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- Vagner da Conceição de Vieira
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1 Ano I - N 4 - Outubro 2011 Apresentação Nesta Edição Oferta de Oleaginosas foto: sxc.hu Prezado Leitor, A quarta edição do Bioinformativo conta com matérias de grande relevância para o setor bioenergético e para a agricultura familiar, expondo informações importantes e pertinentes à cadeia produtiva como um todo. A primeira matéria trata dos preços das oleaginosas pagos pelas cooperativas ao agricultor familiar no mês de setembro e suas variações no decorrer do semestre. A importância da soja REALIZAÇÃO: na produção de biocombustíveis e na agricultura é discutida na segunda matéria, onde a análise de fatores sociais também são abordados. Em seguida, a viabilidade econômico-financeira das usinas de biocombustíveis é analisadas utilizando como matéria-prima principal de transformação o grão de soja. Para finalizar a edição, o espaço MDA discute e esclarece dúvidas relacionadas ao Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel PNPB. preços da agricultura familiar Estudos sobre a Viabilidade de Usinas de Biodiesel: Grão de Soja SELO COMBUSTÍVEL SOCIAL: VANTAGENS PARA TODOS! APOIO: UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA 1
2 Preços da Agricultura Familiar SOJA O preço médio da soja negociada com os agricultores familiares no mês de setembro de 2011 teve variação positiva de 2,91% no mercado convencional, passando de R$ 40,10/ sc em agosto para R$ 41,26/sc em setembro (Tabela 1). Esse movimento positivo nos preços foi observado ao longo dos últimos quatro meses (Gráfico 1), refletindo o aumento do preço da soja no mercado internacional. O valor negociado dentro do programa Selo Combustível Social, acrescido de bônus, também variou positivamente em 2,63 %, aumentando de R$ 41,85/sc em agosto para R$ 42,95/ sc em setembro. A média do bônus pago pela soja de agricultura familiar foi de R$ 1,68/sc, equivalente a um decréscimo de 3,84% em relação a agosto. A maior variação positiva no mercado convencional da soja familiar ocorreu no estado do Paraná, 4,07%, e a negativa se fez no estado de Minas Gerais, -0,96%. Estes estados também obtiveram os valores extremos no mercado com selo, variando em 4,35% no Paraná e -0,9% em Minas Geais. Na maioria dos estados (Minas Gerais, Mato Grosso, Paraná e Santa Catarina) o valor dos bônus permaneceu estável de agosto para setembro. No Rio Grande do Sul o bônus foi acrescido em 2,78%, o que é decorrente da renovação dos contratos entre as cooperativas, esmagadoras e usinas. A grande variação ocorreu no estado de Goiás, em que o bônus caiu -13,07%. A queda é fruto, em parte, da mudança de metodologia no cálculo do bônus. Até o mês de setembro era calculado levando-se em conta um valor extra pago pela soja não transgênica naquele estado. Como esse último valor não diz respeito ao Selo Combustível Social, o valor extra foi retirado do cálculo. Os valores corrigidos já estão disponíveis no site biomercado.com.br. Os estados do sul, seguidos de Goiás, obtiveram os maiores preços da soja, sendo que no Mato Grosso e em Minas Gerais os preços foram menores. Considerando a soja negociada dentro do selo, Goiás passa a ser o estado que remunera melhor a soja da agricultura familiar, em seguida temos os estados do sul. Isso se deve ao fato do estado de Goiás oferecer o maior bônus do país, mesmo com a mudança de metodologia no cálculo. Tabela 1 Preços médios da soja em R$/sc em setembro de 2011 Estado Mercado Selo Bônus GO 42,52 45,43 2,90 MG 38,63 41,13 2,50 MT 39,46 40,66 1,20 PR 42,72 43,72 1,00 RS 42,32 43,56 1,23 SC 41,94 43,19 1,25 Brasil 41,26 42,95 1,68 Fonte: Dados coletados nas cooperativas de agricultura familiar. Gráfico 1 Médias mensais do preços em R$/sc da soja no mercado convencional e pelo selo combustível social no Brasil. Fonte: Cooperativas de agricultura familiar. 2
