UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA Faculdade de Ciências Económicas e Empresariais CONTABILIDADE FINANCEIRA II
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1 CONTABILIDADE FINANCEIRA II Equipa Docente: Data: 28 de Março de 2007 Cristina Neto de Carvalho Duração: 2 horas e 30 minutos Gioconda Magalhães Sílvia Cortês Joana Peralta Sofia Pereira Luiz Ribeiro 1ª Frequência Responda a cada grupo em folha separada Grupo I (4,0 valores 35 minutos) Tenha em consideração o Balanço Consolidado da Brisa, referente ao ano 2005, e respectivas notas anexas. 1. Analise o Activo da Brisa em 2005 e comente de acordo com a actividade da empresa. (Máx. 10 linhas) 2. Como devem ser valorizados os Activos financeiros disponíveis para venda? 3. Também na nota 30 em Acréscimos de custos - Remunerações a liquidar consta o valor milhares de euros: a. Indique a que se refere esta verba? b. Realize o lançamento no Razão correspondente ao processamento deste valor e posterior pagamento. Considere uma taxa média de IRS a reter aos trabalhadores de 18%, e contribuições para a Segurança Social de 11% e 23,75% a cargo dos empregados e da Brisa, respectivamente. 1
2 Grupo II (3,0 valores 25 minutos) 1. Na nota 13 anexa ao Balanço da Modelo-Continente SA, consta a rubrica Juros a receber, em Outros Activos correntes, com o valor de 252 milhares de euros. a. Que lançamento terá feito esta empresa para que tenha resultado este saldo? b. Qual a justificação, à luz das bases da apresentação das Demonstrações Financeiras, para o reconhecimento desta operação? c. Que tipo de operação lhe terá dado origem? d. Que lançamento deverá ser realizado à data do recebimento destes juros? Admita um recebimento de Considere a seguinte situação: um cliente da Modelo-Continente SA realizou uma compra de 30,00, (IVA incluído à taxa de 12%), no dia 31 de Dezembro de 2005, às 21 horas, tendo pago com ao seu cartão de crédito. Esta quantia só será recebida pelo Continente no dia 3 de Janeiro de 2006, abatida de uma comissão de 2% devida à sociedade gestora dos cartões de créditos. Realize os lançamentos a efectuar em Grupo III (4,0 valores 25 minutos) 1. Na nota 23 anexa ao relatório e contas da Unicer ano 2005, consta a seguinte informação: Contas a receber de Clientes Clientes c/c Clientes Títulos a receber Clientes Cheques em carteira Provisões para clientes ( ) ( ) a. Á luz das IAS, o que lhe parece estranho na terminologia utilizada? Qual seria a denominação adequada? 2
3 b. Quais os valores que deverão surgir no Balanço a e na Demonstração de Resultados de 2005 relativos estas Contas a receber de Clientes? c. Indique qual o lançamento que terá sido realizado no ano de 2005 e que reflecte as perdas estimadas nos valores a receber de Clientes. 2. A Unicer apresenta: Acréscimos de proveitos Rappel/Descontos em compras de e Acréscimos de custos Comissões a pagar/rappel de Pretende-se que: a. Explique a origem de cada uma destas operações. b. Justifique o seu reconhecimento contabilístico. c. Indique os lançamentos realizados. Grupo IV (3,5 valores 20 minutos) Tenha em consideração o Balanço Consolidado da Sonae Sierra em 31 de Dezembro de 2005 (ver anexo). 1. Analise a forma de financiamento deste Grupo empresarial em 2005, utilizando para o efeito os seguintes cinco rácios: a. Passivo/ Activo b. Passivo não corrente/ Activo c. Passivo corrente/ Activo d. Passivo remunerado/ Activo e. Custo do Passivo remunerado. 2. Indique quais os cuidados a ter na leitura do indicador de custo do Passivo remunerado. 3
4 Grupo V (5,5 valores 45 minutos) 1. Diga em que consiste a Estrutura conceptual referida frequentemente nas IAS. (Máximo 5 linhas) 2. Em que consiste o Reconhecimento e Valorimetria de uma operação? (Máximo 2 linhas) 3. Identifique 5 diferenças fundamentais entre as contas apresentadas de acordo com o POC e de acordo com as IAS. (Máximo 7 linhas) 4. Explique a diferença entre o método de custo e o método do justo valor. (Máximo 4 linhas) 5. a. Identifique a diferença entre Provisões e Passivos Contingentes. (Máximo 5 linhas) b. Em que medida o conceito de Provisões que figura no Código do IRC coincide com o conceito que surge nas IAS? (Máximo 3 linhas) 6. Comente as seguintes frases: a. Qualquer bem em inventário pode, de acordo com as IAS, ser valorizado pelo justo valor. (Máximo 4 linhas) b. O Resultado líquido deste ano é negativo porque procedemos a um reembolso muito significativo da nossa dívida. (Máximo 1 linha) c. As IAS são obrigatoriamente aplicadas pelas empresas americanas cotadas em bolsa. 4
