total (mg/ml) nas alíquotas de antígeno de Lentivírus Caprino submetidas a diferentes temperaturas e tratadas ou não com conservante. Antígeno com PMSF Antígeno sem PMSF Dia 0 Dia 90 Dia 0 Dia 90 TA 201,64 156,25 201,64 134,76 4 ºC 201,64 196,09 201,64 178,91-20 ºC 201,64 200,81 201,64 183,59-80 ºC 201,64 196,09 201,64 197,65

5 Figura 1. Valores da Proteína Total (mg/ml) no antígeno de Lentivírus Caprino submetido à temperatura ambiente (TA), diferentes temperaturas de conservação e com ou sem a presença de conservante. Puro 1:32 1:2 1:16 Soro Positivo 1:8 1:4 Foto: Raymundo Rizaldo Pinheiro Figura 2. Formação de linhas de precipitação antígeno-anticorpo (-Ac) no teste de imunodifusão em gel de ágar no antígeno puro e nas diferentes diluições de.

6 Tabela 2. Avaliação do antígeno de Lentivírus Caprino submetido a diferentes temperaturas, com e sem a presença de conservante, quanto à presença de linha de precipitação antígeno- -anticorpo no teste de imunodifusão em gel de Ágar pelo. Com PMSF SEM PMSF TA 4 C -20 C -80 C TA 4 C -20 C -80 C Dia 0 Dia 3 Dia 7 Dia 15 Dia 30 Dia 60 Dia 90 1:4 + + + + + + + + 1:4 + + + + + + + + 1:4 + + + + + + + + 1:4 + + + + + + + + 1:4 - + + + - + + + 1:4 - + + + - + + + Puro - + + + + + + + 1:2 - + + + - + + + 1:4 - + + + - - + +

7 Conclusões A proteína do capsídeo viral - p28 presente no antígeno é bem estável, suportando a temperatura ambiente média de 25 C por até 15 dias. A ação do conservante PMSF é efetiva para a manutenção dos níveis proteicos, além disso, é quase inerte na formação da linha de precipitação. O congelamento a -20 C e, principalmente a -80 C, com ou sem a adição de conservante, é muito eficaz para a manutenção da quantidade e qualidade da proteína viral p28 presentes no antígeno de Lentivírus Caprino, sendo dispensável o uso do conservante. Referências ALVES, L. A. O.; TEIXEIRA, M. F. S.; ANDRIOLI, A.; PINHEIRO, R. R.; DIAS, R. P.; BRITO, R. L. L.; LOPES JÚNIOR, C. A. F.; BEZERRA JÚNIOR, R. Q.; AZEVEDO, D. A. A. Produção de antígeno e separação da proteína p28 por microfiltragem seriada para sorodiagnóstico da artrite encefalite caprina por ensaio imunoenzimático. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 64, n. 4, p. 935-942, 2012. Disponível em: <http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/ item/77585/1/api-producao-de-antigeno.pdf>. Acesso em: 15 ago. 2018. ARRUDA, E. T. de; OLIVEIRA, M. M. M.; NASCIMENTO, S. A. do; CAMPOS, A. C.; CASTRO, R. S. de. Avaliação de uma microimunodifusão em gel de ágar para Diagnóstico de Lentivírus de Pequenos Ruminantes (LVPR) em caprinos. Ciência Animal Brasileira, v. 12, n. 3, p. 560-565, jul./set. 2011. BLACKLAWS, B. A. Small ruminant lentiviruses: Immunopathogenesis of visna-maedi and caprine arthritis and encephalitis virus. Comparative Immunology Microbiology and Infection Diseases, v. 35, n. 3, p. 259-269, May, 2012. DOI: 10.1016/j.cimid.2011.12.003. GOUVEIA, A. M. G. Relatório de consultoria: setor de sanidade animal. Sobral: EMBRAPA- CNPC, 1994. 127 p. LAEMMI, U. K. Cleavage of structural proteins during the assembly of the head of bacteriophage T4. Nature, v. 227, n. 5259, p. 680-685, Aug. 1970. LOWRY, O. H.; ROSEBROUGH, N. J.; FARR, A. L.; RANDAL, R. J. Protein mesurement with the folin phenol reagent. Journal of Biological Chemistry, v. 193, n. 1, p. 2655-2755, Nov. 1951. MARTÍNEZ-NAVALÓN, B.; PERIS, C.; GÓMES, E. A.; PERIS B, ROCHE ML, CABALLERO C, GOYENA E, BERRIATUA E. Quantitative estimation of the impact of caprine arthritis encephalitis virus infection on milk production by dairy goats. Veterinary Journal, v. 197, n. 2, p. 311-317, Aug. 2013. DOI: 10.1016/J. TVJL.2012.12.020. RODRIGUES, A. S.; BRITO, R. L. L.; PINHEIRO, R. R.; DIAS, D. P.; ALVES, S. M.; SOUZA, T. S.; SOUZA, K. C.; AZEVEDO, D. A. A.; PINHEIRO, A. A.; MAGALHÃES, D. C. T.; TEIXEIRA, M. F. S. Padronização do Elisa indireto e Western Blot para diagnóstico da artrite-encefalite caprina. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 66, n. 2, p. 417-424, 2014. Disponível em: <http://ainfo.cnptia.embrapa.br/ digital/bitstream/item/112082/1/ap-padronizacao. pdf>. Acesso em: 15 ago. 2018. SOUZA, T. S. de; PINHEIRO, R. R.; COSTA, J. N.; LIMA, C. C. V. de; ANDRIOLI, A.; AZEVEDO, D. A. A. de; ARAÚJO, J. F.; SOUSA, A. L. M. de; PINHEIRO, D. N. S.; FERNANDES, F. M. C.; COSTA NETO, A. O. Interspecific transmission of small ruminant lentiviruses from goats to sheep. Brazilian Journal of Microbiology, v. 46, n. 3, p. 867-874, July/Sept. 2015. Disponível em: <http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/ item/138226/1/cnpc-2015-interspeciestransmission.pdf>. Acesso em: 15 ago. 2018.

8 Exemplares desta edição podem ser adquiridos na: Embrapa Caprinos e Ovinos Fazenda Três Lagoas, Estrada Sobral/ Groaíras, Km 4 Caixa Postal: 71 CEP: 62010-970 - Sobral,CE Fone: (88) 3112-7400 www.embrapa.br www.embrapa.br/fale-conosco/sac 1ª edição On-line (2018) Comitê Local de Publicações da Embrapa Caprinos e Ovinos Presidente Vinícius Pereira Guimarães Secretário-Executivo Alexandre César Silva Marinho Membros Alexandre Weick Uchoa Monteiro, Carlos José Mendes Vasconcelos, Maíra Vergne Dias, Manoel Everardo Pereira Mendes, Tânia Maria Chaves Campelo Supervisão editorial Alexandre César Silva Marinho Revisão de texto Carlos José Mendes Vasconcelos Tânia Maria Chaves Campelo Carlos Eduardo Felice Barbeiro Editoração eletrônica Francisco Felipe Nascimento Mendes Foto da capa Raymundo Rizaldo Pinheiro CGPE 14.970