3 Preços da Agricultura Familiar CAROÇO DE ALGODÃO O preço do caroço de algodão permaneceu em setembro no mesmo patamar do mês de agosto no estado de Minas Gerais, cotado a R$ 500/ton. Já no estado do Mato Grosso, houve uma queda de 2,74% em relação a agosto, passando de R$ 329/ton para R$320/ton. Segundo o Gráfico 2, o preço do caroço de algodão em ambos os estados são bastante estáveis, sem tendência de alta ou de redução nos últimos quatro meses. Gráfico 2 Médias mensais dos preços em R$/ton do caroço de algodão. Fonte: Cooperativas de agricultura familiar. Análise e Cotações Tabela 2 Preço em R$ do caroço de algodão, amendoim, mamona, girassol e milho por estado no mês de setembro de Produtos Unidade Análise e Cotações Praça BA CE GO MG MT PB PR RS SC SE SP Algodão* Tonelada Amendoim** Sc 25kg Mamona*** Sc 60kg 98, Girassol Sc 60kg ,48 - Milho Sc 60kg ,50-22,42-22,43 24,83 24, Fonte: Dados coletados nas cooperativas de agricultura familiar, com exceção do algodão e amendoim. *caroço. ** produto com casca para a produção de óleo (impróprio para consumo in natura). *** sem casca. 3
4 Preços da Agricultura Familiar AMENDOIM O amendoim no estado de São Paulo sofreu grande retração de preço no mês de setembro, -20,89%. O preço sc naquele mês para R$ 98,13/sc em setembro. De acordo com o Gráfico 4, não é constatada nenhuma tendência de queda nos preços. Contudo, a redução de agosto para setembro pode estar assocaiu de R$ 32,06 por saca de 25 kg em agosto para R$ 25,36 em setembro. Apesar da forte retração, os preços em setembro (Gráfico 3) ainda se encontram em um patamar acima do de julho desse ano. Gráfico 3 Médias mensais dos preços em R$/sc do amendoim no estado de São Paulo. Cooperativas de agricultura familiar. MAMONA O acompanhamento do preço da mamona no estado da Bahia, principal produtor no Brasil, indica que a média mensal caiu 3,8% de agosto para setembro, passando de R$ 102/ ciada a redução da compra de mamona por parte do atravessadores no final da safra no estado. Gráfico 4 Médias mensais dos preços em R$/sc da mamona na Bahia. Fonte: Cooperativas de agricultura familiar. 4
5 Preços da Agricultura Familiar GIRASSOL O acompanhamento sistemático do preço do girassol não pode ser feito de forma contínua para todos os estados, uma vez que, o volume produzido é relativamente baixo e negociado logo após a colheita, majoritariamente no período da safrinha. Dessa forma, só foram coletados os preços para o estado de Sergipe. Neste estado, o preço do girassol variou em -9,22%, passando de R$ 50,10/sc em agosto para R$ 45,48/sc em setembro. A variação do preço da oleaginosa, de julho a setembro de 2011, pode ser observada no Gráfico 5. Gráfico 5 Médias mensais dos preços em R$/sc do girassol no estado de Sergipe. Fonte: Cooperativas de agricultura familiar. MILHO O milho foi cotado em Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. No primeiro estado o milho variou em -5,61% em relação a agosto, passando de R$ 23,75/sc para R$ 22,50/sc. No Paraná o aumento foi de 4,44% (de R$ 21,48/sc para R$ 22,43/sc). Já no Rio Grande do Sul variou em 1,03% (de R$ 24,58/sc para R$ 24,83/sc) e em Santa Catarina em -0,68 (de R$ 24,50/sc para R$ 24,33/sc). A evolução dos preços do milho nos estados de Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul ao longo dos últimos quatro meses encontra-se no Gráfico 6. É perceptível uma queda na cotação do milho no estado de Mato Grosso após a grande elevação ocorrida no mês de agosto. Contudo, o preço do milho neste estado encontra-se equiparado ao preço no Paraná, estado em que normalmente o preço do milho é maior. Assim, esperase que o preço do milho em Mato Grosso obtenha redução. Paraná e Rio Grande do Sul atingiram tendências de alta semelhantes. Não houve cotação do milho para o estado de Sergipe. Gráfico 6 Médias mensais dos preços em R$/sc do milho nos estados de Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul. Fonte: Cooperativas de agricultura familiar. 5
