PROJETO A HORA DO CONTO: ALFABETIZANDO COM OS GÊNEROS LITERÁRIOS. Palavras Chaves: Alfabetização, Letramento e Gêneros Literários.
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- Maria de Belem Cavalheiro Morais
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1 PROJETO A HORA DO CONTO: ALFABETIZANDO COM OS GÊNEROS LITERÁRIOS Zeni Aguiar do Nascimento Alves i Zênio Hélio Alves ii O SESC LER Zona Norte de Natal desenvolve atividades que evidenciam a questão da alfabetização de Jovens e Adultos respeitando os seus conhecimentos prévios e utilizando-os como ponto de partida para atividades sistemáticas na área do Letramento. Pensando desta forma iniciou-se a partir de necessidades observadas pelos educadores no processo de alfabetização e na continuidade da mesma um projeto chamado A Hora do Conto, onde os alunos podem aprender e vivenciar os mais variados estilos literários, sempre despertando o gosto pela leitura a partir daquilo que já possuem em suas tradições orais e por aquilo que foi passado pela cultura local e a partir destes desencadeando novos saberes. Em cada bimestre são apresentados em sala de aula gêneros literários onde os professores instigam os alunos com perguntas e seduzindo-os para os mais variados estilos, faz-se levantamento do que os alunos conhecem e a partir deles são trabalhados os gêneros de maior interesse do grupo, a partir destes é proposto uma apresentação para a comunidade escolar, esta é pensada pelos alunos juntamente com o professor. Depois deste projeto tem-se notado o interesse das salas pela leitura e uma ampliação de repertório e dos conhecimentos diversos, pois todas as atividades são interdisciplinadas e abordadas da melhor forma. Também é interessante a desenvoltura dos alunos nas apresentações, que antes eram tímidos e agora demonstram sinais de uma auto-estima por já terem certeza daquilo que sabem. Palavras Chaves: Alfabetização, Letramento e Gêneros Literários. Introdução O trabalho com alfabetização na Educação de Jovens e Adultos tem sido feito por muitos anos em diversas partes do país, este tem especificidades que são determinadas pelo local e pelo grupo social que a comunidade está incluída, o que se tem por semelhança é o intuito de alfabetizar e inserir os alunos na sociedade letrada. De um tempo para cá se tem ampliado as discussões e as percepções sobre as muitas formas de um trabalho utilizando os gêneros textuais na sala de aula para ampliar os conhecimentos. O educador de EJA pode dispor destes textos sociais que são encontrados no cotidiano e trazê-los aos alunos para fazê-los se apropriar como instrumentos de inserção social. Partindo deste pressuposto, este artigo visa aprofundar a discussão de metodologias utilizadas na alfabetização com gêneros literários especificamente no Projeto SESC LER em Natal.
2 2 O trabalho com gêneros textuais nas turmas da EJA do Projeto SESC LER no Rio Grande do Norte, especificamente em Natal, na Zona Norte da cidade e é desenvolvido pelas professoras iii a partir de um projeto permanente de leitura intitulado A hora do conto que desenvolve o trabalho com os mais variados gêneros a partir do que os alunos já sabem e se interessam nas abordagens feitas pelos professores nas salas de aula, sendo que a partir deste trabalho temos como referência o conceito de letramento segundo Soares (1998) in proposta pedagógica SESC LER, É o estado ou condição de quem interage com diferentes portadores de leitura e de escrita, com diferentes gêneros e tipos de leitura e escrita, com diferentes funções que a leitura e a escrita desempenham na nossa vida. Enfim: letramento é o estado ou condição de quem se envolve nas numerosas e variadas praticas socais de leitura e escrita. Assim, a relação dos textos trabalhados com a realidade dos alunos é