PROJECTO DE LEI N.º 375/VIII ELEVAÇÃO DA VILA DE LAGOA À CATEGORIA DE CIDADE. Exposição de motivos. I - Contributo geográfico e demográfico

Documentos relacionados
PROJECTO DE LEI N.º 20/VIII ELEVAÇÃO DA VILA DE LOUSÃ A CATEGORIA DE CIDADE. Exposição de motivos. 1 - Contributo geodemográfico

PROJECTO DE LEI N.º 424/VIII CRIAÇÃO DO CONCELHO DE ESMORIZ. Nota justificativa. I - Breve caracterização histórica

PROJECTO DE LEI N.º 379/IX ELEVAÇÃO DA VILA DA CASTA DA CAPARICA A CIDADE. Exposição de motivos

PROJECTO DE LEI N.º 188/IX ELEVAÇÃO DE VILA NOVA DE SANTO ANDRÉ A CIDADE. Exposição de motivos. 1 - Breve caracterização geográfica e demográfica

PROJECTO DE LEI N.º 273/VIII ELEVAÇÃO DA POVOAÇÃO DE PÊRA, NO MUNICÍPIO DE SILVES, À CATEGORIA DE VILA. Caracterização geográfica

PROJECTO DE LEI N.º 374/VIII ELEVAÇÃO DA VILA DE AGUALVA-CACÉM A CIDADE. Exposição de motivos

PROJECTO DE LEI N.º 423/IX ELEVAÇÃO A CIDADE DA VILA DA COSTA DA CAPARICA, SITA NO CONCELHO DE ALMADA, NO DISTRITO DE SETÚBAL. Exposição de motivos

PROJECTO DE LEI N.º 170/IX. Elevação da vila da Mealhada, no concelho da Mealhada, à categoria de cidade. I Das razões históricas

PROJECTO DE LEI N.º 63/IX ELEVAÇÃO À CATEGORIA DE CIDADE DA VILA DE OLIVEIRA DO BAIRRO. Exposição de motivos

PROJECTO DE LEI N.º 316/IX ELEVAÇÃO A CIDADE DE VILA NOVA DE SANTO ANDRÉ, SITUADA NO CONCELHO DE SANTIAGO DO CACÉM. Exposição de motivos

PROJECTO DE LEI N.º 131/VIII ELEVAÇÃO DE FERMIL DE BASTO, NO MUNICÍPIO DE CELORICO DE BASTO, À CATEGORIA DE VILA. Exposição de motivos

PROJECTO DE LEI N.º 183/XII/1.ª CRIA A FREGUESIA DO PARQUE DAS NAÇÕES, NO CONCELHO DE LISBOA

Figura n.º1 Mapa do Distrito de Aveiro. Fonte:

PROJECTO DE LEI N.º 223/VIII ELEVAÇÃO À CATEGORIA DE VILA DA POVOAÇÃO DE CARANGUEJEIRA. I Introdução

Indicadores para avaliação do PDM em vigor

PROJECTO DE LEI N.º 439/VIII CRIAÇÃO DA FREGUESIA DAS MERCÊS, NO CONCELHO DE SINTRA. I - Preâmbulo histórico e justificativo

PROJECTO DE LEI N.º 247/VIII ELEVAÇÃO DA POVOAÇÃO DO CARVOEIRO, NO MUNICÍPIO DE LAGOA, À CATEGORIA DE VILA. Caracterização geodemográfica

PROJECTO DE LEI N.º 478/IX ELEVAÇÃO DA VILA DE CASTELO DA MAIA À CATEGORIA DE CIDADE

Partido Popular. CDS-PP Grupo Parlamentar. PROJECTO DE LEI N.º 707/X/4.ª Elevação da Vila de Valença a cidade. Exposição de motivos

PROJECTO DE LEI N.º 107/IX ELEVAÇÃO DA VILA DE MEALHADA, NO CONCELHO DE MEALHADA, À CATEGORIA DE CIDADE. I - Razões históricas

Projecto de Lei nº 746/X. Elevação da Vila da Senhora da Hora, do Concelho de Matosinhos, à categoria de Cidade. Exposição de Motivos

PROJECTO DE LEI N.º 165/VIII ELEVAÇÃO DE SANDIM À CATEGORIA DE VILA. Localização geo-morfológica

MAPA 1. DEMARCAÇÃO GEOGRÁFICA DO CONCELHO DE PORTO SANTO E RESPECTIVAS FREGUESIAS. Fonte :

