FAMÍLIA DE THOMÉ RODRIGUES NOGUEIRA DO Ó

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Transcrição:

161 Revista da ASBRAP nº 2 161 FAMÍLIA DE THOMÉ RODRIGUES NOGUEIRA DO Ó Arthur Nogueira Campos Os Nogueiras que vieram para o Brasil não têm uma origem comum. Mesmo os de Baependi parecem ter origens diversas. É por isso que, até que se possa verificar o contrário, este estudo separará as duas famílias Nogueiras dos meus ascendentes maternos, chamando Fernandes Nogueiras os que estiveram em Baependi, mas chegaram ao Brasil antes dos Nogueiras descendentes do Capitão mor Thomé Rodrigues Nogueira do Ó, o fundador dessa vila. Veja artigo Os Neves e os Fernandes Nogueiras de Santa Branca, publicado na REVISTA DA ASBRAP de número 1. A família Nogueira, ora descrita, foi fundada, em São Paulo, por THOMÉ RODRIGUES NOGUEIRA DO Ó, da Ilha da Madeira (1), ao casarse com MARIA LEME DO PRADO (DA ROCHA), ou MARIA DO PRADO LEME (DA ROCHA) (*), natural da capela da Piedade, hoje Lorena, no vale do Rio Paraíba. Ele era filho legítimo de Antonio Nogueira (2) e de Francisca Fernandes do Valle, que tinham se casado na Sé do Funchal, aos 30 de janeiro de 1673, sendo ele filho legítimo de Manuel Lopes Nogueira e de Sebastiana Osório, e ela, filha legítima de Manoel Rodrigues e de Maria Fernandes (Rodrigues). A origem de Thomé foi documentada por Celso Maria de Mello Pupo, ilustre membro fundador do Instituto Genealógico Brasileiro, contrariando J. Nogueira Itagiba, citado por José Alberto Pelucio (3), segundo o qual autor o capitão mor era "oriundo de um fidalgo espanhol, Dom Fernando Rodrigues Noguera, do reino de Aragão, que devido às guerras, passou-se para Portugal, ali aclimando a família, na invasão dos mouros". O Magnífico Reitor da Universidade do Brasil, historiador Pedro Calmon (4), que também descende de Thomé, aceita a solução de Mello Pupo. Consultei também o Dr. José Guimarães, que me honrou em 23-NOV-1981 com uma cópia da separata de seu artigo "O Fundador de Baependi" (5), no qual ele também apóia Mello Pupo. No seu testamento e inventário, encontrados no cartório do 1º Ofício de São João Del Rei e lido por Ari Florenzano, Thomé declara sua filiação, um pouco em desacordo com a versão de Mello Pupo, pois diz que o nome de sua mãe era Maria Fernandes (como o de sua avó) e confirma o de seu pai, Antonio Nogueira (5). Não se conhece a data da chegada de Thomé Rodrigues Nogueira do Ó ao Brasil, mas já em 18 de junho de 1710 ele se achava na freguesia de Guaratinguetá. Nesse ano, o capitão Thomé Rodrigues Nogueira, tendo em sua companhia 27 soldados e 7 escravos, com mais três outras compa-

