ESTUDO TOPONÍMICO DAS ILHAS DO MUNICÍPIO DE BREVES-PA

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Transcrição:

Resumo ESTUDO TOPONÍMICO DAS ILHAS DO MUNICÍPIO DE BREVES-PA 95 Élida Egla Alves MONTEIRO (G-UFPA) Orientadora: Cinthia NEVES (UFPA) Este trabalho tem como objetivo fazer um levantamento quantitativo de todos os nomes possíveis das ilhas do Município de Breves-PA para assim identificar quais categorias de nomes próprios de lugares é mais recorrente no ato de nomear essas ilhas, bem como reconhecer os estratos linguísticos predominantes na toponímia marajoara (portugueses, indígenas, africanos) buscando as possíveis influências (gramaticais e semânticas) das línguas em contato nessa região. Como suporte teórico metodológico adotamos a distribuição toponímica em categorias taxionômicas que representam os principais padrões motivadores dos topônimos no Brasil, sugerida por Dick (1990). O corpus da pesquisa foi coletado através da consulta a mapas (fontes do IBGE e SIVEP). Após a coleta, os topônimos foram registrados em fichas contendo o nome, a origem e categoria para serem analisados e classificados. Os primeiros resultados da análise do corpus evidenciam que a maior fonte de motivação toponímica das ilhas do Município de Breves é de natureza antropo-cultural, isto é, categorias relacionadas ao homem e sua relação com a sociedade e a cultura. Palavras-chave: Ilhas. Breves. Topônimos. INTRODUÇÃO O ato de nomear lugares surge como uma necessidade que o homem tem de referenciar e mais ainda de identificar o lugar que está denominando, e como podemos perceber esses designativos estão intrinsicamente ligados a características físicas, aspectos culturais, sociais e ideológicos do indivíduo e do local. Assim, a ciência que se encarrega de estudar os nomes próprios em geral é a Onomástica (do grego antigo ὀνομαστική, ato de nomear, dar nome). Câmara Jr. (2011, p. 226), nos conceitua como o conjunto dos antropônimos e dos topônimos de uma língua, bem como o estudo linguístico desses vocábulos, o qual requer métodos de pesquisa especiais. Ou seja, essa ciência é composta de duas subáreas que são elas: a antroponímia e a toponímia. A primeira estuda os nomes próprios de pessoas. E a segunda os nomes próprios de lugar (topônimo), a qual se dará ênfase nesse trabalho. Para termos um melhor entendimento sobre a temática proposta, devemos ter o conhecimento do que vem a ser a toponímia. Segundo Salazar-Quijada (1985, p. 18), a Toponímia como o ramo da Onomástica, que se ocupa do estudo integral, no espaço e no tempo, dos aspectos: geo-históricos, sócio-econômicos e antropo-lingüísticos que permitiram e permitem que um nome de um lugar se origine e subsista. Já para Dick (1980), o topônimo representa uma projeção aproximativa do real, tornando clara a natureza semântica de seu significado. Logo o topônimo, sempre repleto de significações, representa a realidade e reflete características de natureza física e também humanas, uma vez que evidencia aspectos históricos, sociais, políticos e ideológico.

