INFLUÊNCIA DA DENSIDADE E COMPOSIÇÃO QUÍMICA DE Pinus sp. E Eucalyptus sp. NA COLAGEM

Documentos relacionados
PROPRIEDADES DE MADEIRA DE DIFERENTES MATERIAIS GENÉTICOS PARA A PRODUÇÃO DE CARVAO VEGETAL

Correlações entre propriedades da madeira e do carvão vegetal de clone de Eucalyptus urophylla

Investigação do tempo de secagem no teor de umidade e nas características físicas e químicas da madeira para produção de celulose

II Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia da Madeira Belo Horizonte - 20 a 22 set 2015

CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA E FÍSICA DA MADEIRA DE PROCÊDENCIAS DE Eucalyptus

Avaliação Da Influencia Do Tratamento Térmico Nas Propriedades Energéticas De Diferentes Espécies

Regras para uma boa colagem

EFEITO DO TRATAMENTO TÉRMICO NA ESTABILIDADE DIMENSIONAL DE PAINÉIS AGLOMERADOS DE Eucalyptus grandis

Variação transversal da composição química de árvores de Eucalyptus globulus com 15 anos de idade

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA CAMPUS DE BOTUCATU FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA FLORESTAL PLANO DE ENSINO

Ciência Florestal, Santa Maria, v. 11, n. 2, p ISSN

11 a 14 de dezembro de 2012 Campus de Palmas

PRODUÇÃO DE PAINEL COMPENSADO ESTRUTURAL DE Eucalyptus grandis E Eucalyptus dunnii

UTILIZAÇÃO DE ADESIVO PVA EM COMPENSADOS DE Pinus sp. E Eucalyptus sp. * UNESP - Univ Estadual Paulista, Campus de Itapeva, SP, Brasil 2

II Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia da Madeira Belo Horizonte - 20 a 22 set 2015

Correlações entre os parâmetros de qualidade da madeira e do carvão vegetal de clones de eucalipto

PRODUÇÃO DE ENERGIA DAS MADEIRAS DE ESPÉCIES FLORESTAIS SOB MANEJO FLORESTAL SUSTENTÁVEL QUE OCORREM NO SEMIÁRIDO POTIGUAR

Chemical and physical characterization of Eucalyptus wood

CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DOS ADESIVOS E ph DAS MADEIRAS DE EUCALIPTO E PINUS PARA A COLAGEM

PRODUÇÃO DE CHAPAS DE MADEIRA AGLOMERADA DE CINCO ESPÉCIES DE PINUS TROPICAIS RESUMO ABSTRACT

PRODUÇÃO DE PAINÉIS COMPENSADOS DE PINUS TROPICAIS COLADOS COM RESINA FENOL-FORMALDEÍDO

INFLUÊNCIA DO TEOR DE UMIDADE NAS PROPRIEDADES DE ADESÃO DA MADEIRA DE EUCALIPTO RESUMO ABSTRACT

CERNE ISSN: Universidade Federal de Lavras Brasil

INFLUÊNCIA DA TERMORRETIFICAÇÃO NAS PROPRIEDADES FÍSICAS DA MADEIRA DE Eucalyptus grandis

Avaliação da resistência de juntas coladas da madeira de Eucalyptus benthamii com diferentes adesivos e faces de colagem

Propriedades físicas de painéis de partículas de média densidade de Sequoia sempervirens

AVALIAÇÃO DA POLPAÇÃO SODA DE PINUS TAEDA COM ADIÇÃO DE ANTRAQUINONA

Comparação das propriedades físicas de painéis aglomerados de Pinus de origem industrial e laboratorial

PRODUÇÃO DE COMPENSADOS DE Pinus taeda L. E Pinus oocarpa Schiede COM DIFERENTES FORMULAÇÕES DE ADESIVO URÉIA FORMALDEÍDO 1

EFEITO DA COMBUSTÃO DOS GASES DA CARBONIZAÇÃO NO RENDIMENTO GRAVIMÉTRICO DA MADEIRA DE Eucalyptus sp.