8 Família de Thomé Rodrigues Nogueira do Ó nhias, todos fardados, foram mandados para organizar a defesa de Parati contra seis naus francesas de Duclerc. As naus afastaram-se para Mangaratiba, no fundo da baía de Sepetiba, cuja povoação atacaram por terra, sendo os franceses derrotados. Por este trabalho, ele foi eleito pela câmara de Guaratinguetá capitão das ordenanças do distrito da Piedade (2), em 13- JAN-1711. Em 4-FEV-1711 Thomé apresentou-se para quintar 52 oitavas e meia de ouro em São João del Rei (8). Em 1715, sendo morador de sua roça de Baependi (9), foi lançado para o imposto de capitação, por possuir cinco escravos (8) e entre 1717 e 1721, foi promovido a sargento mor e depois nomeado pelo Conde de Assumar, em 30-ABR-1718, provedor dos Quintos do distrito do Caminho Velho até a Mantiqueira (7). Há lançamentos feitos por ele entre 1717 e 1719. Estabeleceu-se próximo a Baependi, na sua fazenda do Engenho. O nome da cidade de São Thomé das Letras está ligado a ele (1). Em 1726 Thomé já era capitão mor e possuía terras junto ao rio Baependi (10), onde residia desde antes de 1716, pois aí nasceu sua filha Ângela (11), nesse ano. Em 1736 foi nomeado guarda mor de Baependi, aparecendo pela primeira vez o seu nome completo (12), com o Ó no final. De onde viria esse "Ó"? Frei Joaquim de Santa Rosa de Viterbo, em seu "Elucidário das palavras portuguesas", citado por José Alberto Pelucio (13) diz que as festas do "Ó" eram comidas e bebidas que se davam nas igrejas em cada um dos sete dias do nascimento de Jesus, porque nesses dias se cantavam as sete antífonas principiadas por Ó. Na mesma página, Pelucio esclarece que Azevedo Marques informa que a povoação de N.Sª do Ó, em São Paulo, não tem relação com Thomé, mas surgiu em volta da capela de N.Sª da Expectação do Ó, e foi erguida em 1610 ou 1613 pelo bandeirante Manoel Preto e sua mulher Águeda Rodrigues. Outra lenda que correu em Baependi, desfeita por Mello Pupo: o capitão mor Thomé Rodrigues Nogueira do Ó seria parente do 1º bispo de São Paulo, Dom Bernardo Rodrigues Nogueira. A descoberta da ascendência do capitão desfez a lenda (14). Os restos mortais do 1º bispo de São Paulo encontram-se na cripta da Catedral da Sé de São Paulo, entre os de Tibiriçá e os do Padre Feijó. Thomé Rodrigues Nogueira do Ó já se achava em Guaratinguetá (2) em 1710 e aí deve ter se casado com Maria Leme do Prado (ou do Prado Leme), que perto daí nascera. Ela era filha de Antonio da Rocha Leme, natural de Parnaíba e de Antonia do Prado de Quevedo (8), ou Antonia do Prado Leme, de Guaratinguetá e moradores da capela da Piedade (14). Sua ascendência não foi descoberta por Silva Leme, que desautorizou a indicada por Pedro Taques. Ainda é objeto de pesquisa. Em carta de 19 de outubro de 1973 ao Eng. Manoel Valente Barbas, o dr. José Guimarães já havia dito tudo o que foi escrito em seu trabalho citado mais adiante, e mais, que suspeitava que Antonia do Prado de Quevedo procedesse de João Leme e de Barbara Mouzinho de Vasconcelos, moradores de Guaratinguetá ou Lorena (SL, II, pp. 445/446). A busca prossegue...

163 Revista da ASBRAP nº 2 163 Pouco tempo depois do casamento, o casal se mudou para o sul de Minas, em companhia dos pais de Maria e seus irmãos Arthur da Rocha, Lourenço Leme e seus cunhados, o sargento mor Manoel Nunes de Gouvêa e o capitão Pedro da Silva Góes (8). Nunca se encontrou o jazigo de Thomé, por isso sempre houve dúvidas quanto à data e local de seu falecimento. Mas a descoberta de seu testamento e inventário (15), datado de 1742, esclareceu que ele faleceu em Baependi, a 30-AGO-1741, sendo sepultado na capela de Montesserrate (5), nessa vila. Sua esposa faleceu mais tarde e, salvo homonímia, isto se deu no dia 11-SET-1756, tendo sido enterrada na matriz de Baependi, recém construída nas terras que foram do capitão mor seu marido, doadas em 20- JAN-1754 por sua filha Maria Nogueira do Prado (1), esposa de Luiz Pereira Dias (16). A descendência: Vários genealogistas e historiadores contribuíram para o esclarecimento da descendência do capitão mor Thomé Rodrigues Nogueira do Ó, entre eles o falecido membro do Instituto Genealógico Brasileiro, o Dr. José Guimarães, que conseguiu examinar importantes fontes primárias. Outro ilustre descendente de Thomé, o Visconde Nogueira da Gama, foi o primeiro a escrever sobre sua estirpe. Os filhos do capitão mor, segundo Pedro Taques, foram nove, número este confirmado por Silva Leme, por José Guimarães e pelo Visconde Nogueira da Gama. Já o historiador José Alberto Pelucio, citando J. Nogueira Itagiba, menciona onze, número indicado também por Mello Pupo, mas neste último caso, tendo em vista as retificações justificadas pelo Dr. José Guimarães, vê-se que a única relação realmente discordante é a de José Alberto Pelucio e J. Nogueira Itagiba. Os nomes apresentados nas cinco relações a seguir têm alguma variação. Quanto aos nomes de sete deles não há divergência entre quatro das cinco listas. Dou preferência à lista apresentada pelo Dr. José Guimarães porque suas indicações são baseadas em fontes primárias examinadas por ele pessoalmente. Eis aqui a resenha da família de Thomé Rodrigues Nogueira do Ó e de sua esposa Maria Leme do Prado, de autoria do Dr. José Guimarães (6), reproduzida com pequenos acréscimos que achei oportuno introduzir: 1-1- Alferes Nicolau Antonio Nogueira, casou-se com Anna Josepha (ou Joaquina) da Gama, filha de Manoel Domingues Villas Boas e Ignacia Quiteria da Gama. São os ascendentes do Visconde Nogueira da Gama, o principal ramo da família, que se deslocou para o Rio de Janeiro, cujos descendentes vieram a ocupar importantes cargos na Corte.

