HIPERPLASIA DA GLÂNDULA DA CAUDA FELINA Relato de Caso



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ANAIS DA III SEPAVET SEMANA DE PATOLOGIA VETERINÁRIA E DO II SIMPÓSIO DE PATOLOGIA VETERINÁRIA DO CENTRO OESTE PAULISTA FAMED FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA DA FAEF --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- HIPERPLASIA DA GLÂNDULA DA CAUDA FELINA Relato de Caso MENEZES, Araceli T. TORELLI, Adriano Graduandos em Medicina Veterinária na Associação Cultural e Educacional de Garça PENA, Silvio Barbosa Médico Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia FAMED FAEF UNITERRA Garça / SP e Mestrando em Clínica Veterinária na FMVZ UNESP Botucatu / SP RESUMO Cães e gatos possuem uma glândula na cauda que tem a função de produzir secreções que são utilizadas pelos animais para marcar território. Nos gatos, esta estrutura está localizada na região dorsal da causa e é denominada de órgão supracaudal. Quando esta glândula produz secreções em excesso ocorre um acúmulo da secreção gordurosa na região levando à oleosidade excessiva e amaranhamento dos pêlos da região. Tal dermatopatia é denominada de Hiperplasia da Glândula da Cauda Felina 1. INTRODUÇÃO Os cães possuem uma glândula que apresenta-se como uma região oval, ligeiramente intumescida de pele, composta por folículos pilosos isolados (WILLEMSE, 1998). Os gatos, assim como os cães, também têm a glândula, e nestes animais esta é conhecida como órgão supracaudal por localizar-se na face dorsal da cauda (SCOTT et al; 1996). Tal região é rica em glândulas sebáceas e apócrinas que possuem a função de produzir secreções utilizadas para marcar território (NORSWORTHY, 2004).

A Hiperplasia da Glândula da Cauda Felina, também denominada de Seborréia do órgão Supracaudal, é uma dermatopatia ocasionada pela hipersecreção do órgão (NORSWORTHY, 2004) que promove o acúmulo da secreção gordurosa na superfície da pele (SCOTT et al; 1996). A alteração é classificada como sendo um defeito da ceratinização (SCOTT et al; 1996), que são anormalidades congênitas ou adquiridas no processo de formação da epiderme, como resultado ocorre à descamação excessiva da pele ou produção de seborréia podendo formar um engurduramento da região (MESSINGER, 2002). Podem ocorrer foliculite bacteriana secundária, comedões, furunculose localizada e prurido (NORSWORTHY, 2004). As lesões são observadas mais comumentes em gatos da raça persa (WILLENSE, 1998), entretanto, segundo Norsworthy (2004) gatos siameses e rex também demonstram predisposição para a hiperplasia da glândula da cauda felina. O presente trabalho tem por objetivo relatar a ocorrência da dermatopatia citada, em um gato persa atendido no Setor de Clínica de Pequenos Animais do Hospital Veterinário da FAMED. 2. MATERIAL E MÉTODOS Foi atendido no ambulatório do setor de pequenos animais do Hospital Veterinário da FAMED, um gato da raça Persa, macho, de um ano e cinco meses de idade, cujo proprietário queixava-se de que o animal apresentava oleosidade dos pêlos da cauda. Durante o exame físico foi identificado, na região dorsal da cauda, uma secreção gordurosa sobre a superfície da pele e amaranhamento dos pêlos; sinais estes correspondentes aos citados por Scott et al (1996). Para auxiliar na avaliação da área realizou-se a tricotomia da região, que nos revelou uma superfície bastante oleosa e seborréica. A partir da avaliação clínica, obteve-se informações sugestivas de Hiperplasia da Glândula da Cauda Felina.

Após o diagnóstico clínico, foi prescrito a utilização de Hexiderm para efetuar limpeza local duas vezes ao dia; além de solicitar a mudança de manejo, de forma que o animal permanecesse por um período maior no sol e sob ar fresco. Alguns autores preconizam a castração como sendo uma medida terapêutica de excelentes resultados. Porém, a maioria dos felinos que desenvolvem a alteração é reprodutores, e esta recomendação geralmente não é aceitável (NORSWORTHY, 2004). 3. RESULTADOS Após 15 dias de administração da terapia escolhida e as mudanças de manejo, o animal apresentou melhora significativa das lesões. De forma a evitar recidivas a alteração de manejo foi adotada permanentemente. 4. CONCLUSÃO Considerando a clínica do animal e as informações adquiridas em revisão bibliográfica, podemos considerar a Hiperplasia da Glândula da Cauda Felina como sendo uma patologia pouco comum entre os gatos, devido ao manejo destes animais. Porém, uma vez desenvolvida deve-se destinar grande atenção a mesma, pois as lesões secundárias podem, ainda que sendo incomum, promover o desenvolvimento de tumores (WILLEMSE, 1998). 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS - MESSINGER, L. Distúrbios Caninos de Ceratinização, In: RHODES, K.H., Dermatologia de Pequenos Animais Consulta em 5 Minutos, 1 ed., Rio de Janeiro: Revinter, 2002, 702p.

- NORSWORTHY, G.D., Seborréia do Órgão Supracaudal, In: NORSWORTHY, G.D., CRYSTAL, M.A., GRACE, S.F., TILLEY, L.P., O Paciente Felino Tópicos Essenciais de Diagnóstico e Tratamento, 2 ed. São Paulo: Manole, 2004, 815p. - SCOTT, D.W., MILLER, W.H., GRIFFIN, C.E., Dermatologia de Pequenos Animais, 5 ed., Rio de Janeiro: Interlivros, 1996, 1130p. - WILLEMSE, T., Dermatologia Clínica de Cães e Gatos, 2 ed., São Paulo: Manole, 1998, 143p.