GRUPO DE TRABALHO 2: TERAPIA OCUPACIONAL EM CONTEXTOS HOSPITALARES. - Retrospectiva - II Seminário Nacional de Pesquisa em Terapia Ocupacional / 2012
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- Luciano Palha de Figueiredo
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1 GRUPO DE TRABALHO 2: TERAPIA OCUPACIONAL EM CONTEXTOS HOSPITALARES Autores: Profa Dra. Marysia Mara Rodrigues do Prado De Carlo Profa Dra. Sandra Maria Galheigo - Retrospectiva - II Seminário Nacional de Pesquisa em Terapia Ocupacional / 2012 Durante no II Seminário Nacional de Pesquisa em Terapia Ocupacional, realizado em 2012 no Rio de Janeiro/ RJ, o Grupo de Trabalho (GT) de Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares procurou estimular a reflexão sobre o contexto e as metodologias de pesquisa da Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares. Além das duas coordenadoras, participaram 4 docentes de universidades públicas e 1 terapeuta ocupacional de um hospital público. Após a apresentação de pôsteres virtuais com trabalhos de pesquisa, o grupo foi convidado a discutir as possibilidades, desafios, impasses e realidades da pesquisa em Terapia Ocupacional nos Contextos Hospitalares. O grupo de trabalho discutiu, então, as tendências metodológicas da pesquisa na área. Um dos temas discutidos foi a ainda presente dicotomia entre prática e teoria, entre assistência e academia. A discussão destacou que, apesar de o profissional da ponta produzir conhecimento, ele muitas vezes não encontra o suporte necessário para a formalização de pesquisas. Por outro lado, apontou-se que a ausência de terapeutas ocupacionais contratados em hospitais universitários dificulta o desenvolvimento de práticas assistenciais, já que os docentes têm às vezes pouca disponibilidade de tempo e de recursos para o desenvolvimento de projetos de extensão amplos. A discussão assim pontuou a necessidade de construção de espaços de troca para além das rápidas apresentações nos congressos e simpósios científicos. Mesmo nestes eventos, os participantes referiram a necessidade de grupos de trabalho e as rodas de conversa temáticas onde questões teóricas e práticas da terapia ocupacional em contextos hospitalares pudessem ser aprofundadas. Outro aspecto discutido no GT do II seminário de pesquisa se refere à dificuldade enfrentada pelo profissional de terapia ocupacional de fazer uso de critérios metodológicos avalizados. A colaboração com grupos de pesquisa das universidades é uma alternativa entendida como essencial. 339
2 Iniciativas neste sentido, embora ainda pouco documentadas, já começam a acontecer. Um dos recursos existentes é obter informações sobre grupos no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq. Entretanto, não tem sido fácil o acesso a estas informações. A consulta parametrizada feita neste diretório a partir do termo terapia ocupacional em setembro de 2014 resultou em 46 grupos de pesquisa no país com o termo enquanto título, linha de pesquisa e/ou palavra-chave de linha de pesquisa. A consulta com os termos hospital, hospitalar e contextos hospitalares na área de conhecimento Fisioterapia e Terapia Ocupacional resultou em apenas 3 grupos de pesquisa. Se a consulta incluir as repercussões do grupo, atinge-se o total de 5 grupos. Portanto, considerando que há um conjunto de pesquisadores e docentes de Terapia Ocupacional em universidades brasileiras que desenvolvem projetos de pesquisa em contextos hospitalares, como a produção da área vem demonstrar, há sim uma subinformação no âmbito dos Grupos de Pesquisa do CNPq. Outro aspecto discutido no GT de 2012 foi a pouca produção científica sobre as experiências e práticas de terapia ocupacional em contextos hospitalares. Entretanto, consta-se um crescimento significativo em curso. Pesquisa realizada na Biblioteca Virtual de Saúde associando os termos terapia ocupacional e hospital com o Brasil como país de afiliação dos autores identificou 68 produtos, dos quais 50% foram produzidos nos últimos 5 anos. Assim, dois anos após o II Seminário, percebemos que mudanças significativas vêm acontecendo. Avanços no campo da Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares A visibilidade e percepção sobre a abrangência e importância da Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares no Brasil vêm se ampliando cada vez mais, principalmente a partir de: esforços coletivos significativos e eficazes de organização dos profissionais da nossa categoria que já atuam no campo; publicação de novas resoluções e documentos oficiais que regulamentam às práticas neste campo, o que ampliou progressivamente a percepção da relevância dos conhecimentos e práticas dos terapeutas ocupacionais em contextos hospitalares; 340
