Miriam da Glória Seoldo Ferreira Monteiro Denise Celeste Godoy de Andrade Rodrigues

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Transcrição:

Miriam da Glória Seoldo Ferreira Monteiro Denise Celeste Godoy de Andrade Rodrigues ANO 2016

Miriam da Glória Seoldo Ferreira Monteiro Denise Celeste Godoy de Andrade Rodrigues MANUAL DE BIOSSEGURANÇA Volta Redonda 2016

FICHA CATALOGRÁFICA Bibliotecária: Alice Tacão Wagner - CRB 7/RJ 4316 M772mMonteiro, Miriam da Glória Seoldo Ferreira. Manual de biossegurança./ Miriam da Glória Seoldo Ferreira Monteiro; Denise Celeste Godoy de Andrade Rodrigues - Volta Redonda: UniFOA, 2016. 51p. : Il Produto (Mestrado) UniFOA / Mestrado Profissional em Ensino em Ciências da Saúde e do Meio Ambiente, 2017. 1. Ciências da saúde - produto. 2.Riscos ocupacionais. 3. Biossegurança - educação.i. Centro Universitário de Volta Redonda. III. Título.

SUMÁRIO APRESENTAÇÃO... 09 1 INTRODUÇÃO... 11 2 BIOSSEGURANÇA... 14 2.1 DEFINIÇÃO... 14 2.2 BOAS PRÁTICAS LABORATORIAIS... 14 3 EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA... 17 3.1 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL... 17 3.1.1 Exemplos de EPIs... 18 3.1.1.1 Luvas... 18 3.1.1.2 Óculos de proteção e escudo facial... 21 3.1.1.3 Gorro descartável... 21 3.1.1.4 Botas de borracha... 21 3.1.1.5 Jaleco... 21 3.1.1.6 Dispositivos de pipetagem... 22 3.2 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA... 22 3.2.1 Exemplos de EPCs... 23 3.2.1.1 Lava olhos... 23 3.2.1.2 Chuveiro de segurança ou de emergência... 24 3.2.1.3 Extintor de incêndio... 24 3.2.1.4 Capela de segurança química... 27 3.2.1.5 Autoclave... 28 3.2.1.6 Cabine de segurança biológica... 29 4 RISCOS LABORATORIAIS... 31

4.1 RISCOS DE ACIDENTE... 31 4.2 RISCOS FÍSICOS... 31 4.3 RISCOS BIOLÓGICOS... 32 4.4 RISCOS QUÍMICOS... 32 4.5 RISCOS ERGONÔMICOS... 32 5 MAPAS DE RISCO... 33 6 CLASSIFICAÇÃO DE RISCO DOS AGENTES BIOLÓGICOS... 34 6.1 CLASSE DE RISCO1... 34 6.2 CLASSE DE RISCO 2... 34 6.3 CLASSE DE RISCO 3... 35 6.4 CLASSE DE RISCO 4... 35 7 NÍVEIS DE BIOSSEGURANÇA... 36 7.1 NÍVEL DE BIOSSEGURANÇA 1... 36 7.2 NÍVEL DE BIOSSEGURANÇA 2... 36 7.3 NÍVEL DE BIOSSEGURANÇA 3... 36 7.4 NÍVEL DE BIOSSEGURANÇA 4... 37 8 SEGURANÇA QUÍMICA EM LABORATÓRIOS... 39 8.1 CATEGORIAIS GERAIS DOS PRODUTOS QUÍMICOS E SEUS SÍMBOLOS... 40 8.1.1 Tóxicos (venenosos)... 40 8.1.2 Oxidantes (comburentes)... 40

8.1.3 Inflamáveis... 40 8.1.4 Explosivos... 41 8.1.5 Corrosivos... 41 8.2 ROTULAGEM DE SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS... 41 8.3 ARMAZENAMENTO DE SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS... 43 9 MANEJO DE AMOSTRAS NO LABORATÓRIO... 44 9.1 RECEBIMENTO DAS AMOSTRAS... 44 9.2 RECIPIENTES ADEQUADOS PARA AS AMOSTRAS... 44 10 RESÍDUOS LABORATORIAIS... 45 10.1 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS LABORATORIAIS... 45 10.1.1 Grupo A... 45 10.1.2 Grupo B... 46 10.1.3 Grupo C... 46 10.1.4 Grupo D... 46 10.1.5 Grupo E... 46 10.2 GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS... 47 10.2.1 Geração... 47 10.2.2 Segregação... 48 10.2.3 Acondicionamento... 49 10.2.4 Identificação... 49 10.2.5 Transporte... 50 10.2.6 Tratamento... 50 10.2.7 Disposição final... 50

11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 51

LISTA DE FIGURAS Figura 1: Luva de látex... 19 Figura 2: Luva de borracha... 19 Figura 3: Jaleco... 21 Figura 4: Chuveiro de segurança com lava olhos... 23 Figura 5: Extintor de incêndio... 24 Figura 6: Capela de segurança química... 27 Figura 7: Autoclave... 28 Figura 8: Representação das cores associadas aos tipos de riscos... 33 Figura 9: Recipientes contendo substâncias químicas... 42

