COMUNIDADE DE VESPAS SOCIAIS (HYMENOPTERA, VESPIDAE) EM FLORESTA DECIDUAL NO NORTE DO ESTADO DE MINAS GERAIS

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Transcrição:

COMUNIDADE DE VESPAS SOCIAIS (HYMENOPTERA, VESPIDAE) EM FLORESTA DECIDUAL NO NORTE DO ESTADO DE MINAS GERAIS Angela G. BRUNISMANN 1 ; Marcos M. de SOUZA 2 ; Epifanio P. PIRES 3 ; Evando L. COELHO 4 ; RESUMO Apesar do crescente conhecimento sobre a biodiversidade e distribuição de vespas sociais no estado de Minas Gerais, em algumas regiões e ecossistemas não se tem nenhuma informação, o que inclui a mata seca. No intuito de preencher essa lacuna do conhecimento, foi realizado um estudo no período de junho de 2014 a abril de 2015 no refúgio da Vida Silvestre do Rio Pandeiros, norte de Minas Gerais. Foram registradas 35 espécies de vespas sociais com destaque para Parachartergus smithii, Brachygastra moebiana, Mischocyttarus montei, registradas pela primeira vez no estado, demostrando a importância dessa fitofisionomia para a preservação da biodiversidade. INTRODUÇÃO A Floresta Estacional Decidual ou Mata Seca caracteriza-se pela perda de folhas na época da seca, apresenta caducifolia acima de 80% e ocupa uma área de 3,46% do território do estado de Minas Gerais, equivalente a 2.040.920 hectares (BELEM, 2008), ocorrendo no norte e oeste do estado, formando um ambiente de transição entre Cerrado e Caatinga (SEVILHA et al., 2004). Apesar da Mata Seca representar uma parcela pequena da cobertura vegetal de Minas Gerais, os poucos estudos realizados sobre a diversidade de insetos apontam uma riqueza de espécies relevante (ESPÍRITO-SANTO, 2006), entretanto não há registros de trabalhos em diferentes grupos, entre eles as vespas sociais, 1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais Câmpus Inconfidentes. Inconfidentes/MG - E-mail: brunismann@hotmail.com 2 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais Câmpus Inconfidentes. Inconfidentes /MG. E-mail: marcos.magalhaes@ifs.ifsuldeminas.edu.br 3 Universidade Federal de Lavras - Lavras/MG. E-mail: epifaniopires@yahoo.com.br 4 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais Câmpus Inconfidentes. Inconfidentes /MG. E-mail: evando.coelho@ifs.ifsuldeminas.edu.br

que pertencem a ordem Hymenoptera, considerada a ordem mais benéfica ao homem (CARPENTER ; MARQUES, 2001). As vespas sociais são insetos conhecidos como marimbondos ou cabas, realizam papel ecológico relevante nos ambientes naturais e agrícolas, e há um esforço recente para conhecer a diversidade desses insetos no estado de Minas Gerais (SOUZA ; ZANUNCIO, 2012; JACQUES et al., 2012; CLEMENTE et al., 2012; SOUZA et al., 2014 a; SOUZA et al. 2015), com informações para Floresta Semidecidual Montana, Mata Atlântica, Cerrado, Campo Rupestre, Floresta ripária, áreas agrícolas e fragmentos urbanos, porém não há informações para Mata Seca. A escassez de estudos associada à utilização econômica deste bioma, especialmente para extração de madeira e a ampliação de áreas para agricultura e pecuária, fazem da Mata Seca um ambiente muito vulnerável, o que torna emergencial estudos sobre a a biodiversidade, nidificação e ecologia de vespas sociais em áreas que apresentam esta fitofisionomia (SEVILHA et al., 2004). MATERIAL E MÉTODOS O Trabalho de amostragem foi realizado no Refúgio da Vida Silvestre do Rio Pandeiros, (15º 07 16 S e 45º 12 22 W, e 15º 40 06 S e 44º 38 03 W) que abrange áreas dos municípios de Januária, Bonito de Minas e Cônego Marinho no norte de Minas Gerais. (IEF, 2008; NUNES et. al. 2009). O trabalho foi conduzido no período de junho de 2014 a abril de 2015, totalizando 20 dias de amostragem, sendo 8 horas por dia, totalizando 160 horas, realizadas nos meses de julho e outubro de 2014, fevereiro e abril de 2015, com amostragens em mata seca. Para registro das espécies de vespas sociais e colônias foram utilizadas três diferentes metodologias, busca ativa, armadilhas atrativas e armadilhas de interceptação de vôo do tipo malaise. As identificações foram feitas a partir de chaves, por comparação com a coleção entomológica do IFSuldeminas Campus Inconfidentes (http://vespas.ifs.ifsuldeminas.edu.br), ou enviada ao taxonomista prof. Dr. Orlando Tobias da Silveira, do Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém, Pará, e ao professor Dr. Sergio Andena, da Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram registradas 35 espécies distribuídas em 14 gêneros e 279 colônias incluindo quatro novos registros de espécies para o estado, Parachartergus smithii, Brachygastra moebiana, Mischocytarus montei (Tabela 01).