PROJECTO DE LEI N.º 25/VIII ELEVAÇÃO DA POVOAÇÃO DE LUZ DE TAVIRA, NO CONCELHO DE TAVIRA, À CATEGORIA DE VILA. I - Enquadramento geográfico

PROJECTO DE LEI N.º 472/IX ELEVAÇÃO DE VILA DE REGUENGOS DE MONSARAZ, NO CONCELHO DE REGUENGOS DE MONSARAZ, À CATEGORIA DE CIDADE

PROJECTO DE LEI N.º 136/IX ELEVAÇÃO DA POVOAÇÃO DE TROVISCAL, NO CONCELHO DE OLIVEIRA DO BAIRRO, À CATEGORIA DE VILA. Nota justificativa

MUNICÍPIO DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS

PROJECTO DE LEI N.º 84/VIII ELEVAÇÃO DA VILA DE FIÃES, NO CONCELHO DE SANTA MARIA DA FEIRA, À CATEGORIA DE CIDADE

ÁREAS DE FIXAÇÃO HUMANA

PROJECTO DE LEI Nº 478/X ELEVAÇÃO DA VILA DE SAMORA CORREIA A CIDADE. Nota justificativa

VRSA Sociedade de Gestão Urbana E. M. SA Indicadores Temáticos - Turismo

PROJECTO DE LEI N.º 137/IX ELEVAÇÃO DA POVOAÇÃO DA PALHAÇA, NO CONCELHO DE OLIVEIRA DO BAIRRO, À CATEGORIA DE VILA. Nota justificativa

PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS Grupo Parlamentar. Projeto de Lei n.º 942/XII/4.ª

HORÁRIOS DE FUNCIONAMENTO E ATENDIMENTO DOS SERVIÇOS DA CÂMARA MUNICIPAL DE MÉRTOLA

PROJECTO DE LEI N.º 483/VIII CRIAÇÃO, NO CONCELHO DO ENTRONCAMENTO, DA FREGUESIA DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA. Exposição de motivos

Caso de estudo: Portimão

CENSOS 2011 DADOS DEFINITIVOS

Caracterização Sócio-Económica do Concelho de Mondim de Basto Actividade Económica

PROJECTO DE LEI N.º 253/VIII ELEVAÇÃO DE ERMIDAS-SADO, NO CONCELHO DE SANTIAGO DO CACÉM, À CATEGORIA DE VILA. Resenha histórica

NOVO REGULAMENTO DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO

PROJECTO DE LEI N.º 435/IX ELEVAÇÃO DE VALE DA PEDRA, NO CONCELHO DO CARTAXO, À CATEGORIA DE VILA. Exposição de motivos. I - Breve caracterização

Média anual de construção no Concelho de Tabuaço. Edifícios construídos (Nº)

PROJECTO DE LEI N.º 151/IX ELEVAÇÃO DA VILA DE SERPA, NO CONCELHO DE SERPA, À CATEGORIA DE CIDADE. Exposição de motivos

Maquinaria e Equipamento. Viaturas

PROJECTO DE LEI N.º 386/VIII ELEVAÇÃO DA VILA DA GAFANHA DA NAZARÉ À CATEGORIA DE CIDADE

,8 15,1 INE, Censos /2009-7,4-8,7

E N T I D A D E EXECUÇÃO DO PLANO PLURIANUAL DE INVESTIMENTOS ANO CONTABILÍSTICO Até ao mês de Apuramento MUNICIPIO DE REDONDO.

Municípios Sustentáveis

que futuro? que tendências?

Condições Materiais Colectivas

1. Movimento de Passageiros no Aeroporto de Faro 1.1. Movimento total de passageiros 1.2. Movimento de passageiros por país de origem

Quanto ao valor do emprego total na cidade, estima-se que fosse em 2000 de

PROJECTO DE LEI N.º 251/VIII CRIAÇÃO DO MUNICÍPIO DE AMORA. Nota justificativa

1. INTRODUÇÃO Objectivos do Estudo Hipóteses do Estudo REVISÃO DA LITERATURA Conceito de Desporto...

nº de beneficiários de subsidio de desemprego por sexo

PROJECTO DE LEI N.º 292/IX

PROJECTO DE LEI N.º 411/X ELEVAÇÃO DE BENSAFRIM, NO MUNICÍPIO DE LAGOS, À CATEGORIA DE VILA. Exposição de Motivos. I Das Razões Históricas