ANÁLISE DA QUALIDADE DE COLAGEM DE ELEMENTOS DE MADEIRA LAMINADA COLADA. J. C. Molina 1, T. Garbelotti 2

INFLUÊNCIA DAS CARACTERÍSTICAS ANATÔMICAS E DO TEOR DE EXTRATIVOS TOTAIS DA MADEIRA DE

Avaliação das propriedades físicas e químicas da madeira de Corymbia citriodora e Eucalyptus urophylla x Eucalyptus grandis cultivadas no Piauí

Resíduos madeireiros de eucalipto colados com resina ureia formaldeído à temperatura ambiente

RESUMO. Potential use of waste generated by the pruning Acacia mangium grown in southern state Piauí for the production of wood panels crowded

Revista Árvore ISSN: Universidade Federal de Viçosa Brasil

ANÁLISE DE CRITÉRIOS DE QUALIDADE DA MADEIRA DE EUCALIPTO PARA PRODUÇÃO DE CELULOSE KRAFT 1

CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DAS MADEIRAS DE Eucalyptus badjensis e Pinus spp. VISANDO A PRODUÇÃO DE PAINÉIS AGLOMERADOS

MODIFICAÇÃO QUÍMICA DE PARTÍCULAS STRANDS PRÉ-HIDROLISADAS

Programa Analítico de Disciplina ENF355 Tecnologia da Madeira

QUALIDADE DE PAINÉIS AGLOMERADOS HOMOGÊNEOS PRODUZIDOS COM A MADEIRA DE CLONES DE Eucalyptus urophylla

Características de crescimento, composição química, física e estimativa de massa seca de madeira em clones e espécies de Eucalyptus jovens

Propriedades físico-mecânicas de painéis aglomerados produzidos com a madeira de Eucalyptus grandis em diferentes posições radiais

IPEF n.15, p , 1977

Efeito da gramatura sobre a qualidade de colagem lateral da madeira de Tectona grandis

VARIAÇÕES DAS CARACTERÍSTICAS DA MADEIRA E PROPRIEDADES DA CELULOSE SULFATO DE Pinus oocarpa EM FUNÇÃO DA IDADE DO POVOAMENTO FLORESTAL

11 a 14 de dezembro de 2012 Campus de Palmas

AVALIAÇÃO DE LINHAS DE COLAGEM DE PAINÉIS E.G.P. UTILIZANDO MADEIRAS DE Pinus taeda E Tectona grandis.

RESISTÊNCIA DAS JUNTAS COLADAS DE MADEIRAS DE Inga alba (SW) Willd E Swartzia recurva Poepp

ANÁLISE DAS PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS DE PAINÉIS DE PARTICULAS ORIENTADAS PRODUZIDOS COM MADEIRA DE PINUS EM DIFERENTES PROPORÇÕES DE CAMADAS

EFEITO DA TEMPERATURA NA DENSIDADE E NO RENDIMENTO GRAVIMÉTRICO DE CARVÃO DE CLONES DE EUCALIPTO

EFEITO DE CICLOS DE UMIDADE RELATIVA E TEMPERATURA DO AR NA RESISTÊNCIA DE JUNTAS COLADAS COM LÂMINAS DE

Estudo da composição química de madeiras de Eucalyptus saligna e Eucalyptus globulus spp. maideni em diferentes regiões do tronco

PRODUÇÃO DE COMPENSADOS DE Pinus taeda E Pinus oocarpa COM RESINA FENOL-FORMALDEÍDO

Parâmetros de qualidade da madeira e do carvão vegetal de Eucalyptus pellita F. Muell.

