ZONEAMENTO DE RISCO CLIMÁTICO PARA A CULTURA DA MANGUEIRA NO ESTADO DO PIAUÍ



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Transcrição:

ZONEAMENTO DE RISCO CLIMÁTICO PARA A CULTURA DA MANGUEIRA NO ESTADO DO PIAUÍ Ana Alexandrina Gama da Silva 1, Aderson Soares de Andrade Junior 2, Alexandre Hugo Cezar Barros 3 José Américo Bordini do Amaral 4, Mário Adelmo Varejão Silva 5,Gregório Guirado Faccioli 6, Rafael Rodrigues da Silva 7, Nilton Otávio de Oliveira Gomes 8, Wagner Roberto Milet Batista 9 RESUMO: O Estado do Piauí apresenta um grande potencial para o cultivo da mangueira (Mangifera indica L.), devido às condições de solo, água e clima se apresentarem favoráveis ao seu desenvolvimento em determinadas micro-regiões onde os solos são geralmente profundos, bem drenados e com relevo plano a levemente ondulado que quando aliados às condições ambientais favoráveis às exigências da cultura e ao grande manancial hídrico, superficial e subterrâneo favorecem ao cultivo da mangueira, que vem assumindo um papel relevante no agronegócio com fruteiras tropicais na Região Nordeste do Brasil. Neste trabalho apresenta-se zoneamento de risco climático para a cultura da mangueira no estado do Piauí, identificando os municípios com o menor risco climático ao seu cultivo econômico. Para a execução do trabalho foi sistematizado o banco de dados climatológico do Estado para o calculo dos parâmetros do balanço hídrico. Os riscos climáticos identificados foram: i) valores de umidade relativa do ar altos; ii) necessidade de uma estação seca de pelo menos 3 a 4 meses no ano e iii) atendimento da necessidade hídrica da cultura. Palavras-chave: Zoneamento de risco climático, Manga, Piauí. ABSTRACT The State of the Piauí presents a great potential for the culture of the mango (Mangifera indica L.), due to the soil conditions, water and climate if presented favorable to its development in determined micron regions where the ground are generally deep, drained well and with plain relief lightly waved that when allies to the ambient conditions favorable to the requirements of the culture and the great water source, superficial and underground source favor to the culture of the mango, that he comes assumeing an excellent role in the business with tropical fruits in the Region Northeast of Brazil. In this work zoning of climatic risk for the culture of the mango in the state of the Piauí is presented, identifying the cities with the lesser climatic risk to its 1 Embrapa Tabuleiros Costeiros, Av. Beira Mar 3250, 13 de Julho, CEP 49025-040, Telefone (79) 4009-1352, Fax (79) 4009-1369 E-mail:anagama@cpatc.embrapa.br 2 Embrapa Meio Norte, E-mail: aderson@cpamn.embrapa.br 3 Embrapa Solos, UEP Recife. E-mail: alex@cnps.embrapa.br 4 Embrapa Algodão, E-mail: bordini@cnpa.embrapa.br 5 Agroconsult, E-mail: varejão-silva@uol.com.br 6 Universidade Federal de Sergipe, E-mail:gregorio@ufs.br 7 Estagiário, Embrapa Solos, UEP Recife. E-mail: rodriguesrafael@click21.com.br 8 Estagiário,Embrapa Tabuleiros Costeiros, E-mail:niltonotavio@cpatc.embrapa.br 9 Estagiário,Embrapa Tabuleiros Costeiros, E-mail:wagnermilet@yahoo.com.br