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS USADAS EM BIOSSEGURANÇA ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas ANBio Associação Nacional de Biossegurança ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária BPLs Boas Práticas Laboratoriais CIPA Comissão Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho CLT Consolidação das Leis do Trabalho CNBS Conselho Nacional de Biossegurança CTNBio Comissão Técnica Nacional de Biossegurança CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente CDC Centers for Disease Control: Centro de Controle de Doenças DPI Dispositivo de Proteção Individual DPC Dispositivo de Proteção Coletiva EPI Equipamento de Proteção Individual EPC Equipamento de Proteção Coletiva HEPA - High Efficiency Particulate Air: Filtro de ar de alta eficiência HIV Vírus da Imunodeficiência Adquirida INCQS Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde

INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial MTE Ministério do Trabalho e Emprego NB Nível de Biossegurança NR Norma Regulamentadora OGMs Organismos Geneticamente Modificados OMS Organização Mundial de Saúde PCMSO Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional PGRSS Programa de Gerenciamento de Resíduos dos Serviços de Saúde PNB Política Nacional de Biossegurança PNRS Política Nacional dos Resíduos Sólidos PPRA Programa de Prevenção de Riscos Ambientais RDC Resolução da Diretoria Colegiada RSS Resíduos dos Serviços de Saúde

APRESENTAÇÃO Os laboratórios de saúde são considerados ambientes insalubres e que necessitam da implementação de regras e condutas para as atividades neles empregadas. Desta forma, aqueles que desenvolvem atividades nestes laboratórios são frequentemente expostos aos diversos tipos de riscos neles presentes, onde o manejo adequado destes riscos está intimamente ligado ao conhecimento das normas de biossegurança. Nesse contexto, este Manual de Biossegurança foi elaborado com o objetivo de orientar medidas de segurança voltadas para a prevenção de riscos inerentes às atividades em laboratórios que prestam serviços de saúde, bem como aos laboratórios de ensino e pesquisa e que requerem tais prevenções. Este Manual ainda constitui-se como resultado de uma pesquisa do curso de Mestrado Profissional em Ensino em Ciências da Saúde e do Meio Ambiente do Centro Universitário de Volta Redonda (UniFOA). 9

Diante disto, vale ressaltar que aqui encontram-se descritas as normas de procedimentos de segurança laboratorial de forma objetiva e em linguagem que visa facilitar a sua aplicação e compreensão. Recomenda-se que este Manual de Biossegurança fique em local visível a todos os usuários dos laboratórios de saúde, de forma a ser consultado de acordo com cada necessidade. 10

1 INTRODUÇÃO A exposição aos diversos riscos (físicos, químicos, biológicos e ergonômicos) nos ambientes laboratoriais pode causar inúmeros acidentes que dependem não somente de conhecimentos do indivíduo, mas também dos valores e conceitos que possui. A biossegurança consiste em inúmeras normas e regulações, as quais suas aplicações e o respeito a elas são imprescindíveis para manter um ambiente laboratorial com mais segurança. Diante deste contexto, a aplicação da biossegurança constitui-se como uma importante ferramenta de precaução aos riscos à saúde humana e ao meio ambiente. Quando o enfoque é a biossegurança, de maneira geral a informação e a educação sobre as normas e regras são necessárias, mas tornam-se também fundamental os fatores relacionados à ética pessoal e ao comportamento humano, a fim de que se possa evitar a exposição desnecessária aos riscos presentes em laboratórios de saúde ou de ensino. Ademais, torna-se necessário ressaltar neste capítulo que é importante relacionar à biossegurança não somente às normas e técnicas presentes neste manual, mas também é indispensável compreender o processo das ações humanas. Aqueles que realizam suas atividades em laboratórios, além de desenvolvê-las pautadas em conhecimentos técnicos, 11

devem fazê-las com o objetivo de relacioná-los com a capacidade de interação e respeito com o próximo. Um dos grandes desafios relacionados à biossegurança está na capacidade de diariamente, os profissionais de saúde ter que tomar decisões e escolhas morais de acordo com a sua cultura e o respeito ao indivíduo, de forma a conciliar a ética em biossegurança com a alteridade. A alteridade, que corresponde à qualidade ou ao caráter do indivíduo entender o outro como parte de si mesmo na tomada de decisões, deve ser praticada considerando toda a evolução tecnológica e científica na área da saúde onde a possibilidade de intervenção na vida humana é recorrente. Os profissionais de saúde vivenciam diariamente diversas situações nas quais devem tomar decisões e escolhas morais de acordo com a sua cultura. Assim, os valores humanos devem ser respeitados com a adequação das ações que envolvam as práticas laboratoriais. São múltiplas as regras e normas as quais devem ser aderidas pelos profissionais de saúde, bem como a ação dos mesmos, pautados nos conjuntos de regras da moral dos códigos de ética profissionais. Os indivíduos são diariamente forçados a escolhas morais, o que se refere à ética profissional de acordo com suas experiências, culturas, e até mesmo as questões religiosas. Portanto, a ética tem por objetivo ao contrário de criar 12