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7 RESOLUÇÃO GRUPO I 1. A Brisa apresenta um activo de 4,3 milhões de euros, 5,2% superior ao ano anterior. Este activo é composto sobretudo, 62%, por Activos fixos tangíveis reversíveis, os quais representam o valor contabilístico (custo de aquisição amortizado) das auto-estradas concessionadas. Mais nenhuma rubrica de Activo assume um valor superior a 10%. Abaixo deste valor destacam-se: Outros activos intangíveis (pagamento da Brisa como contrapartida do direito de cobrar portagens na CREL, etc), Activos financeiros disponíveis para venda (participação na EDP e na Abertis) e Caixa e equivalentes. A rubrica de Existências assume valores muito reduzidos dado que a empresa é uma prestadora de serviços sendo as Existências constituídas basicamente por material de assistência nas auto-estradas. Também as rubricas de Clientes tem pouca expressão uma vez que os recebimentos são a pronto. 2. Os Activos classificados como Activos financeiros disponíveis para venda estão valorizados ao justo valor de acordo com as IAS. O justo valor corresponde na maior parte dos casos ao valor de mercado dos bens, neste caso à cotação. 3. a. Trata-se de férias, subsídio de férias e encargos patronais ( 23,75% destes valores), de todos os trabalhadores da Brisa. O trabalho de 2005 dá origem em 31/12/2005, a um direito dos trabalhadores (obrigação da empresa), de processar e pagar, no ano seguinte estes valores. Logo em 31/ , devem constar no Balanço como Acréscimo de Custos. b. D Custos com pessoal Remunerações D Custos com pessoal Encargos sobre remunerações C Acréscimos de custos Remunerações a liquidar Pelo processamento em 2006: D Acréscimos de custos Remunerações a liquidar C Dividas ao pessoal C EOEP Contribuições para a Seg. Social C EOEP IRS Pelo pagamento das remunerações: D Dívidas ao pessoal C Caixa e equivalentes
8 GRUPO II 1 a. Outros activos correntes Acréscimos de proveitos - B-A Proveitos financeiros - DR-Pr b. O lançamento deverá ser realizado de acordo com o Regime do Acréscimo, o qual obriga a registar todos os proveitos e custos independentemente do seu recebimento ou pagamento. c. Aplicação financeira iniciada em 2005, e que se vence apenas em 2006, sendo os juros pagos no final do periodo. A parte proporcional dos juros de 2005, deve ser reconhecida como proveitos de d. DO - B_A Outros activos correntes Acréscimos de proveitos - B-A Proveitos financeiros - DR-Pr Em 2005 Venda mercadorias - DR-Prov IVA liquidado - B-P 26,79 3,21 Dívidas de clientes - B-A 30,00 8
9 Em 2005* Acréscimos de custos - B-A Custos financeiros - DR-Ct 0,6 0,6 * Os Custos financeiros têm de estar registados em 2005 no mesmo ano em que o proveito ocorre ( Matching ). Grupo III (3,0 valores 20 minutos) 1. a) O termo de Provisões para clientes é própria da terminologia do IRC e do POC antigo (efectivamente o POC utiliza para esta situação a designação de Ajustamentos de dívidas a receber Dívidas de clientes). b) Balanço Activo: DR Custos operacionais Perdas de imparidade: c) D Custos operacionais Perdas de imparidade: C Valores a receber de clientes Perdas de imparidade: a) O rappel é um desconto calculado em função das quantidades totais adquiridas ou vendidas de um determinado bem. Deve ser registado independentemente de haver ou não um documento vinculativo. b) Deve ser registado de acordo com o Regime do Acréscimo. c) No caso do desconto obtido em compras ainda sem documento vinculativo teremos: Rappel obtido nas compras: D Acréscimos de proveitos C Proveitos operacionais Outros proveitos operacionais Rappel concedido a clientes: D Custos operacionais C Acréscimos de custos 9