economic culture. For the execution of the work the climatic data base of the State was systemize for calculates it of the parameters of the water balance. The identified climatic risks had been: i) values of high relative humidity of air; ii) necessity of a dry station of the at least 3 to 4 months in the year and iii) attendance of the water necessity of the culture. KeyWords: Zoning of climatic risk, Mango, Piauí. INTRODUÇÃO: O Estado do Piauí apresenta grande potencial para o cultivo da mangueira (Mangifera indica L.), devido às condições de solo, água e clima se apresentarem em determinadas microregiões favoráveis ao seu desenvolvimento. Nessas micro-regiões os solos são profundos, bem drenados e com relevo plano a levemente ondulado que aliados às condições ambientais favoráveis às exigências da cultura e favorecem ao cultivo da mangueira que vem assumindo um papel relevante no agronegócio com fruteiras tropicais na região nordeste do Brasil. A mangueira necessita de uma estação seca para vegetar e frutificar. A diferenciação floral ocorre logo após o final da estação chuvosa e o florescimento durante os meses secos. Em regiões quentes a cultura demanda em média 1000 mm de chuva por ano e de uma estação seca em torno de 4 a 6 meses de duração, com precipitação média mensal inferior a 60mm. O período entre a iniciação floral e a abertura das flores, sob condições tropicais é de 3 a 4 semanas (Genu et al.,2002). A ocorrência de chuvas durante o estádio do florescimento reduz seriamente a polinização e aumenta a queda de frutos. As melhores áreas para a produção comercial da mangueira são aquelas onde ocorrem temperaturas amenas, períodos secos antes da floração, umidade do solo adequada (chuva ou irrigação) durante o desenvolvimento dos frutos. A variação média de temperatura para um ótimo crescimento e desenvolvimento da mangueira situa-se entre 24º a 30ºC. Embora a mangueira possa tolerar temperaturas do ar acima de 48ºC e abaixo de 10ºC. De acordo com Genu et al., (2002), valores altos de umidade relativa do ar durante o ciclo da cultura favorece ao surgimento de doenças fúngicas, que aumentam quando os altos valores de umidade estão associados a temperaturas elevadas, provocando danos econômicos que pode inviabilizar a produção comercial dos frutos. SIMÃO (1971) atribui à incidência de doenças a principal causa para reduzir a frutificação da mangueira. O autor afirma que a umidade alta associada com a baixa temperatura também favorece ao ataque de doenças, especialmente o oídio e a antracnose, principais responsáveis pelos danos na frutificação. Em anos excessivamente úmidos a produção da mangueira é reduzida ou mesmo anulada, a ocorrência de chuvas de altas intensidades durante a inflorescência dificulta a polinização, provocando a queda das flores e os frutos novos. O objetivo deste trabalho foi realizar o zoneamento de risco climático para a cultura da mangueira no estado do Piauí identificando as regiões com maior potencial edafo-climático para o cultivo dessa espécie. Os principais riscos