PROJECTO DE LEI Nº 398/XI/1ª ELEVAÇÃO DA POVOAÇÃO DA TERRUGEM, NO MUNICÍPIO DE SINTRA, À CATEGORIA DE VILA

Cuidados de Saúde Primários

Estudo Demográfico do Algarve. Geografia - 8º ano - Algoz

Hotelaria com resultados positivos nas dormidas e negativos nos proveitos

1 - EQUIPAMENTOS COLECTIVOS

Frielas. Enquadramento no Concelho

Recorte nº 176. Índice 11 de Setembro de 2009

PLANO DE MOBILIDADE E TRASNPORTES DE OLHÃO SÍNTESE (ESTE DOCUMENTO TEM 9 FOLHAS) Algarve Central

Barlavento Algarvio Fase 1: Caracterização e Diagnóstico

MAPA XVI REPARTIÇÃO REGIONALIZADA DOS PROGRAMAS E MEDIDAS. Continente Area

PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS Grupo Parlamentar. Projecto de Lei n.º 582/X/4


Câmara Municipal de Sines ANUÁRIO URBANÍSTICO DO CONCELHO DE SINES

PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS Grupo Parlamentar. Projeto de Lei n.º 953/XII/4.ª

PROJECTO DE LEI N.º 488/XI/2ª (PSD) Elevação da povoação de Aguçadoura, no Concelho da Póvoa de Varzim, à categoria de Vila

Hotelaria mantém resultados negativos nas dormidas e proveitos

MAPA 1. DEMARCAÇÃO GEOGRÁFICA DO CONCELHO DE SANTA CRUZ E RESPECTIVAS FREGUESIAS. Fonte:

H - HABITAÇÃO C - COMÉRCIO

ENQUADRAMENTO TERRITORIAL LOCALIZAÇÃO E IMAGEM SATÉLITE DA ÁREA

PROJECTO DE LEI N.º 197/IX ELEVAÇÃO DA POVOAÇÃO DE PICO DE REGALADOS, NO CONCELHO DE VILA VERDE, DO DISTRITO DE BRAGA, À CATEGORIA DE VILA

PROJECTO DE LEI N.º 256/IX ELEVAÇÃO DA POVOAÇÃO DE ODIÁXERE, NO MUNICÍPIO DE LAGOS, A VILA. Exposição de motivos. I Breve caracterização

Anexo 3A Entrevistas exploratórias aos interlocutores dos municípios da AMP,

Estratégia e Desenvolvimento Oficina. População e Cidade. 19 de Maio de 2016, Auditório da Biblioteca Municipal do Barreiro. População e Cidade

TERRITÓRIO E TURISMO O Algarve entre 1960 e o Século XXI

Urbanismo e Infra-estruturas

PROJECTO DE LEI N.º 32/IX ELEVAÇÃO DA POVOAÇÃO DE RECAREI, NO CONCELHO DE PAREDES, À CATEGORIA DE VILA. I Razões históricas

PROJECTO DE LEI N.º 266/VIII REESTRUTURAÇÃO ADMINISTRATIVA DA FREGUESIA DE AGUALVA- CACÉM COM A CRIAÇÃO DA FREGUESIA DE SÃO MARCOS

PROPOSTA DE ALTERAÇÃO AO REGULAMENTO DOS HORÁRIOS DE FUNCIONAMENTO DOS ESTABELECIMENTOS DE VENDA AO PÚBLICO E DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO

Exmº. Senhor Secretário da Juventude e do Desporto, Dr. Laurentino Dias. Senhor Vice Presidente do Instituto do Desporto, Dr.

Basta! Agualva e Mira Sintra NÃO PODEM MAIS!

RELATÓRIO SANTA CLARA DO LOUREDO 1/13. VERSÃO FINAL. Julho de 2013

EMPRESA DE ÁGUAS E SANEAMENTO DE BENGUELA Rua Sacadura Cabral, N.º112 Telef: /89 Telefax: Website:

DECRETO LEGISLATIVO REGIONAL N.º 25/2002 CRIAÇÃO DA FREGUESIA DE SANTA CLARA, NO CONCELHO DE PONTA DELGADA

ATELIER TERESA CORREIA ARQUITECTURA E URBANISMO, LDA. A EMPRESA

Dinâmicas urbanas I Introdução

Estatísticas do Turismo 2001

CURRICULUM VITAE. Experiência Profissional :

TEMAS M888 Modelo Numérico Cartografico (IGP)- 10 k Limites Administrativos

MAPA DE PESSOAL PARA O ANO DE 2013 (artº 5º da Lei nº 12-A/2008, de 27 de Fevereiro)