Tabela 01. Espécies de vespas sociais amostradas no Refúgio da Vida Silvestre do Rio Pandeiros - MG Espécie Mata Seca Inverno Primavera Verão Outono Número de colônias Agelaia multipicta multipicta (Haliday, 1836) + - + + 00 Agelaia vicina (Saussure, 1854) + - + + 01 Apoica gelida (Van Der Vecht 1973) + + - + 02 Apoica pallens (Lepeletier, 1836) - - - + 02 Apoica thoraxica (Buysson, 1906) + - - - 00 Brachygastra augusti (Saussure, 1854) + - - - 00 Brachygastra lecheguana (Latreille, 1824) + + + + 01 Brachygastra moebiana (de Saussure, 1867) + - - + 00 Chartergillus communis (Richards, 1978) + + + + 06 Chartergus globiventris (Saussure, 1854) + + + + 08 Clypearia angustior (Ducke, 1906) - - + - 00 Metapolybia cingulata (Fabricius, 1804) + + - + 05 Mischocyttarus cassununga (R. von Ihering, 1903) + - - + 55 Mishocyttarus cerberus (Richards, 1940) - + - - 00 Mischocyttarus drewseni (Saussure, 1857) + - + - 06 Mischocyttarus montei Zikan 1949 + + + - 40 Mischocyttarus punctatus (Ducke, 1904) + - + - 04 Mischocyttarus rotundicolis (Cameron, 1912) + - - - 00 Mischocyttarus sp. 01 + + + - 04 Mischocytarus sp. 02 + - - - 00 Parachartergus fraternus (Griboldo, 1892) + - + + 06 Parachartergus smithii (de Saussure, 1854) + + + + 02 Polistes simillimus (Zikán, 1951) - - + - 00 Polistes subsericius (Saussure, 1854) + - - - 00 Polybia chusothorax (Lichtenstein, 1796) + - + - 01 Polybia ignobilis (Haliday, 1836) + + + + 02 Polybia jurinei (Saussure, 1854) + + + + 09 Polybia occidentalis occidentalis (Oliver, 1971) + + + + 61 Polybia sericea (Oliver, 1971) + - + + 00 Polybiapunctata Buysson, 1908 - + - - 00 Polybia ruficips Schrottky, 1902 - + + + 07 Protopolybia exígua exigua (Saussure, 1854) + + + + 38 Protopolybia sedula (Saussure, 1854) + + + + 06 Protonectarina sylveirae (Saussure, 1854) + + + + 03 Synoeca surinama (Linnaeus, 1767) + + + + 10 O número de gêneros obtidos é o maior em relação a outros estudos realizados em ecossistemas distintos no estado (SOUZA ; PREZOTO, 2006, ELPINO-CAMPOS et al., 2007, SOUZA et al., 2010, SOUZA et al., 2012, JACQUES