climáticos considerados foram: valores altos da umidade relativa do ar; necessidade de uma estação seca de pelo menos 3 a 4 meses por ano e atendimento da necessidade hídrica da cultura. METODOLOGIA: Para a realização deste trabalho foram utilizados os totais mensais de precipitação pluvial publicados pela (SUDENE, 1990) e médias mensais de temperatura obtidos em aeroportos (DRA, 1967), estações meteorológicas e postos termo pluviométricos (SUDENE, 1963; ELLIS E VALENÇA, 1982). Para as localidades onde não existem dados medidos de temperatura, a temperatura média mensal do ar (T m ) para cada mês (m = 1, 2, 3... 12) e ano (m = 1... n), em cada posto pluviométrico foi estimada pelo seguinte modelo: T m = A m + B m φ + C m λ + D m ξ + E m φ 2 + F m λ 2 + G m ξ 2 + H m λφ + I m λξ + J m φλ. Em que os coeficientes mensais e anuais A m, B m,... J m, da equação, foram determinados pelo método dos mínimos quadrados dos desvios. O maior erro padrão da estimativa das temperaturas médias mensais foi inferior a ±1 o C. A partir dos dados de precipitação e temperatura foram elaborados para cada posto pluviométrico o balanço hídrico climatológico segundo Thornthwaite & Mather, 1955, considerando 150 mm de capacidade de retenção de água no solo. Para avaliação das limitações da cultura da mangueira em escala comercial considerou-se a variação espacial da temperatura média mensal e anual, o índice de umidade, a deficiência hídrica anual, e a umidade relativa do ar. De acordo com as exigências climáticas da mangueira, foram estabelecidos os seguintes critérios aptidão climática; Aptidão Parâmetro Restritivo Im Aptidão Temperatura média do ar T ma Desfavorável 80 a 20 Desfavorável T ma < 19º C Favorável (restrição de umidade) 20 a 0 Favorável (com alguma restrição térmica) 19º C Tma 22º C Favorável 0 a -20 Favorável 22º C < T ma 34º C Favorável (irrigação complementar recomendada) -20 a -40 Desfavorável T ma > 34º C Favorável (irrigação recomendada) -40 a -80 Critérios de risco climático adotados: Para o estabelecimento do risco climático foi elaborado o balanço hídrico ano a ano, para cada posto pluviométrico. A análise do risco de sucesso no cultivo da mangueira, em condições naturais (sem irrigação), foi baseada na freqüência de ocorrência de valores do índice hídrico (Iu) iguais ou superior 10, limite para regiões úmidas, em cada posto pluviométrico da área estudada. Risco Índice hídrico (Iu) Risco Alto - desfavorável por excesso de umidade. Mais de 80% dos anos estudados apresentaram Iu 10 Risco médio intermediário 60 a 80% dos anos estudados apresentaram Iu 10 Risco baixo - favorável mais de 60% dos anos estudados apresentaram Iu 10 Freqüência de ocorrência de Iu 10 0,8 a 1,0 0,6 a 0,8 0,0 a 0,6

Foram considerados propícios à exploração da mangueira, os municípios que apresentaram mais de 20% de sua superfície na condição de baixo risco de insucesso. Condições de médio risco (intermediário) de insucesso foram atribuídas aos municípios restantes, desde que ostentassem mais de 60% de sua superfície nessa condição. Os municípios não inseridos na área de baixo risco, para o cultivo da mangueira em condições naturais, podem ser potencialmente favoráveis ao cultivo irrigado, desde que satisfeitas as exigências de solo. Ressalta-se que, dada à distribuição espacial dos postos pluviométricos, a metodologia usada (possível) não permite detectar a existência de pequenas áreas com condições (micro climáticas), favoráveis ou desfavoráveis, diferentes do seu entorno. E que o risco climático está baseado