Utilização de feixes de fibras de Pinus spp e partículas de polietileno de baixa densidade (PEBD) para produção de painéis aglomerado

EFFECT OF HEAT TREATMENT ON PROPERTIES OF QUIMICAS Eucalyptus

Torrefação de cavacos de eucalipto para fins energéticos

RELAÇÕES ENTRE PROPRIEDADES QUÍMICAS, FÍSICAS E ENERGÉTICAS DA MADEIRA DE CINCO ESPÉCIES DE CERRADO

Ciência Florestal ISSN: Universidade Federal de Santa Maria Brasil

XV EBRAMEM - Encontro Brasileiro em Madeiras e em Estruturas de Madeira 09-11/Mar, 2016, Curitiba, PR, Brasil

Madeiras de pinus e eucalipto foram coladas variando a quantidade de adesivo, pressão de

CELULOSE SULFATO BRANQUEADA DE BRACATINGA

Ciência Florestal ISSN: Universidade Federal de Santa Maria Brasil

POTENCIAL ENERGÉTICO DA MADEIRA DE Eucalyptus sp. EM FUNÇÃO DA IDADE E DE DIFERENTES MATERIAIS GENÉTICOS 1

JULIANA JERÁSIO BIANCHE INTERFACE MADEIRA-ADESIVO E RESISTÊNCIA DE JUNTAS COLADAS COM DIFERENTES ADESIVOS E GRAMATURA

INFLUÊNCIA DO TRATAMENTO TÉRMICO NA ESTABILIDADE DIMENSIONAL DA MADEIRA DE AMESCLA (Trattinnickia burseraefolia Mart.)

- Princípios de construção - Tipos de painéis compensados e classificação - Métodos de aplicação do adesivo - Pré-prensagem e prensagem - Temperatura

COMPENSADOS DE Toona ciliata M. Roem. var. australis

Cisalhamento na Linha de Cola de Eucalyptus sp. Colado com Diferentes Adesivos e Diferentes Gramaturas

MESTRE MARCENEIRO UMIDADE DA MADEIRA O QUE É MADEIRA SECA?

Código de identificação: T8-11

Recebido para publicação em 16/04/2008 e aceito em 14/08/2009.

Efeito da antraquinona na curva de cozimento kraft para madeira do híbrido Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla

Água de adesão = faixa de umidade que vai de 0% a aproximadamente 30%.

PRODUÇÃO DE PAINÉIS AGLOMERADOS COM MISTURAS DE SEIS ESPÉCIES DE MADEIRAS DA AMAZÔNIA E Pinus taeda

Ciência Florestal, Santa Maria, v.10, n.1, p ISSN UTILIZAÇÃO DE EXTENSORES ALTERNATIVOS NA PRODUÇÃO DE COMPENSADOS MULTILAMINADOS

QUALIDADE DA MADEIRA DE EUCALIPTO PLANTADO EM SISTEMA AGROSILVOPASTORIL PARA A PRODUÇÃO DE CARVÃO VEGETAL

Características Físico-Química, Energética e Dimensões das Fibras de Três Espécies Florestais do Semiárido Brasileiro

XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010

COMPÓSITOS CIMENTÍCIOS PRODUZIDOS COM RESÍDUOS DA INDÚSTRIA MADEIREIRA DE PORTO VELHO

CARACTERÍSTICAS DENDROMÉTRICAS, QUÍMICAS E DENSIDADE BÁSICA DA MADEIRA DE HÍBRIDOS DE

CIRCULAR TÉCNICA N o 124. Dezembro/1980

PRODUÇÃO DE PAINÉIS COMPENSADOS ESTRUTURAIS COM DIFERENTES CIOMPOSIÇÕES DE LÂMINAS DE Eucalyptus saligna E Pinus caribaea¹

INFLUÊNCIA DAS DIMENSÕES DA MADEIRA DE Eucalyptus urophylla NO PROCESSO DE SECAGEM

CIRCULAR TÉCNICA N o 82. Dezembro/1979. MANUFATURA DE PAINÉIS COMPENSADOS COM MADEIRA DE Eucalyptus spp: RESULTADOS PRELIMINARES

Nesta pesquisa, foram produzidas em laboratório, chapas de madeira aglomerada de Eucalyptus