Os estudos toponímicos também se revelam como um estudo de resgate a cultura, memória e a identidade de determinado lugar: Os atuais estudos onomásticos no Brasil vêm justamente resgatando a história social contida nos nomes de uma determinada região, partindo da etimologia para reconstruir os significados e, posteriormente, traçar um panorama motivacional da região em questão, como um resgate ideológico do denominador e preservação do fundo de memória. (CARVALHINHOS, 2002/2003, p. 172) Assim, ao se estudar o signo toponímico é possível que tomemos conhecimento de sua origem para então entender as transformações e influências que outras línguas e povos trouxeram para esse topônimo, bem como reconhecer fatos históricos que fazem parte da memória cultural desse lugar. Em suma, os topônimos estão além de apenas referenciar, revelam também aspectos de sua origem e motivação. E ainda, Carvalho (2012, p.2) evidencia que a Toponímia possui uma dupla dimensão: do referente espacial geográfico (função toponímica) e do referente temporal (memória toponímica). A necessidade deste estudo se deu primeiramente no interesse de investigarmos quais motivações levaram os usuários da língua a nomeou as ilhas do município de Breves, levando em consideração as influências externas e internas recebidas e as várias possibilidades denominativas ao seu interresse. E em segundo lugar, contribuir para um melhor conhecimento do léxico toponímico e da memória histórico-cultural brevense através dos resultados que este estudo, ainda que preliminar, poderá fornecer. Bem como um registro desses aspectos e do tipo de estudo tão necessitados na área que posteriormente também servirá como base para futuras pesquisas mais aprofundadas no tema. Portanto, este trabalho tem como objetivo fazer um levantamento quantitativo de todos os nomes possíveis das ilhas do Município de Breves-PA e identificar quais categorias de nomes próprios de lugares é mais recorrente no ato de nomear as ilhas do município de Breves, bem como reconhecer os estratos linguísticos predominantes na toponímia marajoara (portugueses, indígenas, africanos) buscando as possíveis influências (gramaticais e semânticas) das línguas em contato nessa região. Para um melhor entendimento do trabalho este se divide em cinco partes: na primeira temos alguns dados gerais do município pesquisado. Na segunda, apresentaremos o modelo taxionômico de Dick que servirá de base para nossa classificação. Na terceira, a metodologia utilizada para a obtenção dos dados. Na quarta, serão apresentados os dados da pesquisa e a análise. E, por fim, as considerações finais. 96

97 BREVES-DADOS GERAIS DO MUNICIPIO PESQUISADO Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), Breves era o nome de uma família portuguesa, residente na Missão dos Bocas em princípios do século XVIII. Os irmãos Manoel e Ângelo e a mulher deste Inês de Souza estabeleceram-se na sesmaria concedida ao primeiro pelo Capitão-general João de Abreu Castelo Branco, em 19 de novembro de 1738, e confirmada pelo rei de Portugal em 30 de março de 1740. No lugar onde hoje está edificada a cidade, Manoel Breves Fernandes, com o irmão e a cunhada, fundou o pequeno engenho e fez plantações de roças. Outros parentes se lhes foram juntar, e a propriedade tornou-se conhecida como lugar dos Breves. Até 1854 ainda se tinha notícia de que um remanescente da família, Saturnina Teresa, empenhava-se pela posse das terras, o que não conseguiu. Daí para diante são desconhecidos os nomes e o destino que tiveram os demais descendentes dos Breves. Por Portaria de 20 de outubro de 1738, o Capitão-general José de Nápoles Tello de Menezes, atendendo a requerimento da família Breves, concedeu à propriedade predicamento de lugar, passando