em freqüências de ocorrência e, por conseguinte, possui intrinsecamente certo grau de incerteza, associado à variabilidade climática interanual, especialmente a da precipitação, bastante acentuada no Nordeste semi-árido (Reis e Varejão-Silva 1986; Varejão-Silva e Barros, 2001). RESULTADOS Na Tabela 2 são apresentados os solos considerados adequados à cultura da manga Solo Textura do Solo Tipos de Solos Tipo 2 15 a 30% de argila Latossolos textura média; Argissolos textura arenosa/média e média/média; Cambissolos textura média; Neossolos Flúvicos textura média; Neossolos Regolíticos textura média. [Latossolos Vermelho escuros e Vermelho amarelos]; e. Tipo 3 Mais de 30% de argila Latossolos textura argilosa; Argissolos textura arenosa/argilosa e média/argilosa; Cambissolos textura argilosa; Neossolos Flúvicos textura argilosa; Luvissolos Crômicos; [Podzólicos Vermelho Amarelo e Vermelho Escuro (Terra Roxa Estruturada); Latossolos Roxo e Vermelho-Escuro; Cambissolos Eutróficos e solos Aluviais de textura média e argilosa]. De acordo com os critérios adotados apresenta-se na Tabela 3 a relação dos municípios com indicação de baixo risco climático e respectivo período de plantio. Tabela 3 Municípios aptos e período de plantio para mangueira no Estado do Piauí. Município Condição Plantio Acauã Apto Irrigado jan - Agricolândia Apto fev-abr Água Branca Apto fev-abr Alagoinha do Piauí Apto Irrigado fev-abr Alegrete do Piauí Apto Irrigado fev-abr Alto Longá Apto fev-abr Altos Apto fev-abr Alvorada do Gurguéia Apto jan-abr Amarante Apto fev-abr Angical do Piauí Apto fev-abr Anísio de Abreu Apto Irrigado fev-abr Antônio Almeida Apto fev-abr Aroazes Apto fev-abr Arraial Apto jan-abr Assunção do Piauí Apto fev-abr Avelino Lopes Apto jan-mar Baixa Grande do Ribeiro Apto jan-mar Barra D'Alcântara Apto fev-abr Barras Apto fev-abr Barreiras do Piauí Apto dez- Barro Duro Apto fev-abr Batalha Apto fev-abr Bela Vista do Piauí Apto Irrigado jan-mar Belém do Piauí Apto Irrigado jan-mar Beneditinos Apto fev-abr Bertolínia Apto jan-abr Betânia do Piauí Apto Irrigado jan-abr Boa Hora Apto fev-abr Bocaina Apto Irrigado jan-mar Bom Jesus Apto jan-mar Bom Princípio do Piauí Apto mar- Bonfim do Piauí Apto Irrigado fev-abr Boqueirão do Piauí Apto fev-abr Brasileira Apto fev-abr Brejo do Piauí Apto Irrigado fev-abr Buriti dos Lopes Apto mar- Buriti dos Montes Apto fev-abr Cabeceiras do Piauí Apto fev-abr Cajazeiras do Piauí Apto jan-mar Cajueiro da Praia Apto fev-abr Caldeirão Grande do Piauí Apto fev-abr Campinas do Piauí Apto Irrigado jan-mar Campo Alegre do Fidalgo Apto Irrigado fev-abr

Campo Grande do Piauí Apto Irrigado jan-abr Campo Largo do Piauí Apto mar- Campo Maior Apto fev-abr Canavieira Apto Canto do Buriti Apto Irrigado fev-abr Capitão de Campos Apto fev-abr Capitão Gervásio Oliveira Apto Irrigado fev-abr Caracol Apto Irrigado jan-abr Caraúbas do Piauí Apto mar- Caridade do Piauí Apto Irrigado jan-abr Castelo do Piauí Apto fev-abr Caxingó Apto mar- Cocal Apto mar- Cocal de Telha Apto fev-abr Cocal dos Alves Apto mar- Coivaras Apto fev-abr Colônia do Gurguéia Apto Irrigado fev-abr Colônia do Piauí Apto Irrigado dez-fev Conceição do Canindé Apto Irrigado jan-mar Coronel José Dias Apto Irrigado fev-abr Corrente