A GERAÇÃO FOTOVOLTAICA E SUA CONTRIBUIÇÃO ENERGÉTICA E DESLOCAMENTO DA DEMANDA NA SEDE CENTRO DA UTFPR

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A GERAÇÃO FOTOVOLTAICA E SUA CONTRIBUIÇÃO ENERGÉTICA E DESLOCAMENTO DA DEMANDA NA SEDE CENTRO DA UTFPR Juliana D Angela Mariano 1 ; Jair Urbanetz Junior 2 Resumo A geração fotovoltaica (FV) distribuída é caracterizada pela aplicação de várias plantas de pequena potência em centros urbanos. Esta forma de energia merece destaque especial devido à possibilidade de instalação em áreas existentes, tais como telhados e fachadas. Assim, a implantação destes sistemas representa modificações positivas do cenário urbano, com a adesão de módulos FV, apresentando impactos sociais e ambientais muito menores do que de usinas convencionais de grande porte. Neste sentido, este estudo tem por objetivo a análise das curvas de demanda e consumo da edificação da sede Centro da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) em Curitiba, mediante aplicação da plataforma CAS Hemera da COPEL, a fim de determinar o potencial para implementação de Sistemas Fotovoltaicos Conectados à Rede Elétrica (SFVCR) neste local, pois possibilitam a redução de custos com energia elétrica a partir da aplicação da geração distribuída. Em dezembro de 2011 foi inaugurado o primeiro SFVCR da UTFPR, localizado na sede Centro, em um dos blocos da universidade, que até o final de 2016 gerou um total de 11,67 MWh de energia elétrica. Neste trabalho é proposto um cenário de ampliação do SFVCR, utilizando as coberturas disponíveis, e é apresentada a contribuição da geração FV quanto ao deslocamento ou redução dos picos de demanda de energia e a contribuição energética para a sede Centro da UTFPR. PALAVRAS-CHAVE: Geração distribuída, curvas de geração fotovoltaica, irradiação solar. Introdução O SFVCR da sede Centro da UTFPR em Curitiba apresenta uma potência instalada de 2,1 kwp (10 módulos KYOCERA de tecnologia de silício policristalino, modelo KD210GX-LP ligados em série) e um inversor monofásico em 220V de 2 kw de potência nominal (PVPOWERED modelo PVP2000), ocupando na cobertura da edificação para esse painel apenas 15m² [1]. Quanto à inclinação dos painéis fotovoltaicos (FV), estes estão instalados a 15º e com desvio azimutal de 22º para o oeste, seguindo o telhado da edificação. Metodologia 1. Mestre Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, Paraná, julianadangela@gmailcom 2. Doutor Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, Paraná, urbanetz@utfpr.edu.br O estudo da viabilidade da ampliação do SFVCR existente, contemplou diversas etapas descritas a seguir. Neste sentido, a primeira etapa refere-se ao levantamento do recurso solar, que foi feito através do Atlas Brasileiro de Energia Solar [2], o qual apresenta valores de irradiação solar para o plano horizontal para a longitude e latitude do local. No entanto, a estimativa da irradiação solar mensal e anual, para o plano inclinado conforme o cenário proposto é realizada a partir da aplicação de programas específicos, que neste caso optou-se pelo uso do Radiasol, desenvolvido

pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Este programa é capaz de simular o comportamento real do gerador fotovoltaico, no que se refere à disponibilidade de irradiação solar ao longo do ano mediante parâmetros de entrada como coordenadas geográficas, irradiação local (Figura 1), inclinação e orientação dos módulos, assim possibilitando o cálculo da energia mensal e anual [3]. Figura 1. Radiasol com Valores de Irradiação no Plano Horizontal da Sede Centro da UTFPR Em seguida, obteve o critério de escolha dos dias típicos para análise de consumo e demanda, adotando-se os dias típicos de irradiação, através de dados meteorológicos do INMET no ano de 2016 e que coincidissem com os dias letivos na universidade [4]. Assim, foi realizado a análise das áreas de cobertura, ou seja, telhados e locais disponíveis para alocação dos módulos fotovoltaicos na sede Centro realizada mediante a avaliação das plantas baixas disponibilizadas pelo Departamento de Projetos (DEPRO) da UTFPR câmpus Curitiba e levantamento in loco, visando também evitar o comprometimento estético da edificação, e ao mesmo tempo determinar o potencial fotovoltaico do câmpus. Com isso, foi possível realizar o dimensionamento do SFVCR, que pode ser iniciado a partir da área disponível e da área dos módulos