a denominar-se Lugar de Santana dos Breves. Com essa categoria, foi-se desenvolvendo durante o período colonial, até a Proclamação da Independência, quando passou a fazer parte do Município de Melgaço e depois do de Portel. Em 30 de novembro de 1850, pela lei provincial nº 172, foi elevado à freguesia, e, em 25 de outubro do ano seguinte, pela Resolução nº 200, foi elevado à categoria de vila e consequentemente, sede do município. O mesmo ato extinguiu a Vila de Melgaço e incorporou seu território ao Município de Breves. A lei estadual nº 1.122, de 10 de novembro de 1909, concedeu foros de cidade à sede do município. Com o último censo realizado pelo IBGE em 2010, a população era constituída de 92.860 pessoas, com densidade demográfica 9,72 hab/km², em 2016 contava com uma estimativa de 99.080 pessoas. MODELO DE DICK (1990) Para organizar e sistematizar melhor os estudos toponímicos foi sugerido por Dick em 1990, um modelo que serviria de base para classificar os nomes de lugares, o qual é o mais utilizado neste tipo de estudo e que seriu de base para nossa classificação. Para a autora os modelos taxionômicos devem ser interpretados como um instrumento de trabalho que permitirá a aferição objetiva de causas motivadoras dos designativos geográficos, procurando suprir as demandas da pesquisa (DICK, 1990, p.26). De acordo com ela este modelo está dividido em duas categorias de acordo com sua natureza que são elas: A-TAXIONOMIAS DE NATUREZA FÍSICA: Astrotopônimos referentes aos corpos celestes; Cardinotopônimos relativos às posições geográficas; Cromotopônimos referentes à

escala cromática; Dimensiotopônimos referentes à dimensão dos acidentes geográficos (extensão, comprimento, largura, espessura, altura, profundidade; Fitotopônimos de índole vegetal; Geomorfotopônimos relativo às formas topográficas, (elevações montanha, monte, morro, colina, coxilha; depressões do terreno vale, baixada; formações litorâneas costa, cabo, angra, ilha, porto); Hidrotopônimos resultantes de acidentes hidrográficos, (água, córrego, rio, ribeirão, braço, foz); Litotopônimos os de índole mineral e também os referentes à constituição do solo (barro, barreiro, tijuco, ouro); Meteorotopônimos relativos a fenômenos atmosféricos (vento, chuva, trovão, neve); Morfotopônimos os que refletem o sentido de forma geométrica; Zootopônimos relativos a animal (doméstico e não doméstico). B TAXIONOMIAS DE NATUREZA ANTROPOCULTURAL: Animotopônimos referentes à vida psíquica e à cultura espiritual não pertencente à cultura física (vitória, triunfo, saudade, belo, feio); Antropotopônimos os referentes aos nomes próprios individuais (prenome, hipocorístico, prenome + alcunha, apelidos de família, prenome + apelido de família); Axiotopônimos relativos aos títulos e dignidades que acompanham os nomes próprios individuais; Corotopônimos referentes a nomes de cidades, países, Estados, regiões e continentes; Cronotopônimos encerram indicadores cronológicos, representados pelos adjetivos novo/nova, velho/velha nos topônimos; Dirrematopônimos os constituídos por frases enunciados; Ecotopônimos relativos às habitações; Ergotopônimos referentes aos elementos da cultura material; Etnotopônimos relativos aos elementos étnicos, isolados ou não (povos, tribos, castas); Hierotopônimos relativos a nomes sagrados de crenças diversas (cristã, hebraica), a efemérides religiosas, às associações religiosas e aos locais de culto, com subdivisões em Hagiotopônimos (nomes de santos/santas do hagiológio romano) e Mitotopônimos (entidades mitológicas); Historiotopônimos relativos aos movimentos de cunho histórico-social, a seus membros e às datas comemorativas; Hodotopônimos referentes às vias de comunicação rural ou urbana; Numerotopônimos relativos aos