Apto dez- Cristalândia do Piauí Apto dez- Cristino Castro Apto jan-mar Curimatá Apto dez-fev Currais Apto jan-mar Curralinhos Apto fev-abr Curral Novo do Piauí Apto Irrigado fev-abr Demerval Lobão Apto fev-abr Dirceu Arcoverde Apto Irrigado jan-abr Dom Expedito Lopes Apto Irrigado jan-mar Domingos Mourão Apto fev-abr Dom Inocêncio Apto Irrigado fev-abr Elesbão Veloso Apto fev-abr Eliseu Martins Apto Irrigado fev-abr Esperantina Apto fev-abr Fartura do Piauí Apto Irrigado fev-abr Flores do Piauí Apto Irrigado jan-mar Floresta do Piauí Apto Irrigado jan-mar Floriano Apto jan-mar Francinópolis Apto fev-abr Francisco Ayres Apto jan-mar Francisco Macedo Apto Irrigado fev-abr Francisco Santos Apto Irrigado fev-abr Fronteiras Apto Irrigado fev-abr Geminiano Apto Irrigado jan-mar Gilbués Apto jan-mar Guadalupe Apto jan-mar Guaribas Apto Irrigado jan-mar Hugo Napoleão Apto fev-abr Ilha Grande Apto fev-abr Inhuma Apto fev-abr Ipiranga do Piauí Apto Irrigado jan-mar Isaías Coelho Apto jan-abr Itainópolis Apto Irrigado fev-abr Itaueira Apto jan-mar Jacobina do Piauí Apto Irrigado jan-mar Jaicós Apto Irrigado jan-mar Jardim do Mulato Apto fev-abr Jatobá do Piauí Apto fev-abr Jerumenha Apto jan-mar João Costa Apto Irrigado fev-abr Joaquim Pires Apto mar- Joca Marques Apto mar- José de Freitas Apto fev-abr Juazeiro do Piauí Apto fev-abr Júlio Borges Apto nov-jan Jurema Apto Irrigado fev-abr Lagoinha do Piauí Apto fev-abr Lagoa Alegre Apto fev-abr Lagoa do Barro do Piauí Apto Irrigado jan-mar Lagoa de São Francisco Apto fev-abr Lagoa do Piauí Apto fev-abr Lagoa do Sítio Apto fev-abr Landri Sales Apto jan-mar Luís Correia Apto fev-mai Luzilândia Apto mar- Madeiro Apto mar- Manoel Emídio Apto jan-mar Marcolândia Apto Irrigado jan-mar Marcos Parente Apto jan-mar Massapê do Piauí Apto Irrigado jan-abr Matias Olímpio Apto mar- Miguel Alves Apto fev-abr Miguel Leão Apto fev-abr Milton Brandão Apto fev-abr Monsenhor Gil Apto fev-abr Monsenhor Hipólito Apto Irrigado fev-abr Monte Alegre do Piauí Apto jan-mar Morro Cabeça no Tempo Apto jan-mar Morro do Chapéu do Piauí Apto mar- Murici dos Portelas Apto mar- Nazaré do Piauí Apto Irrigado jan-mar Nossa Senhora de Nazaré Apto fev-abr Nossa Senhora dos Apto mar- Novo Oriente do Piauí Apto fev-abr Novo Santo Antônio Apto fev-abr Oeiras Apto jan-mar Olho D'Água do Piauí Apto fev-abr Padre Marcos Apto Irrigado jan-abr Paes Landim Apto Irrigado jan-mar Pajeú do Piauí Apto Irrigado jan-mar Palmeira do Piauí Apto jan-mar Palmeirais Apto jan-abr Paquetá Apto Irrigado jan-mar Parnaguá Apto nov-jan Parnaíba Apto fev-abr Passagem Franca do Piauí Apto fev-abr Patos do Piauí Apto Irrigado fev-abr Pau D'Arco do Piauí Apto fev-abr Paulistana Apto Irrigado jan-mar Pavussu Apto Irrigado jan-abr Pedro II Apto fev-abr Pedro Laurentino Apto Irrigado fev-abr Nova Santa Rita Apto Irrigado fev-abr Picos Apto Irrigado jan-mar Pimenteiras Apto Irrigado fev-abr Pio IX Apto Irrigado fev-abr Piracuruca Apto fev-abr Piripiri Apto fev-abr Porto Apto fev-abr Porto Alegre do Piauí Apto fev-abr Prata do Piauí Apto fev-abr Queimada Nova Apto Irrigado jan-abr Redenção do Gurguéia Apto dez- Regeneração Apto fev-abr Riacho Frio Apto dez- Ribeira do Piauí Apto Irrigado jan-mar Ribeiro Gonçalves Apto jan-abr