EDUCAÇÃO FINANCEIRA. Iraci Müller Prefeitura Municipal de Jaraguá do Sul-SC

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1 EDUCAÇÃO FINANCEIRA Iraci Müller Prefeitura Municipal de Jaraguá do Sul-SC Resumo: A Educação Financeira nas escolas torna-se necessária para formar futuros empreendedores que compreendam a importância de ter o controle do seu dinheiro, independente do recurso financeiro existente. Ter planejamento é o início para criar disciplina e ser educado a poupar, podendo assim criar reais possibilidades de ganho financeiro. A preparação de crianças e jovens, através da escola, possibilita o aumento na qualidade de vida e crescimento para a economia do país, formando cidadãos que compreendam a importância de lidar com o dinheiro de forma saudável. Palavras-chave: Educação; Finanças; Planejamento; Economia; Futuro. EDUCAÇÃO FINANCEIRA NAS ESCOLAS A Educação Financeira não pode ser privilégio de crianças ricas ou de classe média, pois é justamente às camadas menos favorecidas da população que se deve dar prioridade neste aspecto. Essas precisam saber como ganhar, gastar e poupar dinheiro. O objetivo da Educação Financeira é criar uma mentalidade adequada e saudável em relação ao dinheiro, entretanto ela é distorcida com o ensino apenas de técnicas para administrá-lo. Justamente, por isso, a importância de contextualizar, eliminar as distorções e transmitir com cuidado esse assunto em sala de aula. É necessário, no período escolar, reforçar a ideia de que a riqueza precisa ser vista com mais clareza, ensinando aos alunos que, lidar com o dinheiro não significa apenas acumulá-lo e sim ter o controle do dinheiro independente do montante do recurso financeiro. A Educação Financeira torna-se uma questão de qualidade de vida, através do controle dos gastos e dívidas, do planejamento de orçamentos para economia e poupança. Ter uma poupança, ou ser educado para isso, cria disciplina e dá limites, ensinando o auto-respeito. Cuidar bem das finanças pessoais também colabora para a preservação do planeta, pois crescendo consciente das possibilidades de ganho e gasto age-se 1

2 reciprocamente com a natureza como, por exemplo, através de consumo consciente, reutilização de bens e reciclagem de materiais. Assim, a Educação Financeira deve ensinar que a responsabilidade social e a ética precisam estar sempre presentes no ganho e uso do dinheiro. As crianças e jovens, ao desenvolver consciência financeira, podem ser estimuladas a pensar em longo prazo e planejar o futuro, tornando-se, assim, mais responsáveis pela sua vida. É essencial, pois a percepção da diferença entre o consumismo gerado pelo marketing e pelo modismo e o consumo consciente das necessidades. Nessa perspectiva, o principal aprendizado em finanças, na infância ou vida adulta, depende da capacidade de diferenciar o eu quero do eu preciso. Gastar em coisas que apenas queremos pode ser divertido, e por vezes, saudável e é sim importante, mas parte de nossa responsabilidade, como pais e educadores, é ensinar que as necessidades vêm em primeiro lugar. A Educação Financeira deve incluir a responsabilidade social de cada pessoa, pois saber compreender as diferenças é respeitar o próximo, podendo assim mudar o que não está bom para todos. É importante educar os jovens cidadãos para que compreendam que a solução dos próprios problemas não depende exclusivamente do governo, mas também de ideias e ações de cada um iniciadas na base educacional. HISTÓRIA FINANCEIRA NO BRASIL No Brasil, não temos o hábito de ensinar as crianças a lidar com as finanças na escola. Na proposta curricular é comum aparecer o tema Sistema Monetário Brasileiro, mas geralmente resume-se a atividades de resolução de problemas ou cálculos que envolvam dinheiro. Em países desenvolvidos, a Educação Financeira é responsabilidade da família e a escola apenas reforça essa ideia. A geração atual de pais com filhos em idade escolar, vivenciou no Brasil uma época de hiperinflação e o modelo de economia vigente no país não era o de economia e de poupança. Instalou-se uma urgência em comprar e gastar rápido, pois a inflação corroía o excedente. Esses mesmos pais, portanto, precisam aprender a lidar com a 2

3 situação atual e preparar os filhos para um país com perspectivas de grande melhoria na economia. O grande desafio da educação não é educar para o hoje, mas educar para que os resultados apareçam daqui a alguns anos. Nos dias atuais, em que ocorrem transformações abruptas e complexas, é necessário um grande esforço para educar as crianças, não para este mercado tal como o conhecemos e fomos educados para ele, mas para um mercado que necessita de planejamento a longo prazo. Desenvolver o espírito empreendedor e estimular modos inovadores de raciocínio são ferramentas essenciais à preparação dos jovens para o futuro. Segundo dados do Societe General Brésil, Lê Pays du Présent, divulgado pelo presidente do Banco Francês no Brasil, François Dossa, em julho de 2009, a União Europeia está divulgando dados sobre a perspectiva de crescimento do Brasil para os próximos anos, com este estudo, os bancos europeus estão indicando o Brasil para investidores internacionais, mostrando, em dados, as vantagens de aplicarem seus recursos no país. O Banco Societe General Brésil estabeleceu 15 critérios para avaliar os países emergentes (BRIC): Brasil, Rússia, Índia, China e México. Entre os quinze critérios, o Brasil sobressaiu-se em nove: 1) Maior índice de retorno nos últimos 5 anos. 2) Melhores oportunidades de negócios nos próximos cinco anos. 3) Executivos melhor preparados para o mercado de trabalho. 4) Melhor qualidade de empregados com nível educacional intermediário. 5) Melhor infra-estrutura de telecomunicações. 6) Melhores recursos naturais. 7) Melhor nível de estabilidade econômica. 8) Sistema político mais confiável. 9) Mais estabilidade social e política. (DOSSA,2009). Além disso, o Brasil destaca-se dos demais países por sua área demográfica, de fácil expansão territorial, por não possuir conflitos raciais ou religiosos e ofertar mão de obra. Destaca-se também pela rápida recuperação na crise de 2008, fusão de grandes Bancos fortalecendo a estabilidade do sistema financeiro e o aumento considerável da classe média de 43% em 2002 para 54% em O Brasil tem, pela frente, um ciclo mínimo de 25 anos de crescimento a taxas de 4,5% a 5% ao ano. O país vai demandar muito crédito para fazer frente aos compromissos previstos pelo Programa de 3