adjetivos numerais; Poliotopônimos constituídos pelos vocábulos vila, aldeia, cidade, povoação, arraial; Sociotopônimos os relativos às atividades profissionais, locais de trabalho e aos pontos de encontro da comunidade (largo, praça); Somatotopônimos os relativos metaforicamente à partes do corpo humano ou do animal. Este modelo nos serviu de base. A seguir, apresentaremos a metodoloia da pesquisa, os topônimos encontrados e a taxe a qual pertence. METODOLOGIA Como suporte teórico metodológico adotamos a distribuição toponímica em categorias taxionômicas que representam os principais padrões motivadores dos topônimos no Brasil, sugerida por DICK (1990). O corpus da pesquisa foi coletado através da consulta a mapas (fontes do IBGE e 98

SIVEP). Após a coleta, os topônimos foram registrados em fichas contendo o nome, a origem e categoria para serem analisados e classificados. Vale ressaltar que para apresentarmos a etimologia dos topônimos de origem tupi utilizamos os estudos de Sampaio (1987), os dicionários de Cunha (1999) e Tibiriçá (1985). E para os outros, foram consultados o dicionário de Houassis (2007) e entre outras fontes. DADOS E ANÁLISE A tabela a seguir contém todos os nomes de ilhas do município de Breves coletados. Tabela 1: Classificação dos 66 topônimos encontrados. TOPÔNIMO TAXIONOMIA ETIMOLOGIA ILHA ALBERTINA Antropotopônimo Germanica ILHA BASÍLIA Antropotopônimo Portuguesa ILHA CACAU Fitotopônimo Tupi ILHA DA PADARIA Sociotopônimo Latina ILHA CRUZEIRO Hagiotopônimo Latina ILHA DAS COBRAS Zootopônimo Portuguesa ILHA DAS COBRAS 1º Zootopônimo Portuguesa ILHA DAS GUARIBAS Zootopônimo Tupi ILHA DAS MUCURAS Zootopônimo Tupi ILHA MUTUNQUARA Zootopônimo Tupi ILHA DAS MULATAS Etnotopônimo Espanhola ILHA DAS POMBAS Zootopônimo Latina ILHA DE ATURIA Fitotoponimo Tupi ILHA DO ABACATE Fitotopônimo Mexicana ILHA DO ARAMA Fitotoponimo Tupi ILHA DO LUCIO Antropotopônimo. Latina ILHA DO MIRANDA Antropotopônimo. Latina ILHA DO MUTUTI Fitotopônimo Tupi ILHA MUTUTI Fitotopônimo Tupi ILHA DO PEREIRA Antropotopônimo. Portuguesa ILHA DO SAPATEIRO Sociotopônimo - ILHA DO SIRIRI Zootopônimos Tupi ILHA FORTE VENEZA Corotopônimos - ILHA MONSARAZ Corotopônimo Portuguesa ILHA COMPRIDA Dimensiotopônimo - ILHA DO URUÁ Zootopônimo Tupi ILHA JULIANA Antropotopônimo. Grega/latina ILHA JABURU Zootopônimos Tupi ILHA MATA MATA Zootopônimos Tupi ILHA MUNGUBA Fitotopônimo Tupi ILHA NOVA Cronotopônimos Latina ILHA RASA Dimensiotopônimo Latina ILHA SANTA HELENA Hagiotopônimo Portuguesa ILHA SANTO ONOFRE Hagiotopônimo Portuguesa ILHA SÃO BENTO Hagiotopônimo Portuguesa ILHA SÃO BERNARDO Hagiotopônimo Portuguesa 99

100 ILHA SÃO FRANCISCO Hagiotopônimo Portuguesa ILHA SÃO JORGE Hagiotopônimo Portuguesa ILHA SÃO JOÃO 1º Hagiotopônimo Portuguesa ILHA SÃO MIGUEL Hagiotopônimo Portuguesa ILHA SÃO MIGUEL 1º Hagiotopônimo Portuguesa ILHA SÃO RAIMUNDO Hagiotopônimo Portuguesa ILHA VISTA ALEGRE Animotopônimo. Latina ILHA SANTA MARIA Hagiotopônimo Portuguesa ILHA SÃO JOSÉ Hagiotopônimo. Portuguesa ILHA NAZARÉ Antropotopônimo. Hebraica ILHA SÃO BENEDITO Hagiotopônimo Portuguesa ILHA DOS HERMES Antropotopônimo GREGA ILHA CAMARÃO Zootopônimo Latina/grega ILHA SERRARIA Sociotopônimo Latina ILHA DAS ONÇAS Zootopônimo Latina ILHA DAS CUTIAS Zootopônimo Tupi ILHA DO CUXIÚ Zootopônimo Tupi ILHA DO LIMÃO Fitotopônimos Portuguesa ILHA DO LIMÃO 2 Fitotopônimo Portuguesa ILHA LIMÃO Fitotopônimo Portuguesa ILHA DE SÃO PEDRO Hagiotopônimo Portuguesa ILHA FORTALEZA DA Antropotopônimo. - OLERIA ILHA DO SONO Animotopônimo Latina ILHA PARAÍSO Animotopônimo Latina ILHA DO MUTUM Zootopônimo Tupi ILHA SANTO AMARO Hagiotopônimo Portuguesa ILHA DE SÃO Hagiotopônimo Portuguesa SEBASTIÃO ILHA DAS PACAS Zootopônimos Tupi ILHA DA ROBERTA Antropotopônimo. Germanica ILHA DOS MACACOS Zootopônimo Africana Abaixo, temos 16 (dezesseis) topônimos que não se encaixaram em nenhuma das taxes. Portanto, estão sem classificação. Tabela 2: Topônimos sem classificação taxionômica. TOPÔNIMO ETIMOLOGIA ILHA DOS NETOS - ILHA MILHA Latina ILHA IPIRAGA Tupi ILHA DO CORRE Latina ILHA JAPICHAUA Tupi ILHA JAPICHAUA 2 Tupi ILHA MACUJUBIM Tupi ILHA CURUMU Tupi ILHA LIBANIA - ILHA DA PURACA Tupi