6 Matéria especial Soja garante o fornecimento da Agricultura Familiar para o PNPB Ano I - N 4 - Outubro 2011 A soja também cumpre o seu papel social dentro do PNPB. Segundo Mauro Makoski do Rosário, gerente comercial da Cooperativa Alto Uruguai Cotrimaio (localizada em Três de Maio RS com mais de cooperados), um dos pontos fortes do PNPB está relacionado à melhoria da assistência técnica para os agricultores familiares, que é custeada pelas empresas de biodiesel. Isso possibilitou, de acordo com Mauro, a realização de visitas mais constantes, permitindo um maior acompanhamento dos processos realizados do plantio até a colheita. A melhoria da assistência técnica levou a um uso mais racional de insumos, transferência de tecnologia, e, consequentemente, aumento da produtividade da agricultura familiar, que cresceu de 40sc/ha para algo em torno de 50-55sc/ha nos últimos três anos. O gerente comercial da Cotrimaio salienta que os agricultores familiares se sentem valorizados, melhorando assim o poder de barganha frente ao mercado e, assim, refletindo na renda da agricultura familiar. Mérito das empresas envolvidas na cadeia, que pagam um bônus para a soja da agricultura familiar, com a finalidade de alcançar as metas do Selo Combustível Social. A soja é um dos grandes expoentes da produção de óleo vegetal no Brasil e representou cerca de 80% das matériasprimas utilizadas para a produção de biodiesel no ano de Até setembro de 2011, a participação da oleaginosa foi de mais de 83%, o que confirma a sua importância para a produção do biodiesel no país. Ao olhar para a base de matérias-primas da agricultura familiar, a participação da soja se torna ainda mais importante. Dados do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) apontam que 95% da matéria-prima negociada dentro do programa Selo Combustível Social é soja. Isso ocorre porque a cadeia de produção da soja da agricultura familiar é mais organizada e disseminada do que as outras oleaginosas. De acordo com dados recentes da Associação Brasileira das Indústrias de Óleo Vegetal (ABIOVE), o setor de esmagamento é movido por 107 usinas, sendo que 101 esmagam exclusivamente soja. Desse total, 81 estão em atividade com capacidade de produzir 177,8 mil toneladas de óleo dia. Apesar do bom desempenho da soja, as cooperativas buscam a diversificação da base de matérias-primas. Assim, há iniciativas junto aos agricultor es familiares do complexo agroindustrial da soja para a produção de outras oleaginosas, principalmente para rotação de culturas, tais como o nabo forrageiro, canola e girassol. Assim, o setor da soja se configura como um centro de convergência para a produção de outras oleaginosas para o PNPB. Esse processo só não avança mais em função de dificuldades quanto à colheita da canola, pragas no girassol e ainda a baixa produtividade dessas culturas, o que as tornam pouco lucrativas. O PNPB permitiu que os produtores de soja da agricultura familiar ganhassem por dois lados. Primeiro, eles aumentam a produtividade mediante assistência técnica, o que reduz o custo de produção da soja. Segundo, eles aumentam as receitas, mediante o pagamento do bônus. Nesse sentido, as cooperativas e agricultores buscam cada vez mais uma maior inserção no PNPB. Novas cooperativas estão sendo cadastradas como fornecedoras de oleaginosas nos critérios do Selo Combustível Social, permitindo a ampliação da produção de biodiesel com inserção social. 6