EFFECT OF THE SITE IN TECHNOLOGICAL CHARACTERISTICS OF EUCALYPTUS WOOD FOR KRAFT PULP PRODUCTION

RELAÇÃO DO TEOR DE UMIDADE COM O CONSUMO DO COMBUSTÍVEL BPF NO PROCESSO DE SECAGEM DA MADEIRA EM UMA AGROINDÚSTRIA

PRODUÇÃO DE PAINÉIS DE MADEIRA AGLOMERADA DE Grevillea robusta

PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS DE COMPENSADOS COM LÂMINAS DE PINUS TAEDA L. TRATADAS COM CCA

Caracterização anatômica, física e química da madeira de clones de Eucalyptus cultivados em áreas sujeitas à ação de ventos

Chapas de partículas aglomeradas produzidas a partir de resíduos gerados após a extração do óleo da madeira de candeia (Eremanthus erythropappus)

CARACTERIZAÇÃO TECNOLÓGICA DA MADEIRA DE

Potencial de utilização da madeira de Sclerolobium paniculatum, Myracrodruon urundeuva e Amburana cearensis para produção de compensados

Ciência Florestal ISSN: Universidade Federal de Santa Maria Brasil

CORRELAÇÕES ENTRE CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E QUÍMICAS DA MADEIRA E A PRODUÇÃO DE CARVÃO: 2. DENSIDADE DA MADEIRA X DENSIDADE DO CARVÃO

ESTUDO DA INCORPORAÇÃO DE LODO DE ETA EM PAINÉIS DE MADEIRA AGLOMERADA

AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS DE PAINÉIS DE FIBRAS DE MÉDIA DENSIDADE (MDF) PRODUZIDOS PELAS INDÚSTRIAS BRASILEIRAS

Transcrição:

INFLUÊNCIA DA DENSIDADE E COMPOSIÇÃO QUÍMICA DE Pinus sp. E Eucalyptus sp. NA COLAGEM Juliana J. BIANCHE 1 ; João Paulo S. LADEIRA 1 ; Ana Paula M. TEIXEIRA 1 ; Bráulio da.s.de.oliveira 1 ; Antônio José V. ZANUNCIO 1 ; Angélica de Cássia O. CARNEIRO 1 1 Departamento de Engenharia Florestal, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa-MG Resumo: Com relação à colagem das madeiras, são encontradas dificuldades, uma vez que existem grandes diferenças (químicas, físicas e anatômicas) entre espécies de coníferas e folhosas, e variações entre espécies e dentro das espécies. Este trabalho teve como objetivo avaliar a influência da densidade e composição química de Pinus sp. e Eucalyptus sp. na colagem. A densidade básica das madeiras foi determinada utilizando o método de imersão em água. As análises químicas foram efetuadas na fração de serragem classificadas nas peneiras de 40/60 mesh, para posterior quantificação do teor de extrativos totais, teor de lignina total e teor de holoceluloses. A menor densidade da madeira de pinus em relação à madeira de eucalipto pode facilitar a penetração do adesivo na madeira, podendo em alguns casos, se o adesivo for pouco viscoso, resultar em linha de cola faminta. A presença de extrativos nas madeiras, como a resina na madeira de pinus, pode interferir na colagem, impedindo a adesão na linha de cola. Palavras-chave: Análise química, densidade, madeira. Abstract: With regard to the bonding of woods, difficulties are encountered, since there are major differences (chemical, physical and anatomical) among species of conifers and hardwoods, and variation between species and within of species.this study aimed to evaluate the influence of density and chemical composition of Pinus sp. and Eucalyptus sp. in bonding. The basic wood density was determined using the water immersion method. The chemical analyzes were performed on sawdust fraction classified in sieves 40/60 mesh, for subsequent quantification of the extractives, the total lignin and holoceluloses contents.the lower density of pine wood in relation to eucalyptus wood facilitates the penetration of the adhesive into the wood, and in some cases if the adhesive is low viscosity, result in starved glue line.the presence of extractives in the woods, like the resin in wood of pine, can interfere with thebonding, impeding the adhesion of the glue line. Keywords: Chemical analysis, density, wood. 1. INTRODUÇÃO A formação da ligação depende da reatividade entre o adesivo e o substrato. A adesão é um campo muito complexo, além do alcance de qualquer modelo ou teoria, dado o número de fenômenos envolvendo a adesão, a variedade dos materiais a serem colados e a diversidade das condições de colagem. Com relação às madeiras, também são encontradas dificuldades,