BOLETIM ESTATÍSTICO MAIS INFORMAÇÃO/MAIOR CONHECIMENTO/MELHOR DECISÃO Nº 13 - DEZEMBRO 2009

Título: Catálogo de Objectos para a Informatização do Cadastro Geométrico da Propriedade Rústica

Nº. de Empresas. Régua

indicadores boletim trimestral - n.º 3 - dezembro 2013 algarve conjuntura turística

Transcrição:

PROJECTO DE LEI N.º 375/VIII ELEVAÇÃO DA VILA DE LAGOA À CATEGORIA DE CIDADE Exposição de motivos I - Contributo geográfico e demográfico Lagoa, vila e sede do concelho com o mesmo nome, tem uma área com cerca de 87,96 Km 2 e seis freguesias, encontrando-se situada no chamado litoral algarvio, a cerca de 5 km da costa marítima. O concelho confronta a norte e a nascente com o município de Silves, a sul com o Oceano Atlântico e a poente com o Rio Arade/município de Portimão, beneficiando de ímpares condições geográficas. A actual vila encontra-se sensivelmente no centro de um triângulo formado por Portimão, Silves e Armação de Pêra, sendo atravessada pela EN 125. O Algarve litoral, onde a vila se insere, é uma área de formações pósjurássicas, que engloba uma grande variedade de composições, como sejam grandes áreas de margas, areias, cascalhos e planícies aluviais. Esta ainda vila está inserida numa região com bastantes potencialidades agrícolas, tanto mais que o seu clima de inverno é bastante ameno, permitindo o desenvolvimento de campos plantados de amendoeiras, figueiras, alfarrobeiras e oliveiras, em conjunto com culturas arvenses, de rotação bienal, e com hortas e pomares de regadio.

Lagoa contempla um aglomerado populacional de aproximadamente 20 000 habitantes, sendo de sublinhar que a sua análise demográfica revela que conheceu, no decurso dos últimos anos, um crescimento significativo, com uma taxa de 9,5% para o período 1991-1998, enquanto que a da região foi de 2,1%. Em termos de densidade habitacional fixa existem 208,8 habitantes/km 2, valor muito superior à média regional, que é de 69,9 hab./km 2. De acordo com os indicadores mais recentes, Lagoa terá uma população média na época estival de aproximadamente 60 000 habitantes, isto é, a mesma triplica fruto da capacidade hoteleira, mas também como resultado da existência de muitas segundas residências em Lagoa, seja pela sua ímpar e aprazível linha de costa e/ou seja pelos seus indicadores de desenvolvimento e crescimento sustentado, situação que lhe confere uma elevada qualidade de vida. II - Contributo histórico Os testemunhos humanos mais remotos, reconhecidos na área do actual concelho de Lagoa, correspondem ao aparecimento de pequenos seixos quartzítios, com todas as probabilidades de se localizarem no quaternário antigo, tendo sido também registadas descobertas que ascendem ao final do paleolítico superior. Existem ainda diversos vestígios do período neolítico, da idade do ferro e os testemunhos da colonização romana são bem significativos.

A actual vila de Lagoa seria, ao tempo da concessão do foral de Silves por D. Afonso III (1266), um significativo núcleo urbano, possivelmente de origem muçulmana, dado naquele texto serem mencionados os «reguengos de Lagoa e de Arrochela» e de neste último local ter sido identificada uma importante alcaria dos séculos XII-XIII. A importância de Lagoa surge mencionada no reinado de D. Pedro I, por ocasião das Cortes de Elvas (1361), enquanto relevante centro agrícola. O grande termo de Silves deu azo a que se desenvolvessem, no seu interior, povoados de dimensões consideráveis, como Lagoa, a qual passa a ser considerada aldea em 1469, autorizando o Rei D. Afonso IV que nela fossem construídos um ou dois fornos de cozer pão para todos os moradores, sinónimo da sua crescente importância. Este facto - o crescimento urbano - levou irremediavelmente à existência de conflitos entre as vilas do termo e a cidade (Silves) sob cuja jurisdição se encontravam, bem como à aspiração de novas autonomias e prerrogativas político-administrativas. Desde pelo menos o final do século XV que o lugar de Lagoa ia acumulando privilégios que mais não eram do que o reconhecimento do seu desenvolvimento e da sua afirmação sócio-económica. Em 1499 a Rainha D. Leonor permitiu que fosse contratado um denominado porteiro para executar a justiça e mandatos e, mais tarde, D. João III concedeu que um dos três vereadores da cidade de Silves fosse obrigatoriamente morador no lugar de Lagoa, bem como determinou que o seu escrivão pudesse fazer escrituras públicas dos contratos que os