dificuldades, conduzir os indivíduos a se portarem na prática de suas funções com respeito ao outro. Acredita-se que além das referidas técnicas baseadas em técnicas de segurança e que se constituem altamente eficazes e importantes, o comportamento pessoal daqueles que utilizam os laboratórios, assim como suas relações interpessoais, são capazes de garantirem um local mais seguro para o exercício de suas atividades Praticar a biossegurança requer inúmeras habilidades e especialidades que vão desde o respeito e práticas das normas vigentes, até o exercício da ética da alteridade, buscando-se plenamente a proteção laboratorial. 13

2 BIOSSEGURANÇA 2.1 DEFINIÇÃO A biossegurança compreende um conjunto de normas voltadas à prevenção, minimização e/ou eliminação de riscos relacionados às atividades de pesquisa, ensino e prestação de serviços e que possam comprometer à saúde do homem e o meio ambiente. 2.2 BOAS PRÁTICAS LABORATORIAIS Nos laboratórios são preconizadas as boas práticas laboratoriais que consistem em um grupo de regras que visam à prevenção de agravos à saúde nestes ambientes e estão descritas a seguir: a. Devem ser utilizados jalecos confortáveis e de preferência de mangas compridas. b. As roupas usadas nos laboratórios devem ser discretas e sem partes que possam prender-se em objetos. c. Devem-se ser usados calçados limpos e fechados. d. O uso do jaleco é exclusivo nos ambientes laboratoriais, sendo vedado o seu uso em vias públicas, assim como os equipamentos de proteção. 14

e. O uso de adornos diversos tais como brincos, colares, pulseiras e anéis devem ser evitados, uma vez que consistem em materiais de difícil descontaminação e interferem nas práticas laboratoriais. f. O uso de lentes de contato deve ser evitado, porém caso não seja possível, deve-se utilizar óculos de proteção. g. Os cabelos devem estar sempre limpos e presos, no caso de serem compridos, e a touca deverá ser usada quando necessário. h. As mãos devem estar sempre limpas e higienizadas com álcool 70%, assim como as unhas deverão estar sempre cortadas. A higienização das mãos deve ser feita sempre antes e após as atividades. As luvas deverão ser usadas sempre que houver manipulação com materiais biológicos. i. Às mulheres aconselha-se o uso de maquiagens discretas, e os homens devem manter a barba sempre feita. j. Os EPIs devem ser usados de acordo com o grau de risco. Ex.: luvas, máscaras, óculos, jalecos, aventais, etc. k. O descarte de material deverá obedecer a critérios estabelecidos para cada tipo de material. l. Alimentos não devem ser guardados em laboratórios e o seu consumo nestes ambientes é expressamente proibido. m. É vedado o ato de fumar em laboratórios. 15

n. Pessoas não autorizadas não deverão entrar nos laboratórios e as portas dos mesmos deverão estar sempre fechadas. o. Utilizar somente pipetas automáticas e pipetar com a boca é expressamente proibido. p. As superfícies devem ser descontaminadas antes e após quaisquer atividades. q. Agulhas não podem ser re-encapadas. r. Aqueles materiais que estiverem sem identificação não poderão ser manipulados. s. As atividades nos laboratórios devem ser exercidas com cuidado de forma a evitar a incidência de respingos ou aerossóis. t. Devem ser evitadas as atividades com material biológico caso o manipulador possua alguma lesão na pele. u. Não jogar as sobras de reagentes em pias comuns nos laboratórios. v. Na ocorrência de algum acidente, o responsável pelo laboratório deve ser imediatamente comunicado. 16

3 EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA Os equipamentos de segurança são destinados à proteção inerente aos riscos presentes nos laboratórios, com a finalidade de promover a redução ou eliminação de agravos à saúde do homem e ao meio ambiente. São considerados barreiras primárias ou elementos de contenção primária e são divididos em equipamentos de proteção individual (EPIs) e equipamentos de proteção coletiva (EPCs). 3.1 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL Os EPIs são regulamentados pela Norma Regulamentadora n.º 32 do Ministério do Trabalho e Emprego e constituem-se em todo o dispositivo utilizado de forma individual para garantir a sua prevenção. De acordo com esta norma, destacam-se informações importantes quanto ao uso dos EPIs: a) Os EPIs devem ser checados pelo menos uma vez ao dia com o intuito de verificar quanto ao seu estado de uso. b) Os EPIs deverão estar armazenados em locais que facilitem o seu acesso por aqueles que necessitem fazer o uso destes. 17