uma vez que existem grandes diferenças (químicas, físicas e anatômicas) entre espécies de coníferas e folhosas, e variação entre espécies e dentro da espécie (MARRA, 1992). Com relação à composição química da madeira, dependendo das propriedades físicas e químicas dos extrativos, eles podem facilitar ou dificultar o processo de colagem da madeira (PIZZI e MITTAL, 1994). Os extrativos, que definem o ph (potencial hidrogeniônico) da madeira, podem acelerar a reatividade de adesivos, impregnando a superfície da madeira, podendo impedir a aproximação necessária para que ocorra a adesão (ALMEIDA, 2013). Algumas madeiras podem apresentar extrativos com ph que inibem o endurecimento do adesivo, prejudicando o desenvolvimento da resistência e coesão adequada na linha de cola. O ph da madeira pode favorecer o pré-endurecimento do adesivo, impedindo as funções de movimento e mobilidade, como a fluidez, penetração e umectação do adesivo na madeira (ALBUQUERQUE e LATORRACA, 2005). Na dependência da quantidade e do tipo de extrativo presente na madeira, pode ocorrer uma interferência nas reações de polimerização do adesivo ou uma reação entre o adesivo e o extrativo gerando linhas de cola com fraco desempenho (LIMA et al., 2007). Jankowsky (1988) já considerava tal fato ao concluir que madeiras com elevados teores de extrativos apresentam dificuldades de colagem. A densidade da madeira apresenta uma relação inversa com a porosidade e a penetração de adesivos. Em madeiras de baixa densidade, ocorre maior penetração do adesivo e poderá resultar em linha de cola faminta. Já em madeiras de alta densidade há maiores alterações dimensionais resultantes das variações de teor de umidade, gerando maiores tensões de linha de cola, dificultando o processo de colagem (IWAKIRI, 2005). Este trabalho teve como objetivo avaliar a influência da densidade e composição química de Pinus sp. e Eucalyptus sp. na colagem. 2. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado no Laboratório de Painéis e Energia da Madeira, da Universidade Federal de Viçosa, em Viçosa, Estado de Minas Gerais. Foram utilizadas as madeiras de Eucalyptus sp. e Pinus sp. provenientes da região de Viçosa-MG e do comércio local, respectivamente. As madeiras foram obtidas em forma de tábuas, que foram transformadas em lâminas de 40 cm de comprimento x 10 cm de largura x 0,6 cm de espessura. Determinou-se a densidade básica das madeiras utilizando o método de imersão em água, segundo a norma NBR 11941-02 (ABNT, 2003). Para a análise química, utilizaram-se amostras das madeiras que, primeiramente, foram transformadas em palitos e, posteriormente, moídas em moinho tipo Wiley para a obtenção da serragem, conforme a norma TAPPI T 257 om-92 (1992). As análises químicas foram efetuadas na fração de serragem classificadas nas peneiras de 40/60 mesh. O material foi armazenado em frascos de vidro e condicionado a uma umidade relativa de 50 ± 2% e temperatura de 23 ± 1 C, para posterior quantificação do teor de extrativos totais, teor de lignina total e teor de holoceluloses. O teor de extrativos na madeira foi determinado, segundo a norma TAPPI T 204 cm- 97 (1997), utilizando a mistura álcool/tolueno (1:2). Obteve-se o teor de extrativos em álcool/tolueno por diferença de massa nas amostras de serragem antes e após as extrações em água fria e quente. O teor de lignina (Klason) foi determinado de acordo com os procedimentos descritos por Gomide e Demuner (1986). A lignina solúvel em ácido foi determinada a partir do filtrado