4 Aceleração do Crescimento (PAC) e pela exploração do pré-sal na bacia de Santos (DOSSA, 2009). Considerando as perspectivas de crescimento no país e consequente melhoria na qualidade de vida dos brasileiros, faz se necessária a preocupação em dar condições para que as crianças e jovens de hoje estejam preparados para um futuro melhor, tendo a escola a sua parcela de responsabilidade e contribuição a dar. A Educação Financeira se faz necessária com o objetivo de preparar futuros empreendedores que saibam aproveitar a estabilidade econômica do país, as possibilidades de investimento e o crédito facilitado com juros baixos. INSERÇÃO DA EDUCAÇÃO FINANCEIRA NAS ESCOLAS DO ENSINO FUNDAMENTAL O principal objetivo de inserir o conteúdo de Educação Financeira nas escolas é disseminar o conhecimento sobre como lidar com o dinheiro desde a educação infantil, a fim de melhorar a qualidade de vida e mostrar uma forma saudável de conviver com o dinheiro. É importante os alunos aprenderem a fazer orçamento familiar, planejar as despesas e administrar as receitas. A pessoa melhor informada será mais consciente nas decisões. O Brasil encontra-se em um bom momento e, de acordo com Boriola (2004), seguindo o raciocínio de que o homem é produto do meio, as crianças que convivem com pais ou pessoas que sempre estão com problemas financeiros e que contraem empréstimos e financiamentos para solucioná-los, tendem a seguir o mesmo caminho. É preciso mudar esse conceito errado de nossos jovens para que no futuro possam viver tranquilamente e contribuir para o crescimento de nossa economia. Segundo Boriola (2004), desde julho de 2000, a disciplina Educação Financeira é oferecida na Inglaterra. Não é matéria obrigatória, porém tem uma aceitação muito boa, conforme pesquisa realizada pela YouGoy junto aos ingleses. De acordo com a pesquisa, 87% das pessoas gostaria que fosse introduzida a Educação Financeira na 4

5 grade escolar, 98% dos jovens acham válida a disciplina para seu futuro e 89% desses jovens gostariam de ter a matéria na escola. No Brasil, não é comum ser oferecida a disciplina de Educação Financeira nas escolas, mas os professores podem trabalhar esse conteúdo na disciplina de Matemática e, por essa razão, acredito ser fundamental a realização de um minicurso abordando o tema. O objetivo do minicurso é mostrar aos professores de Matemática a importância de abordar este tema nas escolas e discutir os pontos favoráveis e críticos da inserção do conteúdo de Educação Financeira na disciplina de Matemática do Ensino Fundamental ou desenvolver o conteúdo como aula extra-classe. APRESENTAÇÃO E DETALHAMENTO DAS ATIVIDADES QUE SERÃO DESENVOLVIDAS NO MINICURSO 1- Apresentação do tema, objetivos e justificativa. 2- Apresentação do cenário econômico atual e projeções futuras. 3- Proposta e explanação dos Conteúdos a serem abordados referente ao tema, separando anos iniciais do Ensino Fundamental e anos finais do Ensino Fundamental. a) Anos Iniciais: Contação de histórias que contemplem o tema; elaboração de orçamentos diversos utilizando a mesada ou um valor proposto; confeccionar e utilizar a moeda brasileira para simular comercialização; explicar a prática da negociação. b) Anos Finais: Conhecer a História da economia no Brasil; Compreender o Cenário econômico atual; Conhecer as normas que regem o Sistema monetário Brasileiro; Elaborar Orçamentos financeiros domésticos com o uso de planilhas eletrônicas; Fazer planejamento a curto, médio e longo prazo; Compreender os conceitos da Matemática Financeira, suas aplicações e uso em situações do dia-a-dia; Compreender o Mercado de Ações e a sua popularização nos últimos anos; Explicar a prática da negociação. 4- Discutir pontos favoráveis e críticos da possibilidade de inserção do tema nas aulas de Matemática com o grupo presente no minicurso. 5

6 REFERENCIAS BORIOLA, Claudio. Projeto Educação Financeira nas Escolas, São Paulo, Disponível em: Acesso em 17mar DOSSA, François, SOCIETE GENERALE BRÉSIL, LE PAYS DU PRÉSENT. Julho,