7 Estudos sobre a Viabilidade de Usinas de Biodiesel: Grão de Soja Os estudos de viabilidade foram desenvolvidos com base em uma unidade conjunta de planta de biodiesel acoplada a uma unidade de óleo vegetal. As capacidades escolhidas para o estudo foram de 600 e toneladas por dia (TPD) de soja utilizando extração por solvente, gerando cerca de 119 m³ e 396 m³ de biodiesel, respectivamente. Os estados do Rio Grande do Sul e de Goiás foram escolhidos como a base geográfica para as análises realizadas, devido ao grande número de agricultores familiares vinculados ao plantio de soja e ao grande potencial de crescimento da produção da oleaginosa nesses estados. Uma unidade produtiva de 600 TPD representa uma empresa de médio porte para produção de óleo de soja, mínimo a ser processado para a viabilidade do processo. Já a unidade de TPD designa uma usina de grande porte, equivalendo atualmente a 0,96% da produção nacional de óleo de soja, 9,0% em Goiás e 6,5% no Rio Grande do Sul. Para análise da melhor alternativa verificou-se dois panoramas de dados: (I) Avaliação baseada no histórico de preços; (II) Avaliação dos preços pontuais em determinado período. Nesse caso, entre julho e setembro de Avaliação do panorama histórico de preços Para a presente avaliação, foram utilizados os preços da soja (média mensal) nos estados de Goiás e Rio Grande do Sul no período correspondente a agosto de 2001 a julho de Considerou-se, também, o custo relacionado ao estoque anual, a média dos preços de venda do biodiesel desde 2008 nos leilões e a média dos preços do farelo nos últimos dez anos na praça de São Paulo. Os seguintes valores foram utilizados: a) preço da soja de R$ 0,78/kg no RS e de R$ 0,73/kg em GO; b) preço do biodiesel de R$ 2,45 por litro; c) preço do farelo de R$ 0,76/kg; d) preço da glicerina de R$ 0,375/kg. As quatro unidades (600 TPD-RS, 2000 TPD-RS, 600 TPD- GO e 2000 TPD-GO) demonstraram viabilidade econômico-financeira, com um retorno de capital investido num curto período de tempo (aproximadamente 3 anos em Goiás e 5 anos no Rio Grande do Sul), com Valores Presentes Líquidos (VPLs) equivalentes à R$ 81,8 milhões, 331,9 milhões, 23,9 milhões e 144,6 milhões, respectivamente (Tabela 3). Além disso, nota-se que a composição dos custos de produção do biodiesel (Gráfico 7), tem como componente de maior participação a matéria-prima. Seu valor de aquisição representou cerca de 85% dos custos totais para todas as unidades. Os outros componentes de custo também relevantes foram: insumos, tributos (PIS/ PASEP e COFINS) e custos fixos. Os dados da Tabela 3 indicam um melhor retorno da usina de 396 m³/dia em relação à de 119 m³/ dia. Isso se explica pelo fato de uma unidade de maior porte não ter seus custos de produção aumentados na mesma proporção da quantidade de produto a ser comercializado, devido a uma diluição da participação dos custos fixos no custo total, o que gera uma redução no custo de produção do biodiesel. O custo com investimentos por tonelada de biodiesel é inferior na unidade de maior porte, e, por consequência, o retorno no capital investido é maior. Assim, conclui-se que, em relação à média do preço da oleaginosa e do biodiesel, é viável a implantação das unidades avaliadas no estudo para os locais citados. No entanto, tal viabilidade pode oscilar em função da variação dos preços do grão de soja e do farelo, como mostrará a segunda avaliação deste estudo. 7
8 Estudos sobre a Viabilidade de Usinas de Biodiesel: Grão de Soja Ano I - N 4 - Outubro 2011 Tabela 3 Dados obtidos no estudo de viabilidade da média histórica. Fonte: CONAB Indicador Unidade Goiás Rio Grande do Sul 119 m³/dia 396 m³/dia 119 m³/dia 396 m³/dia INDÚSTRIA Investimento Fixo milhões R$ 62,54 185,79 63,66 188,51 Invest. Total (Fixo + C.G.) Milhões R$ 95,46 294,69 95,59 294,04 Invest. por Ton. Biodiesel R$/ton 2743, , , ,63 Prod. Total Biodiesel / ano milhões L 39,18 130,59 39,18 130,59 Prod. Total Farelo / ano mil ton 139,17 483,88 139,17 483,88 Faturamento Anual milhões R$ 203,57 678,55 203,57 678,55 Custo Variável Total / ano milhões R$ 166,13 549,90 177,52 587,14 Custo Variável (Soja) / ano milhões R$ 144,42 481,41 155,06 516,87 Custo Var. (Soja) / ton R$/ton 729,42 729,41 783,14 783,14 Custo Produção de Biodiesel R$/litro 1,89 1,86 2,01 1,98 Taxa Interna de Retorno % 30,39 36,08 17,34 22,36 T.R.C. anos 3,52 3,04 5,74 4,72 Valor Pres. Líq. 12% a.a. milhões R$ 81,80 331,90 23,87 144,63 AGRICULTURA Área Necessária / ano mil ha 66,00 220,00 66,00 220,00 Consumo / ano mil ton 198,00 660,01 198,00 660,01 Gráfico 7 Composição de custos das usinas com base nos dados históricos. 8