c) Caso algum EPI esteja com algum dano, ele deve ser substituído imediatamente. d) É de responsabilidade dos usuários de EPIs utilizarem-nos sempre que necessário, bem como zelar pela sua guarda e preservação e ainda notificar o responsável imediatamente caso o EPI esteja impróprio para uso e não forneça a segurança necessária. e) Cada tipo de EPI deve ser utilizado apenas para a finalidade a qual se destina. f) Ao estabelecimento cabe a função de promover todos os EPIs necessários às atividades, bem como substituílos quando necessário. 3.1.1 Exemplos de EPIs 3.1.1.1 Luvas: o uso das luvas é recomendado para a manipulação com agentes infecciosos, produtos químicos, preparo de soluções, descarte de materiais contaminados, limpeza e desinfecção, bem como de todos e quaisquer procedimentos laboratoriais que possam vir a afetar a saúde no ambiente laboratorial. As luvas são constituídas de materiais diversos e recebem finalidades distintas, conforme descrito a seguir: 18

a) Luva de látex descartável: é também chamada luva de procedimento e sua utilização é obrigatória na manipulação de agentes infecciosos e nas atividades que incluam fluidos biológicos. Em procedimentos cirúrgicos, a luva de látex deverá ser do tipo estéril. Figura 1: Luva de látex b) Luva de borracha: utilizada para limpeza geral e desinfecção de materiais diversos. São também utilizadas na manipulação de resíduos. Não são consideradas descartáveis, porém devem ser inutilizadas quando necessário. Figura 2: Luva de borracha 19

c) Luva de fio de kevlar: é utilizada nas atividades em ambientes com baixas ou altas temperaturas (até 250ºC) como, por exemplo, freezers, estufas ou autoclaves. d) Luva butílica: é utilizada no manuseio de ésteres e cetonas. e) Luva de PVC: é utilizada para manusear produtos químicos. NOTAS IMPORTANTES SOBRE LUVAS: Aquelas luvas que são consideradas DESCARTÁVEIS devem ser desprezadas em local apropriado, caso se encontrem danificadas. NUNCA REUTILIZÁ-LAS! As mãos devem ser lavadas ANTES E DEPOIS de quaisquer atividades laboratoriais, pois elas podem danificar-se durante a manipulação. NÃO utilizar as luvas para outros procedimentos que não se enquadrem nas atividades analíticas: atender ao telefone, tocar em maçanetas, utilizar o banheiro, etc. As luvas deverão ser usadas SOMENTE dentro do ambiente de trabalho. 20

3.1.1.2 Óculos de proteção e escudo facial: é o exemplo de EPI utilizado na proteção dos olhos e do rosto respectivamente no resguardo contra respingos de produtos químicos e de fluidos biológicos. 3.1.1.3 Gorro descartável: é um equipamento utilizado para a proteção dos cabelos quanto aos produtos diversos presentes nos laboratórios, assim como protege as amostras de possíveis contaminações. 3.1.1.4 Botas de borracha: são utilizadas para o trabalho em superfícies molhadas. 3.1.1.5 Jaleco: é utilizado para a proteção contra fluidos biológicos e substâncias diversas que podem contaminar as roupas. Devem ser preferencialmente de mangas compridas e confeccionados com material não inflamável, como o algodão, por exemplo. Figura 3: Jaleco 21

NOTA IMPORTANTE SOBRE O JALECO: O jaleco é de uso exclusivo dentro dos laboratórios. Seu uso para locais públicos como ônibus, praças, restaurantes, por exemplo, é PROIBIDO, assim como usálo dentro de residências. 3.1.1.6 Dispositivos de pipetagem: são dispositivos utilizados no auxílio para a sucção de substâncias através das pipetas. NOTAS IMPORTANTES SOBRE PIPETAS: A sucção de substâncias não deve ser feita NUNCA diretamente com a boca. Os dispositivos de pipetagem DEVEM SEMPRE SER USADOS nas atividades com pipetas. 3.2 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA Os equipamentos de proteção coletiva (EPCs) são destinados à proteção do pessoal de laboratório e do meio ambiente, bem como da atividade a ser realizada. Estes equipamentos podem ser usados por uma ou mais pessoas de 22

forma a reduzir ou eliminar os riscos presentes nas atividades laboratoriais. NOTAS IMPORTANTES SOBRE EPCS: Os EPCs devem estar em locais de fácil acesso e devidamente sinalizados. Para usá-los, preconiza-se o treinamento para tal. Os laboratórios devem mantê-los em bom estado de funcionamento. 3.2.1 Exemplos de EPCs Lava-olhos Figura 4: Chuveiro de segurança com lava-olhos 3.2.1.1 Lava-olhos: é utilizado caso haja contato dos olhos com materiais biológicos ou com substâncias diversas dos laboratórios. Na ocorrência de acidentes, os olhos devem ser lavados por pelo menos durante 15 minutos para que haja a remoção máxima de resíduos. Existem dois tipos de lava-olhos: os acoplados ao chuveiro de segurança ou frascos do tipo lava-olhos. 23

