O SR. ISAÍAS SILVESTRE (PSB-MG) pronuncia o seguinte discurso: Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, gostaria de Parabenizar o Dep. Adelor Vieira pela iniciativa louvável de requerer esta Sessão Solene e ao meu Partido, o PSB, pela indicação do meu nome para me pronunciar acerca de tão importante tema. Existem muitas maneiras de servir a Deus, e isso em todas as religiões e, dentro de cada religião, em todas as suas correntes. Assim, há aqueles que se dedicam à vida puramente contemplativa, dedicados integralmente à oração e à reflexão, como muitos monges budistas ou católicos. Há também aqueles que se dedicam ao trabalho que lhes impõe a sua Igreja, em espaços determinados, como os padres numa paróquia ou os pastores numa casa de culto. E, ainda, há aqueles que se dedicam à religião como uma missão de propagação, de difusão, ou seja, tomam
2 para si a tarefa de levar a sua fé a outros lugares e a outras pessoas. Esses são os missionários. Sem desmerecer, de modo algum, aos outros, são estes os que agora nós homenageamos aqui: aqueles que se impuseram a nobre missão de espalhar a sua fé a outros, que ainda não a conhecem. O Brasil, desde o primeiro momento, foi destino de missionários; no começo, sobretudo os jesuítas, que vinham para cá com a tarefa de evangelizar os índios. A partir da separação da Igreja do Estado, essa tarefa foi dividida por várias correntes cristãs, aqui incluídas de modo especial, as protestantes e evangélicas. É nesse contexto que se insere a organização que agora homenageamos Asas de Socorro. Não se trata precisamente de uma igreja específica, mas, sim, de uma idéia, ou, mais precisamente, de um ideal um belo ideal, que é levar a mensagem cristã àqueles que estão tão distantes dos grandes centros que só por meio do avião podem ser contactados.
3 E, nesse sentido, foi significativo que as Asas de Socorro iniciassem o seu trabalho entre nós exatamente após a Segunda Guerra Mundial, quando as aeronaves foram usadas quase que exclusivamente para a destruição. A partir de então, o mesmo meio de transporte, a mesma invenção que se tornaria um marco do Século XX, seria usada não mais para levar a destruição, mas, sim, a esperança e o conforto espiritual. Nestes cinqüenta anos, é exatamente isto o que vêm fazendo as Asas de Socorro: levar a mensagem cristã, evangelizar, e, ao mesmo tempo, prestar socorro material àqueles que dele tanto necessitam. Idéia tão simples, óbvia até, mas original, por sua forma. Não se trata aqui de uma companhia aérea de linha, ou de um táxi aéreo, onde o fim é o lucro, como em qualquer negócio, mas, sim, de uma verdadeira missão. Porém, para cumprir essa missão a contento, a instituição teria, sem dúvida, de contar com uma excelente equipe técnica. E assim é que as Asas de Socorro hoje
4 podem se orgulhar de seu quadro de pilotos e mecânicos, devidamente capacitados, com o reconhecimento das autoridades aeronáuticas brasileiras. Em cinqüenta anos, voando constantemente em circunstâncias adversas e em regiões inóspitas, não se registrou nenhum acidente nos aviões das Asas. Hoje, as populações mais distantes e esquecidas da Amazônia, do Nordeste e do Centro-Oeste se enriquecem, cada dia mais, com a palavra do Evangelho que aí chega pela via aérea, transmitida pelos missionários que usam as Asas de Socorro; e essas mesmas populações, ao mesmo tempo, vêem suas necessidades básicas de saúde atendidas pelos voluntários que esses mesmos aviões transportam. Portanto, em nome do PSB e em meu próprio, gostaria de parabenizar o nobre Colega Adelor Vieira pela oportunidade do requerimento desta sessão. Gostaria, também em nome do Partido e em meu próprio, parabenizar as Asas do Socorro por todo esse magnífico
5 trabalho empreendido já há cinqüenta anos em favor de brasileiros menos favorecidos. Se, ainda hoje, as regiões atendidas pelas Asas de Socorro caracterizam-se pela dificuldade de acesso, imagine-se como era a situação de cinco décadas atrás, quando dois idealistas americanos recuperaram o velho e acidentado Piper já para o fim de socorro espiritual e material. Vida longa, portanto, às Asas de Socorro! Os povos distantes da Amazônia, do Nordeste e do Centro-Oeste reconhecem o pioneirismo e o idealismo de seu trabalho um trabalho feito sem alarde, sem a preocupação da fama ou até do reconhecimento, mas feito, isto sim, com o verdadeiro espírito cristão da caridade. Ao me congratular com o Pastor Rocindes José Corrêa, estendo minha saudação a todos os pilotos, a todos os mecânicos, a todos os missionários e a todos os voluntários que fizeram e fazem das Asas de Socorro essa
6 nobilíssima obra que agora, com muita justeza, homenageamos. Muito obrigado. 2005_10375_Isaías Silvestre_022