9 Estudos sobre a Viabilidade de Usinas de Biodiesel: Grão de Soja 2. Avaliação do panorama dos preços de julho a setembro Neste segundo estudo, foram tomadas como base usinas detentoras do Selo Combustível Social, comparando as aquisições mínimas de oleaginosas oriundas da agricultura familiar e que são necessárias para a manutenção pela empresa dos direitos referentes ao programa (15% para o Centro-Oeste e 30% para o Sul); e o volume máximo permitido (100% de matéria-prima de agricultores familiares das duas regiões analisadas). Duas características importantes que devem ser levadas em consideração na avaliação são: a) os benefícios da obtenção do Selo que condicionam melhor participação nos leilões por lote específico, gerando maior lucro; b) a diminuição dos impostos cobrados (PIS/PASEP e COFINS) sobre a venda do biodiesel. O preço médio da soja proveniente da agricultura familiar no período citado para a compra de 15% e 100%, em Jataí (GO), foi de R$ 0,69/kg e R$ 0,73/kg, respectivamente; e de 30% e 100%, em Santa Rosa (RS), foi de R$ 0,69/kg e R$ 0,70/kg. O valor do farelo no mesmo período foi R$ 0,67/kg em Goiás e R$ 0,58/kg no Rio Grande do Sul. Além disso, o preço médio do biodiesel vendido foi de R$ 2,25 por litro para usinas detentoras do Selo. O valor obtido na aquisição de 15% de soja da agricultura familiar em Goiás e 30% no Rio Grande do Sul é calculado segundo as porcentagens citadas na compra de soja proveniente de agricultores familiares. O restante da soja (85% e 70% da compra) é adquirido pelo preço médio disponibilizado por produtores não enquadrados na agricultura familiar. Já o valor obtido na aquisição de 100% é relativo à compra de toda a matéria-prima oriunda de agricultores familiares. Devido a tais circunstâncias, há diferenças nos preços devido ao bônus da agricultura familiar praticado nesses estados. A compra da quantidade máxima e mínima do grão proveniente da agricultura familiar tem diferentes resultados nos estados analisados. Em Goiás, a redução da incidência dos impostos sobre o valor do biodiesel quando se compra 100% de soja dos agricultores familiares não é suficiente para compensar o aumento do preço pago pela matéria-prima, quando comparado a 15% de aquisição de soja de agricultores familiares. Já no Rio Grande do Sul, a redução do PIS/PASEP e COFINS é suficiente para compensar o gasto aumentado pela variação do preço de aquisição da soja de agricultores familiares, o que viabiliza a compra de 100% da produção da oleaginosa dessa origem em contrapartida aos 30%. O fato ocorre porque há uma maior variação do custo da soja entre grandes produtores e agricultores familiares em Goiás (R$ 0,68/kg e R$ 0,73/kg, respectivamente) do que no Rio Grande do Sul que sofre pouca variação, ou seja, R$ 0,02/kg (R$ 0,68/kg e R$ 0,70/kg), viabilizando a compra do grão independente do percentual adquirido. Ao analisar a viabilidade econômico-financeira das unidades do estado de Goiás, nota-se que os resultados foram mais satisfatórios comparados ao Rio Grande do Sul. O período de retorno foi menor, uma média de 5 anos para rever todo capital investido, enquanto no Sul o valor médio é de 9 anos, veja na Tabela 4. Outro fator importante na análise é o Valor Presente Líquido, que de acordo com as condições expostas não tornam o sul atrativo, com valores negativos e baixas taxas de retorno. Porém são flexíveis, pois estão diretamente influenciados pela matéria-prima, isto é, uma redução no custo de aquisição da oleaginosas poderá trazer melhores resultados para essa região em um horizonte de longo prazo. 9