resultante da análise da lignina Klason, pela leitura em espectrofotômetro, de acordo com Goldschimid (1971). O teor de lignina total foi obtido pela soma da lignina residual mais a lignina solúvel em ácido. A determinação do teor de holoceluloses foi estimada por diferença, da seguinte forma: Holoceluloses (%) = 100 (% Extrativos + % Lignina). Os valores de composição química da madeira foram submetidos aos testes de Lilliefors e Cochran para testar a normalidade e homogeneidade das variâncias, respectivamente. Depois, procedeu-se à análise de variância observando-se efeitos significativos, as médias foram comparadas entre si pelo teste Tukey. Para a variável densidade básica da madeira utilizou-se o teste não-paramétrico de Kruskall-Wallis, por esta não apresentar homogeneidade de variância. Considerou-se sempre o nível de significância de 5%. As análises estatísticas foram realizadas com o auxílio do programa STATISTICA 7.0. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 Densidade básica e composição química Na Tabela 1 estão os valores médios da densidade básica ecomposição química das madeiras de Eucalyptus sp. e Pinus sp. Tabela 1- Densidade básica e composição química das madeiras de Eucalyptus sp. e Pinus sp Densidade Extrativos Lignina Total Holocelulose Espécie básica (g/cm 3 ) (%) (%) (%) Eucalyptus sp. 0,67 a 7,84 a 34,46 a 57,71 b Pinus sp. 0,45 b 5,52 b 31,35 b 63,13 a Espécies com médias seguidas de mesmas letras, para uma mesma variável, não diferem entre si (α = 0,05) pelo teste Tukey. Em relação à colagem da madeira, a densidade se relaciona com a permeabilidade, que influenciam na penetração dos adesivos na madeira (IWAKIRI, 1998). No processo de colagem a menor densidade da madeira de Pinus sp. em relação à madeira de Eucalyptus sp. pode facilitar a penetração do adesivo na madeira, podendo em alguns casos, se o adesivo for pouco viscoso, resultar em linha de cola faminta. Aparecida de Sá et al. (2010) estudando a absorção de superfície de painéis compensados, encontraram densidades básicas para as madeiras de Eucalyptus sp. e Pinus sp. iguais a 0,56 g/cm³ e 0,36 g/cm³, respectivamente. Plaster et al. (2008) avaliando juntas coladas da madeira serrada de Eucalyptus sp.verificaram dificuldade na adesão de madeiras de maiores densidades. Segundo os autores a madeira de alta densidade apresenta menor penetração do adesivo, bem como uma perda maior do adesivo pelas bordas da peça a ser colada, ocasionando uma linha de cola menos eficaz. Para a composição química das madeiras, verificou-se que o teor de extrativos na madeira de Eucalyptus sp. foi maior em relação à madeira de Pinus sp. (Tabela 1). O gênero Eucalyptus caracteriza-se por um elevado número de espécies, com predomínio daquelas de difícil colagem, sobretudo aquelas de elevadas massas específicas aparentes e teores de extrativos elevados (PLASTER et al., 2008). Neste trabalho não foi determinado o tipo de