fotovoltaicos, conforme Equação 1 [5]. Áreadisp Nmód Áreamód (1) Onde: Nmód: número de módulos; Áreadisp: área disponível; Áreamód: área de módulos adicionada à área de espaçamento evitando sombreamento entre as fileiras. A partir da potência do módulo e sua quantidade é possível calcular o valor da potência de pico instalada do painel ou arranjo, conforme Equação 2 [5]. P FV Pmód Nmód (2) Onde: PFV: potência fotovoltaica de pico instalada (Wp); Pmód: potência dos módulos; Nmód: número de módulos. Para maximizar a geração anual em um SFVCR, a inclinação dos módulos deve ser correspondente a latitude local, para o caso de Curitiba, 25 e orientado para o norte geográfico. Obtidos os valores de irradiação diários médios mensais no plano do painel fotovoltaico, estimase a geração diária média de energia elétrica através da Equação 3 [5]. P E FV H G TOT PR (3) Onde: E: energia elétrica diária média (Wh/dia); PFV: potência fotovoltaica de pico instalada (Wp); HTOT: irradiação solar diária média mensal para a localidade em questão (Wh/m².dia); PR: Taxa de Desempenho ou Performance Ratio, tipicamente entre 70 e 80% (75% para esta análise); G: irradiância nas Condições Padrão de Teste (1.000 W/m²). A partir dos valores mensais de energia elétrica produzida pelo SFVCR calculados na Equação 3, é possível analisar a contribuição do gerador fotovoltaico proposto, em relação a energia produzida e sobrepondo a curva de potência fotogerada com a curva de demanda, possibilitando identificar a possível contribuição na redução do pico de demanda.

Para a coleta de dados referentes ao consumo e demanda de energia, ou seja, memórias de massa do medidor de energia elétrica da sede Centro, utilizou-se a plataforma denominada CAS Hemera [6]. Em termos de redução do consumo energético, um parâmetro para análise dos resultados será o Nível de Penetração Energético (NPE), calculado conforme a Equação 4. E NPE E FVNP SE 100 (4) Onde: EFVNP: Energia gerada pelo sistema fotovoltaico com determinado Nível de Penetração (NP), ao longo de um dia ou ano (MWh); ESE: Energia consumida pela Unidade Consumidora (UC) em estudo, ao longo de um dia ou ano (MWh). Para o cálculo da energia gerada pelo sistema fotovoltaico com determinado NP, ao longo de um dia (MWh), utiliza-se a Equação 5. E FVNP PFVNP HTOTA 365 PR (5) Onde: EFVNP: Energia gerada pelo sistema fotovoltaico, com um certo NP, ao longo do ano, GWh; PFVNP: Potência fotovoltaica de pico, definida em função do NP (MWp); HTOTA: irradiação solar diária média anual para a cidade de Curitiba (Wh/m².dia); PR: Performance Ratio ou taxa de desempenho do sistema, considerada igual a 0,75. O parâmetro aplicado para análise da redução de demanda é análise do Fator Efetivo de Capacidade de Carga (FECC) que consiste em subtrair do pico da curva de demanda deste dia o pico da curva equivalente à demanda do alimentador em questão quando são inseridos os SFVCR e logo após dividir este valor pela capacidade nominal instalada do SFVCR, como é apresentado na Equação 6 [7]. P FECC DMAX P PFVNP DMAXFV 100 (6) Onde: FECC: Fator Efetivo de Capacidade de Carga, %; PDMAX: Potência demandada máxima no dia sem a contribuição fotovoltaica; PDMAXFV: Potência demandada máxima no dia com a contribuição fotovoltaica; PFVNP: Potência fotovoltaica de pico, definida em função do NP (MWp). Resultados e Discussões Na Tabela 1 são mostrados os valores de irradiação no plano inclinado, obtidos no programa Radiasol, considerando 23º para inclinação do painel fotovoltaico e desvio azimutal do local de 22º para o oeste. Tabela 1. Dados de Irradiação no Plano Inclinado Fonte: Adaptado de [3]. Adicionalmente foi realizado um levantamento dos valores de irradiação diários incidentes na cidade de Curitiba nos meses de março e junho de 2016, período que compreende o calendário letivo da instituição e que se aproximassem do verão e do inverno. Nessas medições, obteve-se como sendo o dia 17/03/2016 o dia típico de irradiação máxima e o dia 15/06/2016 o dia típico de irradiação mínima, e estes serão utilizados nesta análise. Na Tabela 2 são apresentados os valores de irradiação obtidos nestas datas a partir dos dados meteorológicos do INMET. Data Tabela 2. Dias Típicos Selecionados Irradiação Irradiação Diária (kwh/m².dia) 17/03/2016 Típica 5,75 15/06/2016 Típica 3,83 Fonte: Adaptado de [4]. A partir da análise de sombreamento realizada, identificaram-se os blocos mais adequados para a aplicação de módulos fotovoltaicos sendo: A, B,