muito marcante e acontece com muito interesse, tornando a leitura e as aulas de produções textuais muito mais significativas. A abordagem deste tema se deu ao perceber a evolução dos educandos na área de leitura e escrita, sendo que, estes tiverem um salto quantitativo e qualitativo em sua alfabetização sendo que estão sendo trabalhados os mais variados textos como nos afirma a PROPOSTA PEDAGÓGICA SESC LER (pág. 55): [...] os alunos precisam familiarizar-se com a diversidade de textos existentes na sociedade. Precisam reconhecer as várias funções que a escrita pode ter (informar, entreter, convencer, definir, seduzir), os diferentes suportes materiais onde pode aparecer (jornais, livros, cartaz etc.), bem como as diferentes apresentações visuais que pode adquirir e suas características estruturais (organização sintática e vocabulário). Refletindo sobre esta realidade dos alunos do SESC LER em Natal temos por certeza que os trabalhos com atividades que envolvem a alfabetização tendo como suporte o letramento trouxeram experiências muito significativa para os educandos jovens e adultos de nossa comunidade. As práticas educativas A realidade dos alunos jovens e adultos é deveras diferente das crianças, dadas as vivencias e as experiências de vida que estes possuem. Desta forma, as inferências feitas pelos educadores devem respeitar e ampliar os conhecimentos que já possuem, tornando o saber significativo e utilizando-se desse leque de informações de vida que já trazem. Segundo Matencio (2003, pág.5):
3 3 Muito provavelmente, também sabem ler, embora não especificamente o código alfabético, mas imagens e, certamente, alguns arranjos regulares de gêneros com os quais mantêm contato habitual, tais como as placas comerciais e os rótulos de produtos domésticos, que agrupam imagem e letras; os letreiros de ônibus, que agrupam palavras e números; as contas domésticas, que agrupam enunciados, palavras e números. Pensando nesta realidade onde os alunos estão incluídos, e que precisa utilizá-la em seu cotidiano para: movimentar-se em um ônibus, fazer compras, ler informações de conta de água, luz, telefone e tantas outras coisas, é que a escola precisa apropriar-se para a vida prática, sendo que segundo Freire (1989, pág. 9): A leitura do mundo precede a leitura da palavra [...] é indispensável respeitar esta leitura de mundo do educando dando significado a ela. As práticas de alfabetização hoje têm o dever de ir além de ensinar meramente a leitura e a escrita, precisa trabalhar para ter pessoas capazes de fazer valer seus direitos, de modificar a realidade que está inserido, pensando nisso refletimos sobre o que nos assegura a Declaração de Hamburgo: A alfabetização, concebida como o conhecimento básico, necessário a todos num mundo em transformação em sentido amplo, é um direito humano fundamental. Em toda sociedade, a alfabetização é uma habilidade primordial em si mesma e um dos pilares para o desenvolvimento de outras habilidades. Nessa perspectiva os trabalhos na EJA tem se modificado consideravelmente, pois hoje temos o cuidado de pensar o cidadão completo que age, que está inserido, é um ser pensante e que tem vida e esta não pode está dissociada da escola. As informações transmitidas em sala de aula estão além de mera decodificação de códigos, elas tem um sentido amplo e aplicável em sua vida prática como nos mostra a Proposta Pedagógica do SESC LER (pág. 11): Enfim, podemos afirmar que a alfabetização só ganha sentido na vida de jovens e adultos se puderem aprender algo mais que juntar letras. Junto com o aprendizado da escrita, eles precisam desenvolver novas habilidades cognitivas de compreensão, elaboração e controle da própria atividade, precisam também criar novas motivações para transformar-se a si e ao meio em que vivem.