extrativos presentes nas madeiras, apenas o percentual de extrativos totais, apesar de poder existir algum outro elemento presente nos extrativos remanescentes, que mesmo em pequenas concentrações possa interferir no processo de colagem da madeira. Na dependência da quantidade e do tipo de extrativo presente na madeira, pode ocorrer uma interferência nas reações de polimerização do adesivo ou uma reação entre o adesivo e o extrativo. De modo geral, madeiras com elevados teores de extrativos apresentam dificuldades de colagem (JANKOWSKY, 1988). Albino et al (2012) avaliando a influência das características anatômicas e do teor de extrativos totais da madeira de Eucalyptus grandis na qualidade da colagem verificaram que o teor de extrativos na região da medula e no topo da tora foram iguais a 6,10% e 7,98%, respectivamente. Segundo os mesmos autores como o processo de colagem da madeira foi feito a frio (temperatura ambiente) a migração dos extrativos para a superfície da madeira não pode ter ocorrido. Segundo Marra (1992), quando ocorre a migração dos extrativos, pode acontecer a inativação da superfície, prejudicando o contato adesivo-madeira. Os adesivos utilizados para a colagem da madeira, na sua maioria, usam a água como carreador, gerando problemas de umedecimento, fluxo e penetração na superfície coberta pelos extrativos. Outra influência do extrativo se dá na alteração do ph da superfície da madeira (ALBINO et al., 2012). Lima et al. (2007) estudando as características anatômicas e químicas da madeira de dois clones de Eucalyptus e sua influência na colagem, encontraram valores médios de extrativos iguais a 5,54% e 4,79%. O teor de lignina total da madeira de Eucalyptus sp. encontrado neste trabalho foi superior ao obtido por Zanuncio et al. (2013), quando estudaram a composição química da madeira de eucalipto com diferentes níveis de desbaste e obtiveram teores médios de lignina total variando de 30,7% (sem desbaste) a 33,1% ( 50% de desbaste). Em relação ao teor médio de holocelulose, observou-se que houve diferença significativa entre as madeiras de eucalipto e pinus, sendo que a madeira de pinus apresentou o maior teor de holocelulose (Tabela 1). Quanto maior o teor de holocelulose, maior a higroscopicidade da madeira, uma vez que a celulose e a hemicelulose são as maiores responsáveis por essa propriedade (SKAAR, 1972). Segundo Troughton (1969) citado por Moreira (1985) uma provável ligação covalente entre adesivos, contendo formaldeído e a celulose e a lignina, promoveria a adesão da madeira. Tais ligações ocorreriam por pontes de oximetileno, formadas pela condensação do grupo metilol do adesivo com hidroxilas alifáticas da celulose ou lignina. Este fato está de acordo com Morais (1992) que afirma que as hidroxilas têm papel importante em relação às propriedades adesivas. Em amido e celulose, a presença de três hidroxilas livres em cada molécula de glicose é responsável pela sua alta polaridade e reatividade. 4. CONCLUSÃO A presença de extrativos nas madeiras, como a resina na madeira de pinus, pode interferir na colagem, impedindo a adesão na linha de cola.

AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES, pela concessão da bolsa. À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais - FAPEMIG, pelo financiamento do projeto. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico CNPQ. A todos que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 11941-02 - Determinação da densidade básica em madeira. Rio de Janeiro, 2003. 6p. ALBUQUERQUE, C.E.C.; LATORRACA, J.V.F. Colagem varia de acordo com propriedades da madeira REMADE. Revista da Madeira. ed 88, mar 2005. ALMEIDA, V.C. Avaliação do potencial de uso de resíduos de madeira tropical para produção de painéis colados lateralmente EGP. 2013, 123 p. Tese (Doutorado em Engenharia Florestal, área de concentração Tecnologia e Utilização de Produtos Florestais). Universidade Federal do Paraná, Curitiba. GOLDSCHIMID, O. Ultraviolet spectra. In: SARKANEN, K. V.; LUDWING, C. H. (Eds) Lignins. New York: WileyInterscience, 1971. p. 241-266. GOMIDE, J. L.; DEMUNER, B.J. Determinação do teor de lignina em material lenhoso: método Klason modificado. O PAPEL, v. 47, n.8, p.36-38, 1986. IWAKIRI, S. Painéis de madeira reconstituída. Curitiba: Fupef. 2005. 254p. JANKOWSKY, I. P. Colagem de madeiras. Piracicaba: ESALQ, 1988. 45 p. LIMA, C.K.P.; MORI, F.A.; MENDES, L.M.; CARNEIRO, A.de.C.O. Características anatômicas e química da madeira de clones de Eucalyptus e sua influência na colagem. CERNE, v.13, n.2, p.123-129, 2007. PIZZI.A.; MITTAL, K. L.Handbook of adhesive technology.new York: Marcel Dekker, 1994. TAPPI.T 204 cm-97. Solvent extractives of wood and pulp.1997, 4-10p. Technical Association of the Pulp and Paper Industry TAPPI.TAPPI test methods T 257 om-92: sampling and preparing wood for analysis. Atlanta: Tappi Technology Park, v.1,1992. ZANUNCIO, A. J. V.; COLODETTE, J. L.; GOMES, F. J. B.; CARNEIRO, A. de. C. O.; VITAL, B.R. Composição química da madeira de eucalipto com diferentes níveis de desbaste. CIÊNCIA FLORESTAL, v. 23, n. 4, p. 755-760, 2013.