8 Família de Thomé Rodrigues Nogueira do Ó 1-2- Joanna Nogueira do Prado (Leme) ou Joanna Nogueira de Lemos foi casada primeiro com José de Sá, filho de Bento Martins e Jeronima de Sá; em segundas núpcias, casou-se com João Gomes de Lemos, natural de Santiago de Gavião, arcebispado de Braga, filho de Santos (?) Gomes da Costa e de Catharina Barbosa. 1-3- Maria Nogueira do Prado (I), natural de Baependi, casou-se com Luiz Pereira Dias, natural da ilha Terceira. Ela faleceu em Baependi, em 2- OUT-1755 (ou seria 11-SET-1756), sendo enterrada na matriz ainda em construção no terreno por ela mesma doado em 20-JAN-1754. 1-4- Ângela Izabel Nogueira (do Prado) casou-se com o capitão Domingos Teixeira Villela, natural da freguesia de N.Sª da Assumpção, termo de Chaves, arcebispado de Braga, filho de Antonio Teixeira (Villela) e Mariana Gonçalves. Este casal deslocou-se para Campinas, a chamado de seu filho Frei Antonio de Pádua Teixeira, que foi o primeiro vigário dessa povoação (2). O fundador de Campinas foi Francisco Barreto Leme, parente de Ângela Izabel e de Frei Antonio de Pádua. 1-5- ANNA DE JESUS NOGUEIRA ou também ANNA DE JESUS LEME DO PRADO, casou-se com ANTONIO DE SOUZA FERREIRA (*), natural do concelho de Louzada, bispado do Porto, que faleceu em Baependi em 30-AGO-1791, em avançada idade. Aqui o Dr. José Guimarães corrige Silva Leme: Felisberto José Nogueira não procedia deste ramo e João de Souza Nogueira não era neto, e sim, filho de Antonio de Souza Ferreira e Anna de Jesus Nogueira, bisavós de ANTONIA OLINTHA NOGUEIRA (*), a qual estava entre os fundadores de Santa Rita do Passa Quatro (veja Nota 1). 1-6- Maria Nogueira do Prado (II), natural de Baependi, casou-se em Carrancas, MG, em 4-JUL-1751, com João Álvares Sobreira, natural de São Pedro de Sobreira, bispado do Porto, filho de João Álvares e Anna Antonia, já por esse tempo falecidos. Este casal passou a morar em São João del Rei. Falecendo João Alvares Sobreira, Maria Nogueira do Prado (II) casou-se em São João del Rei em 1º-ABR-1758, com o tenente José Rodrigues de Afonseca, natural de Baependi, filho de outro do mesmo nome e Anna Madureira, já falecidos. Este casal morou em Campanha (Nota 2). Houve filhos dos dois matrimônios. Um dos filhos deste casal foi o alferes Felisberto José Nogueira, o qual, salvo homonímia, é o mesmo que Silva Leme indicou, por engano, como sendo irmão de João de Souza Nogueira. 1-7- Clara Maria Nogueira (ou Clara Leme do Prado), natural de Baependi, ali mesmo, em 1-NOV-1752, casou-se com Matheus Fernandes da Silva, natural de São Julião do Sarafão, termo de Guimarães, arcebispado de Braga, filho de Domingos Fernandes e de Senhorinha João. Ela faleceu em Baependi, em 26-ABR-1757, um dia depois de sua ir-