10 Grupo IV (3,0 valores 20 minutos) 1. Endividamento P / A 59,0% Endividamento por Passivo não corrente P n.corr / A 49,4% Endividamento por Passivo corrente P corr / A 9,6% Endividamento remunerado Premun / A 39,6% Custo Passivo remunerado Enc Fin / Premun 4,2% Juros suportados = = A empresa tem um Activo de milhões de euros, financiado em 41% por capitais próprios e em 59% por capitais alheios. A maior parte do seu financiamento é devido a Passivos Não Correntes (49.4% do Activo é financiado por Passivo Não Corrente e apenas 9.6% por P Corrente). 39.6% do Activo da S.Sierra é financiado por passivo Remunerado. Assim, a parcela de financiamento através de accionistas, CP, e Passivo remunerado é muito significativa (41,0% + 39,6% = 80,6%), ficando a parcela E o P. Remunerado está a acarretar juros na ordem dos 4,20% - normalmente P N Correntes (longo-prazo) acarretam juros superiores aos de curto-prazo. 2. O Custo do passivo pode ser muito pouco significativo se houver uma variabilidade grande do Passivo entre a média do ano e o valor a 31.12, data utilizada. No limite o valor pode atingir infinito, se o Passivo for totalmente reembolsado no final do ano. Também se o empréstimo for obtido somente no final do passivo poderá parecer que a taxa de juro é nula. 10
11 Grupo V (3,0 valores 30 minutos) 1. Diga em que consiste a Estrutura conceptual referida frequentemente nas IAS. A estrutura conceptual é a base, os alicerces, de suporte das NIC. Incorpora: Bases para a apresentação das Demonstrações Financeiras Definições (Activo, Passivo, Rendimentos, Gastos), Reconhecimento (determina se e quando determinado acontecimento deve ser registado) e Valorimetria Conceitos de capital e de manutenção de capital. 2. Diga o que entende por Reconhecimento e Valorimetria de uma operação. O Reconhecimento ocorre quando se regista uma operação nos mapas financeiros. A valorimetria discute o valor pelo qual é registada a operação. 3. Identifique 4 diferenças fundamentais entre as contas apresentadas de acordo com o POC e de acordo com as IAS. Diferenças de apresentação dos mapas financeiros: balanços mais simples, o modelo não é pré-determinado, mas antes flexível. Novos conceitos: como Estrutura conceptual, Passivos contingentes, activos contingentes, imparidade Diferenças de valorimetria: o justo valor surge com mais ênfase. Sistema mais flexível com em termos de registo de algumas operações: juros obtidos e suportados em operações comerciais, subsídios ao investimento. 4. Explique a diferença entre o método de custo e o método do justo valor. Método do custo: valoriza os activos pelo valor de aquisição, reduzido de perdas de imparidade. Método do justo valor: valoriza os activos pelo justo valor (geralmente o valor de mercado) à data do Balanço. 5. a. Identifique a diferença entre Provisões e Passivos Contingentes. Provisões registam-se quando há uma obrigação incerta com uma probabilidade de ocorrência superior a 50% e o valor é estimável. Passivo contingente: Há uma obrigação incerta com uma probabilidade de ocorrência inferior a 50% ou estamos perante uma obrigação incerta com uma probabilidade de ocorrência superior a 50% mas em que o valor não é estimável. 11
12 b. Em que medida o conceito de Provisões que figura no Código do IRC coincide com o conceito que surge nas IAS? O conceito não coincide uma vez que em IRC respeita também às perdas de imparidade nomeadamente: de investimentos financeiros, de valores a receber de clientes, de inventários. 6. Comente as seguintes frases: a. Qualquer bem em inventário pode, de acordo com as IAS, ser valorizado pelo justo valor. Falso. Os inventários só podem ser valorizados ao justo valor em condições de excepção: existe um mercado homogéneo para o produto em que este pode ser vendido com facilidade ou a venda está assegurada através de um mercado de forward ou de uma garantia governamental. b. O Resultado líquido deste ano é negativo porque procedemos a um reembolso muito significativo da nossa dívida. Falso. O reembolso afecta o Activo e o Passivo e não se reflecte directamente na DR. c. As NIC são obrigatoriamente aplicadas pelas empresas americanas cotadas em bolsa. Falso: As empresas americanas têm as suas regras próprias, emitidas pelo FASB. 12
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