C, D, L, T e Q, conforme indicados na Figura 3, pois estes apresentam suas coberturas com pouca inclinação e sem sombreamento por edificações adjacentes ou vegetações. Assim, a área total dos blocos escolhidos para implantação do SFVCR é de aproximadamente de 6.500 m², conforme Figura 3. Logo, com o valor da potência instalada, irradiação média anual obtida no Radiasol para o plano inclinado e Performance Ratio de 0,75 é possível estimar, através da Equação 3, os valores de geração média de energia elétrica mensal e anual descritos em MWh na Tabela 3. 645,81 4,84 0,75 E 1 E 2.344,29kWh / dia Tabela 3. Geração Média de Energia Mensal e Anual Figura 3. Áreas de Coberturas Selecionadas Fonte: Adaptado de [8]. Para o dimensionamento do SFVCR proposto, optou-se pelo módulo fotovoltaico da Hareon Solar, com potência 330 Wp, o qual apresenta uma área de 1,94m². Entretanto, é necessário acrescentar a área de espaçamento, ou seja, a distância entre módulos, a fim de evitar o sombreamento entre as fileiras (1,65m²), chegando-se a uma área total requerida por módulo de 3,45 m². Dessa forma aplicou-se a Equação 1, obtendose o número de módulos igual a 1.957. Nmód 6.500m² 3,32m² N mód 1.957 Com a quantidade de módulos é possível calcular a potência do gerador fotovoltaico aplicando-se a Equação 2, obtendo-se uma potência instalada de 645,81 kwp. P FV 330 1.967 PFV 645, 81kWp A análise proposta possibilitou a determinação do potencial para geração fotovoltaica da sede Centro da UTFPR, resultando em um sistema aproximadamente 307,5 vezes maior que o SFVCR existente. Com base nesse resultado, é proposto um cenário de ampliação do sistema existente na sede, extrapolando os valores de potência obtidos (307,5x) nos dias elencados para a análise. Na Tabela 4 são mostrados os dados de consumo desta sede, bem como o total de energia fotogerada considerando a potência instantânea do inversor do SFVCR (aumentado em 307,5) instalado nesta sede e os respectivos percentuais de redução energéticos para os dias elencados para a análise, onde o mês de março apresentou maior potencial de redução de energia em geral, devido à maior disponibilidade de irradiação solar. Tabela 4. Consumo, Energia Fotogerada e Percentual de Redução Consumo Total de Percentual Data Diário Energia de Total Fotogerada Redução (kwh) (kwh) (%) 17/03/2016 41.328 2.387 5,8% 15/06/2016 36.676 2.085 5,7% De acordo com a Tabela 4, os dias de irradiação típica de março e junho apresentam potencial de redução de energia equivalente, mas devido a esta sede apresentar um alto consumo,

seus percentuais de redução se mostraram reduzidos. Na figura 4 são mostradas as curvas de demanda da UTFPR para os dias selecionados, obtida na plataforma CAS Hemera. Conforme os gráficos gerados pela plataforma CAS Hemera, a demanda fornecida pela COPEL, medida na da sede Centro da UTFPR apresentou valor de pico de demanda por energia elétrica às 16:00 horas, registrado valor de 2.846 kw no dia 17/03/2016. Já para um dia de irradiação típica de junho, o horário de maior demanda ocorreu também às 16:00 horas registrando uma potência de 2.340 kw no dia 15/06/2015. Neste sentido, é observado também a possibilidade de ocorrência de deslocamento do pico de demanda de energia na rede elétrica local no período das 17:00 respectivamente. Figura 4. Curvas de Demanda dos Dias Típicos Fonte: Telemedição (2016). Na figura 5 é apresentado o comportamento da demanda que seria observada na sede Centro no dia 17/03/2016 e 15/06/2016 considerando a existência do SFVCR de 645,81 kwp proposto. Obteve-se a sobreposição das curvas de demanda fornecida com a potência calculada, resultando em uma considerável alteração no comportamento da demanda ao longo do dia. Figura 5. Nova Curva de Demanda Dia Típico de Inverno A energia total consumida nesta sede no ano de 2016 foi de 6.442,28 MWh e a energia gerada por um SFVCR de 645,81 kwp, seria de 855,67 MWh. Aplicando-se parâmetros de análise através do cálculo do Nível de Penetração Energético (NPE), Equação 4: 855,67 NPE 100 NPE 13,28% 6.442,28 Logo, a partir da aplicação desta equação obteve-se um NPE de 13,28% de redução de energia elétrica com a implantação de um SFVCR de 645,81 kwp. Para análise dos dias escolhidos no que se refere à redução dos picos de demanda, utilizouse a Equação 6 e seus resultados são apresentados na Tabela 5.