165 Revista da ASBRAP nº 2 165 mã Joanna e foi sepultada com o nome de Clara Nogueira, na capela de N.Sª de Monte Serrate. 1-8- Maria Angélica Nogueira, natural de Baependi, onde se casou na capela de N.Sª de Montesserrate, que havia servido de matriz (sic), no dia 13-JUL-1756, com Manoel Rabelo Leite, natural de Santa Eulália, Fafe, antigo concelho de Monte Longo, comarca de Guimarães, arcebispado de Braga, filho de João Rabelo Leite e de Jerônima de Araújo. Ele faleceu em Aiuruoca, em 10-DEZ-1783, sendo sepultado no Turvo (hoje Andrelândia). Deixou testamento declarando não ter filhos de seu casamento, mas só dois filhos naturais. Maria Angélica Nogueira faleceu em 11-SET-1795, com testamento. Entre os bens por ela deixados figurou a fazenda do Rego d Água, legada a seus sobrinhos JOÃO DE SOUZA NOGUEIRA e sua mulher MARIA TEODORA (MONTEIRO) DE BARROS (*). 1-9- Antonia Maria de Jesus, natural de Baependi, onde em 20-NOV-1759 casou-se com Caetano José de Miranda, natural de Guaratinguetá, filho de Antonio da Motta Paes e de Helena Antunes do Prado (17). O nome de Anna Antonia, citado por alguns autores, parece ser engano ou confusão de leitura entre Donna e D. Anna (18). Ela foi a última filha. ----------------------------------------------------------------------------------------------------- NOTAS: NOTA 1- Segundo Silva Leme (19) o tenente Urias Emygdio Nogueira de Barros, bisneto do capitão mor Thomé Rodrigues Nogueira do Ó, nascido em Baependi em 1791, e falecido em 1882, na vila de São Miguel Arcanjo, que ele fundou, foi grande sertanista que veio de Baependi, MG, a Casa Branca, SP, em consecutivas viagens, por trilhas através das matas, galgando serras e atravessando rios. Ele foi um dos precursores da mudança dos Nogueiras de Baependi para Casa Branca e Santa Rita do Passa Quatro. No ano de 1828, em que seu pai João de Souza Nogueira faleceu em Casa Branca, ele já teria 37 anos e os Nogueiras já procuravam outras terras mais férteis para o plantio do café, cujas exportações já haviam principiado em 1816....

8 Família de Thomé Rodrigues Nogueira do Ó NOTA 2- Segundo um manuscrito de autoria de Hermano Roberto Nogueira Santa Maria, datado de Campinas, 15-JUN-1967, o bisneto do casal Maria Nogueira do Prado (II) e José Rodrigues de Affonseca, Coronel Antonio Marçal Nogueira de Barros foi um dos principais fundadores de São José do Rio Pardo. Outros descendentes do casal fixaram residência nos Estados do Rio de Janeiro, de Minas Gerais e de São Paulo.... NOTA 3- Alguns nomes ilustres da família: - Nicolau Nogueira do Valle Gama, o visconde Nogueira da Gama, que foi viador da Princesa Isabel, acompanhou o imperador D. Pedro II em sua primeira viagem à Europa, em 1871 e foi nomeado seu procurador quando ele se exilou (20). Foi mordomo da Casa Imperial em 6-MAR-1866 (21), cargo que ocupou com a condição de não ser remunerado. Foi deputado provincial. Foi o primeiro genealogista da família. - Manoel Jacintho Nogueira da Gama, Marquês de Baependi, que foi lente da Academia Naval da Marinha; foi um dos dez membros da comissão que elaborou a primeira constituição do Brasil, promulgada em 1824. - Condes de Baependi, Carapebus e Penamacor; viscondes de Jaguari, São Francisco, São Laurindo e Tourinho; barões de Aguiar Valim, Almeida Valim, Ataliba Nogueira, Bananal, Carmo, Joatinga, Juparanã, Moniz de Aragão, Ribeiro Barbosa e Santa Mônica (21).