3.2.1.2 Chuveiro de segurança ou de emergência: é utilizado quando há derramamento de grande quantidade de substâncias ou fluidos no corpo, além de ser usado no caso de chamas nas roupas, evitando assim que o indivíduo sofra graves danos à saúde. 3.2.1.3 Extintor de incêndio: é utilizado nos acidentes que envolvam fogo. Existem diferentes tipos de extintores que são aplicáveis às classes de fogo, conforme os diferentes tipos de materiais envolvidos em um incêndio, conforme descrito a seguir. Figura 5: Extintor de incêndio 24

NOTAS IMPORTANTES SOBRE OS EXTINTORES: Os extintores devem estar em locais de fácil acesso e visualização e no chão abaixo do extintor deverá haver uma marcação para que esta área fique livre de quaisquer outros objetos que possam vir a obstruí-la. Devem estar sempre dentro do prazo de validade. Devem ser utilizados extintores sempre de acordo com as especificações do INMETRO. a) Extintor de água: é utilizado em materiais pertencentes à classe de fogo A, que correspondem a materiais à base de papel, tecido e madeira. NOTA IMPORTANTE SOBRE O EXTINTOR DE ÁGUA: O extintor de água NÃO deve ser utilizado em materiais elétricos (classe de fogo C). b) Extintor de dióxido de carbono: é utilizado em materiais de classe de fogo B, que correspondem aos líquidos inflamáveis como o álcool e a gasolina, por exemplo, bem 25

como em materiais pertencentes à classe de fogo C, que constituem nos equipamentos elétricos. c) Extintor de pó seco químico: é utilizado em materiais de classe de fogo B, que correspondem aos líquidos inflamáveis, e nos materiais elétricos pertencentes à classe C. Podem ser também utilizados em metais alcalinos. d) Extintor de espuma: é utilizado somente em materiais de classe de fogo B, que correspondem à classe dos líquidos inflamáveis. e) Extintor de halon: utilizado em fogo envolvendo líquidos inflamáveis e equipamentos elétricos. NOTA IMPORTANTE SOBRE O EXTINTOR DE HALON: O extintor de água halon é RESTRITO EM AMBIENTES CONFINADOS como, por exemplo, em aeronaves e plataformas de petróleo. 26

3.2.1.4 Capela de segurança química: é utilizada na manipulação de substâncias químicas, possuindo um sistema de exaustão para a proteção do indivíduo quanto à inalação de gases ou vapores das substâncias químicas. Figura 6: Capela de segurança química NOTA IMPORTANTE SOBRE A CAPELA DE SEGURANÇA QUÍMICA: Este EPC não substitui o uso de EPIs (máscara, luvas, óculos, jaleco, etc). 27

3.2.1.5 Autoclave: é utilizado para esterilização de materiais através de calor. Estes materiais podem ser reutilizados ou destinados ao lixo com segurança. Figura 7: Autoclave NOTA IMPORTANTE SOBRE A AUTOCLAVE: O manuseio da autoclave deve ser feito por pessoal treinado, pois pode se tornar um equipamento inseguro quando as regras de segurança são negligenciadas. 28

3.2.1.6 Cabine de segurança biológica: consiste em um EPC utilizado para a contenção de diversos tipos de agentes biológicos infecciosos e possui um sistema de filtração do ar que impede que o meio laboratorial e os indivíduos possam ser contaminados por estes agentes e também podem proteger o material a ser manipulado. É um tipo de meio físico mais eficaz na prevenção de contaminações nos diversos tipos de ensaios. Existem atualmente três tipos de cabines de segurança biológica, que são divididas em Classes e estão descritas a seguir: a) Classe I: é utilizada para a manipulação de microorganismos que possuem risco baixo ou moderado. Possui o filtro denominado HEPA (High Efficiency Particulate Air) cuja eficiência contra os microorganismos infecciosos é alta. Esta cabine protege o operador, porém não protege o material manipulado. b) Classe II: conhecida também como cabine de fluxo laminar, além de proteger o ambiente e o manipulador, este tipo protege também a amostra que está sendo manipulada e possui o filtro HEPA. Esta classe possui divisões descritas abaixo: II A: é indicada quando não há a presença de substâncias químicas voláteis, uma vez que o ar é recirculado no interior da cabine. 29

II B1: utilizada na manipulação com microorganismos de risco biológico de classes I, II e III. Protege o manipulador e a amostra ou produto. II B2: utilizada em operações com materiais químicos voláteis e radioativos. Protege o manipulador e a amostra ou produto. IIB3: utilizada para materiais tóxicos e com traços de radiação. c) Classe III: consiste em uma cabine de contenção máxima, sendo hermeticamente fechada e possui ventilação própria. A manipulação em seu interior é feita através de uma luva presa à cabine. É utilizada na manipulação de DNA e vírus, bem como na manipulação de micro-organismos de risco biológico classe III e IV. 30