101 ILHA ITUQUARA Tupi ILHA ARANAÍ Tupi ILHA COROA Latim/grega ILHA MIRITIAPINA Tupi ILHA MIRITIAPINA 2 Tupi ILHA DO BORRALHO - Sistematizamos esses dados nos gráficos a seguir: Gráfico 1- Topônimos de Natureza Física. Zootopônimos fitotopônimo Dimensiotopônimos 7% 34% 59% Quanto aos topônimos de natureza física, das11(onze) taxes atribuídas a essa categorias, foram registradas 3 (três): os zootopônimos com 17(dezessete) ocorrências e representam o maior percentual de 59% dessa categoria. Os fitotopônimos com ocorrência de 10 (dez), representando 36% dos dados. E os dimensiotopônimos que representam o menor percentual de 7%, com ocorrência de 2 (dois) topônimos pertencentes a essa taxe. Gráfico 2- Topônimos de Natureza Antropo-cultural. animatopônimos Corotopônimos Antropotopônimos Hagiotopônimos Etnotopônimos Sociotopônimos Cronotopônimo 3% 8% 3% 8% 5% 27% 46%

Em relação à categoria antropo-cultural, das 16 taxes, foram registradas 7 (sete). Esta é a categoria de maior ocorrência representada pelos corotopônimos com 2 topônimo representando 5%. Os etnotopônimos com 1 topônimo representa 3%, cronotopônimos com 1 topônimo representa 3%, sociotopônimos com 3 topônimos representam 8%. Os animatopônimos com 3 topônimos representam 8%, antropotopônimos com 10 topônimos representam 27%, hagiotopônimos com 17 topônimos representam o maior percentual 46%. Gráfico 3 Classificação geral dos nomes das ilhas do município de Breves-PA de acordo com a taxionomia de Dick (1990). 102 26% 5% 5% 3% 15% Dimensiotopônimos Fitotopônimos Zootopônimos Antropotopônimos 26% Corotopônimos Cronotopônimos 1% 1% 3% 15% Etnotopônimos Hagiotopônimo Sociotopônimos Animotopônimos No gráfico 3, temos uma classificação geral de todos os nomes de ilhas que encontramos e que se encaixaram em um das taxes, totalizando 66 topônimos distribuídos em dez taxes que são : dimensiotopônimos (2 ocorrências-3%); fitotopônimos ( 10 ocorrências- 15%); zootopônimos (17 ocorrências-26%); antropotopônimos (10 ocorrências-15%); corotopônimos (2 ocorrências-3%); cronotopônimos (1 ocorrência-1%); etnotopônimos (1 ocorrência-1%); sociotopônimos (3 ocorrências-5%); animatopônimos ( 3 ocorrências-5%); hagiotopônimos (17 ocorrências-26%). Vale ressaltar que 16 topônimos ficaram de fora dessa classificação e não foram incluídos nesse gráfico geral por não corresponderem a nenhuma das taxes propostas. E ainda, outros se apresentaram sem a etimologia por serem duvidosa e que serão esclarecidas em estudos posteriores. Os primeiros resultados da análise do corpus evidenciam que a maior fonte de motivação toponímica das ilhas do Município de Breves é de natureza antropo-cultural, isto é, categorias relacionadas ao homem e sua relação com a sociedade e a cultura. Categoria essa que pode ser representada pelos antrotopônimos, sociotopônimos e com maior ênfase na taxe dos hagiotopônimos-topônimos relativos aos santos do hagiológico católico romano-, como exemplo, temos: Ilha São Benedito, Ilha Santo Onofre, Ilha São Bento, Ilha São Bernardo, Ilha São Francisco, Ilha São Jorge, Ilha São João, Ilha Santo Amaro