167 Revista da ASBRAP nº 2 167 Filhos de Thomé Rodrigues Nogueira do Ó, segundo diversas fontes comparadas: NOBILIARQUIA PAULISTANA (Pedro Taques, III, 38): 1- Nicolau Antonio Nogueira 2- Joanna Nogueira 3- Maria Nogueira 4- Ângela Isabel Nogueira do Prado 5- Anna..., mulher de Antonio de Souza Ferreira 6- D. N..., mulher de José Rodrigues da Fonseca 7- D. Clara..., mulher de... 8- D. N... 9- D. N... 10-11- 12-13- 14-15- 16- BAEPENDI, José Alb. Pelucio, pág. 26, conforme J. Nog. Itagiba: 1- Alferes Nicolau Antonio Nogueira 2- Joanna Nogueira do Prado 3- Maria Nogueira do Prado 4- Ângela Isabel 5- Ana Nogueira do Prado 6-7- Clara Nogueira do Prado 8- Teresa Nogueira 9- Constança Nogueira 10- Escolástica Nogueira 11- Teresa Nogueira 12- Leonor Nogueira do Prado 13-14- 15-16- Celso Maria de Mello Pupo, pág. 230: 1- Nicolau Antonio Nogueira 2- Joana Nogueira do Prado 3- Maria Nogueira do Prado, C.c. Luís Pereira Dias 4- Ângela Isabel Nogueira 5- Anna de Jesus Nogueira 6- Maria Nogueira 7- Clara Maria Nogueira 8-9- 10-11- 12-13- Maria Angélica Nogueira 14- Ana Antonia Maria de Jesus do Prado (2) 15- Maria de Nazareth do Prado (3) 16- Antonia Nogueira GENEALOGIA PAULISTANA- Luís Gonzaga da Silva Leme, VI, 362: 1- Alferes Nicolau Antonio Nogueira 2- Joanna Nogueira do Prado Leme 3- Maria Nogueira do Prado, C.c. Luís Pereira Dias 4- Ângela Isabel Nogueira do Prado 5- Anna de Jesus Nogueira 6- Maria Nogueira do Prado, C.c. José Rodrigues da Fonseca 7- Clara Maria Nogueira 8-9- 10-11- 12-13- Maria Angélica Nogueira 14- Anna Antonia Maria de Jesus do Prado. 15-16- CAMPINAS, SEU BERÇO E JUVENTUDE-

8 Família de Thomé Rodrigues Nogueira do Ó O FUNDADOR DE BAEPENDI- Dr. José Guimarães, pág. 9: 1- Alferes Nicolau Antonio Nogueira 2- Joanna Nogueira do Prado Leme, ou J. N. de Lemos 3- Maria Nogueira do Prado, C.c. Luís Pereira Dias 4- Ângela Isabel Nogueira 5- Ana de Jesus Nogueira 6- Maria Nogueira do Prado C.c. J. A. Sobreira (1). 7- Clara Maria Nogueira ou Clara Leme do Prado 8-9- 10-11- 12-13- Maria Angélica Nogueira 14- Antonia de Jesus Nogueira (2) 15-16- NOTAS: (1)- O segundo marido do nº 6 foi José Rodrigues da Fonseca. (2)- O Dr. José Guimarães suprime o nome Anna do nº 14, por ser um engano de leitura. (3)- O Dr. José Guimarães diz que o nome Nazareth é uma leitura errada do nome Nogueira e a do nº 15 é a mesma do nº 6. BIBLIOGRAFIA: SL = Luiz Gonzaga da Silva Leme, Genealogia Paulistana PC = Pedro Calmon, "Memórias" do Visconde Nogueira da Gama JG = José Guimarães, O fundador de Baependi MP = Celso Maria de Mello Pupo, Campinas, seu berço,... JAP = José Alberto Pelucio, Baependi NPHG= Pedro Taques de Almeida Paes Leme, Nobiliarquia Paulistana. REFERÊNCIAS: 1 = SL, VI, 362, 5-4; 2 = MP/227; 3 = JAP/23; 4 = PC/7; 5 =JG/8; 6 = JG/9; 7 = PC/8 e JG/1; 8 = JG/2; 9 = JG/2; 10 = JAP/22; 11 = MP/229; 12 = JG/3; 13 = JAP/25; 14 = JG/7; 15 = JG/32; 16 = PC/9; 17 = SL, III, 77; 18 = JAP/20; 19 = SL 6o./401, 9-1; 20 = PC/6; 21 = MP/230; 22 = PC/58; 23 = PC/59. (*) - Os nomes em maiúsculas são de ascendentes do autor deste artigo... GENEALOGIA Das velhas notações, de tempos fenecidos, Copio, com carinho, o que me foi legado Por irmãos, pais, avós, tios e primos queridos, Dos quais nada mais há que um retrato apagado. Se, automaticamente, os dedos vão e vêm, O pensamento não: esse voa em vertigem,

Família de Thomé Rodrigues Nogueira do Ó 8 Ao sabor do que diz uma data que alguém Rabiscou, sem saber que eram marcos, origem, Para a gente lembrar fatos, coisas, lugares... E os rostos, bom Jesus?! E os sóis? E os meus luares? E a fogueira no chão da cozinha de terra?... E os dedos vão e vêm... E o pensamento erra Pelo tempo que foi e que volta na idade Com sabor de canção, nos braços da saudade!... Sorocaba, 27 de agosto de 1976 Afonso Celso de Oliveira. (Nota: o poeta também é descendente desta família)