moradores fizessem entre si, do mesmo modo que os tabeliães das notas de Silves. No entanto, o crescimento de Lagoa era cada vez maior e os conflitos com a sede do concelho tiveram o seu auge em 1558, quando os moradores deste lugar se recusaram a participar nas procissões de Silves. A cidade exerceu justiça penhorando armas e outros bens dos moradores, de Lagoa, mas D. Sebastião, mediante queixa apresentada, decidiu a favor destes últimos, normalizando as relações entre estas duas urbes e os seus habitantes. Ao longo de todo o século XVI, acompanhando o crescimento da importância de Lagoa, foram crescendo os conflitos com a cidade debaixo de cuja jurisdição se encontrava. De referir que em 1577 Lagoa contava com 300 vizinhos e em 1607 teria já cerca de 500 moradores, o que para alguns significava que o lugar era capaz de merecer ser vila. Por outro lado, desde o primeiro terço do século XVII que as cidades algarvias vinham perdendo atractivos em favor do campo, o qual surgia como alternativa de sobrevivência, o que beneficiou, mais uma vez, a importância de Lagoa. Em 1758 Lagoa tinha mais de 2300 habitantes, distribuídos por 760 fogos, excluindo-se os lugares do seu termo. 0 comércio tendia a escapar das mãos dos algarvios, particularmente para os vizinhos espanhóis, e para resolver toda esta complexa situação o Marquês de Pombal começou a planificar, desde 1769, a reorganização e reestruturação do Reino do Algarve.

É neste âmbito que em 16 de Janeiro de 1773 surge o alvará régio de D. José, que cria a nova vila de Lagoa, pertencendo à Casa da Rainha e com os mesmos privilégios das outras vilas do Reino. Dois dias depois - 18 de Janeiro de 1773 - eram referidos os motivos que levaram o Rei a erigir Lagoa a concelho: o grande número dos seus habitantes, a sua boa situação e o amplo termo que o Rei lhe destinou. III - Contributo sócio-económico A vila e o concelho de Lagoa registaram, nos últimos 15 anos, um dos maiores crescimentos e desenvolvimentos sócio-económicos de toda a região algarvia. A sua elevada densidade habitacional (208,8 hab./km 2 ) supera a média da região (69,9 hab./km 2 ) e a nacional (108,6 hab./km 2 ), sendo só interior à dos concelhos de Olhão, Faro, Portimão e Vila Real de Santo António. A este facto não é alheia a taxa de crescimento populacional (9,5%), fruto da elevada taxa de natalidade (5.º lugar no Algarve) e de outros indicadores humanos, bem como o lugar que ocupa (5.º) em termos do número de licenças concedidas pela autarquia para construção (total e para habitação),no ano de 1999, e ainda que é o 7.º concelho em transacções de prédios, de acordo com os dados do INE. De referir que, segundo o estudo População e desenvolvimento humano, uma perspectiva de quantificação, elaborado pelo Departamento de Prospectiva e Planeamento, do Ministério do Planeamento, Lagoa ocupa o

39.º lugar nos concelhos com os maiores índices de desenvolvimento humano, só superado por Albufeira (27.º lugar). No mesmo estudo verificamos que Lagoa está acima da média regional em termos dos índices sectoriais de educação, de esperança de vida, de conforto, do rendimento ajustado e do PIB real, com taxas de crescimento assinaláveis nos últimos 15 anos. Comparativamente aos restantes concelhos algarvios, tem o 2.º maior índice de educação, o 1.º ex-aequo de esperança de vida, o 6.º de conforto, o 5.º no rendimento ajustado e o 5.º no PIB real, o que a coloca à frente de varias outras cidades da região. Em termos dos índices de desenvolvimento económico e social, em 1991 Lagoa ocupava o 33.º lugar, atrás de Albufeira (12.º), Portimão (17.º), Faro (20.º) e Lagos (26.º), para, em 1997, ocupar o 26.º lugar, sendo só superada por Albufeira (13.º), Portimão (19.º) e Faro (21.º). De sublinhar que Lagoa foi o único concelho que subiu na ordem nacional (33.º -»26.º - + 7 lugares), enquanto os restantes algarvios desceram. No que concerne ao índice de desenvolvimento social, Lagoa surge em 41.º lugar, tendo subido 65 lugares comparativamente a 1991, e só é ultrapassada por Albufeira, que surge em 35.º lugar, tendo subido 25 lugares na ordem nacional. Actualmente, o concelho da Lagoa, em termos da sua população activa, concentra, aproximadamente, 7,1% dessa. população no sector primário, 27,9% no sector secundário e 65,0% no sector terciário.