Esses dados indicam a forte influência que a colonização portuguesa trouxe para a região principalmente no que diz respeito à tradição católica: 103 No ano de 1786, a 12 de Junho aportamos a um pequeno lugar denominado Breves. Consta de alguns moradores pardos ou índios. Não tem igreja, nem capela, e dista da freguesia que é a vila de Melgaço um dia de viagem, por isso se acham muitos ignorantes na doutrina. Perguntando a um grande número de mulheres e meninos quem era a Mãe de N. S. Jesus Cristo não souberam responder-me. Preguei e ensinei o que pude em tão pouco tempo. Recomendei a um homem mais inteligente que instruísse aos meninos, para o que lhe dei alguns livros. Crismei, visitei-os nas suas casas estimulando-os ao trabalho corporal e ao de salvação, e às cinco horas da tarde os deixamos (SOARES, 1946, p.138 apud PACHECO, 2010). Pelo fator de ser uma condição de imposição do colonizador, nem sempre representa de fato a realidade da época e do povo, pois muitos costumes e tradições próprios foram substituídos pela cultura e tradição do português e refletiram nos topônimos aqui resgistrados. Por isso, as opções do denominador pelos elementos linguísticos São ou Santo/ Santa é bastante comum na toponímia brasileira e isso acaba por dificultar a classificação terminológica, ou tipológica, pois empresta ao topônimo uma aparência religioso-devocional que nem sempre corresponde à realidade de fato. (MAEDA, p. 229, 2006) Todavia, não podemos deixar de citar também as categorias de natureza física que se mostram bem marcantes no gráfico acima, podemos citar a taxe dos zootopônimos e fitotopônimos, relativos à fauna e flora. Essas categorias evidenciam características do ambiente físico fazendo uma estreita relação de sentido entre o topônimo e o seu referente. Em relação à origem dos topônimos podemos perceber a contribuição das línguas em contato nessa região como a africana, indígena, portuguesa e entre outras. Dando maior ênfase para a contribuição indígena, em destaque para a as taxes de natureza física. Segundo Sampaio ([s.d], [s.p] apud DICK, 1987, p. 99) o indígena fazia uso, globalmente, de elementos descritivos de seu ambiente. Em outras palavras, ao denominar um lugar, os indígenas faziam isso de forma bem prática de acordo com as características externas do ambiente físico, se um lugar, por exemplo, era bem rico em vegetação naturalmente teria um nome que fizesse referência a esse aspecto. Apesar de hoje não termos registros de falantes dessa língua residentes no município de Breves, devido às muitas mudanças, que foram consequências da colonização, houve a valorização da língua do colonizador e a língua nativa foi praticamento apagada, porém a existência desses topônimos de origem indígena confirmam essa contribuição. E também as influências do colonizador português, como já ditos anteriormente muitos dos nomes de ilhas são nomes portugueses.

CONSIDERAÇÕES FINAIS Este estudo, ainda que preliminar, buscou contribuir para um melhor entendimento do léxico toponímico brevense partindo do objetivo de fazer um levantamento de todos os nomes das ilhas do município de Breves-PA e assim identificar quais categorias de nomes próprios de lugares é mais recorrente no ato de nomear as ilhas do município de Breves, bem como reconhecer os estratos linguísticos predominantes na toponímia marajoara (portugueses, indígenas, africanos) buscando as possíveis influências (gramaticais e semânticas) das línguas em contato nessa região. De acordo com os dados coletados, podemos afirmar que a categoria mais fecunda na nomeação das ilhas de Breves, é a de natureza antropo-cultural que faz referências à relação do homem com o ambiente, com destaque para a taxe dos hagiotopônimos-são, santas/santos- religião imposta pelos portugueses e que até hoje é marcante e faz parte da tradição religiosa brevense. Quanto às influências das línguas foi bastante notório a contribuição da língua indígena, o tupi, principalmente nos zootopônimos e