4 RISCOS LABORATORIAIS Ambientes laboratoriais compreendem diversos riscos, classificados em grupos inerentes às atividades prestadas nestes locais e são específicos de cada tipo de atividade exercida. 4.1 RISCOS DE ACIDENTE Os riscos de acidentes são quaisquer fatores que possam ocasionar danos à integridade física, moral e psicológica ao indivíduo. Ex.: Incêndio, cortes e organização física do laboratório inadequada. 4.2 RISCOS FÍSICOS Os riscos físicos são aqueles relacionados às diferentes formas de energia às quais o indivíduo esteja exposto e possam vir a causar danos à saúde. Ex.: calor, ruído, frio, objetos perfurocortantes, etc. 31

4.3 RISCOS BIOLÓGICOS Os riscos biológicos referem-se à exposição à microorganismos diversos. Estes riscos ainda possuem quatro classificações, descritas no capítulo 5 deste Manual. Ex.: bactérias, vírus, fungos, parasitas, entre outros. 4.4 RISCOS QUÍMICOS Os riscos químicos referem-se à exposição aos produtos ou substâncias que possam entrar em contato com o organismo através da pele, mucosas ou através das vias respiratórias. Ex.: desinfetantes, poeira, solventes, os diversos produtos químicos, etc. 4.5 RISCOS ERGONÔMICOS Os riscos ergonômicos referem-se aos fatores que possam causar danos psíquicos e físicos ao indivíduo. Ex.: longos turnos de trabalho, levantamento de peso, excesso de responsabilidades, má postura, movimentos repetitivos, etc. 32

5 MAPAS DE RISCO Os mapas de risco constituem como um diagnóstico dos fatores de riscos presentes em um laboratório através da identificação dos fatores presentes nestes locais e que podem causar danos ao indivíduo. São representados através de um desenho gráfico de todas as áreas de um laboratório e seus riscos presentes são designados através de cores conforme a figura a seguir: FÍSICOS VERDE RISCOS BIOLÓGICOS QUÍMICOS MARROM VERMELHO ERGONÔMICOS AMARELO Figura 8: Representação das cores associadas aos tipos de riscos. 33

6 CLASSIFICAÇÃO DE RISCO DOS AGENTES BIOLÓGICOS Os agentes biológicos são divididos em quatro classes cujos critérios de avaliação se dão em função dos seguintes fatores: a. Patogenicidade: grau de capacidade de ocasionar determinada doença. b. Virulência: grau de capacidade de ocorrência de sintomas. c. Transmissibilidade: formas de transmissão de doença. d. Profilaxia: refere-se aos modos de prevenção. e. Tratamento: formas de tratamento de determinada doença. f. Endemicidade: tendência da doença em determinada região ou grupo populacional. 6.1 CLASSE DE RISCO 1 Indica os agentes biológicos que possuem baixo risco de causarem doença no indivíduo. Ex: Lactobacillus sp. 6.2 CLASSE DE RISCO 2 Indica os agentes biológicos que possuem risco moderado, cuja propagação é limitada para uma comunidade e seu tratamento é eficaz. Ex: Schistosoma manson. 34

6.3 CLASSE DE RISCO 3 Indica aqueles agentes biológicos que possuem um risco maior ao indivíduo, porém, com baixa probabilidade de disseminação. Ex: Vírus da Imunodeficiência Adquirida (HIV). 6.4 CLASSE DE RISCO 4 Indica aqueles agentes biológicos que possuem alto nível de risco individual e de disseminação à uma comunidade. Ex: Vírus Ebola. 35

7 NÍVEIS DE BIOSSEGURANÇA Os laboratórios possuem quatro níveis de biossegurança (NB) relacionados às classes de risco dos agentes biológicos e que estão descritas neste Manual no capítulo 5. 7.1 NÍVEL DE BIOSSEGURANÇA 1 Está relacionado aos laboratórios que manipulam os agentes biológicos pertencentes à classe de risco 1 e que possuem nível básico de contenção. 7.2 NÍVEL DE BIOSSEGURANÇA 2 Relaciona-se com aqueles laboratórios que manipulam ao agentes biológicos de classe de risco 2. 7.3 NÍVEL DE BIOSSEGURANÇA 3 Nos laboratórios deste nível, além dos agentes biológicos de classe 2, são manipulados também os de classe 3. 36

7.4 NÍVEL DE BIOSSEGURANÇA 4 Este nível está relacionado com os laboratórios que necessitam de alta contenção e neles são manipulados agentes biológicos de classe 4. No quadro 1 é apresentada a relação dos níveis de biossegurança e os laboratórios aos quais estão relacionados. 37

Quadro 1: Síntese dos níveis de biossegurança Níveis de Riscos: biossegurança escalas individual e coletiva 1 Fraco em ambas as escalas. 2 Individual: moderado. Coletiva: limitado 3 Individual: elevado Coletiva: limitado 4 Elevado em ambas as escalas. Tipos de microorganismos Pouco suscetíveis de causarem doenças. Patogênicos mas que não representam sério perigo. Patógenos podendo causar doenças e com risco elevado para quem os manipula. Agente patogênico que pode causar grave doença e é de fácil transmissão onde geralmente não há medidas de tratamento. Tipos de laboratórios Ensino básico. Hospitais de nível primário; ensino e diagnóstico; saúde pública e postos de saúde de primeira linha. Diagnóstico especializado. Unidade de germes patogênicos perigosos. 38