10 Estudos sobre a Viabilidade de Usinas de Biodiesel: Grão de Soja Ano I - N 4 - Outubro 2011 Tabela 4 Dados obtidos no estudo de viabilidade dos meses de julho a setembro. Indicador Unidade Goiás Rio Grande do Sul 119 m³/dia 396 m³/dia 119 m³/dia 396 m³/dia 15% 100% 15% 100% 30% 100% 30% 100% Custo Prod. Biodiesel R$/litro 1,99 2,05 1,96 2,02 2,14 2,13 2,11 2,09 TIR % 17,42 12,42 20,48 16,68 2,81 3,99 7,15 8,36 TRC anos 5,74 7,37 4,78 6,10 9,65 9,51 9,22 9,10 VPL 12% a.a. milhões R$ 23,80 1,85 105,31 65,37-39,23-34,28-65,43-49,18 Relação entre os dois estudos A comparação entre as duas avaliações mostra que o estudo de viabilidade com dados históricos gerou resultados melhores, uma vez que, os preços do farelo de soja e do biodiesel foram superiores aos valores obtidos de julho a setembro, o que foi suficiente para compensar os custos com matéria-prima. Além disso, os melhores resultados econômico-financeiros na venda do biodiesel e farelo aumentaram a receita, reduzindo assim o tempo de retorno do capital investido e a remuneração esperada do negócio. No cenário atual (julho a setembro de 2011) os investimentos nas plantas de biodiesel não seriam satisfatórios, contudo, não se espera retornos negativos no longo prazo. 10
11 Espaço MDA SELO COMBUSTÍVEL SOCIAL: VANTAGENS PARA TODOS! Ascon/MDA. Quando os produtores de biodiesel fomentam a produção de matéria prima (mamona, dendê, girassol, soja, entre outras) da agricultura familiar, eles estão promovendo a inclusão social e o desenvolvimento regional, pois com isso, geram trabalho e renda para estas famílias. Por esse motivo, estes produtores recebem o Selo Combustível Social, concedido pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). A vantagem de ter o Selo Combustível Social é que, com ele, o produtor de biodiesel tem algumas condições especiais: Redução em alguns impostos, como o PIS/PASEP e COFINS; Direito de oferta prioritária em leilões públicos da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), onde o biodiesel é vendido em grande quantidade; Participação assegurada de 80% do biodiesel negociado no país; Acesso às melhores condições de financiamento junto aos bancos que operam o Programa (ou outras instituições financeiras que possuam condições especiais de financiamento para projetos); Possibilidade de uso do Selo Combustível Social para promover sua imagem no mercado. PENSE NISSO! O Governo Federal criou estas vantagens pensando também no agricultor familiar. Através de regras e vantagens o governo chama a empresa a participar mais efetivamente junto à agricultura familiar. Faça as contas. De acordo com as regras do Programa, quanto mais o produtor de biodiesel comprar da agricultura familiar, menos impostos ele vai pagar. Sendo assim, aquilo que é vantagem para o produtor é vantagem também para as famílias agricultoras que plantam a matéria prima do biodiesel! EXPEDIENTE O Bioinformativo é uma publicação mensal do Centro de Referêcia da Cadeia de Produção de Biocombustíveis para a Agrigultura Familiar da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Endereço: Centro de Referência da Cadeia de Produção de Biocombustíveis para Agricultura Familiar, Vila Gianetti 25. Campus Universitário Viçosa, MG. Cep: Telefone: crefbio@ufv.br Visite nosso site: Equipe Coordenador do Centro de Referência Prof. Ronaldo Perez Prof. Carlos A. M. Leite Colaborador Prof. Aziz Galvão da Silva Júnior Equipe técnica Edna de Cássia Carmélio (Engenheira de Alimentos) Ester Roberti de Melo (Engenheira de Alimentos) Análise e Cotações Joélcio Cosme Carvalho Ervilha (Técnico em Agroindústria) Marcelo Dias Paes Ferreira (Bacharel em Agronegócio) Fernanda Cardoso de Melo Auxiliar adminsitrativo Estagiários Ana Carolina Alves Gomes Antônio A. M. Rodrigues Pedro Sartori Neto Revisão textual Juliana Nedina Souza Projeto Gráfico Samuel Araújo Figueiredo Colaboração: Ascom/MDA REALIZAÇÃO: APOIO: UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA 11
familiar quanto para o mercado convencional.
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