fitotopônimos. Assim, como os estudos toponímicos também se propõem a revelar parte da memória e o resgate à cultura de determinado espaço geográfico de acordo com os dados citados podemos perceber muitos aspectos histórico-culturais do município de Breves, principalmente quando se busca a origem desses nomes sendo reveladas contribuições de muitas línguas e povos importantes para a história e memória do lugar. Vale ressaltar que este estudo é apenas o início, e poderá servir de base para pesquisas posteriores mais aprofundados no tema, uma vez que não encontramos nenhum outro semelhante a esse sobre as ilhas do município de Breves, podendo ser acrescentado com novas informações. E posteriormente, registrar esses topônimos em fichas lexicográficas que seria uma análise mais estruturada desses nomes. 104 REFERENCIAL TEÓRICO CÂMARA JR., Joaquim Mattoso. Dicionário de Linguística e Gramática: referente à Língua Portuguesa. 28. ed. Petrópolis: Vozes, 2011. CARVALHINHOS, Patricia de Jesus. Onomástica e lexicologia: o léxico toponímico como catalisador e fundo de memória. Estudo de caso: os sociotopônimos de Aveiro (Portugal). In: Revista USP. São Paulo, n.56, p. 172-179, 2002-2003. CARVALHO, Ana Paula Mendes Alves de. Língua e identidade cultural: o estudo da Toponímia local na escola. In: SIELP, 1, 2012, Uberlândia. Anais... Uberlândia: EDUFU, 2012. CUNHA, Antônio Geraldo da. Dicionário etimológico da língua portuguesa. 3 ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2007.

. Dicionário histórico das palavras portuguesas de origem tupi. 5. ed. São Paulo: Companhia Melhoramentos; Brasília: Universidade de Brasília, 1999. DICK, Maria Vicentina de Paula do Amaral. A Motivação Toponímica: princípios teóricos e modelos taxionômicos. São Paulo: FFLCH/USP, 1990.. Métodos e Questões Terminológicas na Onomástica. Estudo de caso: O Atlas Toponímico do Estado de São Paulo. Recife, UFPE: v. 9, p.119-148, 1999.. Toponímia e Cultura. In: Rev. Inst. Est. Bras., SP, 27:93-101, 1987. DICIONÁRIO de nomes próprios: significado dos nomes. Disponível em <http://www.dicionariodenomesproprios.com.br/juliana>. Acesso em: 10 outubro 2017. HOUAISS, Antônio. Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa. Editora Objetiva Ltda, 2007. HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Disponível em: <http://cidades.ibge.gov.br/brasil/pa/histórico>. Acesso em 08 setembro 2017. MAEDA, Raimunda Madalena Araujo. A toponímia sul-mato-grossense: um estudo dos nomes de fazendas. 2006. 272f. Tese (Doutorado em Linguística e Língua Portuguesa)-Facudade de Ciências e Letras. Universidade Estadual Paulista, Araraquara-SP. 105 PACHECO, Agenor sarraf. A conquista do ocidente marajoara: índios, portugueses e religiosos em reinvenções históricas. In: SCHAAN, D. P.; MARTINS, C. P. (Orgs) Muito Além dos Campos: arqueologia e história na Amazônia Marajoara. Belém: GKNORONHA, 2010. TIBIRIÇÁ, Luiz Caldas. Dicionário de Topônimos Brasileiros de Origem Tupi: significado dos nomes geográficos de origem tupi. Brasil: Traço, 1985. SALAZAR-QUIJADA, Adolfo. La Toponimia en Venezuela. Caracas: Universidad Central de Venezuela - Publicationes de la Facultad de Ciências Económicas y Sociales, 1985. SAMPAIO, Theodoro. O Tupi na Geografia Nacional. 5. ed. Corrigida e aumentada. São Paulo: Editora Nacional, 1987. SEABRA, Maria Cândida Trindade Costa de. Pesquisa Toponímica em Minas Gerais: contribuições do Projeto ATEMIG. In: Discurso, sujeito e memória. Orgs. Olímpia Maluf-Souza, Valdir Silva, Eliana de Almeida, Leila Salomão Jacob Bisinoto. Coleção ENALIHC. Campinas, SP: Pontes Editores, 2012. Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica (SIVEP). Disponível em <http://200.2014.130.44/sivep-malária/>. Acesso em 10 setembro 2017.