As empresas existentes (mais de 3000) distribuem-se da seguinte forma: 7,6% no sector primário, 28,6% no sector secundário e 63,8% no sector terciário. Lagoa é ocupa o 6.º lugar no consumo de electricidade, o 3.º lugar no valor da água distribuída, o 2.º lugar na venda de combustível butano e o 5.º na venda de propano. Em termos de turismo, motor da economia local, Lagoa tem mais de 301 unidades hoteleiras, com cerca de 3500 quartos e mais de 7000 camas, recebendo um número de hóspedes médio na ordem dos 176 000, para mais de 1 milhão de dormidas e cerca de 10 milhões de contos de receitas anuais. IV - Infra-estruturas e equipamentos Com um elevado nível de qualidade de vida, o concelho de Lagoa beneficia de um conjunto de infra-estruturas e equipamentos básicos que reflectem o seu rápido desenvolvimento e perspectivam um contínuo desenvolvimento sustentado. Actualmente, podem-se destacar, no concelho de Lagoa, e entre outros, os seguintes serviços e equipamentos: A - Na saúde e solidariedade social: Centro de saúde, com SAP e com extensões em todas as freguesias; Policlínicas privadas; Clínicas dentárias; Centros de enfermagem;

Clínica de fisioterapia; Centros sociais polivalentes (crianças e idosos); Centros de dia; Lar de idosos. De referir que Lagoa dista menos de 10 km do Hospital do Barlavento Algarvio, unidade de saúde de referência sub-regional. B - Na educação: Estabelecimentos de pré-escolar; Escolas básicas do 1.º ciclo; Escolas básicas do 2.º e 3.º ciclos; Escola secundária; Escola internacional privada. C - No desporto: Colectividades de desporto federado, amador e de lazer; Estádio relvado; Campos de futebol pelados; Pavilhões gimnodesportivos cobertos; Polidesportivos em todas as freguesias; Piscina e tanque de aprendizagem coberto e aquecido; Campos de ténis; Campos de golfe. D - Na cultura e lazer: Colectividades de cultura e recreio; Museu municipal; Centros culturais;

Salas de exposições; Auditório municipal; Biblioteca municipal; Bibliotecas escolares; Estação de rádio; Jornais semanários e quinzenários, também em língua inglesa e alemã; Parques e jardins diversos; Parque de merendas municipal e piscina fluvial; Parque municipal de feiras e exposições. E - Na restauração e turismo: Restaurantes; Residenciais; Motel; Aldeamentos turísticos; Aparthoteis; Hotelaria tradicional; Feiras e exposições sectoriais, destacando-se a Fatacil; Pavilhão multiusos. F - Nos serviços e transportes: Corporação de bombeiros voluntários; Quartel e posto da GNR; Repartição de finanças e tesouraria; Cartório notarial; Conservatórias de registo civil e predial;

Mercados municipais; Estação de CTT; Agências seguradoras; Agências bancárias; Centros comerciais; Supermercados; Gabinetes de gestão e contabilidade; Gabinetes de arte e design; Gabinetes de arquitectura e engenharia; Agências imobiliárias; Terminal de transportes rodoviários; Transportes públicos colectivos rodoviários, urbanos e suburbanos; Transportes públicos ferroviários; Praças de táxi; Porto de pesca e lota; Estaleiros navais. Assim, tendo presente todas as considerações atrás explanadas, relevadas por importantes razões de natureza histórica, geográfica, social e económica, e confirmada a existência de um aglomerado populacional contínuo com mais de 8000 eleitores, verifica-se o cumprimento do exposto nos artigos 3.º e 13.º da Lei n.º 11/82, de 2 de Junho. Pelo que o Deputado do Grupo Parlamentar do Partido Social Democrata, abaixo assinado, ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, apresenta o seguinte projecto de lei:

Artigo único A vila de Lagoa, no concelho de Lagoa, Algarve, é elevada à categoria de cidade. Assembleia da República, 8 de Fevereiro de 2001. O Deputado do PSD, Carlos Martins.