Tabela 5. Cálculo do FECC Para a Sede Centro Fator Efetivo de Capacidade de Carga (645,81 kwp) Dia Demanda Nova Demanda FECC (%) 17/03/2016 2.846 2.802 6,8 15/06/2016 2.340 2.316 3,7 De acordo com os dados apresentados na Tabela 5, nota-se que a redução máxima dos picos de demanda ocorre no dia 17/03/2016, resultando em um FECC de 6,8%. Entretanto no dia 15/06/2017, essa redução ocorre, mas em menor proporção com apenas 3,7%. Conclusões Por meio da metodologia proposta, identificou-se que a sede Centro da UTFPR apresenta uma significativa área disponível para ampliação do SFVCR existente comportando a potência instalada 307,5 vezes maior que o SFVCR de 2,1 kwp existente nesta sede. Com relação ao NPE, obteve-se um nível significativo de redução de energia com implantação do SFVCR proposto, e a partir da escolha dos dias típicos identificouse o FECC variando positivamente na redução de pico de demanda, dependendo da condição de irradiação solar disponível para o dia selecionado. Cabe ressaltar que o cenário proposto utilizou o perfil de potência disponibilizada pelo SFVCR de 2,1 kwp existente na sede Centro da UTFPR, e em operação desde dezembro de 2011. Como a proposta dessa pesquisa adotou metodologias que permitem maior ganho na geração FV, mediante análises de sombreamento e aplicação de tecnologias mais eficientes de conversão, como por exemplo, aplicação de inversores de alto rendimento e módulos FV com maior eficiência, certamente a curva de geração FV apresentará maior intervalo de aproveitamento solar. Logo o SFVCR proposto efetivamente provocará alteração no perfil da curva de demanda da universidade conforme os dias analisados. Portanto, o estudo aponta que a inserção de um SFVCR na instituição, contribuirá com a redução dos custos com energia elétrica devido à contribuição energética deste sistema, bem como, principalmente nos dias de alta incidência solar, existirá alteração no perfil da curva de demanda, podendo inclusive deslocar ou reduzir o pico da mesma. Referências [1] URBANETZ JUNIOR, J. TIEPOLO, G. M. CASAGRANDE JUNIOR, E. F. TONIN, F. S. MARIANO, J. D. Geração Distribuída Fotovoltaica: O Caso dos Sistemas Fotovoltaicos da UTFPR em Curitiba. X Congresso Brasileiro De Planejamento Energético. Gramado-RS. 26 a 28 de setembro de 2016. [2] PEREIRA, E. B. MARTINS, F. R. ABREU, S. L. RÜTHER, R. Atlas Brasileiro de Energia Solar. São José dos Campos, 2006. [3] UFRGS. Programa RADIASOL. Laboratório de Energia Solar. Disponível em <http://www.solar.ufrgs.br/#softwares>. Acesso em 10 mai. 2016. [4] INMET. Instituto Nacional de Meteorologia. Disponível em <http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=home/pa ge&page=sobre_inmet>. Acesso em 5 ago. 2016. [5] URBANETZ JUNIOR, J. Energia solar fotovoltaica: fundamentos e dimensionamento de sistemas. Curitiba, 2012. [6] TELEMEDIÇÃO. Sistema de Telemedição de Energia. Disponível em <http://telemedicao.copel.com/hemera/hemera.jsp>. Acesso em 5 mai. 2016. [7] REBECHI, Samuel Hilário. O potencial da geração solar fotovoltaica conectada ao sistema de distribuição urbano: estudo de caso para um alimentador com pico de carga diurno. 2008. 100 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) UFSC, Florianópolis-SC, 2008 [8] UTFPR. Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Disponível em <http://www.utfpr.edu.br/curitiba>. Acesso em 28 abr. 2016.