8 SEGURANÇA QUÍMICA EM LABORATÓRIOS A segurança química em laboratórios tem uma grande relevância no manejo e na prevenção de acidentes com as diversas substâncias químicas presentes nos laboratórios. Estes produtos químicos podem entrar em contato com o indivíduo através da sua inalação, ingestão acidental e contato direto com a pele e mucosas, causando reações diversas que vão desde reações alérgicas até danos mais graves como, por exemplo, queimaduras cutâneas ou mesmo danos sérios ao sistema respiratório. Desta forma, é relevante que aqueles indivíduos que frequentam os laboratórios conheçam bem as normas de biossegurança, assim como devem conhecer os diversos produtos químicos presentes nestes ambientes. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) todo produto químico deverá ter a Ficha de Informação de Segurança de Produto Químico (FISPQ), que deverá ser disponibilizada pelo seu fornecedor e conter desde as propriedades físicas do produto até informações sobre descarte e primeiros socorros no caso de acidentes. 39

8.1 CATEGORIAS GERAIS DOS PRODUTOS QUÍMICOS E SEUS SÍMBOLOS 8.1.1 Tóxicos (venenosos) São produtos ou substâncias nocivas ao organismo, podendo até mesmo causar a morte, que podem penetrar por vias respiratórias, contato com a pele e mucosas ou até mesmo ser ingeridas 8.1.2 Oxidantes (comburentes) São substâncias que em contato com outros tipos de substâncias ou principalmente, em contato com o oxigênio, podem causar fogo. 8.1.3 Inflamáveis São substâncias sólidas ou líquidas capazes de causarem chamas. 40

8.1.4 Explosivos São substâncias ou preparações que podem explodir quando confinadas. 8.1.5 Corrosivos São substâncias capazes de corroerem os tecidos, causando grandes queimaduras. 8.2 ROTULAGEM DE SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS Os recipientes de substâncias químicas devem ter rótulos ou marcações indicando as informações necessárias e consistem em uma maneira essencial na prevenção de acidentes. 41

Figura 9: Recipientes contendo substâncias químicas Algumas informações são extremamente necessárias nestes rótulos com o intuito de fornecer dados sobre o produto visando a segurança laboratorial: nome do produto, concentração, origem do produto (fornecedor), frases informativas sobre os cuidados com aquele determinado produto e incompatibilidades do produto. NOTAS IMPORTANTES SOBRE SEGURANÇA QUÍMICA: Antes de manusear qualquer produto químico procure conhecer as suas características. Caso uma embalagem não contenha rótulo e não seja possível identificar a substância, não a utilize. É importante manusear os frascos de reagentes químicos de forma a preservar o rótulo: segure o frasco sempre com a mão em cima do rótulo e verta o conteúdo (se líquido) pelo lado oposto. 42

8.3 ARMAZENAMENTO DE SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS As substâncias químicas deverão ser armazenadas levando em consideração os grupos gerais das diferentes substâncias. O local de armazenagem deve ser separado da área técnica do laboratório e deve ter um sistema de ventilação correto bem como EPIs e EPCs devem estar disponibilizados caso ocorra algum acidente. Alguns produtos químicos são considerados incompatíveis, pois quando entram em contato entre si podem criar condições de perigo devido às suas características químicas. Tais condições resultam em explosão, bem como na produção de gases inflamáveis ou tóxicos. Portanto, o estoque de produtos químicos incompatíveis deve ser realizado de tal forma que estes produtos fiquem separados. 43

9 MANEJO DE AMOSTRAS NO LABORATÓRIO 9.1 SEPARAÇÃO DAS AMOSTRAS Quando o laboratório recebe amostras para análise, estas devem ser imediatamente separadas de acordo com cada tipo de exame. Nesta fase deve-se ter o cuidado com a contaminação das mesmas e do manipulador. Os EPIs necessários devem ser utilizados com critério. 9.2 RECIPIENTES ADEQUADOS PARA AS AMOSTRAS As amostras a serem analisadas precisam estar em recipientes adequados de forma a garantir a segurança do manipulador e da não contaminação do material, bem como a segurança no transporte do material. 44