3 reconhecimento da importância do crescente mercado de trabalho para os profissionais em instituições hospitalares ou serviços a elas integrados; desenvolvimento de práticas inovadoras nestes contextos, que demonstram a necessidade de superação de antigos preconceitos em relação ao trabalho hospitalar; o fato de ocorrerem em instituições reconhecidamente medicalizadas, nem por isso condicionam as práticas dos terapeutas ocupacionais a projetos terapêuticos baseados em modelos biomédicos tradicionais; crescimento de atividades de ensino de graduação e pós-graduação em Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares e suas áreas de atuação, dentre elas a de Cuidados Paliativo; crescimento das pesquisas e publicações científicas de terapeutas ocupacionais, que abrangem todos os ciclos de vida e linhas de cuidados, abordam diferentes aspectos (físico-funcionais, psicossociais e espirituais, de desempenho e papeís ocupacionais) ligados a condições clínicas e cirúrgicas diversas e complexas, abordam políticas públicas e programas nacionais, como o de Humanização Hospitalar, e demais questões a eles pertinentes. Um marco importante para agregar esforços coletivos nesse sentido foi a Criação do Grupo Nacional de Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares (GNTOCH), em 2009, durante o XI Congresso Brasileiro de Terapia Ocupacional, em Fortaleza / CE. Tornou-se um dos grupos nacionais da Associação Brasileira dos Terapeutas Ocupacionais ABRATO relativos às suas especialidades profissionais. Reconhecendo que a diversidade de conhecimentos e práticas exigia estratégias de ação de abrangência nacional, com representatividade, transparência e democracia nos debates e encaminhamentos pertinentes, o GNTOGH realizou encontros presenciais em eventos científicos ocorridos em diferentes estados brasileiros, para a discussão sistemática, articulação dos profissionais afins à temática proposta, sistematização das ações e atuação política junto aos órgãos competentes. A primeira conquista deste Grupo nacional foi a criação da especialidade dos terapeutas ocupacionais em Contextos Hospitalares, através da publicação da 341
4 Resolução COFFITO Nº de novembro de 2009, somando-se às demais 6 especialidades dos terapeutas ocupacionais: Saúde Mental; Saúde Funcional; Saúde Coletiva; Saúde da Família; Contextos Sociais e Acupuntura. Em 2010/11, novas conquistas impulsionaram o trabalho grupal: a Resolução COFFITO Nº de junho de 2010, que dispõe sobre as normas e procedimentos para o registro de títulos de especialidade profissional em Terapia Ocupacional e dá outras providências; a Resolução COFFITO Nº 405 a de agosto de 2011, que disciplinava a prova de títulos dos terapeutas ocupacionais em quatro (4) das sete (7) especialidades profissionais da Terapia Ocupacional, mas que ainda excluía três especialidades da primeira prova de títulos de especialista: Contextos Hospitalares, Saúde Funcional e Saúde Coletiva. O trabalho produzido pelo GNTOGH ganhou apoio e credibilidade em âmbito nacional e junto à ABRATO e ao Sistema COFFITO/CREFITOs, contribuindo para: sistematização da áreas e atuação / desempenhos ocupacionais na especialidade de Contextos Hospitalares, a saber: Atenção Hospitalar, Atenção extra-hospitalar oferecida por hospital e Cuidados Paliativos; publicação da Resolução No. 418/ COFFITO) que define novos Parâmetros Assistenciais da Terapia Ocupacional (Anexo I Contextos Hospitalares) revisão da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO); realização do I Simpósio de Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares, durante o CBTO / 2011, em São Paulo, que contou com a participação de 426 profissionais e estudantes, indicou o interesse da categoria pelo tema. O sucesso destas iniciativas levaram à fundação da Associação Científica de Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares e Cuidados Paliativos ATOHosP, ocorrida em 09 de agosto de 2012, que é a primeira Sociedade Científica de especialidade dos terapeutas ocupacionais no Brasil, especificamente relacionada à especialidade de Contextos hospitalares e Cuidados Paliativos. Quando do momento de sua fundação contava com a participação de cinquenta (50) terapeutas ocupacionais associados fundadores, de diversos estados brasileiros. 342