et al., 2012, SOUZA et al., 2015), o que pode ser explicado pelo local de estudo se caracterizar como área de transição entre o Cerrado e a Caatinga. A presença das espécies Chartergus comunis, Charterginus globiventris, Metapolybia cingulata e Polybia ruficips encontradas no Cerrado em Minas e em área de Caatinga em diferentes estados nordestinos (ELPINO-CAMPOS et. al., 2007, SANTOS et. al., 2009; ANDENA ; CARPENTER, 2013; PREZOTO et. al., 2015), atestam essa condição de ecótono da Mata Seca, o que somado aos novos registros de espécies para Minas Gerais, evidência a relevância desse ecossistema para a diversidade de vespas sociais. A presença de sete espécies do gênero Mischocyttarus, um novo registro para o estado e o grande número de colônias pode ser explicado pelo fato de este gênero possuir o maior número de espécies de Polistinae, 245, e mesmo as colônias apresentando poucos indivíduos e sendo crípticos (COOPER 1998; SILVEIRA 2008), os últimos estudos realizados em Minas Gerais mostram que são frequentes e os novos registros são comuns (SOUZA et al., 2015, SOUZA ; ZANUNCIO, 2012, PREZOTO et al., 2009). Após os estudos realizados por Richards (1978) é a primeira vez que se registra uma espécie inédita para o gênero Parachartergus e Brachygastra no estado de Minas Gerais (SOUZA ; ZANUNCIO, 2012). P. simithii (de Saussure, 1854) tem registro nos estados do Amazonas, Pará, Mato Grosso, São Paulo (RICHARDS, 1978). Foram encontrados duas colônias, altamente crípticas, condição também descrita por Garcete-Barete et al., (2014) no Paraguai. B. moebiana (de Saussure, 1867) tem registro nos estados de Goiás, Mato Grosso, Rondônia e São Paulo (RICHARDS, 1978, SOUZA ; ZANUNCIO, 2012), não foram localizadas colônias e houve amostra de apenas três exemplares forrageando. Excetuando, Brachygastra lecheguana, outras espécies do gênero, o que inclui B. moebina, possuem populações pequenas, assim como as colônias, o que somado ao fato da espécie ter sido registrada no fim de fevereiro de 2015, já no período de chuva, com a vegetação já apresentando folhagem, refletiu na dificuldade de localização das colônias. Mischocyttarus montei Zikan 1949 tem registro no estado de São Paulo e Bahia e foram encontradas 04 colônias. CONCLUSÕES Pelos dados obtidos, a Mata Seca é um ecossistema importante para a biodiversidade de vespas sociais no estado de Minas Gerais. A destruição ou a alteração desse

ambiente podem impactar negativamente a diversidade desses insetos no estado, portanto, é vital que sejam realizados novos estudos em áreas que abrigam esta fitofisionomia. REFERÊNCIAS ANDENA, S. R. & CARPENTER, J. M. Check list das espécies de Polistinae (hymenoptera, Vespidae) do semiárido Brasileiro. IN: BRAVO, F. & CALOR, A. Artrópodes do Semiárido: biodiversidade e conservação. Feira de Santana: Printmídia, 2013. P. 169-180 BELÉM, R. A., Zoneamento ambiental e os desafios da implementação do Parque Estadual Mata Seca, Município de Manga, Norte de Minas Gerais. Biblioteca digital UFMG, 2008. CARPENTER, J.M.; MARQUES, O.M. Contribuição ao estudo dos vespídeos do Brasil (Insecta: Hymenoptera, Vespoidae, Vespidae). Cruz das Almas, Universidade Federal da Bahia. Publicações digitais, Volume 2, 2001. CLEMENTE, M.A., LANGE, D., DEL-CLARO, K., PREZOTO, F., CAMPOS, N.R. & BARBOSA, B.C. Flower-Visiting Social Wasps and Plants Interaction: Network Pattern and Environmental Complexity. Psyche: 10.1155/2012/478431. 2012. COOPER, M. Two new species of Mischocyttarus (Hym., Vespidae) with notes on some members of the iheringi group. Entomologist's Monthly Magazine 134: 89-93, 1998. ELPINO-CAMPOS A. Diversity of Social Wasps (Hymenoptera: Vespidae) in Cerrado fragments of Uberlândia, Minas Gerais State, Brazil. Neotropical Entomology 36(5):685-692, 2007. ESPÍRITO-SANTO, M. M.; FAGUNDES, M.; NUNES, Y. R. F.; FERNANDES, G. W.; AZOFEIFA, G. A. S. QUESADA, M. Bases para a conservação e uso sustentável das florestas estacionais deciduais brasileiras: a necessidade de estudos multidisciplinares. Revista Uni Montes Científica, vol. 8, n. 1, 2006. GARCETE-BARRETT, B.R., DRECHSEL, U. & CARPENTER, J.M. Parachartergus smithii (de Saussure, 1854), a new record of social wasp from Paraguay (Hymenoptera: Vespidae: Polistinae). Paraguay Biodiversidad 2014. INSTITUTO ESTADUAL DE FLORESTAS DE MINAS GERAIS IEF 2008. Disponível em <http://www.ief.mg.gov.br>. Acesso em 20/05/2015. JACQUES, G.C., CASTRO, A.A., SOUZA, G.K., SILVA-FILHO, R., DE SOUZA, M.M. & ZANUNCIO, J.C. Diversity of social wasps on the campus of the Universidade Federal de Viçosa in Viçosa, Minas Gerais State, Brazil. Sociobiology, 2012. 59: 1053-1062. PREZOTO, F., SOUZA, M. M., ELPINO-CAMPOS, A., DELCLARO, K. First Record of occurrence to eight species of social wasps (Hymenoptera,Vespidae) in the semideciduous forest and cerrado (savanna)nregions in brazil. Sociobiology, California, v. 54, p. 759-764, 2009.

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