Rio Grande do Piauí Apto Irrigado jan-mar Santa Cruz do Piauí Apto Irrigado jan-abr Santa Cruz dos Milagres Apto fev-abr Santa Filomena Apto jan-mar Santa Luz Apto jan-mar Santana do Piauí Apto Irrigado jan-mar Santa Rosa do Piauí Apto jan-mar Santo Antônio de Lisboa Apto Irrigado jan-abr Santo Antônio dos Apto fev-abr Santo Inácio do Piauí Apto Irrigado dez-fev São Braz do Piauí Apto Irrigado fev-abr São Félix do Piauí Apto fev-abr São Francisco de Assis do Apto Irrigado jan-mar São Francisco do Piauí Apto Irrigado jan-mar São Gonçalo do Gurguéia Apto jan-mar São Gonçalo do Piauí Apto fev-abr

São João da Canabrava Apto Irrigado fev-abr São João da Fronteira Apto fev-abr São João da Serra Apto fev-abr São João da Varjota Apto Irrigado jan-mar São João do Arraial Apto mar- São João do Piauí Apto Irrigado fev-mai São José do Divino Apto fev-mai São José do Peixe Apto Irrigado jan-mar São José do Piauí Apto Irrigado jan-mar São Julião Apto Irrigado fev-abr São Lourenço do Piauí Apto Irrigado fev-abr São Luis do Piauí Apto Irrigado jan-abr São Miguel da Baixa Apto fev-abr São Miguel do Fidalgo Apto Irrigado dezmar São Miguel do Tapuio Apto fev-abr São Pedro do Piauí Apto fev-abr São Raimundo Nonato Apto Irrigado fev-abr Sebastião Barros Apto dez-fev Sebastião Leal Apto jan-abr Sigefredo Pacheco Apto fev-abr Simões Apto Irrigado jan-abr Simplício Mendes Apto Irrigado jan-mar Socorro do Piauí Apto Irrigado jan-mar Sussuapara Apto Irrigado jan-mar Tamboril do Piauí Apto Irrigado fev-abr Tanque do Piauí Apto fev-abr Teresina Apto fev-abr União Apto fev-abr Uruçuí Apto fev-abr Valença do Piauí Apto jan-abr Várzea Branca Apto Irrigado fev-abr Várzea Grande Apto fev-abr Vera Mendes Apto fev-abr Vila Nova do Piauí Apto Irrigado fev-abr Wall Ferraz Apto Irrigado jan-mar AGRADECIMENTOS: Apoio FINEP REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS DRA Tabelas Climatológicas. Ministério da Aeronáutica. Vol. 1. Diretoria de Rotas Aéreas. Rio de Janeiro, 1967. ELLIS, J e VALENÇA, A. S. Desvio Padrão da Temperatura Média Mensal no Brasil. Instituto Nacional de Meteorologia. Boletim Técnico 22: 1-75, 1982. GENU, P. J. de C.; PINTO, A. C. de Q. A Cultura da Mangueira. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2002. 452 p. IBGE Produção Agrícola Municipal (SIDRA) (www.sidra.ibge.gov.br) REIS, A. C. S.; VAREJÃO-SILVA, M. A. Climatologia do Agreste Setentrional. IPA, Recife, 1986b. REIS, A. C. S.; VAREJÃO-SILVA, M. A. Climatologia do Alto Pajeú. IPA, Recife, 1986 a. SIMÃO, S. Mangueira. In: SIMÃO, S. Manual de Fruticultura. São Paulo: Agronômica Ceres, 1971. p.339-371. SUDENE Dados pluviométricos mensais do Nordeste. Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste, Recife, 1990 (Série Pluviometria 1 a 10). SUDENE, Normais Climatológicas da Área da SUDENE. Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste. Convênio com o Serviço de Meteorologia, Recife, 1963. THORNTHWAITE, C. W.; MATHER, J. C. Instructions and tables for computing potential evapotranspiration and water balance. Drexel Institute of Technology. Publications in Climatology, X:3. Centertan, 1957. VAREJÃO-SILVA, M. A. Meteorologia e Climatologia. Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). 2ª Ed. Brasília, 2001.