5 A ATOHosP tem por finalidade: promover o desenvolvimento técnico-científico do terapeuta ocupacional que atua em contextos hospitalares e em serviços ou programas de cuidados paliativos, fundamentando e desenvolvendo seu campo de conhecimentos dentro de suas áreas específicas de atuação. Suas ações pretendem provocar impactos na concepção da especialidade dos terapeutas ocupacionais em Contextos Hospitalares e Cuidados Paliativos, gerando modificações na forma como a sociedade e outras categorias profissionais entendem a Terapia Ocupacional, na forma como os próprios terapeutas ocupacionais entendem a Terapia Ocupacional e seus diferentes campos de conhecimentos e de atuação, no mercado de trabalho e na formação profissional do terapeuta ocupacional, tanto na graduação como na pósgraduação lato e stricto sensu. A Resolução Nº.429 (julho/2013) reconheceu e disciplinou a especialidade Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares, definindo áreas de atuação e competências do terapeuta ocupacional especialista em Contextos Hospitalares. O Acórdão Nº 316, de dez/2013, aprovou o convênio entre ATOHosP e COFFITO, que implica em parceria no processo de concessão de Título de Especialista em Contextos Hospitalares. A 1ª. Prova de títulos da especialidade de Contextos Hospitalares ocorreu em outubro de 2013 e o 2º certame nacional acontecerá em novembro de 2014, sendo que neste ano poderão participar profissionais de apenas 4 (a saber: Contextos Hospitalares, Contextos Sociais, Saúde Mental e Saúde da Família) das 7 especialidades dos terapeutas ocupacionais aprovadas e publicadas em Em relação à divulgação dos trabalhos assistenciais e de pesquisa dos terapeutas ocupacionais, a partir de agosto de 2013 iniciaram-se as Videoconferências Temáticas (mensais) do SIG (Special Interest Group/ Grupo de Interesse Especial): Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares e Cuidados Paliativos, através da Rede RUTE (Rede Universitária de Telemedicina). Já foram realizadas 11 videoconferências no período de 1 ano, as quais têm um papel importante no fortalecimento das ações em Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares e Cuidados Paliativos. Trata-se de um espaço da rede virtual de Telessaúde que trata da promoção de ações conjuntas entre instituições de ensino de Terapia Ocupacional e instituições hospitalares nacionais e internacionais para promover o campo de conhecimentos e atuação dentro da especialidade dos terapeutas ocupacionais em Contextos Hospitalares e Cuidados Paliativos. Nesse sentido contribui para a promoção da 343
6 atualização, aprofundamento e difusão de conhecimentos técnico científicos e práticas profissionais referentes à especialidade de Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares e respectivas áreas de atuação, além de congregar terapeutas ocupacionais e estudantes de Terapia Ocupacional, bem como a associação científica de especialidade ( Associação Científica de Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares e Cuidados Paliativos ATOHosP ), Grupo Nacional de Terapia Ocupacional de Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares ABRATO e entidades ou organizações de quaisquer naturezas, para discussões de temas pertinentes à Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares e Cuidados Paliativos. O próximo passo da ATOHosP é a organização do I Congresso em Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares e Cuidados Paliativos ATOHosP, que se realizará em novembro de 2014, no campus da USP-Ribeirão Preto / SP. Durante a Assembleia Geral que acontecerá nesse evento, deverão acontecer: discussão e aprovação do Regimento Interno da ATOHosP, que permitirá a abertura da sociedade científica para a inscrição de novos associados; eleição da diretoria e a definição de diretrizes para próximo biênio 2015 / Portanto, não há mais porque questionar a relevância e se há ou não especificidades nos conhecimentos e práticas Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares e suas áreas de atuação, dentre elas a de Cuidados Paliativos. As informações brevemente descritas neste texto apontam um crescimento significativo na produção e intercâmbio de conhecimentos na área de contextos hospitalares, a partir da construção de um corpo teórico e prático. Entretanto, sem dúvida, muito ainda há por se fazer. Neste sentido, este Grupo de Trabalho tem como objetivo discutir as condições atuais do campo em termos de financiamento à pesquisa, produção de conhecimentos, através de pesquisas de graduação e de pós-graduação lato e strict sensu. Esperamos poder analisar alguns dados sobre as produções científicas dos terapeutas ocupacionais relativas ao campo de Contextos Hospitalares e Cuidados Paliativos. Por fim, pretende apontar caminhos para a continuidade dos trabalhos. 344
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