4 4 Partindo desta situação de desbravar amplamente os mais variados conjuntos de situações é que se pensa alfabetização de jovens e adultos hoje, fazendo da prática uma ação concreta para sujeitos pensantes. O projeto A hora do conto e os gêneros literários Os gêneros literários quase sempre têm dentro dos projetos de alfabetização a importância devida para inserir no mundo da leitura de forma diversa o educando de EJA, e pensando que o letramento antecede a alfabetização segundo Ebert (pág. 7): O letramento é um processo cujo início antecede ao da alfabetização, pois, apesar de, geralmente, iniciar formalmente na escola, começa muito antes, através do convívio com a escrita. Desta forma o SESC LER em Natal, buscou a partir de analises feitas em suas turmas de EJA, trabalhar os gêneros literários de forma dinâmica e participativa em que os alunos são incentivados pelos educadores a entrar em contato com os mais variados tipos de texto, e conhecer e reconhecer em sua realidade estes, tendo função e uso de forma apropriada. O titulo do projeto foi uma escolha a partir do primeiro gênero escolhido pelos alunos que tem em suas tradições orais este tipo de texto muito presente e foi selecionado por todas as turmas, sendo aproveitado pelos professores de forma muito abrangente em atividades significativas sendo que de acordo com a Proposta Pedagógica SESC LER (pág. 55 e 56): Para favorecer a leitura compreensiva e motivar os jovens e adultos que se iniciam no mundo da escrita, é fundamental selecionar textos significativos e interessantes. Não é preciso utilizar textos infantilizados e estereotipados, como os que comumente aparecem nas cartilhas e livros de leitura destinados as series iniciais. Quase sempre são textos sem sentido, que oferecem como único desafio a decifração de palavras. Além disso, não ilustram a diversidade de textos que encontramos fora da escola. Partindo deste pressuposto que as práticas na educação de jovens e adultos do Projeto SESC LER têm priorizado fazeres reais, é que apresentamos nessa proposta de trabalho articulando de forma sistemática o conhecimento, respeitando principalmente
5 5 os saberes dos alunos, fazendo relações entre o conhecimento sistemático oferecido pela escola e o já adquirido na vivência de mundo de cada aluno. Sobre a relação social do texto com os alunos durante este projeto foi interessante acompanhar e perceber de forma clara o interesse em conhecer os mais variados textos, sendo que por estes estarem inserido em sua realidade há um gosto maior pela leitura e o interesse pela biblioteca tem sido considerável, percebendo-se através do acesso a esse espaço por conta própria para colocar em prática os saberes que já adquiriram. As atividades desenvolvidas no decorrer do projeto visam auxiliar este encontro do texto com o leitor/escritor, tendo o foco na articulação daquilo que já possuem com os novos saberes trazidos pela escola, gerando assim, sujeitos produtores de cultura. Considerações finais No decorrer do projeto pode-se perceber o crescente interesse dos alunos pelos textos, sendo que estes são hoje tidos como parte da vida de cada um, e esta utilidade real tem feito dos educandos do SESC LER em Natal não só participantes ativos de sua cultura, mais principalmente vemos sujeitos produtores responsáveis por suas ações em suas comunidades e em suas vidas. Pensando nesta educação que considera o aluno em sua totalidade, onde os textos fazem parte do mundo real dos alunos e que a alfabetização não pode desprezar os gêneros textuais foi que dialogamos para chegarmos a entender que todo e qualquer trabalho deve partir daquilo que nossos alunos possuem, dos seus conhecimentos prévios, para que possamos construir de forma sólida o conhecimento e este também possa servir para suas vidas. Temos inúmeros desafios pela frente para que consigamos fazer nossa parte enquanto educadores para que a sociedade seja mais justa e os jovens e adultos estejam totalmente incluídos no mundo letrado.
6 6 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS CONFERENCIA INTERNACIONAL SOBRE A EDUCAÇÃO DE ADULTOS, V, 1997, Hamburgo. Declaração de Hamburgo, Brasília: SESI/UNESCO, EBERT, Sintia Lúcia Faé. A relação letramento e gêneros textuais na alfabetização de Jovens e Adultos. Disponível em: < lfabetizacao_adultos_letramento.pdf> Acesso em: 17 out. 2010, 16:00. FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se complementam. São Paulo: Cortez, MATENCIO, Maria de Lourdes Meireles. Letramento e competência comunicativa: a aprendizagem da escrita. Disponível em: < >. Acesso em: 17 ago. 2010, 15:00. SERVIÇO SOCIAL DO COMERCIO. Proposta Pedagógica do SESC LER. Rio de Janeiro, i Coordenadora de Educação do SESC Rio Grande do Norte, formada em Pedagogia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, e especialista em Educação de Jovens e Adultos, Coordenadora da Escola Municipal José Frasão na Zona Norte de Natal. ii Supervisor Estadual do Projeto SESC LER no Rio Grande do Norte, Licenciado em Pedagogia pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, e concluindo especialização em Gestão e Organização Escolar pela Universidade Potiguar de Natal. iii As professoras que trabalham com este Projeto nas salas de aula são: Adriana Claudia, Ana Maria, Adna Ramos, Flaviana, Maristela de Macedo, Sheila Sueli. Sendo Orientadas por Ana Santa (Orientadora Pedagógica), Zeni Aguiar (Coordenadora de Educação) e Zênio Alves (Supervisor SESC LER).
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