Direito Civil 2ª Fase XXI Exame

Transcrição

1 ENUNCIADO PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL Em Jun.09, Soraia de 13 anos, perde a visão do olho direito após explosão de aparelho de televisão que atingiu superaquecimento após permanecer 24 horas ligado initerruptamente. A TV, da marca Eletrônico S/A fora comprada dois meses antes pela mãe da vítima. Exatos sete anos depois do ocorrido, em junho de 2016, a vítima propõe ação de indenização por danos morais e estéticos em face da fabricante do produto. Pede danos morais e estéticos por responsabilidade pelo fato do produto, com dispensa da prova da culpa. Houve citação pela 1ª Vara Cível da Comarca Y e a contestação foi oferecida, alegando inexistência de relação de consumo e prescrição conforme art. 206, 3º, V, CC/2002.

2 ENUNCIADO PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL Na qualidade de advogado de Soraia, elabore a peça processual cabível para a defesa imediata dos interesses de sua cliente, no último dia do prazo recursal, indicando seus requisitos e fundamentos nos termos da legislação vigente. Não deve ser considerada a hipótese de embargos de declaração (valor: 5,00) Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não confere pontuação.

3 GABARITO COMENTADO PEÇA: Apelação Fundamento da Peça: art. 355 e 1009 e ss do CPC; Petição de Interposição para o Juízo Comarca Y ; Razões para o Tribunal: o pedido pode ser tanto de invalidação como aplicação da teoria causa madura, art. 1013, 3º, CPC. Obs.: Não há data no problema com relação a interposição no último dia do prazo. Prof. João Aguirre e Prof. Renato Montans

4 GABARITO COMENTADO PEÇA: Apelação Direito Material: a) O apelante deve alegar que o CDC é aplicável ao caso, pois Soraia é vítima do acidente de consumo, portanto, consumidora por equiparação nos termos do art. 17 do CDC. Prof. João Aguirre e Prof. Renato Montans

5 GABARITO COMENTADO b) A pretensão da autora não está prescrita porque: b.1) não corre prescrição contra o absolutamente incapaz, nos termos do art. 198, I do CC/2002; b.2) Em razão do acima exposto a prescrição só começou a correr em Jun.12, quando Soraia fez 16 anos; b.3) O prazo prescricional é de 5 anos do art. 27 do CDC e não de 3 anos do art. 206, 3º, V do CC/2002. Assim, a prescrição só se daria em Junho de Prof. João Aguirre e Prof. Renato Montans

6 ENUNCIADO - QUESTÃO 1 Ana, menor impúbere, é filha de José e Maria, ambos com apenas 18 anos de idade, desempregados e recém-aprovados para ingresso na Faculdade de Direito Alfa. As respectivas famílias do casal possuem considerável poder aquisitivo, porém, se recusam a ajudá-los no sustento da pequena Ana, em razão de desentendimentos recíprocos. Destaca-se por fim, que todos os avós são vivos e exercem profissões de destaque. a) Os avós são obrigados a prestar alimentos em favor da neta: Se sim, seria obrigação solidária? b) A ação de alimentos pode ser proposta por Ana, representada por seus pais, sem incluir necessariamente todos os avós no polo passivo da demanda?

7 GABARITO COMENTADO a) A obrigação dos avós de prestar alimentos existe e não é solidária, mas subsidiária e complementar, nos termos da 1ª parte do art do CC/2002. b) É possível ajuizar a ação sem incluir todos os avós no polo passivo, hipótese em que os réus poderão chamar os demais avós para integrar a lide, conforme 2ª parte do art. 1698, CC/2002. Prof. João Aguirre e Prof. Renato Montans

8 ENUNCIADO - QUESTÃO 2 Miguel e Joana, irmãos, figuram respectivamente como locatário e fiadora em contrato de locação residencial celebrado com Antônio, no qual consta cláusulas em que Joana renuncia ao benefício ao benefício de ordem. Diante da ausência de pagamento dos valores acordados, Antônio promoveu ação de execução por título extrajudicial em face de ambos os devedores. Miguel foi citado 5 dias úteis antes de Joana, sendo que o comprovante de citação de Joana foi juntado aos autos 20 dias úteis após Miguel. a) Opostos embargos à execução por Joana que pleiteia sejam primeiro penhorados os bens de Miguel. Procede?

9 ENUNCIADO - QUESTÃO 2 b) O prazo de Miguel apresentar embargos à execução findou antes ou depois de iniciar o prazo para Joana embargar a execução? c) O prazo para oposição de embargos seria de 15 dias, contados em dobro, se Miguel e Joana possuíssem advogados distintos?

10 GABARITO COMENTADO a) Não, porque Joana renunciou ao benefício de ordem, nos termos do art. 828, I, do CDC; b) O prazo de Miguel fundou-se antes do prazo de Joana nos termos do art. 915, 1º, CPC; c) O prazo não será em dobro, pois a regra é excepcionada no art. 915, 3º, CPC. Prof. João Aguirre e Prof. Renato Montans

11 ENUNCIADO - QUESTÃO 3 A sociedade empresária Y, de Porto Alegre, e a sociedade empresária X, com sede em Salvador e filial em São Paulo, ambas de grande porte, firmaram contrato de parceria para desenvolvimento de um programa de instalação de máquinas subterrâneas, que seguiu um modelo de instrumento contratual elaborado pela sociedade empresária X, com cláusula de eleição de foro em São Paulo, local de instalação das máquinas. A empresa X suspendeu o cumprimento de suas obrigações, razão pela qual a empresa Y ajuizou ação de obrigação de fazer perante a Comarca de Porte Alegre, em tese, cuja eleição de foro estaria contida no contrato de adesão, não sendo válida.

12 ENUNCIADO - QUESTÃO 3 Com base em tais afirmativas: a) É válida a eleição de foro constante do contrato firmado entre as sociedades empresárias Y e X? a) O Juízo de Porto Alegre poderia reconhecer de ofício sua incompetência?

13 GABARITO COMENTADO a) É válida, pois as partes podem eleger o foro de eleição conforme o art. 63, CPC. b) Não é possível alegar a incompetência relativa de ofício, conforme o art. 337, 5º do CPC e Súmula 33 do STJ. Nesse caso, o juiz não pode de ofício nos termos art. 63, CPC, pois a cláusula de foro ainda que abusiva não foi o domicílio eleito pelo autor. Prof. João Aguirre e Prof. Renato Montans

14 ENUNCIADO - QUESTÃO 4 Ronaldo tem um crédito de R$ ,00 com Celso. O referido crédito foi proveniente de contrato de mútuo celebrado entre as partes, subscrito por falta de duas testemunhas. Apesar do vencimento da obrigação, Celso não cumpre o avençado. Ronaldo propõe ação de execução para o adimplemento da obrigação, restando evidenciado que Celso efetivamente doou seus dois únicos bens (automóveis) para Jorge antes da propositura da ação. a) É possível identificar algum vício na doação dos bens? b) Indique o instrumento processual do qual Ronaldo pode se valer para permitir que os bens doados possam ser expropriados na execução proposta. Fundamente a resposta com os dispositivos legais pertinentes.

15 GABARITO COMENTADO a) O vício é fraude contra credores conforme o art do CC/2002; a) O instrumento processual é a ação pauliana. Prof. João Aguirre e Prof. Renato Montans