10 RESÍDUOS LABORATORIAIS Os resíduos gerados pelos laboratórios devem receber o manejo adequado com o objetivo de preservar a saúde do indivíduo e do meio ambiente. Diariamente, toneladas de lixos são produzidas nos diversos laboratórios de saúde do país e, em muitos casos, não são destinados ou tratados corretamente. Os resíduos dos laboratórios de saúde são considerados sépticos, pois podem conter micro-organismos patogênicos e possuem periculosidades que podem apresentar risco à saúde pública e promover a incidência de doenças e até mesmo mortalidade. Outro risco é inerente ao meio ambiente, quando o resíduo é gerenciado de forma inadequada. 10.1 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS LABORATORIAIS Os resíduos dos laboratórios de saúde são divididos em 5 grupos de acordo com sua natureza: 10.1.1 Grupo A São considerados resíduos do grupo A aqueles que contenham a possível presença de agentes biológicos e que, 45

devido às suas características de concentração e patogenicidade, podem ocasionar riscos de infecções. 10.1.2 Grupo B Consistem nos resíduos que apresentem produtos químicos, podendo causar danos à saúde a ao meio ambiente. 10.1.3 Grupo C Neste grupo estão os resíduos radioativos com quantidades superiores aos limites especificados pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). 10.1.4 Grupo D Também podendo ser equiparados aos lixos domiciliares, são aqueles resíduos comuns e que não contenham riscos biológicos, químicos ou radiológicos à saúde humana e ao meio ambiente. 10.1.5 Grupo E Este grupo constitui os materiais perfurocortantes. 46

10.2 GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS No gerenciamento dos resíduos laboratoriais devem ser contempladas as características de cada grupo de resíduos e observadas as seguintes etapas: geração, segregação, acondicionamento, identificação, transporte, tratamento e disposição final dos resíduos. NOTAS IMPORTANTES SOBRE O GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS: Além daquelas pessoas que exerçam as atividades analíticas nos laboratórios, aquelas responsáveis pelo processo de gerenciamento de resíduos deverão estar usando os EPIs necessários e deverão estar imunizadas. Cabe a todos que frequentam os laboratórios conhecer as classes de riscos dos resíduos e de formas de redução dos mesmos. 10.2.1 Geração Consiste na geração propriamente dita dos resíduos. 47

NOTAS IMPORTANTES SOBRE A REDUÇÃO NA GERAÇÃO DE RESÍDUOS: Escolher e utilizar corretamente somente o necessário para cada atividade evitando desperdícios desnecessários. Utilizar materiais descartáveis. Ex.: uso de embalagens retornáveis. Estudar possibilidades seguras de reciclagem não devendo ser, portanto, geradora de riscos e problemas. 10.2.2 Segregação Consiste na separação dos resíduos de acordo com o grupo ao qual pertencem e no momento em que foram gerados. Nesta etapa, torna-se importante que o profissional esteja treinado para que a segregação seja feita de forma correta. Os resíduos do grupo D, que são aqueles resíduos considerados comuns, podem ser reciclados e possuem identificação através de cores para cada tipo de matéria, conforme descrito a seguir: 48

Azul: papéis. Amarelo: metais. Verde: vidros. Vermelho: plásticos. Marrom: resíduos orgânicos. 10.2.3 Acondicionamento Esta etapa consiste no ato de embalar os resíduos anteriormente segregados. Para tal deve-se escolher sacos, caixas ou recipientes resistentes a rupturas e vazamentos. NOTAS IMPORTANTES SOBRE O ACONDICIONAMENTO DE RESÍDUOS: Nesta etapa, assim como nas demais, o uso de luvas adequadas é INDISPENSÁVEL na prevenção de acidentes! Os resíduos NÃO DEVEM ULTRAPASSAR 2/3 (dois terços) da capacidade de suas embalagens de acondicionamento. 10.2.4 Identificação São medidas que permitem o reconhecimento dos resíduos contidos nas embalagens que foram acondicionados 49

através de símbolos e descrições para que haja o correto manejo dos mesmos. 10.2.5 Transporte Está relacionado com o traslado do resíduo desde o seu ponto de geração e segregação até o local designado para armazenamento temporário ou armazenamento externo para a apresentação do mesmo ao serviço de coleta. 10.2.6 Tratamento Aqueles resíduos considerados contaminados por microorganismos patógenos, tecidos ou radiação, bem como aqueles com produtos químicos, devem ser tratados antes de serem eliminados. Nesta etapa são utilizados técnicas ou métodos que modifiquem as características dos riscos inerentes aos resíduos, reduzindo ou eliminando o risco de contaminação de acidentes ocupacionais ou de dano ao meio ambiente. 10.2.7 Disposição final Consiste na disposição dos resíduos ao solo de acordo com as normas do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). 50

11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL, Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Manual de Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde. 1 ed. Brasília, 2006.. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Classificação de Risco dos Agentes Biológicos. 2 ed. Brasília, 2010.. Portaria n 485 de 11 de novembro de 2005. Aprova a norma regulamentadora n 32 (Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde). Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Poder executivo. Brasília, DF, 16 nov. 2005. Seção 1, p. 80.. Ministério da Saúde. Diretrizes gerais para o Trabalho em Contenção com Agentes Biológicos. 2 ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. RAPPARINI, C. Acidentes de trabalho com material biológico.separata de: Biossegurança: uma abordagem multidisciplinar. 2 ed. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2010. 442 p. 51

Produto de Mestrado Mestrado Profissional em Ensino em Ciências da Saúde e do Meio Ambiente